Problemas seleccionados de metodologia jurídica Linhas gerais da estrutura do curso (9/3) Curso livre: FDUP, 22-3/29-3/5-4/10-5 2017 Christian Baldus Tiago Ramalho 1. Introdução A. Método: porquê e como? I. Necessidade prática I Possibilidade prática Carácter aberto B. Condicionamentos históricos I. Codificação I Autorrepresentações do jurista Tradições hermenêuticas C. Estrutura do curso I. Aspectos gerais I Temas aprofundados Exercícios de tradução sobre temas complementares 2. Interpretação e criação do direito : quadro geral e problemas gerais A. Condições constitucionais de hoje I. Juiz e legislador I Teoria e prática Diferenças entre tradições B. Modelos conceptuais de hoje: interpretação, analogia, interpretação analógica
I. Modelo francês I Modelo alemão Zonas de sobreposição? C. Aspectos de direito comunitário I. A jurisprudência do TJUE: características gerais Métodos de direito comunitário e métodos de direito nacional I Casos Quelle [C-404/06, 17-4-2008] e Dansk Industri / Herdeiros Rasmussen [C-441/14, 19-4-2016] 3. Interpretação e criação do direito : fenómenos controláveis por regras jurídicas? A. As raízes das diferenças I. Tradição iluminista 1. A perceptibilidade e perfectibilidade do mundo 2. A possibilidade de regras certas 3. A relação definida entre as regras Tradição pré-iluminista? 1. As regras do direito romano 2. As regras de direito medieval 3. A situação no séc. XVIII I A crítica savignyana 1. Vida e obras de Savigny 2. O contramodelo de Savigny a. O mundo imperceptível b. O código impossível c. A interpretação não formalizável 3. As distintas épocas na produção científica de Savigny B. Textos
C. O impacto histórico das duas correntes I. A pervivência da linha iluminista na esfera francesa 1. Zachariae, Aubry, Rau 2. As écoles de fin-de-siècle 3. Novidades no séc. XX? A lenta imposição da linha savignyana na esfera alemã 1. Até o BGB 2. A canonização dos quatro critérios e a imprecisão do séc. XX 3. O impacto da integração europeia I As zonas de sobreposição 1. Itália 2. Outros países de código francês e doutrina póspandectista 3. Portugal? 4. Interpretação e criação do direito : fenómenos separáveis? A. História e problemas da separação à alemã I. A tradição iluminista 1. A recuperação da metódica anterior 2. A ausência duma metódica correspondente ao modelo político do iluminismo 3. O impacto não aclarado da filosofia kantiana nos fundadores da Escola Histórica do Direito A tradição pré-ilustrada construída por Savigny: bases históricos? 1. Interpretação no direito romano? 2. Analogia no direito romano? 3. Diferenças de sistema e contexto com a modernidade I A operação construtiva de Savigny 1. O jurista no direito romano de hoje : o sábio na cadeira do juiz
B. Textos 2. O jurista e a lei a. Critérios ou regras? b. Os limites do teor literal nas obras juvenis de Savigny c. Os limites do teor literal no Sistema 3. As diferenças entre o jurista romano e o contemporâneo de Savigny C. História e problemas da unidade/combinação à francesa I. A continuação da tradição iluminista I A dispersão do debate metodológico O impacto do estatuto epistemológico da metodologia do direito 5. Regras e limites da interpretação: dois lados do mesmo problema ou dois problemas diversos? A. O modelo (pré-)iluminista: a interpretação tem regras formais e não é separada estritamente da analogia B. O modelo savignyano: a interpretação têm critérios flexíveis e é tendencialmente separada da analogia C. Os desafios do mundo jurídico constitucionalmente regido I. O que significa separação de poderes? De quem é a metódica? 1. Legislação 2. Ciência jurídica 3. Jurisprudência I A confiança no juiz como factor cultural de orientação metodológica
Bibliografia I. Metodologia geral (hoje) 1. União Europeia: Karl Riesenhuber (Hrsg.), Europäische Methodenlehre. Handbuch für Ausbildung und Praxis (3. Aufl. Berlin 2015). Recensão (à primeira edição) em português: Carl Friedrich Nordmeier / Lisiane Feiten Wingert Ody, Karl Riesenhuber (org.). Metodologia Européia: manual para formação e prática. Ed. De Gruyter, 2006, in: Revista de Direito do Consumidor 69 (2009) 385-396. Christian Baldus / Thomas Raff, 3: Richterliche Interpretation des Gemeinschaftsrechts, in: Enzyklopädie Europarecht, Band 6: Europäisches Privat- und Unternehmensrecht (hrsg. v. Martin Gebauer und Christoph Teichmann), Baden-Baden 2015, 153-221. O caso Quelle é discutido em várias contribuições na obra de Riesenhuber e, em geral, nas revistas especializadas. O mais recente caso Rasmussen encontrase discutido actualmente em revistas de direito privado (comunitário) e/o de trabalho; das alemãs, v. por exemplo GPR (Gemeinschaftsprivatrecht Zeitschrift für das Privatrecht der Europäischen Union). 2. França: os Traités, normalmente no 1 vol., e Introductions Para a Ecole de la libre recherche scientifique, v. últimamente Olivier Cachard / François-Xavier Licari / François Lormant (sous la dir. de), La pensée de François Gény (Paris 2013). 3. Alemanha: Clássico, mas hoje controvertido: Karl Larenz / Claus-Wilhelm Canaris, Methodenlehre der Rechtswissenschaft (Studienausgabe), 3. Auflage Berlin / New York 1995 [a Studienausgabe não contém a parte histórica] Crítica a Larenz: Bernd Rüthers, Die unbegrenzte Auslegung - Zum Wandel der Privatrechtsordnung im Nationalsozialismus, 7. Auflage Tübingen 2012. Bernd Rüthers, Wir denken die Rechtsbegriffe um... Weltanschauung als Auslegungsprinzip (Zürich 1987). Tudo (e mais) que citado em Bernd Rüthers / Christian Fischer / Axel Birk, Rechtstheorie mit Juristischer Methodenlehre (9. Aufl. München 2016).
Manual de metodologia mais moderno: Ernst Kramer, Juristische Methodenlehre (5. Aufl. Bern 2016). Ademais: Gottfried Gabriel / Rolf Gröschner (Hrsg.), Subsumtion. Schlüsselbegriff der Juristischen Methodenlehre (Tübingen 2012). Metodologia entre tradição alemã e mundo lusófono: Benjamin Herzog, Anwendung und Auslegung von Recht in Portugal und Brasilien. Eine rechtsvergleichende Untersuchung aus genetischer, funktionaler und postmoderner Perspektive. Zugleich ein Plädoyer für mehr Savigny und weniger Jhering (Tübingen 2014). Rec. em espanhol: Faustino Martínez Martínez Foro 18 (2015) 499-508; em português: Mariana Melo Egídio Interpretatio Prudentium I, 2016, 1, 347-351. História do método / da metódica / da metodologia em Alemanha: v. I. (Rüthers, Gröschner/Gabriel, Herzog) Stephan Meder / Gaetano Carlizzi / Christoph-Eric Mecke / Christoph Sorge (Hrsg.), Juristische Hermeneutik zwischen Vergangenheit und Zukunft (Baden- Baden 2013). Jan Schröder (Hrsg.), Theorie der Interpretation vom Humanismus bis zur Romantik Rechtswissenschaft, Philosophie, Theologie (Stuttgart 2001) 287-327. Jan Schröder, Recht als Wissenschaft. Geschichte der juristischen Methodenlehre in der Neuzeit (1500-1933), München 2012. Jan Schröder, Rechtswissenschaft in Diktaturen. Die juristische Methodenlehre im NS-Staat und in der DDR (München 2016). I Savigny e o seu tempo; metodologia de Savigny em especial 1. Fontes: Friedrich Carl von Savigny, System des heutigen Römischen Rechts. Erster Band (Berlin 1840). Friedrich Carl von Savigny, Vorlesungen über juristische Methodologie 1802-1842, hrsg. und eingeleitet von Aldo Mazzacane, Frankfurt a.m. 1993. Friedrich Carl von Savigny, Juristische Methodenlehre, nach der Ausarbeitung des Jakob Grimm hrsg. von Wesenberg (1951). Hidetaku Akamatsu / Joachim Rückert (Hrsg.), Savigny, Politik und Neuere Legislationen (2000). [O projeto duma edição moderna com estudos novos ainda não está concluído:
https://www.rg.mpg.de/publikationen/savignyana ] 2. A literatura é infinda. Alguns textos: Alfons Bürge, Savigny comparatiste; L exemple de la responsabilité à raison du risque, in : Annuaire de l Institut Michel Villey 1 (2009) 59-75. Francisco J. Contreras Peláez, Savigny y el historicismo jurídico (Madrid 2005), c/ rec. Francisco Javier Andrés Santos SCDR 19 (2006) 365-381. Stephan Meder, Mißverstehen und Verstehen (Tübingen 2004). Joachim Rückert, Idealismus, Jurisprudenz und Politik bei Friedrich Carl von Savigny (Ebelsbach 1984). Mais citações em Riesenhuber (supra): Christian Baldus, 3: Gesetzesbindung, Auslegung und Analogie: Grundlagen und Bedeutung des 19. Jahrhunderts, p.22-52.