GEORREFERENCIAMENTO DE IMÓVEIS RURAIS UTILIZANDO POSICIONAMENTO POR PONTO PRECISO Antonio Simões Silva Uanderson Francisco dos Santos Afonso de Paula dos Santos Moisés Ferreira Costa Universidade Federal de Viçosa Departamento de Engenharia Civil Viçosa MG 36570-000 simoes.ufv@gmail.com RESUMO Este trabalho aborda o método do Posicionamento por Ponto Preciso online (P-online), disponibilizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) investigando sua viabilidade e confiança para fins de georreferenciamento de imóveis rurais em acordo com a Norma Técnica para Georreferenciamento de Imóveis Rurais do INCRA 2ª edição de fevereiro de 2010. Para isso foram utilizados levantamentos no modo estático e estático-rápido em três bases cujas coordenadas estão disponibilizadas pelo IBGE no Banco de Dados Geodésicos (BDG) do Sistema Geodésico Brasileiro (SGB). Foi utilizado receptor GNSS de dupla freqüência (L1 / L2) na obtenção dos arquivos de observações para utilização do sistema online de pós-processamento de dados do IBGE em conjunto com os produtos IGS. Realizaram-se seções de 15 minutos, 30 minutos, 60 minutos e 120 minutos em cada base com o objetivo de avaliar as diferenças obtidas em cada intervalo no que diz respeito ao erro relativo (tendência). Obtiveram-se resultados aceitáveis no levantamento estático-rápido de 15 minutos para vértice de código do INCRA C4 (Limite) e no estático de 60 minutos para vértice de código do INCRA C1 (Apoio). O tempo total obtido em todo processamento, desde o inicio do levantamento até o processamento IBGE-P, foi de 3 dias. O IBGE-P se mostrou viável para georreferenciamento de imóveis rurais no que diz respeito à facilidade no pós-processamento e na obtenção das coordenadas da base de apoio. Palavras chaves: georreferenciamento, P, imóveis rurais. ABSTRACT This paper discusses the method of online Precise Point Positioning (P-Online), provided by the Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) and investigate the feasibility and reliability for georeferencing of rural property in accordance with Norma Técnica para Georreferenciamento de Imóveis Rurais - INCRA 2nd edition February 2010. It were used the static and rapid static mode for surveying three stations whose coordinates are made available by IBGE in Geodetic Database (GDB) of the Brazilian Geodetic System (SBG). We used dual-frequency GNSS receiver (L1 / L2) to obtain observations of the files to use the online system for post-processing of data from the IBGE in conjunction with the IGS products. There were sections of 15, 30, 60 and 120 minutes at each station in order to evaluate the differences obtained in each interval with respect to the relative error. Acceptable results were obtained in rapid-static survey of 15 minutes to station code INCRA C4 (Limit) and 60 minutes to static mode to station C1 code INCRA (Control). The total time obtained in any process, from the beginning of the survey until processing IBGE-P, was 3 days. IBGE-P proved viable for georeferencing of rural properties with regard to the ease of post processing to obtain the coordinates of the station. Keywords: georeferencing, P, rural property. 1. INTRODUÇÃO Uma das várias utilizações do GNSS são as medições de propriedades rurais, tornando as medições mais simples, de mais fácil obtenção e com precisão relativamente boa quando comparada ao método convencional, além da utilização de um sistema geocêntrico global de posicionamento, tornando possível sua localização única e precisa sobre o globo terrestre. Atualmente os métodos mais utilizados são o método de posicionamento absoluto ou posicionamento 93
por ponto e o posicionamento relativo. O posicionamento por ponto utiliza apenas um receptor GNSS na obtenção de coordenadas tridimensionais (X, Y, Z) de uma estação. O posicionamento relativo utiliza de um referencial materializado, de coordenadas conhecidas, para se determinar as coordenadas da estação, o que implica na utilização de dois ou mais receptores simultaneamente. Apesar de mais simples o posicionamento por ponto é menos preciso que o posicionamento relativo, entretanto nos últimos anos vem sendo desenvolvido o método de Posicionamento por Ponto Preciso, P. Esse sistema utiliza-se das observáveis pseudodistâncias entre o receptor e os satélites e/ou da onda portadora, coletadas por receptores de dupla ou simples frequência, com efemérides precisas. Essas efemérides e correções dos relógios dos satélites, são produzidas através de interpolações das órbitas dos satélites GNSS, ambos com alta precisão, vêm sendo produzidas e disponibilizadas pelo International GNSS Service (IGS) e centros associados, sem nenhum custo ao usuário (MONICO, 2008). O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em parceria com o Natural Resource Canada (NRCan) e os produtos do IGS vêm disponibilizando o Posicionamento por Ponto Preciso online (IBGE-P) que é um serviço gratuito para pósprocessamento de dados GNSS. O IBGE-P permite aos usuários de GNSS, obterem coordenadas de boa precisão no Sistema de Referência Geocêntrica para as Américas (SIRGAS2000) e no International Terrestrial Reference Frame (ITRF) (MATSUOKA et. al. 2009). Sendo assim investiga-se a utilização deste método nos serviços de Georreferenciamento de imóveis rurais que utiliza do Sistema GNSS para determinação das coordenadas dos vértices de propriedades rurais de acordo com a norma do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). O Georreferenciamento de Imóveis Rurais é de ordem obrigatória de acordo com a Lei 10.267 de 28 de agosto de 2001 e decreto 4.449 de 30 de outubro de 2002 normalizado pelo decreto 5.579 de 31 de outubro de 2005. O IBGE-P, Além da facilidade no pósprocessamento na obtenção das coordenadas das estações, oferece também o relatório detalhado de cada estação de acordo com a Norma para Georreferenciamento de Imóveis Rurais (NGIR) do INCRA. 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1 Georreferenciamento de Imóveis Rurais Georreferenciamento de imóveis rurais é um serviço realizado por profissionais credenciados pelo INCRA que utiliza do GNSS para determinação das coordenadas dos vértices de uma propriedade rural de acordo com a norma do INCRA. Georreferenciamento consiste na obrigatoriedade da descrição do imóvel rural, em seus limites, características e confrontações, através de memorial descritivo firmado por profissional habilitado, com a devida ART, "contendo as coordenadas dos vértices definidores dos limites dos imóveis rurais, georreferenciadas ao SGB e com precisão posicional fixada pelo INCRA" (art. 176, 4º, da Lei 6.015/75, com redação dada pela Lei 10.267/01) (SANTOS, 2010). Em regra, todos os proprietários de imóvel rural estão obrigados a realizarem o georreferenciamento, obedecendo ao art. 10 do Decreto 4.449/02 normalizado pelo decreto 5.579/05 de 31 de outubro de 2005, que definiu as datas limites em função das áreas: Áreas iguais ou superiores a 5.000 ha o prazo entrou em vigor em 29-01-2003; Áreas entre 1.000 e 5.000 ha o prazo entrou em vigor em 31-10-2003; Áreas entre 500 e 1.000 ha o prazo entrou em vigor em 21-11-2008; Áreas inferiores a 500 ha o prazo vencerá em 21-11-2011; 94
Em caso de processos judiciais todas as áreas devem ser georreferenciadas. (INCRA, 2010 <http://200.252.80.40/certifica/abertura.asp>). Segundo a norma do INCRA (2010) a precisão deve estar associada ao valor médio das medições calculado sob o valor de um sigma (1σ), expressa pelas componentes horizontais σe e σn, ao nível de confiança de 68,3%. De acordo com a Portaria do INCRA nº 954/2002 a Precisão Posicional () de cada vértice do limite não deverá ser maior que 0,50m.. Os valores de Precisão Posicional apresentados na Tabela 1 se referem à resultante horizontal determinada pela equação 1: = (σe 2 + σn 2 ) 1/2 (1) Onde: = precisão posicional σn = desvio padrão da componente N, em metros; σe = desvio padrão da componente E, em metros. A Tabela 1 fornece valores limites de classes (C1 C5 e C7) de acordo com níveis de precisão Tabela 1 Classificação de vértices quanto à finalidade, precisão e tipo (INCRA, 2010) A Norma para Georreferenciamento de Imóveis Rurais do INCRA (2010) define que a metodologia de Posicionamento por Ponto Preciso (P), é aceita para a determinação de vértices das classes C1, C4, C5 e C7. Sendo necessário verificar os valores dos desvios (σe, σn e σh), publicados nos relatórios resultantes. (INCRA, 2010). 3.2 Posicionamento por ponto preciso P utiliza-se das observáveis pseudodistância e/ou da onda portadora, coletadas por receptores de dupla ou simples frequência. O P requer fundamentalmente o uso de efemérides e correções dos relógios dos satélites, ambos com alta precisão. Atualmente o IGS (International GNSS Service) produz três tipos de efemérides: Precisas (sob código IGS) resultante da combinação das órbitas dos satélites produzidas pelos vários centros de análises associados, além do IGS, através de dados coletados pelas estações de monitoramento contínuo do IGS e associados. As efemérides IGS são disponibilizadas em aproximadamente 13 dias após a data do ultimo levantamento (latência), apresentando acurácia menor que 5 cm em posição e 0,1 ns (nano segundos) para as correções dos relógios dos satélites. As IGS utilizam como sistema de referência o ITRF e os resultados utilizando o IGS são no referencial ITRF; Rápidas (sob código IGR) resultante da combinação das órbitas rápidas dos satélites, produzidas pelos centros de análise, ficando disponível com latência de 17 horas e nível de qualidade similar ao das efemérides IGS. O IGR utiliza o WGS84 compatível com o SIRGAS2000 como sistema de referência; Ultra-Rápidas (sob código IGU) resultante da combinação das órbitas ultra-rápidas dos satélites, composta de uma parte determinada com base em dados observados e outra calculada com base em orbita contínua ou predita. A determinada com base nas observações apresenta latência de três horas, a segunda ou predita fica disponível em tempo real. A acurácia da 95
primeira parte da ultra-rápida é da ordem de 5 cm em posição e 0,2 ns nas correções dos relógios, já a parte predita tem acurácia em posição da ordem de 10 cm e de 5 ns nas correções dos relógios. Para atingir o nível de qualidade com o P, deve-se considerar como observável no processamento a combinação linear livre da ionosfera (ion-free) para a fase da onda portadora e/ou código, o que, obviamente, implica no uso de receptor de dupla frequência (MONICO, 2008 e FERNANDES, 2010). Combinação linear livre da ionosfera (ionfree: frequência L3 ) é utilizada para que através da combinação linear dos comprimentos das ondas portadoras (L1 e L2) e/ou das pseudodistâncias entre o receptor e o satélite (observados simultaneamente), elimina-se quase por completo o efeito da ionosfera. Para casos de receptores de simples frequência (L1) o IGS disponibiliza o TEC fornecidos no formato IONEX (IONosphere EXchange format) com base nos quais se pode calcular o atraso ionosférico. Além disso, com as mensagens de navegação dos satélites GNSS, acompanha o modelo global da ionosfera e/ou o desenvolvido por Klobuchar (1986), eliminando-se aproximadamente 50% do efeito da ionosfera (MONICO, 2008). 3.2.1 modelo matemático envolvido no ppp Quando se utilizam dados de receptores de dupla frequência, tanto de pseudodistância quanto de fase, os modelos matemáticos envolvidos no P, para descrever as observáveis depois de realizada a combinação linear ion-free, são demonstrado nas equações (2) e (3) do modelo linear da pseudodistância e fase respectivamente. (2) Onde: (3) = pseudodistância resultante da combinação linear ion-free; = fase obtida da combinação linear ionfree; = distância geométrica entre o centro de fase da antena do receptor, no instante de recepção do sinal, e do satélite, no instante de transmissão; = freqüência da observável ion-free; = velocidade da luz no vácuo (299.792.458 m/s); = erro do relógio do receptor; = erro do relógio do satélite; = ambigüidade da observável ion-free; = atraso troposférico aproximado a partir de algum modelo disponível; = correção residual de, a ser estimada no modelo; e = função de mapeamento em função do ângulo de elevação E do satélite; Muito embora nem todos os erros envolvidos nas observáveis GNSS tenham sido introduzidos nas equações (2) e (3), todos devem ser tratados com cuidado, se o objetivo é obter alta acurácia. 3.2.2 posicionamento por ponto preciso online O serviço de P online tem sido disponibilizado por algumas organizações mundiais. No Brasil o IBGE em parceria com o Geodetic Survey Division (GSD) do NRCan, denominado CSRS-P, vêm disponibilizando o serviço utilizando o SIRGAS2000 e o ITRF como sistemas de referencia (IBGE, 2009). Disponível pelo IBGE desde 2 de abril de 2009 no endereço eletrônico (http://www.ppp.ibge.gov.br/ppp.htm), esse serviço online gratuito processa dados gerados por receptores GNSS para obter a latitude, longitude e altitude de pontos no território brasileiro. Por meio do IBGE-P, é possível processar dados GNSS de receptores de simples e dupla frequência (L1 e L1/L2), e no modo estático e cinemático, ambos pós-processados. O usuário envia o arquivo de dados GNSS (em formato RINEX, Hatanaka ou compactado em formato Zip ou rar de até 20 MB) informando o tipo de 96
ocupação à pagina eletrônica (http://www.ppp.ibge.gov.br/ppp.htm) e em poucos instantes, o link com o resultado do processamento é enviado para o e-mail desse usuário. Deve-se lembrar de que os produtos do IGS, IGR (efemérides de órbitas rápidas) e IGS (efemérides de órbitas precisas), são disponibilizados em 48 horas e 13 dias após a data do ultimo levantamento respectivamente. Como resposta do pós-processamento das observações o usuário recebe via e-mail um link disponibilizando o download de um arquivo no formato ZIP, sendo que este arquivo ao ser descompactado fornece os seguintes formatos de arquivos: Um arquivo de extensão SUM que possui o relatório detalhado do resultado. No capítulo anterior foram citados vários erros envolvidos do P, este arquivo revela todas as correções feitas pelo IBGE-P; Um arquivo de extensão POS que possui a estimativa das coordenadas época por época, ao longo do tempo de rastreio; Um arquivo KML para ser visualizado no Google Earth; Um arquivo Leiame.txt que informa o conteúdo de cada arquivo de saída do processamento; Um arquivo PDF que apresenta o relatório resumido do resultado. O método tem apresentado bons resultados como pode ser observado em Perdigão (2009) e Fernandes (2010) em avaliações da acurácia em uma estação RBMC. Sua facilidade está relacionada à utilização de apenas um receptor para obtenção das coordenadas, da facilidade no processamento dos dados, da rapidez na obtenção dos resultados no pósprocessamento, da obtenção dos relatórios resumidos do processamento em formatos aceitáveis pelo INCRA, entre outros. Em razão da facilidade do método e dos bons resultados obtidos é de se esperar que as empresas envolvidas com GNSS comecem em breve a disponibilizar esse tipo de possibilidade com seus produtos (MONICO, 2008). Segundo Monico (2008) o Jet Propulsion Laboratory (JPL USA) vem disponibilizando o pósprocessamento online para o P em tempo real, tornando possível a obtenção das coordenadas de uma estação quase em tempo real. Denominado Global Differential GPS (GDGPS), esse sistema gera correções diferenciais em tempo real para as órbitas dos satélites e correções do relógio advindas das efemérides transmitidas, além de possui acurácia estipulada (nominal) de 0,10 m em posição. Mais informações sobre o sistema podem ser obtidas na página do JPL-GDGPS (http://www.gdgps.net). 4. METODOLOGIA E MATERIAIS A área escolhida para o estudo foram as bases do Sistema Geodésico Brasileiro (SGB), cujos dados são disponibilizados no Banco de Dados Geodésico (BDG) do IBGE sob os códigos 91699, 91700 e 91701, conforme demonstrado na Figura 1. 97
Figura 11 - Local de estudo (Bases IBGE: 91699, 91700, 91701); Fonte: Google Earth As bases foram escolhidas pela facilidade de obtenção dos dados via download no site do IBGE e principalmente pela facilidade no acesso às mesmas. Para a obtenção dos dados das bases, descarregamento de dados processados e pósprocessamento de dados, utilizaram-se os seguintes equipamentos: Um Receptor GNSS de dupla frequência Trimble 5700L1 (L1/L2) para coleta dos dados de observações das estações; Uma antena de Recepção GNSS Trimble Zephyr TRM39105.00; O serviço de pós-processamento de dados GNSS IBGE- P para obtenção das coordenadas geodésicas das estações observadas; Para atingir os objetivos do presente estudo foram utilizados tempos de rastreio, com receptor GNSS de dupla frequência (L1/L2), de 15, 30, 60 e 120 minutos em cada estação (Base IBGE) para avaliar os diferentes resultados obtidos em cada tempo. O sistema adotado para a obtenção dos resultados, ou seja, a determinação da coordenada do ponto foram o GPS e GLONASS. Depois de coletadas as observações das estações, seus dados foram descarregados em um computador ainda no formato t01 onde utilizando as ferramentas disponíveis pelo software Trimble Geomatics Office foram transformados em formato dat, para então serem finalmente convertidos em formato RINEX ( 10o e 10n ). Estes arquivos foram separados por tempo de rastreio, esperado um tempo de 48 horas após a data do ultimo levantamento, foram processadas através da página do IBGE-P (http://www.ppp.ibge.gov.br/ppp.htm). Poucos minutos após o inicio do processamento, o resultado do pósprocessamento já estavam disponíveis em e-mail fornecido e também na própria página de pósprocessamento em formato compactado ZIP. Após esse processo foi iniciado a conversão das coordenadas geodésicas das estações em coordenadas planas (E, N). Através do site do IBGE obtiveram-se os arquivos descritivos das estações em formato pdf de onde se pode tirar as informações das bases, coordenadas, existentes no Banco de Dados Geodésico (BDG) do SGB. Essas informações foram comparadas com os dados pós-processados pelo IBGE- P e calculadas as tendências do método para cada base em cada diferente tempo de observação. As precisões (sigmas σ ou desvios-padrão) do método foram obtidas nos arquivos de formato pdf, bem como as coordenadas das bases, existentes no arquivo de formato zip fornecido pelo IBGE no pósprocessamento online. 98
Após 17 dias da data do levantamento foram processadas as observações pelo site do IBGE-P em conjunto com as efemérides precisas disponibilizadas pelo IGS, sob código IGS, e todo o processo feito utilizando os o processamento com IGR foi repetido igualmente para o processamento com IGS. quanto maior o tempo de rastreio GNSS das estações (tempo de obtenção das observações), maiores as precisões, ou seja, menor o desvio (σ) das coordenadas dos pontos observados como mostrado na Tabela 3. A Tabela 4 mostra as coordenadas das estações, existentes no BDG do SGB 5. RESULTADOS Analisando os resultados do pósprocessamento do IBGE-P, pode-se perceber que. Estação Tempo de obs. Tabela 2 - Resultado do IBGE-P efemérides IGR. Φ (latitude ) λ (longitude) h σφ σλ σh 91699 15 min -20 45' 23,0500" -42 52' 15,9659" 705,300 0,158 0,442 0,476 91700 15 min -20 45' 45,3400" -42 52' 50,9659" 694,270 0,165 0,428 0,441 91701 15 min -20 45' 55,4157" -42 52' 01,3046" 691,190 0,226 0,278 1,035 91699 30 min -20 45' 23,0583" -42 52' 15,9707" 704,420 0,045 0,116 0,182 91700 30 min -20 45' 45,3413" -42 52' 50,8600" 693,930 0,058 0,148 0,308 91701 30 min -20 45' 55,4161" -42 52' 01,2956" 690,640 0,052 0,088 0,178 91699 60 min -20 45' 23,0572" -42 52' 15,9682" 704,860 0,030 0,070 0,128 91700 60 min -20 45' 45,3413" -42 52' 50,8632" 694,290 0,026 0,105 0,135 91701 60 min -20 45' 55,4161" -42 52' 01,2958" 690,660 0,024 0,069 0,066 91699 120 min -20 45' 23,0587" -42 52' 15,9680" 704,620 0,008 0,026 0,032 91700 120 min -20 45' 45,3520" -42 52' 50,8657" 694,320 0,009 0,025 0,036 91701 120 min -20 45' 55,4179" -42 52' 01,2939" 690,540 0,009 0,032 0,052 Tabela 3 - Coordenadas das estações no BDG do SGB (IBGE). Estação BDG Φ (latitude ) λ (longitude) h σφ σλ σh 91699 SGB -20 45' 23,0581" -42 52' 15,9680" 704,597 0,003 0,002 0,020 91700 SGB -20 45' 45,3420" -42 52' 11,9624" 694,243 0,003 0,003 0,012 91701 SGB -20º 45' 55,4172'' -42º 52' 11,9622'' 690,551 0,003 0,002 0,009 A Tabela 5 disponibiliza a tendência (Δ) das coordenadas planas obtidas pelo método IBGE-P com efemérides rápidas (IGR) em relação às coordenadas registradas no Sistema Geodésico Brasileiro (SGB). 99
Tabela 4 - Tendência entre as coordenadas planas IBGE-P com IGR e SGB. Estação Tendência 15min Tendência 30min Tendência 60min Tendência 120min ΔE ΔN ΔE ΔN ΔE ΔN ΔE ΔN 91699 0,0640 0,2480-0,0790-0,0050-0,0060 0,0280-0,0010-0,0190 91700 0,0180 0,0610 0,1590 0,0190 0,0670 0,0150-0,0060 0,0000 91701-0,2400 0,0500 0,0200 0,0340 0,0140 0,0000 0,0690-0,0220 Tendências Posicionais () respectivamente sendo Para analisar segundo normas do INCRA, a Tabela 6 traz as Precisões Posicionais () e as essas analisadas em forma de gráficos nas Figuras 4 e 5. Estação Tabela 5 - Precisões Posicionais () e Tendências Posicionais () - IBGE-P com IGR. 15 min 30 min 60 min 120 min 15 min 30 min 60 min 120 min 91699 0,4694 0,1244 0,0762 0,0284 0,2561 0,0792 0,0286 0,0190 91700 0,4587 0,1590 0,1082 0,0281 0,0636 0,1601 0,0687 0,0060 91701 0,3583 0,1022 0,0731 0,0344 0,2452 0,0394 0,0140 0,0724 Analisando os resultados pode-se concluir que para um tempo de observação de 15 minutos (15min) obteve-se precisão posicional menor que 0,50m o que dentro da norma do INCRA está em condições aceitáveis para realização do georeferenciamento do perímetro de uma propriedade rural. Na análise da tendência percebe-se que o método obteve um nível de tendência da ordem de 0,25m para um tempo de rastreio de 15 minutos. Pode-se concluir que a tendência obtida neste experimente foi melhor que a precisão obtida pelo método nas condições do experimento realizado. A Tabela 7 traz as Precisões posicionais obtidas pelo mesmo método utilizando as efemérides do IGS precisas chamadas de IGS. Estação Tabela 6 - Precisões Posicionais () e Tendências Posicionais () - IBGE-P com IGS. 15 min 30 min 60 min 120 min 15 min 30 min 60 min 120 min 91699 0,4732 0,1255 0,0780 0,0289 0,1530 0,0601 0,0194 0,0192 91700 0,4735 0,1598 0,1103 0,0265 0,0963 0,1409 0,0590 0,0090 91701 0,3580 0,1227 0,0838 0,0344 0,1836 0,0294 0,0350 0,0696 Analisando os resultados pode-se concluir que em nível de precisão não se teve diferença muito relevante entre a utilização das efemérides rápidas ou precisas, já em nível de tendência obteve-se uma melhora da ordem de 0,10m. Pela comparação dos resultados pode-se concluir que as efemérides precisas não influenciam tanto nas precisões das coordenadas quando comparadas às obtidas com as efemérides rápidas, apesar de ajudarem a melhorar os resultados finais. Assim sendo, a utilização das efemérides precisas para o fim proposto neste trabalho não é relevante levando em consideração o aumento no tempo de obtenção dos resultados. Neste trabalho elas foram disponibilizadas com 17 dias após a data do último levantamento. Segundo o manual de Norma Técnica para Georreferenciamento de Imóveis Rurais do INCRA de fevereiro de 2010 o método pode ser utilizado na determinação de: 100
1 - Vértice de apoio básico, apoio imediato tipo C1 com Precisão Posicional () menor ou igual a 0,10m. Nesta pesquisa pode-se perceber que para isso deve-se utilizar produtos IGS rápidas (IGR) que apresentou melhor precisão e com tempo mínimo de levantamento de 60 minutos (1 hora); 2 - Vértice C4 na determinação do perímetro com Precisão Posicional () menor ou igual à 0,50m. Nesta pesquisa pode-se perceber que para isso devemse utilizar produtos IGS rápidas (IGR) que apresentou melhor precisão e com tempo mínimo de levantamento de 15 minutos. Assim nos casos de levantamento de perímetro o método seria aprovado, no entanto deve-se levar em consideração outros problemas que podem ocorrer em casos diferentes a este trabalho, como por exemplo, o não cadastramento da antena utilizada no levantamento no IBGE-P, localização dos pontos levantados, cobertura vegetal, área de alta interferência da ionosfera, entre outros. O método do IBGE-P apresentou-se viável no que diz respeito ao tempo de pós-processamento bem como a facilidade do mesmo. No que se refere ao levantamento em comparação ao método relativo, o IBGE-P se mostrou mais demorado. Enquanto o método relativo apresenta bons resultados para levantamentos de 2 a 5 minutos em tempos de rastreio, o IBGE-P mostrou precisão equivalente em tempo de rastreio de 15 minutos. Embora o IBGE-P não supere o método relativo na questão do rastreio para o limite do imóvel, ele se mostrou viável na obtenção das coordenadas da base de apoio em casos de levantamentos superiores à uma hora, pela simplicidade no pós-processamento principalmente. 6. CONCLUSÃO No IBGE-P utilizando efemérides rápidas (IGR) o tempo total no pós-processamento foi de apenas 2 dias após a data do ultimo levantamento e utilizando efemérides precisas (IGS), 17 dias após a data do ultimo levantamento, neste trabalho. Os resultados obtidos utilizando efemérides IGR e IGS foram semelhantes, assim pode-se concluir que para o fim proposto a utilização de efemérides IGR é mais viável que a utilização de efemérides IGS. O método de Posicionamento por Ponto Preciso online do IBGE se mostrou apto na realização do georreferenciamento de imóveis rurais de acordo com a norma do INCRA de fevereiro de 2010, aplicadas à lei 10.267/01 e ao decreto 4.449/02. O método do IBGE-P se mostrou viável no processamento principalmente de vértice tipo M de classe C1 e finalidade de base de apoio e de apoio imediato com precisão menor ou igual à 0,10 m, necessário um tempo mínimo de 60 minutos no levantamento das observações. O IBGE-P apresentou, nos vértices de classe C1, maior facilidade no pós-processamento alcançando resultados semelhantes aos alcançados no método relativo. Isso pode ser observado no levantamento (obtenção dos arquivos de observação) utilizando receptor GNSS de dupla frequência (L1/L2) Trimble 5700L1 e antena Zephyr TRM39105.00 e utilizando a mesma metodologia utilizada neste trabalho de pesquisa. O método mostrou-se apto também nos vértices tipos M, P, V e O; classe C4 finalidade de limites do imóvel (Perímetro) com precisão menor ou igual à 0,50m sendo necessário um tempo mínimo de 15 minutos no levantamento das observações. Embora apresentado maior tempo de rastreio que o método relativo e utilizar receptor de dupla frequência (L1 / L2), sua viabilidade neste caso se torna dependente dos recursos disponíveis ao profissional, como software, acesso a internet, entre outros. O método se mostrou rápido com boa precisão e boa tendência utiliza pouco tempo no pósprocessamento e apto para georreferenciamento de imóveis rurais de acordo com a norma técnica do INCRA. Sendo o IBGE-P de fácil acesso, gratuito e de simples manuseio é mais uma opção no 101
georreferenciamento de imóveis rurais para os profissionais da área. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FERNANDES, R. N. S. 2010. Análise do desempenho do P on-line sob diferentes tempos de rastreios dando ênfase nas observações GNSS. Monografia de Graduação do Curso de Engenharia de Agrimensura Universidade Federal de Viçosa. Viçosa MG. GOOGLE EARTH. 2010. Software gratuito de posicionamento global que utiliza de imagens orbitais gratuitas. Desenvolvido por Google TM. Acessado: Agosto, 2010. IBGE. 2010. Manual do Usuário Posicionamento Por Ponto Preciso; março de 2009 [http://www.ppp.ibge.gov.br/manual_ppp.pdf] (acessado: Julho, 2010). IBGE Recomendações para Levantamentos Relativos Estáticos GNSS; Abril de 2006. Disponível em (http://www.ppp.ibge.gov.br) (acessado: Julho, 2010). INCRA: Normas Técnicas para Georreferenciamento de Imóveis Rurais do INCRA - 2ª Edição de Fevereiro de 2010; [http://www.incra.gov.br/portal/índex. php?option=condocman&task=search_result&itemid=1 41]. (acessado: Agosto, 2010) INCRA: Sistema Público de registro de terras; Legislação vigente [http://200.252.80.40/certifica/abertura.asp] (acessado: agosto, 2010) MATSUOKA, M.T., AZAMBUJA, J.L.F. e SOUZA, S.F. 2009. Potencialidades do serviço online de Posicionamento por Ponto Preciso (CSRS-P) em aplicações geodésicas. Gaea - Journal of Geoscience, vol 5, n 1, jan/jun 2009, p. 42-49. MONICO, J.F.G. 2008. Posicionamento pelo GNSS: Descrição, Fundamentos e Aplicações. 2.ed. São Paulo: UNESP. PERDIGÃO, T. D. 2009. Avaliação da acurácia a partir de diferentes tempos de rastreio utilizando a solução P on-line do IBGE. Monografia de Graduação do Curso de Engenharia de Agrimensura Universidade Federal de Viçosa. Viçosa MG. SANTOS, U. F. 2010. Georreferenciamento de Imóveis Rurais utilizando Posicionamento por Ponto Preciso online. Monografia de Graduação do Curso de Engenharia de Agrimensura Universidade Federal de Viçosa. Viçosa MG. 102