PARTICIPAÇÃO DA ESCOLA E DO PROFESSOR EM AÇÕES EDUCATIVAS PARA A PREVENÇÃO DE ACIDENTES INFANTIS



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Transcrição:

PARTICIPAÇÃO DA ESCOLA E DO PROFESSOR EM AÇÕES EDUCATIVAS PARA A PREVENÇÃO DE ACIDENTES INFANTIS GIMENIZ-PASCHOAL, Sandra Regina Psicóloga, Docente do Curso de Fonoaudiologia e do Curso de Pós Graduação em Educação da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho UNESP Campus de Marília-SP. E MAIL: srgp@marilia.unesp.br GONSALES, Thaís Pondaco Fonoaudióloga, mestranda do Curso de Pós Graduação em Educação da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho UNESP Campus de Marília-SP VIEIRA, Roberta Cristina Rodrigues Fonoaudióloga, Bolsista de Apoio Técnico à Pesquisa na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho UNESP Campus de Marília-SP RESUMO: PARTICIPAÇÃO DA ESCOLA E DO PROFESSOR EM AÇÕES EDUCATIVAS PARA A PREVENÇÃO DE ACIDENTES INFANTIS O acidente infantil é responsável por altos índices de morbimortalidade no país. Uma forma de atuação para a prevenção desse evento é por meio da educação, sendo a escola um local apropriado para o desenvolvimento de ações educativas e o professor um ator importante para a concretização de ações dessa natureza, como preconiza o Ministério da Educação. O objetivo deste trabalho foi conhecer qual a participação da escola e do professor na realização de ações educativas para a prevenção de acidentes infantis. Foram entrevistadas 258 responsáveis por crianças de 0 a 14 anos, usuários de Unidades Básicas de Saúde e Unidades do Programa de Saúde da Família da cidade de Marília-SP. Os participantes apontaram a escola como o segundo principal local usado para disseminação de informações a respeito da prevenção de acidentes infantis. Entretanto, o professor foi o profissional menos apontado como ator de ações educativas dessa natureza. Ainda com relação a uma possível ação educativa, os participantes apontaram a escola como um dos locais em que eles gostariam de receber informações. Os dados encontrados indicam a necessidade de reflexão acerca do papel das instituições formadoras e dos próprios profissionais diante deste tipo de atuação. PALAVRAS-CHAVES: Acidentes Infantis, Escola, Professor. ABSTRACT: The accident childhood is responsible of high taxes of mobility and mortality in this country. A work way to prevent this event is through education, being the school appropriated place to the development of education actions and the teacher an important actor of making these actions, as prescribed by the Ministry of Education. This article s goal was to know the participation of the school and of the teacher to make the educative actions to present childhood accidents. There were made 258 interviews of 0 to 14 years old children s parents or responsible ones that use the Basic Health Unit and Family Health Program Unit of Marília São Paulo. The interviewed people showed the school as the second place used to information

dissemination in relation of prevention of childhood accidents. However, the teacher was the last appointed professional as actor to educative actions of this nature. The interviewed people still showed the school as one of the place that they would like to receive information. The finding data show the necessity of reflection among the importance of scholar institutions and of the professionals facing this type of action. KEYWORDS: Accident Childhood, School, Teacher 1. INTRODUÇÃO: Os acidentes continuam sendo responsáveis por altos índices de morbimortalidade no país, mantendo seu caráter de problema de saúde pública entre crianças e jovens (BARACAT et al, 2000; FILÓCOMO et al, 2002, BRASIL, 2005), com a projeção de aumento nestes índices para os próximos vinte anos (BLANK, 2002). Os custos com internação e reabilitação derivados dos acidentes são altos. Grande é o número de leitos hospitalares ocupados por vítimas desse tipo de evento e muitas são as seqüelas físicas e emocionais deixadas nas vítimas; incluindo a perda de anos de vida produtiva de crianças e jovens (HARADA et al, 2000; FEIJÓ, 2001). Uma forma que tem sido sugerida para se atuar na prevenção dos acidentes de qualquer natureza, que é quase unânime na literatura pesquisada, é por meio da educação (BLANK, 1998; BLANK, 2002; FILÓCOMO et al, 2002; FONSECA et al, 2002; SAUER, WAGNER, 2003). Os Parâmetros Curriculares Nacionais para a Educação Fundamental (BRASIL, 1997) mencionam os acidentes como um dos principais riscos à saúde dos estudantes e recomendam que a escola ofereça oportunidades para que o aluno seja capaz de conhecer e evitar os principais riscos de acidentes no ambiente doméstico, na escola e em outros lugares públicos (pág. 117). O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil

(BRASIL, 1998) também aponta a importância dos professores auxiliarem na identificação de situações de risco para acidentes. A escola é o local próprio e privilegiado para o desenvolvimento de ações educativas para a prevenção dos acidentes domésticos infantis (OLIVEIRA, 2003). Devido ao contato diário com crianças e pais, a escola e o professor tornam-se atores importantes para a concretização de ações dessa natureza, o que vem sendo recomendado pelo Ministério da Educação, conforme citado anteriormente. Entretanto, apesar desses apontamentos, ações educativas para a prevenção de acidentes infantis raramente ocorrem nesta Instituição. O objetivo desse trabalho, que faz parte de uma pesquisa maior, foi conhecer qual a participação da escola e do professor na realização de ações educativas para a prevenção de acidentes infantis, na opinião se pais/responsáveis por crianças usuárias de instituições de atenção primária à saúde. 2. MÉTODO: Ambiente: esta pesquisa foi realizada em três Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e sete Unidades do Programa de Saúde da Família (UPSF) da cidade de Marília-SP. Participantes: participaram da pesquisa, 258 responsáveis por crianças de até 14 anos, usuários das UBSs e UPSFs. Materiais: para a coleta das informações foram utilizados diversos impressos pré-elaborados como: uma carta de apresentação do trabalho, um termo de consentimento, um roteiro de entrevista semiestruturada, gravadores e fitas K7.

Procedimentos: o projeto foi encaminhado à Secretaria Municipal de Higiene e Saúde de Marília e ao Comitê de Ética da Universidade Estadual Paulista/Câmpus de Marília. Após obter as autorizações, entrou-se em contato com os dirigentes de cada Instituição para fornecer informações a respeito da pesquisa e marcar os dias de contato com as mães. A coleta de dados foi feita por meio de entrevistas gravadas. No caso das UBSs, os participantes foram entrevistados enquanto aguardavam atendimento pediátrico, para as crianças, na própria Instituição. No caso das UPSFs, os participantes foram entrevistados durante a realização da reunião da bolsa família. Os participantes foram questionados, dentre outros aspectos, sobre o recebimento de informações de qualquer natureza a respeito de acidentes infantis. Quando referiam ter recebido tais informações, foram solicitadas características e opiniões a respeito das mesmas. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Dentre os 258 participantes entrevistados, apenas 37,2% disseram ter recebido algum tipo de informação a respeito da prevenção do acidente infantil. Considerando que a informação é um elemento importante para ajudar o responsável a discriminar situações que trazem risco de acidentes para eliminá-las e reconhecer as situações que protegem as crianças para implementá-las, bem como o fato dos acidentes infantis ocorrerem

especialmente no ambiente doméstico, este resultado indica uma lacuna importante de disseminação de conhecimentos que precisa ser preenchida. Os participantes que receberam informações indicaram que foi por meio de ações educativas realizadas em diferentes Locais/Instituições. Dos entrevistados, 32.7% referiram receber informações acerca de prevenção de acidentes infantis em Unidades Básicas de Saúde (USFs e UPSFs); 15,8% disseram que foram informados em escolas; 12,9% na própria residência, 9,9% nos hospitais e 28,8% em locais diversos. As escolas também devem ser promotoras de saúde, bem como podem envolver as famílias de seus alunos nesta missão, portanto, há um potencial de atuação das escolas que poderia ser expandido no sentido de auxiliar na prevenção dos acidentes infantis. Com relação ao profissional envolvido na ação educativa, 17,3% dos participantes relataram que receberam informações de médicos; 5,8 % receberam de repórteres de telejornais sendo que outros 5,8% obtiveram informações por enfermeiros; 4,8% por agentes comunitários; 3,8% pelos bombeiros, e 2,9% por professores. Dentre os entrevistados 59,6% referiram outros profissionais ou relataram não lembrar de quem receberam as informações. A despeito de ter ocorrido um percentual grande de respostas não definidas, a participação do professor apareceu pouco representa. Entretanto, a escola foi um dos locais apontados para atividades dessa natureza. Os participantes foram questionados sobre onde e por quem gostariam de receber informações a respeito da prevenção de acidentes infantis. As Instituições Escolares corresponderam a 7,9% do total de respostas e o professor, a apenas 1,6% do total.

Ainda que seja pequena, há indicação da população para a escola sediar e o professor colaborar com ações educativas preventivas de acidentes com crianças, demanda que mereceria ser acolhida. Por meio da análise dos dados foi possível observar que as unidades de atenção primária à saúde e as escolas são os principais locais usados para a realização de ações educativas para a prevenção de acidentes infantis. 4. CONCLUSÃO: Considerando a opinião de responsáveis por crianças que utilizam os serviços de atenção básica à saúde, a participação da escola e do professor na realização de ações educativas para prevenção de acidentes infantis ainda é pouco apontada e, portanto, há necessidade de reflexão acerca do papel das instituições educacionais e dos profissionais da educação diante deste tipo de atuação. Tomando por base que os acidentes infantis representam um sério problema de saúde pública que pode ser evitado por meio da educação, ressalta-se a importância do envolvimento entre profissionais das diferentes áreas para a prevenção desse evento. É fundamental que todos os profissionais de saúde e educação estejam com o olhar voltado para os problemas sociais, cientes de sua responsabilidade e adequados às ações preventivas. As iniciativas do setor de saúde precisam ser compartilhadas por outras ligadas à educação, cultura e lazer, segurança e justiça. A promoção da saúde no ambiente escolar é fundamental para o desenvolvimento integral da cidadania, que permeia a segurança, a educação, a justiça e a eqüidade (LIBERAL et al, 2005).

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BARACAT, E. C. E.; et al Acidentes com crianças e sua evolução na região de Campinas, SP. Jornal de Pediatria, v. 76, n. 5, p. 368-374, 2000. BLANK. D. Controle de acidentes e injúrias físicas na infância e na adolescência. In: COSTA, M. C. O.; SOUZA, R. P. de (org.). Avaliação e cuidados primários da criança e do adolescente. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. p. 235-242. BLANK, D. Prevenção e controle de injúrias físicas: saímos ou não do século 20? Jornal de Pediatria, v. 8, n. 2, p. 84-86, 2002. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: meio ambiente, saúde. Brasília, 1997. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria da Educação Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998. BRASIL, Ministério da Saúde, Secretaria de Políticas Públicas de Saúde. Política nacional de redução da morbimortalidade por acidentes e violência. Revista de Saúde Pública, v. 34, n. 4, p. 427-430, 2000. FEIJÓ, M. C. C.; PORTELA, M. C. Variação no custo de internações hospitalares por lesões: os casos dos traumatismos cranianos e acidentes por armas de fogo. Cadernos de Saúde Pública, v. 17, n. 3, p. 627-637, 2001. FILÓCOMO, F. R. F. et al. Estudo dos acidentes na infância em um pronto socorro pediátrico. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v.10, n. 1, p. 41-47, 2002. FONSECA, S. S. et al. Fatores de risco para injúrias acidentais em préescolares. Jornal de Pediatria,v.78, n.2, p. 97-104, 2002.

HARADA, M. J. C. S et al. Epidemiologia em crianças hospitalizadas por acidentes. Folha Médica, v.119, n. 4, p. 43-47, 2000. LIBERAL, E. F. ET AL. Escola segura. Jornal de Pediatria, v. 81, n.5 (supl.)p. S155-S163, 2005. OLIVEIRA, R. A. de. Educação infantil e acidentes: opiniões dos profissionais e caracterização dos riscos do ambiente educativo. 2003, 177f. Dissertação (Mestrado em Educação)- Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista. Marília, 2003. SAUER, M. T. N.; WAGNER, M. B. Acidentes de trânsito fatais e sua associação com a taxa de mortalidade infantil e adolescência. Cadernos de Saúde Publica, v. 19, n. 5, p. 1519-1526, 2003.