PRODUÇÃO BIOLÓGICA DE HORTOFRUTÍCOLAS



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Transcrição:

PRODUÇÃO BIOLÓGICA DE HORTOFRUTÍCOLAS GREENFOOD PROJECT 2010-1-ES1-LEO05-20948 1

Índice 1. Introdução... 3 2. Produção biológica de frutas... 4 2.1. Selecção de espécies e variedades... 4 2.2. Gestão do solo e nutrição das plantas... 9 2.3. Gestão da entre-linha... 15 2.4. Gestão de pragas e doenças... 17 2.5. Colheita, armazenamento, conservação e transporte... 25 2.6. Exemplos práticos... 30 3. A produção biológica de hortícolas... 34 3.1. Escolha do local e selecção varietal... 34 3.2. Gestão da fertilidade do solo... 40 3.3 Rotação e Consociação de plantas... 43 3.4. Pragas, doenças e infestantes... 49 3.5. Colheita, armazenamento, conservação e transporte... 53 4. Bibliografia e documentação... 64 5. Glossário... 66 6. Auto-avaliação... 68 2

1. Introdução Na União Europeia, a produção biológica de hortofrutícolas está condicionada à aplicação do Regulamento (CE) n.º 834/2007 do Conselho, e do Regulamento (CE) n.º 889/2008 da Comissão. De um modo geral, a produção biológica exclui a utilização de muitos factores de produção utilizados na agricultura convencional, muito particularmente fertilizantes e pesticidas de síntese química. Os sistemas de produção biológicos assentam em práticas como a rotação de culturas, a utilização de resíduos das culturas, de fertilizantes orgânicos de origem animal, de espécies leguminosas, de siderações ou adubos verdes, de resíduos domésticos orgânicos e de luta biológica no combate a pragas e doenças. Estas práticas mantêm a produtividade do solo, fornecem os nutrientes de que as plantas necessitam e ajudam a combater os insectos e as ervas infestantes. 3

2. Produção biológica de frutas A produção biológica de frutas é uma das mais importantes componentes da produção biológica na Europa. Os principais países produtores de fruta em zonas temperadas são a Itália, a França e a Espanha. A figura abaixo representa a situação actual da produção biológica de fruta na Europa. Figura 1 Produção biológica de fruta, vinha e bagas em zonas temperadas: principais países em 2007 (incluindo área em conversão); Fonte: FIBL, 2009 2.1. Selecção de espécies e variedades O processo de selecção das espécies e das variedades usadas nos pomares em Agricultura biológica (AB) deve ter em consideração a finalidade a que se destina o pomar, nomeadamente, se se trata de utilização comercial, doméstica, paisagística, ou agro-florestal. O principal objectivo deste capítulo consiste no estudo da produção de fruta para comercialização. 4

A produção biológica de fruta pode ser obtida a partir de pomares novos ou através da conversão de pomares convencionais, sendo para ambos os casos aplicados os mesmos princípios. Instalação de novos pomares A selecção da espécie e da variedade a plantar é muito importante. O pomar deve estar suficientemente afastado de fontes poluidoras, nomeadamente estradas com elevado volume de tráfego, pólos industriais ou mesmo pomares convencionais. As empresas industriais e agroindustriais devem estar localizadas para além de uma distância de segurança recomendada pelo organismo de controlo e certificação de cada país. É ainda necessário que os níveis de materiais pesados presentes nos solos cultivados respeitem os limites estabelecidos pelas autoridades de protecção ambiental. Os pesticidas e os herbicidas utilizados nos pomares, ou nos terrenos circundantes, não podem contaminar os pomares biológicos. A escolha da variedade deve ser feita de forma a que sejam respeitadas as condições edafoclimáticas locais. Assim, a selecção das variedades deve ter em consideração o clima da região, a localização geográfica e as propriedades do solo. Deve ainda dar-se preferência a variedades resistentes a pragas e doenças, de acordo com as práticas de protecção fitossanitária indicadas na legislação europeia, atrás referenciada. Para obter a certificação biológica, é necessário um período de conversão de três anos. Este período pode ser reduzido, se o organismo de certificação e a autoridade competente reconhecerem que foram utilizados previamente métodos de produção agrícola compatíveis com as exigências da protecção do ambiente e da preservação do espaço natural. O período de conversão do pomar convencional pode ser iniciado após a última aplicação de qualquer tratamento convencional. A eventual autorização para diminuir o período de conversão deverá ser dada pelo organismo de certificação competente. Condições climáticas As condições climáticas determinam a produtividade das variedades utilizadas. Assim, podemos escolher as variedades a implementar em 5

determinado local, em função do conhecimento que temos acerca das suas necessidades em luz, temperatura e água. Condições pedológicas As seguintes espécies toleram solos arenosos: macieira, damasqueiro, pessegueiro, aveleira, framboesa e groselha. Algumas espécies podem crescer em solos pedregosos com uma fina camada fértil: damasqueiro, pessegueiro, amendoeira, nespereira e castanheiro. A maioria das espécies desenvolve-se melhor em solos com uma camada fértil profunda. Algumas delas toleram solos argilosos, como por exemplo a pereira, o marmeleiro, a cerejeira, a ameixeira e a aveleira. A preferência por determinado tipo de solo é influenciada pelo sistema radicular das árvores e pelas suas necessidades nutricionais específicas. A circulação de ar é muito importante para o sistema radicular das árvores. Desta forma, algumas das espécies como o pessegueiro, o damasqueiro, a amendoeira, a cerejeira e a framboesa e os citrinos são particularmente sensíveis à existência de boas condições de circulação de ar no solo. Algumas espécies podem tolerar ou até mesmo necessitar de solos húmidos, com elevada disponibilidade em água. É o caso da macieira, da pereira, do marmeleiro, da ameixeira, da nogueira, da aveleira, da framboesa, do morango, da groselha, da amora. Algumas características do solo, como o ph, podem constituir um factor limitante para algumas espécies. É o caso do castanheiro, da macieira, da aveleira, da framboesa e do morango, do mirtilo, que necessitam de solos ácidos. Por outro lado, elevados níveis de alcalinidade do solo podem ser também um factor limitativo para outras espécies, como o damasqueiro e a amendoeira. Culturas como a macieira, a pereira, o marmeleiro, a nogueira, o morango e a groselha preta, toleram níveis elevados de água no solo. O marmeleiro e vários porta-enxertos de macieira resistem mesmo a algumas semanas de encharcamento durante o período de repouso vegetativo. Localização geográfica e nível de exposição solar A localização geográfica e a situação topográfica desempenham um papel importante na formação do microclima. A altura acima do nível do mar, a exposição solar, a qualidade do solo, a direcção do vento, o nível de águas 6

superficiais e a proximidade de zonas florestais são aspectos determinantes do ponto de vista geográfico. A altura acima do nível do mar influencia a temperatura do ar, dado que em média, a um aumento de 100 m de altitude corresponde uma diminuição da temperatura de 0,5 C. As diferenças em altitude podem ser importantes no caso de danos provocados por geadas. A exposição solar está relacionada com o declive e a direcção da encosta. As exposições a sul e a sudoeste são favoráveis à produção agrícola, enquanto a orientação a norte é menos favorável. Em clima mediterrânico, com cada vez maiores problemas de escaldão da fruta, nas espécies e variedades mais sensíveis, a orientação norte pode ser vantajosa. Os vales podem ser desfavoráveis devido à possibilidade de se verificarem níveis elevados de humidade e nevoeiro, e à existência de geadas nas zonas mais baixas. Selecção de variedades para produção de fruta em AB A escolha das variedades deve ter em conta as características do local de produção, a sua adaptação às condições edafoclimáticas existentes e a procura actual ou potencial do mercado. Devem ser escolhidas variedades resistentes às doenças, bem como variedades que exijam menos intervenção, designadamente ao nível de tratamentos fitofarmacêuticos. Os principais aspectos que determinam o valor e o interesse das variedades na produção de frutas biológicas são: A qualidade externa dos frutos (tamanho, forma, cor, resistência da casca, ausência de defeitos, sintomas de doenças, etc.) A qualidade interna dos frutos (valores nutricionais, nível de fibras, sabor, aroma, aptidão para o processamento, teor de vitaminas e outros factores nutricionais, etc.). O valor de mercado das variedades é determinado pelo grau de receptividade dos consumidores (atractividade, procura, etc.), perecibilidade e a adequação para a transformação (qualidade da epiderme, consistência da polpa, grau de perecibilidade). 7

Ao nível dos factores produtivos, a produtividade, a estabilidade da produção, a susceptibilidade a pragas e doenças, a tendência para a queda dos frutos, o vigor vegetativo, a biologia da floração e as características de fertilização, são aspectos determinantes nas escolhas a efectuar. Polinização por insectos As flores das árvores de fruto são na sua maioria polinizadas por insectos, apesar da polinização pelo vento desempenhar também um papel importante. Assim, dependendo da variedade, devem estar localizadas no pomar, no período de floração, 2 a 10 colmeias de abelhas, por hectare. Porta-enxertos (PE) As características genéticas desempenham um papel fundamental na dimensão das árvores e arbustos. Todavia, no caso de muitas espécies (por exemplo, a macieira e a pereira), esta característica pode ser influenciada também pelos porta-enxertos e pela altura do ponto de enxertia. A utilização de PE bem adaptados é importante na tolerância a condições desfavoráveis de solo, como a má drenagem ou a presença de bactérias ou fungos patogénicos (doenças de solo ou outras que possam atingir o PE, como o fogo bacteriano). Sistemas de produção e condução Na produção biológica devemos criar uma harmonia entre a variedade e o PE, a distância entre as árvores e a forma de condução. Em AB a criação de um bom equilíbrio entre crescimento vegetativo e produção, pode ser alcançado com uma poda mais ligeira. Compasso de plantação A distância entre árvores deve ser adaptada ao crescimento e vigor da combinação variedade e PE. A orientação das linhas deve ser norte -sul. A forma da copa deve respeitar, dentro do possível, a forma natural da árvore, com um tronco central rodeado de diversas pernadas em todo o 8

contorno (eixo central revestido). Nalguns casos de menor vigor e na falta de postes e arames de suporte, pode optar-se por formas mais baixas, em vaso (ou esféricas no caso dos citrinos), de modo a manter a árvore direita. A forma de condução também depende da espécie e do vigor do PE. Linhas duplas não são permitidas em AB, porque este sistema é mais susceptível às doenças. Se forem plantadas culturas consociadas nas entrelinhas do pomar, devem usar-se PE mais vigorosos, sem aramação de suporte. Neste caso as distâncias entre árvores são maiores, com os seguintes compassos: - em árvores de fruto: 5-10m x 4-10m; - em pequenos frutos: 1,2-2,0m x 0,8-1,5m. 2.2. Gestão do solo e nutrição das plantas O terreno a cultivar deve ser adequado à produção de espécies frutíferas. O mais importante no manejo do solo é a conservação e melhoria da sua fertilidade e actividade biológica. Um aspecto fundamental a ter em conta consiste no nível de húmus do solo, que deve ser aumentado ao longo dos anos. Para além da protecção e conservação do solo há ainda a vantagem climática do sequestro de carbono que é transferido da atmosfera ficando retido por muitos anos na matéria orgânica. Melhoramento do solo O melhoramento do solo pode também ser necessário, de acordo com as análises efectuadas. Estas devem ser feitas antes de se iniciar o processo produtivo, com base em amostras obtidas em vários locais do campo de cultura. Em solos ácidos, o valor do ph do solo pode ser modificado através da realização de calagens, através da aplicação de correctivos minerais alcalinizantes (calcário moído com ou sem magnésio, algas marinhas 9

calcárias e cal industrial resultante do fabrico de açúcar). A cal viva e a cal apagada estreme, não são autorizadas. Em solos alcalinos, o ph do solo pode ser corrigido com enxofre ou turfa ácida. Em ambos os tipos de solo (ácido e alcalino) a aplicação de matéria orgânica na forma de composto, também corrige o ph. Para contextos pedológicos com baixo teor em húmus (<1%), deve ser adicionada uma grande quantidade de material orgânico (80 a 100 t/ha de estrume ou composto, que não seja proveniente de pecuária intensiva sem terra) antes de iniciar a plantação. Fertilização orgânica Na produção de fruta biológica, é adicionado ao solo matéria orgânica para melhorar a sua estrutura e para favorecer a actividade biológica. Portanto, a composição dos nutrientes presentes no estrume ou composto utilizado deve ser bem conhecida. Os fertilizantes orgânicos usados devem ser provenientes da agricultura biológica certificada, mas, na falta daqueles, podem ser de agricultura convencional, com excepção da pecuária industrial sem terra, em que os animais estão sempre fechados e sem contacto com o terreno agrícola. O fornecimento de fertilizantes deverá ser feito de acordo com a informação do anexo I ao Reg. (UE) n.º 889/2008. Preparação do solo Na preparação do solo devem evitar-se lavouras muito profundas com reviramento da leiva, porque tal procedimento poderá prejudicar a camada superficial mais rica em húmus, trazendo o subsolo à superfície. A profundidade de mobilização do solo não deverá ser superior a 0,90 m e sempre com ripagem em vez de lavoura de charrua. A instalação da cultura deve ser efectuada em condições climáticas adequadas e com um nível de humidade do solo ideal, devendo a profundidade de instalação situar -se entre 0,25m a 0,40 m. Depois da ripagem, o solo deve ser preparado mais finamente, com alfaias combinadas (dentes mais discos e rolo destorroador) ou, na falta destas, com grade de discos seguido de escarificador. 10

Sideração ou adubação verde A sideração é um método que permite a melhoria do solo, tanto na fase anterior à plantação, como depois, ao nível da adubação nas entrelinhas. Durante o período de conversão, este método é sobretudo aplicado na preparação do solo para as novas plantações. Sideração antes da plantação. Dependendo do tipo de preparação do solo e das suas características, pode ser usada adubação verde de Inverno ou de Verão, com diferentes tipos de misturas de plantas. Em sementeiras de Primavera, sugere-se a utilização de uma mistura de girassol com as seguintes leguminosas: fava-cavalinha, ervilha e tremoço. Em sementeiras tardias de Verão/Outono (Setembro/Outubro) sugere-se uma mistura de centeio, ervilha e trevo-encarnado. As adubações verdes também protegem o solo da erosão provocada pelas chuvas. Preparação do solo mais prolongada. Em situações em que o solo apresenta características mais desfavoráveis, designadamente com má estrutura, deficiência em nutrientes, ou uso prévio excessivo, é recomendada uma sementeira anual com uma mistura de gramíneas e luzerna (em caso de fadiga de solo), durante 3 a 5 anos. A protecção contra nemátodos apenas pode ser bem sucedida com culturas de cobertura (crucíferas), durante vários anos, permitindo assim a existência de raízes com, pelo menos, 60cm de profundidade. Antes da plantação das árvores, o trabalho mecânico é feito com um cultivador. Plantação A altura ideal para a plantação é usualmente o final de Outono e princípio de Inverno. Para a plantação, é suficiente a abertura manual de uma cova de 0,40x0,40x0,40 m. A abertura de covas através de meios mecânicos não é a melhor solução, particularmente em solos húmidos. É recomendado introduzir 5 a 10 kg de estrume curtido, uniformemente distribuído no fundo da cova da plantação, e posteriormente cobertos com 80 a 100 mm de uma camada de solo. Antes da plantação, a raiz do porta-enxerto é cortada plana, com a superfície de corte virada para baixo. As raízes são imersas numa calda espessa feito com água, argila e micorrizas para inoculação da raiz. As plantas devem ser irrigadas com 10 a 20 litros de água, conforme a capacidade do solo em reter essa a água. 11

Na plantação de Outono, nas regiões mais frias, o tronco pode precisar de ser protegido do frio com um montículo de terra. No caso de plantação de Primavera essa protecção não é necessária. Depois da época das geadas, faz-se a descava ao redor do tronco em círculo com diâmetro até 1m. A cobertura ou empalhamento do solo na linha tem como objectivo preservar a humidade do solo e assegurar o combate às ervas infestantes. Palha, estrume, palha misturada com estrume, casca de pinho, aparas de madeira, pó de cortiça, engaço de uva, bagaço de azeitona, são bons materiais para esta prática. Alguns materiais sintéticos como, filme de polietileno negro, folhas de polipropileno, também podem ser aplicados como cobertura do solo. Protecção do tronco Tanto nas plantações de Primavera como nas de Outono (e, em particular nestas últimas) é importante proteger o tronco de eventuais mordeduras de animais. Para tal, pode ser usado papel, canas, redes ou tubos especiais para proteger troncos, feitas de metal ou de plástico. Vedações Para uma maior protecção contra animais selvagens e eventuais roubos é recomendada instalação de uma vedação no momento da plantação, ou mesmo antes. Sebes naturais e faixa de flores De forma a favorecer o isolamento é necessário envolver a plantação com sebes naturais compostas por várias espécies (árvores, arbustos). Estas devem ser originárias do ecossistema natural da zona. Uma faixa de flores deve também ser implementada, sendo composta por espécies anuais, que permanecerão no pomar durante a fase de floração, abrigando os organismos auxiliares. 12

Após 2003, só pode ser usado na instalação de uma nova plantação material de propagação (e.g. enxertos) sujeito aos requerimentos da produção biológica, produzido por viveiros certificados e fornecido com certificado de produção biológica. No período de transição, pode ainda ser utilizado material de plantação oriundo de viveiros tradicionais. Esta utilização deverá ser efectuada debaixo de um maior nível de supervisão por parte da organização certificadora. Na criação e funcionamento de um viveiro biológico devem ter-se em consideração todas as normas e regulamentos que incidem sobre um viveiro tradicional, completadas com os requerimentos aplicáveis à agricultura biológica (Reg. (EU) 889/2008). Nutrição das plantas A gestão do solo e a nutrição das plantas tem um impacto muito significativo sobre a produtividade global do pomar. Uma boa gestão do solo deve permitir alcançar os seguintes objectivos: Arejamento do solo; Capacidade de retenção da água; Captação de nutrientes; Capacidade de utilização dos estrumes incorporados; Preservação e aumento do nível de matéria orgânica no solo; Protecção contra infestantes; Protecção contra a erosão e a deterioração do solo Fornecimento de nutrientes Na produção biológica o fornecimento de nutrientes às árvores de fruto baseia-se sobretudo na disponibilidade natural em nutrientes e na capacidade do solo em fornecer nutrientes. A capacidade de disponibilização de nutrientes é igualmente influenciada pelo tipo de solo, teor em húmus, estrutura do solo e actividade biológica da camada de solo próximo das raízes (rizosfera). Considerando que a utilização de fertilizantes industriais de síntese não é permitida, tanto antes como depois da plantação, é muito importante assegurar que o solo apresenta uma capacidade constante para fornecer nutrientes às plantas. 13

Os dois principais nutrientes são o Azoto (N) e o Potássio (K). O azoto participa na formação de todos os organismos (como componente proteico). A presença de 1% de húmus no solo equivale a 30-40 Kg/ha de azoto, por ano, o que pode ser quase suficiente para uma produção média, se a mineralização for assegurada por condições pedológicas favoráveis (ar/água). Por esta razão, deve ser seriamente ponderada a decisão de iniciar a produção de fruta em MPB em solos com menos de 1% de teor em húmus. Como boas fontes de azoto podemos referir: sideração com misturas de leguminosas (50 a 150 Kg/ha de azoto no caso de 20 t/ha de massa verde), e plantas leguminosas estremes (ervilha de inverno, tremoço de primavera, favas, etc.). Bitter pit (ou manchas encortiçadas ) é uma das mais importantes doenças que ocorrem em maçãs e peras, e é causada por uma deficiência em cálcio do fruto. Na base deste problema pode estar o excesso de potássio e de azoto no solo, um desenvolvimento vigoroso e demasiado rápido, devido a um excesso de fertilização azotada, ou uma poda de inverno incorrecta. A forma mais eficaz de evitar esta doença consiste em manter o fornecimento ideal de azoto e potássio, sem excessos, bem como o respectivo equilíbrio nutricional. Os fertilizantes (matérias primas) que podem ser aplicados na produção biológica estão referenciados no Anexo I do Reg. (UE) 889/2008, actualizados através da publicação Guia de factores de produção permitidos em agricultura biológica, divulgada pela organização certificadora de cada país, ou por empresas de assistência técnica à produção. Rega A maioria das espécies frutíferas necessita ser irrigada. O nível de irrigação depende das condições de precipitação locais e das necessidades hídricas das espécies/ variedades em causa. A água utilizada na rega não deve conter matérias ou substâncias poluidoras, prejudiciais à árvore e à saúde humana. Preservação da humidade e dos níveis de água no solo A utilização de métodos de cultura que preservam a água no solo e a plantação de vedações naturais que protegem as plantas do vento, 14

diminuindo a desidratação, desempenham um papel determinante. Para além disso, devem ser aplicados sistemas de rega que preservem a estrutura do solo, como por exemplo, microaspersores suspensos, debaixo da copa, ou rega gota-a-gota. Rega com propósitos específicos A irrigação por cima da copa (com aspersores) é recomendada sobretudo como factor preventivo de geadas Figura 2 - Pomar jovem: na linha, o solo está protegido por um sistema de mulching ( empalhamento ). Na entrelinha, o terreno está plantado. (http://www.orchardworld.co.uk) 2.3. Gestão da entre-linha Na AB o pomar faz parte do ecossistema. Para que este seja equilibrado, pode recorrer-se à sementeira das entrelinhas com plantas que favorecem a biodiversidade, e ainda através da interligação do pomar aos elementos naturais do ecossistema, no território em que se insere. Em climas secos e áridos é necessário adoptar com muito cuidado as práticas de países do Norte, com maiores índices de precipitação. Em condições de produção áridas, a totalidade da planta pode não exceder 50% da largura total da entrelinha. Na produção de fruta biológica, as entrelinhas são frequentemente cobertas com culturas de cobertura. A vegetação usada nas entrelinhas tem de estar biologicamente conectada com as sebes naturais, 15

as plantas existentes ao redor da plantação e até mesmo com a comunidade natural de plantas. A selecção adequada das culturas de cobertura (arrelvamento) pode ser feita tendo como base as condições edafoclimáticas do local (clima, características do solo, etc.), a disponibilidade em matéria orgânica e a melhoria da estrutura do solo (ou a sua ausência). Existem sobretudo duas versões para implementar um arrelvamento nas entrelinhas: Sementeira anual de uma mistura de gramíneas com leguminosas, estabelecida de acordo com as necessidades previamente definidas. Como requerimento de partida, as plantas utilizadas devem tolerar relativamente bem o pisoteio, a pressão, e que não se expandam de forma agressiva para a linha, onde estão as árvores. Igualmente, devem ser escolhidas as espécies menos exigentes em água. É recomendada a seguinte mistura: festuca rubra, poa pratensis e trevo subterrâneo. O período ideal para esta sementeira é o final do Verão, princípio do Outono. Com cortes regulares da vegetação natural da entrelinha surgirá em alguns anos uma cobertura do solo ecologicamente equilibrada, podendo mesmo, no primeiro ano, fornecer protecção ao solo na entrelinha. É uma solução muito prática e cómoda em climas com tendência para a falta de água. A limpeza na linha de árvores pode ser obtida através do ensombramento do solo (diminuição dos índices de luminosidade). O mais adequado neste caso é a utilização de estrume da exploração já compostado, dado que este é rico em azoto e noutros macro e microelementos, fornecendo-os de forma contínua às árvores de fruto. Esta actuação protege o solo da desidratação e previne o surgimento de ervas infestantes. O espalhamento de uma camada densa de palha pode também ser um método a utilizar, dado que esta possui um nível considerável de potássio. Outras plantas trituradas podem também ser utilizadas para este propósito. As cascas de árvores trituradas são também muito utilizadas como cobertura, sobretudo em solos que perdem rapidamente a humidade, solos leves, pobres em húmus. 16

Figura 3 - Gestão da entrelinha num pomar de maçãs em AB, com aplicação de uma mistura de gramíneas e leguminosas (fotos: Z. Szalai) Figura 4 - Arrelvamento por todo o espaço de implantação do pomar (fotos: Z. Szalai) 2.4. Gestão de pragas e doenças Controlo de ervas infestantes em pomares biológicos Um bom plano de gestão e controlo de infestantes deve representar um risco mínimo de erosão, fornecer uma plataforma para o movimento dos equipamentos da exploração, e não ter um impacto negativo no controlo das pragas e das doenças ou na fertilidade do solo. Adicionalmente, deve minimizar a competição das infestantes pela água e pelos nutrientes. Métodos de controlo de infestantes: agrotécnicos e culturais. 17

Os mecanismos de controlo das infestantes são: Culturas de cobertura, empalhamento, e solarização do solo Gestão da entrelinha em pomares Gestão física de infestantes métodos mecânicos para controlo de infestantes A acção mecânica pode ser suficiente como forma de controlar as infestantes. Em sistemas de produção que incluem a cobertura permanente do solo, a acção mecânica pode ser limitada a uma limpeza ao longo da linha de árvores. O contrário pode também ser verdade em sistemas que empregam o empalhamento para supressão das infestantes debaixo das árvores e a mecanização é utilizada para controlar as infestantes e incorporar as culturas de cobertura no espaço entrelinhas. Em qualquer caso, a acção mecânica deverá ser superficial para minimizar os danos provocados nas raízes das árvores e para evitar trazer mais sementes de infestantes para a proximidade da superfície, permitindo que germinem. O trabalho manual pode ser eficaz numa escala pequena. Mas em pomares ou vinhas de grandes dimensões onde a mobilização na linha é desejável os meios mecânicos podem ser muito úteis. A extensão permitida pelos cultivadores montados em tractores permite o trabalho junto do tronco da árvore ou do pé da vinha, sem danificar a planta. 18

Figura 5 - Cortando uma mistura de gramíneas com leguminosas debaixo da linha, num pomar do Research Institute of Weinsberg, Alemanha. (foto: Z. Szalai) Gestão da entrelinha. Aplicação de culturas de cobertura na entrelinha e, se a precipitação o permitir, em toda a superfície da plantação (ver capítulo da gestão da entrelinha). Os cortes são necessários e o seu número é determinado pelo índice de crescimento das plantas, pelo nível de fornecimento de nutrientes pelo solo e pela precipitação, ou sistema de rega. Figura 6 - Utilização de discos especiais num solo coberto por uma mistura de gramíneas com leguminosas, debaixo da linha de árvores no Research Institute of Weinsberg, Alemanha. (foto: Z. Szalai) 19

Monda térmica de infestantes A morte de ervas infestantes pelo calor da queima de gás é o sistema mais conhecido, com uma eficácia de 80 a 80%, mas apresenta elevados custos energéticos. As plantas devem ser sujeitas a temperaturas de 60 a 70ºC, no mínimo. O efeito desta técnica traduz-se pela prostração imediata da planta que acaba por secar ao fim de alguns dias. Este método só é efectivo contra infestantes dicotoledónias anuais, não devendo ser aplicado em cardos ou em infestantes com estolhos ou rizomas. Controlo biológico de infestantes Insectos Doenças Alelopatia Vertebrados Vertebrados: gansos e galinhas. Estas, em particular, têm sido usadas para controlo de infestantes num grande número de culturas. Os animais são abrigados em pequenas estruturas móveis e são mudados periodicamente de espaço. Figura 7 - Exemplo da utilização de galinhas num pomar de aveleiras (Corillus avellana), numa exploração experimental em Heilbron (Alemanha). (foto: Z. Szalai) 20

Insectos auxiliares e controlo de pragas provocadas por ácaros em pomares O facto de as árvores de fruto terem um período de vida significativo pode permitir o desenvolvimento de populações de insectos nocivos ao longo do tempo. Por outro lado, é também possível que estes ambientes agrícolas estáveis permitam o desenvolvimento de populações de organismos auxiliares, favorecendo assim a existência de um equilíbrio biológico, que favorece a saúde das plantas. Luta biológica A luta biológica diz respeito à utilização de organismos vivos para controlar a população de uma determinada praga. Exemplos de artrópodes auxiliares que têm sido utilizados para controlar pragas em árvores de fruto incluem os ácaros predadores Phytoseiulus persimilis e Metaseiulus occidentalis, os quais atacam os aranhiços vermelhos; joaninhas e crisopas, as quais se alimentam de afídeos (pulgões); e microhimenópteros do género Trichogramma, as quais parasitam os ovos de várias pragas, incluindo o bichado da fruta (Cydia pomonella L.). A existência arrelvamento e de vegetação adjacente, como as sebes naturais, constituem excelentes soluções para atrair e sustentar populações autóctones de insectos auxiliares. A selecção do inimigo natural mais adequado para uma praga específica constitui um aspecto muito importante. Neste contexto, distinguimos entre a utilização de curto prazo de organismos auxiliares e a introdução de longo prazo de insectos auxiliares. O momento exacto para as libertações é muito importante, tendo em consideração o período óptimo para a intervenção. A libertação dos inimigos naturais deve coincidir com um estadio favorável do hospedeiro, e deve ser precocemente, de forma a ter sucesso. Por exemplo, os microhimenópteros do género Trichogramma parasitam os ovos, e, por esse motivo, não controlam directamente os adultos quando estes se encontram já numa fase activa no terreno. Aprovisionamento ambiental. É fundamental ter a certeza de que as necessidades ambientais, tais como a disponibilidade em néctar, fontes alimentares alternativas e água, estão disponíveis para os organismos auxiliares adultos. Com efeito, se o ambiente e as condições de vida não forem os mais adequados, os insectos auxiliares podem abandonar a área de produção ou até mesmo morrer. A bactéria Bacillus thuringiensis (Bt) consitui um exemplo de uma forma biológica recorrente no controlo de 21

pragas. Produtos com esporos e toxinas provenientes da bactéria Bacillus thuringiensis, como o Turex, por exemplo, combatem diversas larvas de lepidópteros que se alimentam das folhas das árvores de fruto. Os produtos à base de Bt não são igualmente eficazes contra as pragas de lepidópteros que passam a sua fase larvar alimentando-se dentro de caules, troncos ou frutos, como o bichado da fruta (maçã, pêra, noz) e a zeuzera (broca dos ramos em diversas espécies de árvores de fruto). Outros bioinsecticidas incluem o Bacillus popilliae, o vírus granuloso para ataque ao bichado da fruta, e nemátodos parasitas de insectos para o combate a larvas de insectos. Produtos biológicos, extractos de plantas e biopesticidas Os pesticidas autorizados em AB podem ser extractos de plantas, reguladores do crescimento de insectos, feromonas sintéticas para promover a desregulação na fase acasalamento, sabões, óleos, minerais tal como o enxofre em pó, e biopesticidas à base de microrganismos. O termo biológico ou pesticida bioracional é utilizado para descrever pesticidas aceitáveis do ponto de vista da produção biológica refere-se a produtos com impactos mínimos nos insectos auxiliares e no ambiente. Os insecticidas vegetais são elaborados através da extracção de componentes tóxicos das plantas que têm propriedades repelentes para os insectos. Aqueles insecticidas ocorrem naturalmente, têm um período de actuação curto, e não libertam resíduos prejudiciais. Todavia, muitos insecticidas botânicos são venenos de largo espectro, afectando tanto as pragas e doenças como os organismos auxiliares. Por este motivo não são sempre a escolha bioracional. Alguns dos insecticidas derivados de plantas mais comuns são os piretróides (actualmente apenas permitidos em armazéns), a rotenona (não homologada na EU), a azadiractina (extraída da bagas de Azadirachta indica ou neem) e a quassia (extraída de Quassia amara). Sabões de potássio especialmente formulados, com elevados níveis de ácidos gordos, são eficazes contra vários insectos de estrutura pouco rígida, como é o caso de afídeos, mosca-branca, cigarrinha-verde e aranhiço vermelho. Os sabões insecticidas penetram no corpo do insecto, desregulando o funcionamento celular normal e as suas membranas, permitindo que o seu conteúdo saia. Os sabões são activos apenas no estado líquido e apenas também como pulverização de contacto. Não deve ser esperada qualquer actividade insecticida a partir do momento em que a solução secou. 22

Feromonas de insectos são substâncias químicas produzidas por insectos para a comunicação e.g. para comunicação sexual. Normalmente, estas feromonas são específicas de uma dada espécie ou género de insectos. É largamente utilizado para monitorizar a emergência ou a simples presença de pragas nas culturas. Tecnologia recente permite também a utilização das feromonas no processo de desregulação e confusão da actividade sexual de certas pragas, especialmente em fruticultura e viticultura, desde que a área da cultura seja suficientemente grande ou isolada para evitar a entrada de fêmeas já acasaladas. Controlo de doenças em pomares de fruta biológica Muitas doenças das árvores de fruta são específicas de determinadas espécies ou variedades. Dada a relativamente frágil estrutura dos frutos e o elevado teor em açúcar da maior parte dos frutos maduros, ou quase maduros, os fungos são uma preocupação constante do agricultor. A ocorrência da maior parte das doenças causadas por fungos tem lugar em condições climáticas caracterizadas pelos elevados índices de humidade. A forma ecológica de minimizar as possibilidades de a fruta apodrecer consiste em permitir uma boa circulação de ar e em favorecer a penetração do sol no interior da copa das árvores. No caso de árvores, em particular das de grande porte, isto implica a necessidade de efectuar podas adequadas e de levar a cabo técnicas de condução eficazes. A instalação de pomares de árvores de fruto, qualquer que este seja, deve ser feita em locais com excelentes condições de circulação de ar. Todo o material vegetal resultante das podas deve ser sempre removido do pomar, ou destruído com uma fina trituração. Igualmente, devem removerse as plantas infectadas e os hospedeiros alternativos ou materiais inoculados que possam favorecer o desenvolvimento de organismos prejudiciais. Fungicidas e bactericidas permitidos Embora apresentem inconvenientes, os derivados do cobre e do enxofre são os principais fungicidas e bactericidas usados pelos produtores biológicos. De facto, estes materiais podem causar danos às plantas se aplicados de forma incorrecta. O enxofre é também medianamente tóxico para alguns insectos auxiliares, e tóxico para ácaros predadores, podendo assim 23

provocar outro tipo de problemas. A utilização de fungicidas à base de cobre, por longos períodos, pode também levar à existência de níveis tóxicos de cobre no solo. Igualmente, estes fungicidas são efectivamente menos eficazes que as alternativas sintéticas, e têm de ser utilizados numa base preventiva, requerendo frequentes aplicações. Os produtores devem ter em consideração que a quantidade de cobre metálico aplicado num ano está limitada a 6Kg/ha, de acordo com a legislação comunitária para a agricultura biológica. Biofungicidas Os biofungicidas podem ser obtidos, por exemplo, a partir de várias formulações do fungo Trichoderma harzianium, utilizado no controlo da podridão cinzenta (Botrytis). Embora algumas plantas e extractos compostos tenham propriedades fungicidas, é preferível utilizar técnicas agrícolas correctas e variedades resistentes, aplicando derivados de cobre e enxofre apenas quando necessário. Animais vertebrados Várias espécies de aves, gamos, ratos, ratazanas, coelhos e outros animais vertebrados podem constituir-se como verdadeiras pragas para as árvores de fruto. De uma forma geral, os programas de certificação biológica não permitem a utilização de venenos para controlar este tipo de pragas. Ao contrário, encorajam a utilização de armadilhas não letais, o controlo de movimentos com vedações ou sebes, ou ainda a utilização de sistemas repelentes ou de amedrontamento. 24

Figura 8 - Disponibilização de um local de nidificação para insectos auxiliares e aves, num pomar de macieiras no Research institute of Weinsberg, Alemanha (foto: Z. Szalai) 2.5. Colheita, armazenamento, conservação e transporte A colheita deve ser planeada atempadamente e o momento em que a mesma é efectuada deve ser determinado de acordo com os parâmetros de maturação, em função do destino final da fruta. Para a maior parte das variedades de fruta, a colheita pode ser efectuada com sistemas multirecolha selectivos. O grau de maturação para a colheita depende da variedade, e é sobretudo determinado pelo tamanho e pela coloração do fruto. Outros índices de maturação incluem a análise de lenticelas nos frutos, o seu teor em amido, e a concentração interna de etileno. Tamanho e forma uniformes, ausência de lesões internas, necroses, cicatrizes, escaldão, danos causados por insectos, e outros defeitos, são importantes indicadores de qualidade. A estimativa de produção deverá ser feita antes da colheita, e os seus dados registados. Após a colheita, os frutos devem ser enviados o mais depressa possível para o seu destino final. Tanto na colheita como no circuito de distribuição, só podem ser utilizados os tipos de embalagem permitidos. Durante o transporte, a fruta biológica não deve, mesmo que por acaso, ser misturada com a fruta obtida através dos métodos convencionais. Também não pode ser transportada em estruturas conjuntas de transporte. A fruta 25

deve estar devidamente marcada com uma referência distintiva na embalagem, e com indicação na guia de transporte ou factura de que se trata de fruta de agricultura biológica certificada por um determinado organismo de certificação. As estruturas de acondicionamento e embarque devem estar protegidas da contaminação externa. Dado que se trata de produtos biológicos, a fruta colhida deve estar devidamente referenciada com os documentos de certificação do produto em causa, especialmente para posterior utilização pelo organismo certificador e pelo distribuidor ou retalhista. Armazenamento dos frutos Maçãs, peras Armazenamento em atmosfera normal. As peras devem ser armazenadas a uma temperatura entre -1 e 0ºC e uma humidade relativa de 90 a 95%, sendo para as maçãs uma temperatura um pouco superior (0-2ºC), dependendo também da variedade. O período de armazenamento depende também da variedade. Em climas moderados e frios, a maioria das variedades são de verão ou Outono, as quais amadurecem em Agosto ou Setembro e podem ser armazenadas desde alguns dias a algumas semanas, ou alguns meses em câmara frigorífica, em atmosfera normal ou controlada. Sensibilidade ao etileno: a maior parte das variedades de maçãs e peras é sensível ao etileno. Armazenamento em atmosfera controlada ou modificada. As maçãs de colheita no final do Verão e no Outono e algumas variedades de pêra podem ser armazenadas em atmosfera controlada a -1ºC durante mais de quatro meses. Limites óptimos: 1-2% O 2 + 0-1% CO 2. A pêra Rocha, por exemplo, pode ser conservada por um período superior a 8 meses. Frutos de caroço A temperatura óptima de armazenamento situa-se entre -1 e 0ºC, e a humidade relativa entre 90 e 95%. O período de vida comercial varia desde uma a oito semanas e é diferente entre as diversas variedades. Algumas variedades são sensíveis à refrigeração. A fruta mais sensível, 26

armazenada entre 2 a 8ºC, é mais susceptível a este problema. Os maiores benefícios da atmosfera controlada durante o armazenamento/envio dizem respeito à manutenção da firmeza da fruta e à preservação da sua cor. A incidência de podridões não foi reduzida com atmosferas controladas de 1-2% de O 2 e 3-5% de CO 2. Bagas ou pequenos frutos É necessário um arrefecimento rápido com ar forçado, seguido de um armazenamento a 0ºC com humidade relativa de 90 a 95%. Este procedimento tem como objectivo diminuir o desenvolvimento da podridão cinzenta, causada pela Botrytis cinerea, a qual é a maior causa das perdas na pós-colheita de morangos. Entre as frutas de baga, a framboesa é aquela que aprese nta um maior índice de perecibilidade. Este fruto pode ser armazenado durante apenas 2 a 5 dias, em temperaturas que variam entre 0 e 0,5ºC e uma HR de 90 a 95%. Para o mirtilo, a temperatura óptima de armazenamento situa -se também entre 0 e 0,5ºC e a HR deverá ser de 90 a 95%. Nestas condições, o período de armazenamento pode prolongar-se por duas semanas. No caso de embalamento para envio, uma atmosfera modificada com 10 a 15% de dióxido de carbono reduz o desenvolvimento da Botrytis cinerea. Processamento da fruta De acordo com a legislação comunitária relativa aos produtos biológicos, a seguinte prescrição deverá ser seguida: os alimentos apenas podem ser considerados como biológicos se, pelo menos, 95% dos seus ingredientes forem também biológicos. Ingredientes biológicos em alimentos não biológicos podem ser referenciados como biológicos na lista de ingredientes, desde que aqueles ingredientes tenham sido produzidos de acordo com a legislação da AB. De forma a assegurar um maior grau de transparência, o número de código do organismo certificador deve ser indicado. É proibida a utilização de Organismos Geneticamente Modificados (OGM) ou produtos deles derivados. Os produtos biológicos não podem ser tratados ou sujeitos a processos de radiação ou ionização. Desde 1 de Julho de 2010 que os produtores de alimentos biológicos europeus devem usar o logótipo 27

comunitário da AB. A utilização do logótipo em produtos biológi cos oriundos de países terceiros, todavia, é opcional. No caso de este ser utilizado, a legislação promulgada obriga, desde 1 de Julho de 2010, a que o local de produção dos ingredientes agrícolas utilizados seja indicado. Necessidades de matéria-prima para o processamento de produtos biológicos Maturação. Os frutos atingem o seu estado óptimo quando se obtém, para cada variedade, a melhor relação ácido/açúcar. A excessiva maturação afecta as características do fruto, designadamente o seu sabor. Os frutos devem ter um aspecto saudável, não devendo verificar-se podridão, deterioração ou deformação. Pureza. Os frutos não devem conter materiais ou substâncias estranhas, tais como pó ou poeiras, terra, folhas, etc. Os frutos devem ser lavados com água fresca e limpa, antes do processamento. A matéria-prima deve ser exclusivamente originária de produção biológica certificada, devendo a mesma estar documentada. Na fábrica, a matéria-prima biológica só pode ser processada numa linha de transformação específica, independente das restantes. Cada fase deverá ser acompanhada da devida documentação. As mesmas regras deverão ser seguidas no processamento de produtos caseiros. Conservas, compotas, geleias de frutos, sumos Na fase de processamento e conservação só podem ser utilizados métodos físicos (tratamento pelo calor, congelamento, pressão). Igualmente, só podem ser empregues aditivos naturais. O conjunto de aditivos que podem ser utilizados é muito vasto, pelo que é aconselhável obter informação da literatura técnica, antes do processamento do produto. Os aditivos originários de produção não biológica não podem exceder 5%, em peso. Corantes sintéticos, aromatizantes, adoçantes, antioxidantes, potenciadores de sabor e conservantes alimentares, não deverão ser usados. Condições ideais de conservação passam pela esterilização com calor, enchimento a quente, e posterior pasteurização (vapor ou água quente). As fases seguintes dizem respeito ao processamento dos produtos à base de frutas. Conservas. Frutos inteiros maduros, juntamente com um líquido de preenchimento arrefecido (eventualmente suplementado com sumo de 28

limão) são introduzidos em recipientes fechados e posteriormente sujeitos a tratamento com calor. Os doces de frutas têm açúcar adicionado e são sujeitos a preparação culinária, contendo também alguns pedaços de fruta. Na maior parte dos casos, podem ser feitos a partir de fruta não totalmente madura. As geleias são elaboradas a partir de fruta totalmente madura, mesmo amassada, com açúcar adicionado e preparação culinária (que promove a esterilização). Pode ter um aspecto mole ou pode mesmo ter uma consistência rígida e ser cortada. O seu adoçamento é feito de acordo com as necessidades; é adicionado um aditivo alimentar natural (pectina). O teor em pectina dos frutos é diverso, pelo que a adição atrás referida só deverá ser feita em frutos com baixo teor em pectina. Frutos com um elevado teor em pectina são a groselha, o marmelo e a maçã. De entre aqueles que têm baixo teor em pectina destacam-se o morango, a framboesa e a cereja Frutos secos No processo de secagem, é reduzido em cerca de 80 a 90% o conteúdo em água natural dos frutos. O período de vida dos frutos secos é determinado pelo seu teor em água residual. Excelentes frutos secos são obtidos essencialmente a partir das maçãs, das ameixas e dos damascos, existindo variedades com maior aptidão para a secagem, como é o caso das ameixas, Rainha Cláudia, Stanley, e Prune d Agen. O sumo de limão pode ser utilizado para o embranquecimento, prevenindo a oxidação. Tanto o simples e tradicional método de secagem no forno, como a secagem em bandejas, são métodos comuns de secagem de frutos. Enquanto a secagem se inicia a uma temperatura alta, mas não demasiadamente elevada, na segunda parte do processo a utilização de uma temperatura mais baixa é mais favorável à obtenção de um produto de qualidade. O vinagre de fruta biológico é produzido exclusivamente através do método de fermentação. Marketing Os produtos comercializados devem ser etiquetados de acordo com as suas características de produção e processamento biológicos, contendo o número de código do organismo certificador. O produto certificado é acompanhado pelo respectivo documento de certificação, emitido pela entidade certificadora. Igualmente, devem também ser indicados o nome do produto, 29

o endereço do produtor, o peso líquido escorrido, a data de validade, ingredientes e aditivos incorporados e as recomendaçõe s de armazenamento (ambiente frio ou seco, etc.). A fruta biológica pode ser comercializada do seguinte modo: 1) venda directa pelo produtor na exploração agrícola; 2) venda em mercados locais; 3) entrega em casa na sequência de pedido expresso; 4) venda do quadro do agro-turismo; 5) abastecimento de restaurantes, hotéis, e através da rede de mercados grossistas. 2.6. Exemplos práticos Damasco (Armeniaca vulgaris L.) A espécie Armeniaca pertence ao subgénero Prunus, o qual se insere na grande família das Rosáceas. Esta, inclui numerosas espécies selvagens e domésticas. O damasco cresceu primeiro na Ásia Central e Ocidental, tendo-se espalhado a partir daí para a Grécia, a Itália, França, Espanha e Califórnia. Morfologia e necessidades biológicas do damasco. O damasco é uma árvore de raízes profundas com um tronco de cor castanho -avermelhado. Os ramos e a copa são avermelhados, com numerosas lenticelas. A produção de damascos tem sempre lugar em ramos produtivos, nos quais as partes produtivas têm sempre um ano. A árvore torna-se produtiva aos cinco ou seis anos de idade e o volume máximo da copa é atingido entre os seis a dez anos. Devido à precoce floração na Primavera, o damasqueiro sofre frequentemente com as baixas temperaturas de algumas noites primaveris. Necessidades Ecológicas. Necessidades em termos de temperatura. Uma exigência fundamental do damasco é a existência de uma temperatura anual média de 10ºC e uma temperatura média no mês de Julho de 18ºC. O damasco necessita de 1900 horas de sol no período vegetativo (i.e. do 30

quarto ao nono mês), e a temperatura acumulada deve ser superior a 3200ºC. As temperaturas baixas são importantes para o seu desenvolvimento e o vingamento dos frutos: 40 dias com 3ºC a 4ºC são suficientes para a floração, mas mais do que isto e os frutos sofrerão lesões provocadas pelo frio. Portanto, estas árvores não devem ser plantadas nas vertentes orientadas a Sul. Algumas variedades seleccionadas já são menos exigentes em frio invernal. Necessidades de água. Os frutos necessitam 550-600 mm de precipitação anual, se uniformemente distribuída. As necessidades hídricas são maiores durante a fase da diferenciação das gemas vegetativas, em Agosto, e durante o desenvolvimento dos botões florais, em Setembro/Outubro. Necessidades pedológicas. O damasqueiro necessita de um solo com uma estrutura solta e uma camada inferior de argila. Devido às elevadíssimas necessidades em arejamento no solo, esta árvore sofre de asfixia radicular em solos mais pesados. Uso de porta-enxertos. O porta-enxertos com base no damasqueiro selvagem caracteriza-se sobretudo pelo seu crescimento vigoroso; os portaenxertos de ameixeira selvagem apresentam também um crescimento vigoroso, embora tenha sido registado um efeito de nanismo na ameixa vermelha. Algumas ameixeiras nobres podem proporcionar excelentes porta-enxertos, como é o caso dos clones de Besztercei. Em algumas áreas, a os enxertos obtidos a partir da Prunus domestica ssp. institia podem também ser adequados. No caso de colheita mecânica deve usar-se o porta-enxerto mirabolano. Crescimento. O damasqueiro atinge o volume máximo de copa entre os seis e os 10 anos de idade. A fase de máxima floração acontece normalmente em Março. É importante sublinhar que devido às condições específicas de polinização do damasqueiro, devem ser plantadas várias variedades. 31