REVISTA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO: A RELAÇÃO ENTRE A BIBLIOTECONOMIA E A CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

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Transcrição:

REVISTA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO: A RELAÇÃO ENTRE A BIBLIOTECONOMIA E A CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO Bruna Assis mestranda do HCTE/UFRJ brunaoliveira@if.ufrj.br Regina Dantas professora do HCTE/UFRJ regina@hcte.ufrj.br Resumo A Ciência da Informação e a Biblioteconomia são áreas afins que no Brasil possuem uma trajetória de muita proximidade. A Revista Ciência da Informação, periódico publicado pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência de Tecnologia (IBICT) e de grande relevância no país, tornou-se objeto de análise em pesquisa de mestrado do programa em Histórias das Ciências e das técnicas e Epistemologias HCTE/ UFRJ com vistas a compreender a relação entre a Ciência da Informação e a Biblioteconomia no Brasil nos últimos anos, bem como conhecer as publicações do periódico citado referentes à Biblioteconomia, assuntos mais correntes e os anos de maior participação dos Bibliotecários nos artigos, dentre outros aspectos que contribuirão para o conhecimento da História dessas áreas do conhecimento. Palavras-chave: Revista Ciência da Informação. Ciência da Informação. Biblioteconomia. Periódicos. 1 Introdução Para entender todas as mudanças ocorridas na Biblioteconomia relacionadas às novas fontes e registros informacionais, há que se debruçar sobre uma questão que envolve não apenas a Biblioteconomia, mas a diversas áreas da ciência, a questão paradigmática. Essa discussão é muito atual na Biblioteconomia pelo fato de seu paradigma ter sido muito influenciado pelo paradigma da Ciência da Informação, uma ciência bastante atual não só no Brasil, como no exterior. A Ciência da Informação segundo OLIVEIRA (2005, p.13) surgiu logo após a segunda guerra mundial, portanto pode-se afirmar que se trata de uma ciência nova.

A Biblioteconomia por sua vez, remonta à metade do terceiro milênio Antes de Cristo (SAGREDO; NUNO, 1994, p.124), quando registra-se a primeira Biblioteca, conhecida por Biblioteca de Elba, na Síria. Embora os primeiros cursos de Biblioteconomia tenham surgido somente em torno de 1887 com a iniciativa do bibliotecário Mevil Dewey, nos Estados Unidos (ENCICLOPEDY of librarian history, 1994, p. 11), já podia-se observar na biblioteca de Elba o trabalho de organizar materiais, itens, registros informacionais. Evidente que no primeiro momento da instituição biblioteca, ainda não vista como objeto central de estudo de uma área do conhecimento, não havia uma clara definição paradigmática para a execução do trabalho dos bibliotecários da época. Já na elaboração do primeiro curso de Biblioteconomia criado por Dewey, entende-se que oficialmente a Biblioteconomia passava a ser entendida como uma área de conhecimento regida por um paradigma que segundo MIKSA apud OLIVEIRA (2005, p. 22) consiste em um grupo de ideias relacionadas com a biblioteca, então considerada como uma instituição social. Esse paradigma sofreu forte influência do paradigma da Ciência da Informação, embora cada uma dessas áreas permaneça com paradigmas distintos. 2 Discussão entre os paradigmas da Ciência da Informação e da Biblioteconomia O paradigma da Ciência da Informação de acordo com OLIVEIRA (2005 p. 23) consiste em um conjunto de idéias relativas ao processo que envolve o movimento da informação em um sistema da comunicação humana. Esse paradigma surgido em 1950 tem uma natureza toda diferente do paradigma da Biblioteconomia, vale-se pensar que ambos surgiram em épocas muito diferentes e, portanto são incomensuráveis como diria Thomas KUHN (1998).

A Biblioteconomia que durante muito tempo dedicou-se a guardar, preservar e muitas vezes esconder registros de informação, note-se que a época o objeto de estudo da Biblioteconomia não era informação, mas a biblioteca e os registros, ou seja, o físico, o material, o tangível e palpável; com o advento da Ciência da Informação passa então a olhar para a informação em si. O intangível, o tácito e o empírico ganham espaço em lugar do suporte, do registro. Entende-se nesse momento que essa área do conhecimento passou a atuar sob um novo olhar, um novo paradigma no qual o usuário e a informação passam a ser o centro e não mais o suporte. É possível dizer que, baseado em KUHN (1998, p.32) a Biblioteconomia atingiu um momento de maturidade, pois de acordo com o autor a transição sucessiva de um paradigma a outro, por meio de uma revolução, é o padrão usual de desenvolvimento da ciência amadurecida (KUHN, 1998, p.32). Enquanto a Ciência da Informação estava chegando e trazendo com seu paradigma uma influência positiva, a Biblioteconomia alcançava um bom nível de maturidade. Porém, como toda mudança conceitual não é facilmente absorvida por uma comunidade, na Biblioteconomia não ouve diferença. Embora, séculos tenham se passado desde a definição do primeiro paradigma aceito para a Biblioteconomia, muitos profissionais dedicados ao fazer biblioteconômico ainda hoje têm dificuldade em absorver esse novo paradigma que é voltado para a disseminação da informação ao usuário. É fato que em uma biblioteca de obras raras, alguns critérios de utilização do acervo são muito mais restritos do que os das demais bibliotecas. Porém sob o novo olhar paradigmático, não faz sentido uma biblioteca existir somente para guarda, guarda-se para quê? O objetivo da guarda de um item em uma biblioteca é o seu uso. Biblioteca sem usuário não existe. Ela perde sua essência, perde o sentido de existência. Até a Arquivologia e a Documentação, possuem um olhar na consulta de seus materiais, embora com questões muito mais burocráticas do que a Biblioteconomia.

Toda essa mudança de paradigma faz-se necessária por muitos motivos e um deles é referente aos novos tipos de fontes e registros de informação. Em um momento no qual a informações circulam em rede, para se manter ativa, as bibliotecas, bibliotecários e toda essa área do saber precisaram reinventar-se. Não cabe no ambiente XXI uma visão puramente tradicional de biblioteca. Na era dos e-books, artigos online, bases de dados, repositórios institucionais, uma área do conhecimento que se propõem a disseminar informação estruturada para as ciências não cabe atuar com uma visão retrograda. A influência da Ciência da Informação sobre a Biblioteconomia abriu espaço para uma nova linhagem de profissionais aptos a trabalhar com as novas fontes e registros informacionais. Pensar em guarda de registros em rede é algo inviável nos dias correntes. As Tecnologias de Informação e Comunicação, conhecidas como TIC s, vieram, assim como a Ciência da Informação, para agregar à Biblioteconomia. Resistir a essa evolução não faz mais sentido. Porém, sabe-se que para os cientistas e profissionais mais tradicionais, não é fácil aceitar um novo paradigma. Entretanto, com a força das publicações em rede, especificamente os periódicos eletrônicos e cita-se, em especial, a Revista Ciência da Informação com seu foco interdisciplinar, uma nova moda se estabelece tanto para a Biblioteconomia como para a Ciência da Informação. 3 Considerações Parciais Para o desenvolvimento desta discussão, está sendo realizada a pesquisa de mestrado utilizando a Revista Ciência da Informação como objeto de estudo. Esse periódico de grande relevância no Brasil tem periodicidade quadrimestral e é publicado pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência de Tecnologia (IBICT), criado em 1954 sob o nome Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação (IBBD). De acordo com o Instituto, os trabalhos publicados na revista são inéditos e pertinentes aos estudos e às atividades do setor de informação em Ciência, Tecnologia e Inovação.

A Ciência da Informação, área do conhecimento explorada pelo periódico citado, recebeu do Instituto a seguinte definição: Entende-se por Ciência da Informação a área interdisciplinar concernente ao estudo dos fenômenos ligados à produção, organização, difusão e utilização da informação e do conhecimento em todos os campos do saber. (IBICT, 2016) Por sua interdisciplinaridade, o campo permite vasto relacionamento com diversas áreas do saber, dentre elas a Biblioteconomia, como já citado na introdução. A presente pesquisa justifica-se pelo fato dos artigos de periódicos serem a forma mais acelerada de comunicação científica entre os pares. Os periódicos científicos em formato eletrônico, como a Revista Ciência da Informação, contribuem ainda mais para o desenvolvimento das Ciências ao transpor barreiras físicas e temporais. Com isso, pesquisar e analisar os artigos de periódicos contribui de forma generosa para o conhecimento do estado da arte dos campos do saber aos quais se apropriam. A análise que está sendo realizada na Revista Ciência da Informação permitirá o conhecimento mais aprofundado das publicações que concernem ao ramo do conhecimento de Informação em Ciência e Tecnologia, mais especificamente, as publicações referentes à Biblioteconomia e áreas afins. A hipótese levantada nessa pesquisa, que poderá ser provada ou negada ao final do trabalho é que ao longo dos anos, a participação dos bibliotecários nos artigos publicados pela revista diminuiu à medida que ficou claro para esses profissionais que embora a Ciência da Informação e a Biblioteconomia estejam atreladas por seu objeto de estudo, uma não é continuação da outra. Vencido o debate paradigmático e esclarecida a história das duas áreas do conhecimento, a nova geração de bibliotecários migrou para os demais cursos de pós-graduação stricto sensu e profissionais de outras áreas passaram a estudar a Ciência da Informação, publicando artigos na revista.

A Revista ainda não foi objeto de estudo sob o olhar acima exposto. Portanto, ao se debruçar sobre essa pesquisa obter-se-á um trabalho que revelará alguns aspectos da temática publicada na revista ao longo de suas publicações, estimulando seu desenvolvimento e permitindo conhecer melhor a história dessa Ciência. A metodologia utilizada é de natureza exploratória, com uma abordagem quantitativa e qualitativa. Visto que, estão sendo mensuradas ano a ano as publicações relacionadas à Biblioteconomia, bem como os assuntos mais correntes e o maior período de participação dos bibliotecários nos artigos publicados. O Período de análise abrange os primeiros quarenta e quatro anos desse periódico (1972 2016) que está atualmente com a periodicidade temporariamente interrompida devido a problemas técnicos. Quanto ao objetivo, o estudo está se desenvolvendo de forma descritiva, utilizando técnicas bibliográficas da pesquisa científica.

Referências ENCICLOPEDY of librarian history. Nova Iorque: Garland publishing, 1994, p. 1-388. Disponível em:< https://books.google.com.br/books?hl= en&id=wr9bsvhc4xmc&dq=encyclopedia+of+library+history&printsec=frontcover& source=web&ots=ibxdzrnrf0&sig=qcnl0mczqfkckybp_mlb5iwsr0&ei=r_qosa2nc Zmatwfa8OGrCw&sa=X&oi=book_result&ct=result&redir_esc=y#v=onepage&q=dewe y&f=false >. Acesso em: 07 abr. 2016. INSTITUTO BRASILEIRO DE INFORMAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA. Revista Ciência da Informação. Disponível em: < http://revista.ibict.br/ciinf/about >. Acesso em: 30 jul. 2016. KUHN, Thomas. S. A estrutura das revoluções científicas. 5.ed. São Paulo: Prespectiva, 1998. OLIVEIRA, Marlene (org.). Ciência da Informação e Biblioteconomia : novos conteúdos e espaços de atuação. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2005.

SAGREDO, Félix; NUÑO, María Victoria. Enlosorígenes de labiblioteconomía y Documentación: Ebla. Documentación de lasciencias de lainformación, Madrid, n. 17, p. 123-129, 1994. Disponível em:<http://revistas.ucm.es/index. php/dcin/article/view/dcin9494110123a/20046>. Acesso em: 07 abr. 2016.