Políticas Nacionais para os Sectores das Águas e dos Resíduos. José M. P. Vieira 1

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Transcrição:

Políticas Nacionais para os Sectores das Águas e dos Resíduos José M. P. Vieira 1 Departamento de Engenharia Civil, Universidade do Minho Campus de Gualtar, 4710-057 Braga, PORTUGAL RESUMO Encontram-se em fase de aprovação, em Portugal, ambiciosos planos estratégicos para os sectores da água e dos resíduos com horizonte temporal de 2007-2013, cobrindo o período do Quadro de Referência Estratégica Nacional. O PEAASAR II constitui uma importante peça de planeamento para os sectores do abastecimento de água e do saneamento de águas residuais, em termos de objectivos ambientais e de saúde pública, nomeadamente: criação de condições para assegurar taxas globais de 95% de atendimento em água potável e de 90% da população ligada a sistemas de tratamento de águas residuais; obtenção de níveis adequados de qualidade do serviço, mensuráveis pela conformidade dos indicadores de qualidade do serviço. No sector dos resíduos sólidos, está em fase de aplicação a nova Directiva Aterros que implica a obrigatoriedade de estabelecer critérios de aceitação e rigoroso controlo ambiental, bem como reduzir até 75% de resíduos orgânicos até ao ano de 2016. Também até 2011, é exigido o cumprimento de metas exigentes para a política de reciclagem, o que significa que, nos próximos anos, há que fazer uma avaliação rigorosa sobre a situação de funcionamento dos aterros sanitários em operação e sobre a sustentabilidade deste tipo de infra-estruturas. Por outro lado, é imperativo aplicar estratégias mais audaciosas no domínio da redução de resíduos (nomeadamente industriais), de reciclagem e de valorização da matéria orgânica, bem como no tratamento e destino final de resíduos industriais tóxicos e perigosos. Os termos em que se perspectivam os futuros desenvolvimentos do saneamento ambiental em Portugal auguram um quadro favorável para o estabelecimento de linhas de política com potenciais benefícios para as entidades portuguesas gestoras de sistemas de águas e de resíduos e em última instância, para assegurar sistemas seguros e sustentáveis de abastecimento de água, de drenagem e tratamento de águas residuais e de recolha, tratamento e disposição final de resíduos sólidos, no contexto de exigências cada vez mais elevadas de garantia de saúde pública e de qualidade ambiental. Palavras-chave: Planeamento estratégico, água para consumo humano, saneamento ambiental, resíduos sólidos. 1 Doutor em Eng. Civil, Professor Catedrático (jvieira@civil.uminho.pt) Número 33, 2008 Engenharia Civil UM 113

1. INTRODUÇÃO É conhecida a relação directa que existe entre o saneamento ambiental e a saúde humana. Também são conhecidos os frios números da estatística mundial de 2,4 biliões de pessoas sem acesso a água potável e a saneamento e de 2 milhões de pessoas (na maioria crianças) que morrem anualmente, devido a deficientes condições sanitárias (incluindo água para consumo humano, saneamento, e resíduos sólidos). A esta escala, a ausência destas infraestruturas, geralmente associada a 80% das doenças no mundo, é sinónimo de pobreza e têm impactos incalculáveis tanto na saúde pública como na economia mundial. O Objectivo de Desenvolvimento do Milénio, das Nações Unidas, preconizando a redução para metade do número de pessoas sem acesso a água potável e saneamento em 2015, implica, pois, uma redobrada intensificação de cooperação internacional e a adopção de soluções tecnológicas sustentáveis, adequadas aos contextos sócio-económicos das comunidades. Por outro lado, os recursos económicos e as infra-estruturas não constituem, por si só, nenhuma garantia contra a escassez, a contaminação, as alterações climáticas e a má gestão da água nos países mais desenvolvidos. A manutenção de processos ambientais saudáveis ao nível territorial da bacia hidrográfica pode ser vital para espaços geográficos onde se verificam secas mais frequentes e prolongadas (como é o caso dos países mediterrânicos). No espaço da União Europeia, o enquadramento da nova Directiva-Quadro da Água aponta claramente para uma visão moderna de gestão da procura e de gestão integrada da água e do território. As preocupações ambientais, a escassez dos recursos e a necessidade de um desenvolvimento sustentado, requerem a análise, com rigor científico, de um vasto conjunto de consequências associadas às opções de utilização da água, nomeadamente nas áreas das leis, das actuações administrativas, da participação cívica e em disposições económico-financeiras. Também as políticas de gestão sustentável de resíduos constituem hoje, na maioria dos países, elemento essencial das respectivas políticas ambientais, com reflexos significativos na quantificação de índices de qualidade de vida das populações. A abordagem dos problemas relacionados com os resíduos produzidos pelas sociedades modernas implica a consideração de aspectos cada vez mais complexos de ordem técnica, política, social, cultural, económica e ambiental. Na última década, assistiu-se em Portugal a uma formidável melhoria de padrões de salubridade pública, devido, principalmente, à entrada em funcionamento de novos equipamentos de tratamento de água para consumo humano, de águas residuais e de resíduos sólidos urbanos. Esta situação deve-se, por um lado, ao estabelecimento de ambiciosos planos estratégicos para estes sectores de actividade e, por outro, à possibilidade de aplicação de elevados montantes de financiamento através de fundos comunitários disponibilizados no âmbito do III Quadro Comunitário de Apoio (2000-2006). 2. PERSPECTIVAS PARA O SECTOR DA ÁGUA E SANEAMENTO 2.1 Situação actual Os serviços públicos de abastecimento de água e de saneamento são, constitucionalmente, da responsabilidade dos municípios portugueses. Em 1995, foram instituídos novos modelos de gestão institucional com o objectivo de optimizar os investimentos necessários ao cumprimento de metas decorrentes da aplicação das normas legais em vigor. Desta forma, foram desenhadas soluções integradas para atender aos défices de cobertura em infra-estruturas em alta (captação, tratamento e reserva de água para consumo e tratamento e disposição final de águas residuais). Com este objectivo, foram 114 Engenharia Civil UM Número 33, 2008

adoptados dois modelos de gestão diferentes: sistemas multi-municipais (empresas públicas de capital partilhado pelo Estado e pelas Autarquia Municipais); e sistemas municipais integrados (de exclusiva responsabilidade dos municípios). Apresentam-se, seguidamente alguns dados técnicos caracterizadores da situação portuguesa actual. Relativamente a abastecimento de água, 180 municípios (7,025,000 habitantes) constituíram sistemas multi-municipais, tendo 50 municípios (1,033,000 habitantes) formado sistemas municipais integrados (Quadro 1). Dados sobre dimensão de sistemas e sobre distribuição territorial população abastecida são descritos nas Figuras 1 e 2, respectivamente. Quadro 1 Sistemas de abastecimento de água Vertente em alta Municípios Número % População 10 3 hab % Vertente em baixa Municípios Número % Multimunicipais 180 65 7.025 72 Serviços Municipais 243 87 Municipais integrados 50 18 1.033 11 Empresas Municipais 9 3 Municipais 48 17 1.058 17 Concessões privadas 26 10 Portugal Continental 278 9.700 Portugal Continental 278 Sistemas de abastecimento (nº) 2.500 2245 População abastecida (10 6 hab.) 5,0 2.000 4,0 1.500 3,0 1.000 837 2,0 500 1,0 202 74 0 13 0 500 501 5.000 5.001 20.000 20.001.000.000 População (hab.) Número de sistemas de abastecimento Número de habitantes servidos Figura 1 Dimensão dos sistemas de abastecimento de água 0,0 População servida (%) 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Norte Centro Lisboa & Vale do Tejo Alentejo Algarve Madeira Açores Figura 2 População servida em abastecimento de água Número 33, 2008 Engenharia Civil UM 115

No caso do saneamento de águas residuais, 178 municípios (6,372,000 habitantes) constituíram sistemas multi-municipais, e 37 municípios (552,000 habitantes) formaram sistemas municipais integrados (Quadro 2). Dados sobre quantidade de águas residuais produzidas e sobre distribuição territorial de população servida são descritos nas Figuras 3 e 4, respectivamente. Quadro 2 Sistemas de saneamento de águas residuais Vertente em alta Municípios Número % População 10 3 hab % Vertente em baixa Municípios Número % Multimunicipais 178 64 6.372 66 Serviços Municipais 255 92 Municipais integrados 37 13 552 6 Empresas Municipais 9 3 Municipais 63 23 1.058 28 Concessões privadas 14 5 Portugal Continental 278 9.700 Portugal Continental 278 Volume de águas residuais produzidas (10 6 m 3 ) 600.000 500.000 400.000 300.000 200.000 domésticas industriais.000 0 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 Figura 3 Quantidades de águas residuais produzidas População servida (%) 90 80 70 60 50 40 30 Sistema de drenagem Estações de tratamento 20 10 0 Norte Centro Lisboa & Vale do Tejo Alentejo Algarve Madeira Açores Figura 4 População servida com sistemas de águas residuais De acordo com as projecções disponíveis, estima-se que os níveis globais de atendimento às populações se situem na ordem dos 93% em abastecimento de água, com uma 116 Engenharia Civil UM Número 33, 2008

capitação média de 161 litros, e de 80% em tratamento de águas residuais, maioritariamente com tratamento secundário (Quadro 3). Quadro 3 Níveis globais de atendimento Serviços de abastecimento de água Serviços de águas residuais Vertente em alta Nível médio de cobertura Vertente em alta Nível médio de cobertura Multimunicipais 93% Multimunicipais 90% Municipais integrados 90% Municipais integrados 76% Global 93% Global 89% Vertente em baixa Nível médio de cobertura Vertente em baixa Nível médio de cobertura Serviços Municipais 93% Serviços Municipais 80% Relativamente ao tarifário actualmente em prática, registam-se discrepâncias significativas em função quer da localização geográfica do sistema, quer do modelo de entidade gestora: a tarifa média de abastecimento de água (AA), em euro/ m 3, é de 0,77, variando entre 0,15 e 1,56; a tarifa média de saneamento de águas residuais (AR) é de 0,29 euro/m 3, variando entre 0,00 1,83 (Quadro 4). TIPO DE ENTIDADE GESTORA SERVIÇOS MUNICIPAIS SERVIÇOS MUNICIPALIZADOS Quadro 4 Sistemas tarifários em prática TARIFA MÉDIA ( /m 3 ) TARIFA ( /m 3 ) AA AR > 1,00 0,65 0,24 0,89 0,71 0,99 0,92 0,33 1,25 0,41 0,70 NÚMERO DE MUNICÍPIOS AA AR 23 2 65 4 146 26 EMPRESAS MUNICIPAIS CONCESSÕES 0,75 0,78 0,36 0,32 1,11 1,10 0,21 0,40 0,01 0,20 0 42 2 74 109 63 0,77 0,29 1,06 278 278 2.2 Perspectiva futura A análise da situação presente, relativamente a abastecimento de água e a saneamento de águas residuais, em termos de cumprimento de disposições legais e de objectivos ambientais e de saúde pública, criou a oportunidade de estabelecer um novo plano estratégico, o PEAASAR II, com horizonte temporal de 2007-2013. Este Plano define três objectivos estratégicos principais, cada um dos quais incluindo um conjunto de objectivos operacionais e programas de medidas a implementar de 2007 a 2013: universalidade, continuidade e qualidade do serviço, prestado a um preço justo e adaptado ao poder de compra dos consumidores; sustentabilidade dos serviços de água e saneamento, com o incremento da produtividade e da eficácia, em coordenação com as políticas de desenvolvimento regional; protecção dos valores ambientais. Número 33, 2008 Engenharia Civil UM 117

Alguns dos objectivos operacionais incluem: a criação de condições para assegurar taxas globais de 95% de atendimento à população em água potável e de 90% da população ligada a sistemas de tratamento de águas residuais; a obtenção de níveis adequados de qualidade do serviço, mensuráveis pela conformidade dos indicadores de qualidade do serviço; o estabelecimento de tarifas ao consumidor final, a nível nacional, evoluindo tendencialmente para um intervalo compatível com a capacidade económica das populações; a optimização da gestão operacional, de modo a limitar os custos de ineficiência; o cumprimento das disposições legais em vigor; a promoção de eco-eficiência. O PEAASAR 2007-2013 implica a disponibilização de elevados investimentos. Uma primeira estimativa aponta para a realização de um investimento global de 3000 M, destinando-se 1050 M a abastecimento de água e 1950 M a saneamento (Quadros 5 e 6). Quadro 5 Investimentos previstos em alta SISTEMAS AA INVESTIMENTO (M ) AR MULTIMUNICIPAIS - CONCLUSÃO DOS SISTEMAS 50 60 110 MULTIMUNICIPAIS EXPANSÃO A NOVOS MUNICÍPIOS 130 265 395 MUNICIPAIS INTEGRADOS - CONCLUSÃO DOS SISTEMAS 40 85 125 INVESTIMENTOS COMPLEMENTARES 70 170 320 480 800 Quadro 6 Investimentos previstos em baixa REGIÃO AA INVESTIMENTO (M ) AR NORTE 384 654 1.039 CENTRO 131 317 447 LISBOA E VALE DO TEJO 92 347 439 ALENTEJO 105 114 219 ALGARVE 31 45 75 741 1.478 2.218 118 Engenharia Civil UM Número 33, 2008

O PEAASAR II contém ainda propostas para a implementação de novos enquadramentos institucionais consagrando novos modelos de gestão com os objectivos gerais de garantir: (i) economias de escala e de gama (eficiência); (ii) tarifas razoáveis; (iii) sustentabilidade financeira e ambiental. No sentido de garantir o desenvolvimento de conhecimento, necessário a novas abordagens para a promoção de soluções tecnológicas eficientes e sustentáveis, o PEAASAR II propõe a definição de linhas de investigação estratégica em áreas prioritárias: (i) soluções integradas de abastecimento de água, drenagem de águas pluviais e águas residuais; (ii) monitorização e tecnologias de medição e comunicação; (iii) tecnologias de tratamento avançado, promovendo a produção de água segura, em particular a partir de fontes nãoconvencionais; (iv) tecnologias para produção de energia e de produtos comercializáveis a partir de águas residuais; inovação em esquemas conceptuais para o projecto e construção de sistemas; (v) desenvolvimento de ferramentas para a gestão eficiente do património infraestrutural; (vi) desenvolvimento de ferramentas para avaliação e gestão de riscos. 3. PERSPECTIVAS PARA O SECTOR DOS RESÍDUOS 3.1 Situação actual Ao desenvolvimento económico está geralmente associado o aumento do consumo de bens com o consequente crescimento da produção de resíduos. Sendo este panorama inevitável, torna-se absolutamente obrigatório estabelecer políticas claras e pragmáticas com definição de objectivos e prioridades de actuação no denominado ciclo de vida dos resíduos (recolha selectiva, reciclagem e valorização, tratamento e recuperação de energia e destino final). A partir de 1995 foram definidos planos estratégicos para a gestão de resíduos sólidos urbanos e industriais. Da execução destes planos, devem destacar-se, como medidas emblemáticas, o encerramento de todas as lixeiras e a construção de aterros sanitários em sistemas municipais e multimunicipais que cobrem geograficamente todo o país, bem como a implementação de eco-centros e eco-pontos em quase todos os municípios portugueses. No entanto, verificou-se um resultado aquém do estabelecido nesses planos no que concerne à política dos 3 R s (redução, reutilização e reciclagem). Relativamente a resíduos industriais tóxicos e perigosos não houve, durante esta década, desenvolvimentos muito significativos: a indefinição na tomada de decisão sobre as opções tecnológicas a adoptar (co-incineração e construção de CIRVER Centros Integrados de Recuperação, Valorização e Eliminação de Resíduos Perigosos) originaram o protelamento da decisão política para o tratamento final a dar a este tipo de resíduos. A produção de resíduos sólidos urbanos (RSU) na União Europeia (UE) tem vindo a registar um crescimento constante ao longo dos últimos anos. De facto, passou-se de uma produção média anual per capita de 300 kg, em 1985, para uma produção média de 580 kg em 2003, significando que, em apenas 18 anos, a quantidade de resíduos produzidos por habitante da UE quase duplicou. Mesmo na UE com 25 países membros, a produção média de RSU é superior a 500 kg/hab/ano (Figura 5). Número 33, 2008 Engenharia Civil UM 119

Capitação de RSU na UE (2003 Eurostat) Kg/hab/ano 800 700 600 500 400 300 200 0 UE-25 UE-15 Bélgica Repúb. Checa Dinamarca Alemanha Estónia Grécia Espanha Francça Irlanda Itália Chipre Letónia Lituânia Luxemburgo Hungria Malta Holanda Áustria Polónia Portugal Eslovénia Eslováquia Finlândia Suécia Reino Unido Islândia Noruega Figura 5 Capitação média de RSU per capita na UE (2003) Em Portugal, a capitação de RSU é maior nos centros populacionais mais populosos e menor no interior, com intervalos de variação entre 780 900 g/hab/dia em Trás-os-Montes, Baixo Tâmega, Cova da Beira e Minho e cerca de 1500 g/hab/dia, nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, com tendências para que as menores produções sofram um incremento. Apresenta-se na Figura 6 a capitação média de RSU em Portugal por Região para os anos de 2001 e 2002, que evidencia uma tendência de incremento generalizado na produção e onde são vincadas as assimetrias entre o litoral e o interior e entre centros de diferentes dimensões populacionais. A Figura 7 demonstra o comportamento de tendência de crescimento da produção de RSU em Portugal. Figura 6 Capitação de RSU em Portugal por Região em kg/hab/dia (Russo, 2006) 120 Engenharia Civil UM Número 33, 2008

Evolução da produção de RSU - Portugal RSU (Ton) 4 600 000 4 500 000 4 400 000 4 300 000 4 200 000 4 000 4 000 000 3 900 000 3 800 000 R 2 = 0.9803 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 Figura 7 Evolução da produção de RSU em Portugal (Russo, 2006) Na Figura 8 apresentam-se as soluções de destino final dos resíduos por região (Continente e Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores), onde se constata que o aterro sanitário é a solução prevalecente na generalidade do território e a incineração constitui solução para os RSU das áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto e da Ilha da Madeira. Soluções para os RSU (2004) Madeira Açores Algarve Alentejo Lisboa e Vale do Tejo Centro Norte 24% 38% 62% 65% 21% 20% 21% 4% 71% 3% 97% 2% 98% 2% 5% 31% 3% 3% 34% 3% 5% 27% 0% 20% 40% 60% 80% % Lixeira Aterro Incineração Compostagem Recolha Selectiva Figura 8 Destino dos resíduos sólidos urbanos em Portugal por região (2004) Decorrido o período de planeamento definido no PERSU (2000-2005), pode fazer-se um balanço quanto ao cumprimento das metas estabelecidas (Figura 9) com recurso à informação contida no Quadro 7. Verifica-se assim que, no que se refere à erradicação das lixeiras e à incineração, as metas foram cumpridas, situação que não se verificou relativamente à redução da geração de resíduos. A reciclagem está longe de ser a realidade pretendida, incluindo a reciclagem orgânica (compostagem). Os aterros sanitários construídos são, actualmente, as soluções maioritárias para tratamento e destino final de RSU em Portugal, com cerca de 71% dos RSU, contra 23% preconizados pelo PERSU. Número 33, 2008 Engenharia Civil UM 121

Quadro 7 Comparação das metas do PERSU com a situação em 2000 e em 2004 Ano Redução Reciclagem Aterros Lixeiras Incineração Compostagem Situação em 1995 * 0% 4% 14% 73% 0% 9% Metas PERSU 2000 2.50% 15% 41.50% 0% 26% 15% Situação em 2000 0% 6% 55% 12% 22% 6% Balanço em 2000 -% -60% 32.5% -% -15% -60% Metas PERSU 2005 5% 25% 23% 0% 22% 25% Situação em 2004 0% 6% 71% 0% 20% 8% Balanço em 2004 -% -76% > % -9% -68% * - situação de referência x 0 Ton 5 000 METAS PERSU SITUAÇÃO EM 2000 E 2004 4 000 3 000 3 340 000 COMPOSTAGEM RECICLAGEM 9% 4% 3 870 000 2.5% 15% 4 490 000 25% 5% REDUÇÃO COMPOSTAGEM + DIGESTÃO ANAERÓBIA COMPOSTAGEM RECICLAGEM 3 340 000 9% 4% 3 870 000 6% 6% 22% 4 490 000 8.4% 6% COMPOSTAGEM + DIGESTÃO ANAERÓBIA RECICLAGEM 20% INCINERAÇÃO ATERROS SANITÁRIOS 14% 15% 25% RECICLAGEM ATERROS SANITÁRIOS 14% 2 000 LIXEIRAS 26% 22% INCINERAÇÃO LIXEIRAS 55% 71% ATERRO SANITÁRIO 1 000 + VAZADOURAS CONTROLADOS 73% 41.5% 23% ATERRO SANITÁRIO + VAZADOURAS CONTROLADOS 73% 12% 1995 2000 2005 1995 2000 2005 Figura 9 Metas do PERSU e situação em 2000 e em 2004 (Russo, 2006) 3.2 Perspectiva futura Neste sector está em fase de aplicação a nova Directiva Aterros, que implica a obrigatoriedade de reduzir até 75% de resíduos orgânicos em aterros sanitários até 2016, bem como o estabelecimento de critérios de aceitação e rigoroso controlo ambiental sobre os mesmos. Por outro lado, até 2011 exige-se o cumprimento de metas exigentes para a política de reciclagem (60 por cento do vidro, papel e cartão, 50 por cento dos metais, 15 por cento de madeira e 22,5 por cento dos plásticos). Isto significa que, nos próximos anos há que fazer uma avaliação rigorosa a nível nacional, sobre a situação de funcionamento dos aterros sanitários em operação (gestão de lixiviados, protecção de solo e água, controlo de gases, estabilidade e barreiras de protecção) e sobre a sustentabilidade deste tipo de infra-estruturas. É, ainda imperativo aplicar estratégias mais audaciosas no domínio das estratégias de redução de resíduos (nomeadamente industriais) de reciclagem e de valorização da matéria orgânica, bem como no tratamento e destino final de resíduos industriais tóxicos e perigosos. O quadro legislativo nacional e comunitário encontra-se disperso por variados diplomas sectoriais que impõem metas temporais bem definidas. Encontra-se actualmente em discussão no Parlamento Europeu uma nova Directiva Comunitária sobre resíduos (Waste Framework Directive) que se espera venha a integrar toda a estratégia política para o sector. Dos diplomas legais em vigor com maior influência nas actuais políticas de resíduos contam-se a Directiva Aterros (DL 152 / 2002 de 23 de Maio) e a Directiva Embalagens (DL 92 / 2006 de 25 de Maio) com metas de cumprimento muito exigentes. 122 Engenharia Civil UM Número 33, 2008

A valorização dos resíduos é uma linha política de base da UE que obriga os Estados Membros a aplicarem processos de valorização/reciclagem da matéria orgânica presente nos RSU (cerca de 60% em Portugal) para dar corpo à estratégia de redução desta matéria, de acordo com a Directiva Aterros, que impõe metas temporais para a disposição de resíduos urbanos biodegradáveis (RUB) em aterros, com início em 2006, data a partir da qual se inicia um processo calendarizado de redução destes resíduos com base nos registos de 1995 (3.880.000 toneladas, em Portugal). Esta redução de crescentes massas de resíduos orgânicos vai implicar o seu desvio para unidades de valorização (Figura 10). Actualmente, estão em funcionamento apenas 5 dessas unidades e 22% do total de RSU produzidos em Portugal são destinados a instalações de incineração (Lisboa, Porto e Madeira). 3 (x10 ton) 5.000 4.000 3.000 Total de RSU % de RUB em 1995 2.000 1.000 % 75% 50% 35% 1995 1998 2000 2002 2004 2006 2009 2011 2013 2016 Resíduos sólidos em Aterro Sanitário Reciclagem (p/ outras formas) Resíduos sólidos incinerados RUB para valorização Biológica Figura 10 Perspectiva de gestão dos RSU em Portugal com base nas metas legais estabelecidas (Russo, 2006) A evolução quantitativa da reciclagem de resíduos de embalagens promovida pela Sociedade Ponto Verde (SPV), tem determinado uma linha de tendência de crescimento em todas as fileiras nos últimos anos, à excepção da fileira do metal. Relativamente ao que está estabelecido pelo DL 366-A/97, em termos de objectivos de reciclagem, verificou-se que, já em 2003, apenas a fileira dos plásticos não atingia o mínimo estabelecido como meta para 2005. Em termos globais, tanto a meta da reciclagem (25%), como a da valorização (50%), estão a ser cumpridas por Portugal. Numa perspectiva de evolução futura do sector de resíduos em Portugal constata-se que é necessário concretizar políticas ambiciosas nos domínios da disposição final de RUB em aterros e da valorização das embalagens. Por outro lado, atendendo a que o aterro sanitário constitui o sistema de disposição final mais generalizado, e dadas as suas óbvias limitações de dimensionamento físico, especial atenção deve ser dada à provável ruptura da capacidade de tratamento e valorização em diversos sistemas. A estratégia nacional (definida pelo Instituto dos Resíduos) para a gestão de resíduos está estruturada num novo plano (PERSU II, 2006-2016) que, enquadrando-se nos planos e estratégias da Política de Resíduos da União Europeia, consagra as seguintes linhas orientadoras estratégicas: (i) separar na origem; (ii) reduzir, reutilizar, reciclar; (iii) minimizar a deposição em aterro; (iv) waste to energy para a fracção resto (não reciclável); (v) Número 33, 2008 Engenharia Civil UM 123

Quioto : compromisso determinante na política de resíduos; (vi) informação validada a tempo de se poderem tomar decisões; (vii) estratégia de Lisboa: sustentabilidade dos sistemas de gestão. Os eixos de actuação previstos são os seguintes: Eixo I Prevenção: Programa de Prevenção. Eixo II Mobilização dos cidadãos para a sociedade da reciclagem e para novos padrões de consumo. Eixo III Qualificação e optimização da gestão de resíduos. Eixo IV Sistema de Informação, um dos pilares da gestão dos RSU. Eixo V Reforço da IGAOT, CCDR e IRAR (simplificação do licenciamento e maior capacidade de intervenção). Para o desenvolvimento dos projectos previstos estima-se um valor global de 1311,7 M Euro para investimentos a realizar entre 2007 a 2013. Aguarda-se, com expectativa, que este novo PERSU II, contribua positivamente para estruturar, de forma decidida, a resolução de problemas já priorizados como, por exemplo, o plano de intervenção RUB e os resíduos industriais perigosos, com a articulação entre os CIRVER e a co-incineração. 4. REFERÊNCIAS Branco, A. (2006) Os Desafios da Política Nacional de Resíduos, In Encontro Nacional de Saneamento Básico, Cascais, 24 de Outubro de 2006. Carreira, L. (2006) Planeamento Estratégico no Sector das Águas, In Encontro Nacional de Saneamento Básico, Cascais, 24 de Outubro de 2006. IRAR (2006) Relatório Anual do Sector de Águas e Resíduos em Portugal, 2005. Lisboa. PEAASAR (2006) Plano Estratégico de Abastecimento de Água e de Saneamento de Águas Residuais, 2007-2013. MAOTDR, Lisboa (Versão Preliminar). Ribeiro, R. (2006) Soluções e Constrangimentos de uma Estratégia de Reaproveitamento e Reciclagem de Materiais, In Encontro Nacional de Saneamento Básico, Cascais, 24 de Outubro de 2006. Russo, M. A.T. (2006) Avaliação dos Processos de Transformação de Resíduos Sólidos Urbanos em Aterro Sanitário. Tese de doutoramento. Universidade do Minho, Braga. Serra, P. C. (2006) Planeamento Estratégico no Sector das Águas, In Encontro Nacional de Saneamento Básico, Cascais, 24 de Outubro de 2006. Vieira, J. M. P. (2006) Sustainability challenges and strategic challenges. IWA Yarbook 2006. IWA Publishing, London. 124 Engenharia Civil UM Número 33, 2008