DIA 3 de Julho MOTIVO Faleceu a 3 de Julho de 1962 SEPULTURA - Foi sepultada em Santa Eulália em jazigo de família. Os seus restos mortais foram transladados para a Casa-Mãe da Congregação, em Elvas, no dia 20 de Dezembro de 1980, onde se encontram actualmente. CAUSA DE BEATIFICAÇÂO A três de Julho de 1996, aniversário da morte da Serva de Deus, Madre Maria Isabel da SSantíssima Trindade, o Conselho Geral da Congregação das Irmãs Concepcionistas ao Serviço dos Pobres, decidiu introduzir o Processo Diocesano de Canonização da sua Fundadora. Dois dias depois, a 5 de Julho, a Superiora Geral, Irmã Maria Alice Isabel, fez o "Mandato Postulatório", aprovado no dia 7, por Sua Ex.cia Rev.ma D. Maurílio Jorge Quintal de Gouveia, Arcebispo de Évora, nomeando Postulador o Rev.do P. Luca de Rosa, ofm. Dados os passos necessários, foi instruído o Processo Informativo Diocesano sobre a vida, virtudes e fama de santidade da Serva de Deus, na Arquidiocese de Évora, com a Sessão de Abertura, a 5 de Julho de 1998, sob a presidência do Arcebispo, numa sala do Convento da Imaculada Conceição, em Elvas, Casa Mãe da Congregação. O Tribunal da Causa iniciou as suas funções no dia seguinte à abertura do Processo, e realizou cento e quinze sessões. Durante dois anos, de 1998 a 2000, ouviu quarenta e três testemunhas, que conheceram e conviveram com a Serva de Deus, e cinco que ouviram falar dela a quem a conheceu. O Processo Informativo Diocesano encerrou no dia 5 de Julho de 2000. A Sessão de Clausura realizou-se na sede do Tribunal para a Causa de Canonização da Serva de Deus, Maria Isabel da SS.ma Trindade, no Convento da Imaculada Conceição, em Elvas, na presença de D. Maurílio Jorge Quintal de Gouveia, Arcebispo de Évora. Encerrado o Processo, o Tribunal confiou-o ao Postulador da Causa, que por sua vez o entregou, em Roma, na Congregação para as Causas dos Santos, no dia 8 de Julho do mesmo ano. Meses depois, no dia 17 de Novembro de 2000, esta Congregação emitia o Decreto de Validade, e a 9
de Fevereiro de 2001, era nomeado Relator da Causa o P. Cristoforo Bove, OFM Conv. Em Setembro de 2001 iniciou-se a escrita da Positio, ou seja, a Biografia Documentada da Serva de Deus, Madre Maria Isabel da SS.ma Trindade, e concluiu-se em Março de 2008. Foi analisada pela Congregação para a Causa dos Santos e depois impressa. Nela se descreve a vida, as virtudes e a fama de santidade de que goza a Serva de Deus. Consta de dois volumes. Aguarda-se a proclamação da heroicidade das virtudes e um milagre para que Madre Maria Isabel possa ser beatificada. ORAÇÂO PARA PEDIR GRAÇAS - Ó Deus fonte de todo o bem nós Vos louvamos e bendizemos pelos benefícios que nos concedeis através da Vossa Serva Maria Isabel da Santíssima Trindade. Ela é para nós modelo e mestra de virtude. Nela refulgiu o amor à Sagrada Eucaristia a simplicidade e a pobreza de vida à imitação de São Francisco, e o serviço aos mais pobres. Dignai-Vos, Senhor, glorificá-la na terra, como esperamos já esteja glorificada no Céu. Dai-nos força para seguirmos os seus exemplos e concedei-nos por sua intercessão as graças que fervorosamente Vos pedimos. Ámen. (com aprovação eclesiástica) Aos que receberem graças por intercessão da Serva de Deus Maria Isabel da Santíssima Trindade, devem participá-lo para: Postulação: Madre Maria Isabel do Santíssima Trindade Irmãs Concepcionistas ao Serviço dos Pobres Rua Francisco da Silva, 9 C 7350-272 ELVAS Portugal VIDA - Maria Isabel Picão Caldeira nasceu a 1 de Fevereiro de 1889, no Monte do Torrão, freguesia de Santa Eulália (Alentejo), a poucos
quilómetros de Elvas, tendo sido sendo baptizada um mês depois, a 3 de Março (foto 1). Os seus pais, Miguel Caldeira e Dª Francisca da Silva Picão Caldeira lavradores abastados, deram-lhe uma educação esmerada, consentindo mesmo, que frequentasse a Escola de Belas-Artes em Lisboa, entre 1909 e 1911. A 20 de Março de 1912, com 23 anos de idade, casou com o primo, João Pires Carneiro, também lavrador (foto 3). Foram então viver para o Monte de São Domingos, na freguesia de São Vicente, também muito perto da cidade de Elvas. Após alguns anos de felicidade conjugal, o marido contraiu uma doença grave vindo a falecer no dia 17 de Junho de 1922 e Maria Isabel sofre o maior desgosto da sua vida. Viúva e sem filhos, durante onze anos entregou-se às obras de apostolado na sua terra natal, Santa Eulália. Apesar desta sua doação aos outros, começou a sentir o apelo de Deus a uma Consagração Religiosa. A 8 de Setembro de 1934, entra nas Dominicanas de Clausura em Azurara onde permaneceu apenas sete meses, por falta de saúde. O Servo de Deus, D. Manuel Mendes da Conceição Santos, Arcebispo de Évora, sabendo do seu regresso da clausura, convida-a a tomar conta da Casa de Retiros, em Elvas, a 20 de Março de 1936, iniciando aí uma vasta acção apostólica de serviço aos Pobres, criando várias obras sociais, gastando para isso os seus bens patrimoniais. "Encontrei-me com umas religiosas Concepcionistas (monjas da Ordem da Imaculada Conceição, espanholas que se encontravam em Elvas, fugidas da Guerra Civil Espanhola) várias vezes. Elas falavam-me da Santa Madre (Santa Beatriz da Silva) e da pena que tinham em não terem uma Congregação da mesma Ordem, como todas têm. Passados dias começo a sentir que era para esta Congregação que Nosso Senhor me chamava. Junto do Santíssimo ouvia e via claramente que a vontade de Deus era essa". É então que, sob a protecção de Maria Imaculada e inspirada em Santa Beatriz da Silva, com muitos sacrifícios e contrariedades, funda a Congregação das Irmãs Concepcionistas ao Serviço dos Pobres.
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Foto 7 Profundamente apaixonada por Santa Beatriz da Silva, a madre Isabel assume como seu, o carisma Concepcionista plantado pelo Espírito Santo, cinco séculos antes, no coração de Beatriz e que esta, com grande entusiasmo e fidelidade plantou no coração da Igreja: "Este dia é nosso (8 de Dezembro). E porque não? Não foi a nós, Religiosas da Imaculada Conceição, que Maria ordenou proclamar o privilégio da Sua Conceição sem mancha antes de ser definido como dogma, quando disse a Beata Beatriz da Silva: «Quero que fundes uma Ordem destinada a honrar a minha Imaculada Conceição?" Com a aprovação oral do arcebispo, D. Manuel Mendes da Conceição Santos, funda em 1939 a Congregação das Irmãs Concepcionistas ao Serviço dos Pobres. Entre 1939 e 1944, condoída por tantos pobres que vagueavam pelas ruas, abre em Elvas uma Creche, um Abrigo Infantil e a Sopa dos Pobres, gastando para isso os seus bens patrimoniais. Responde a outros pedidos e toma conta de algumas Obras Assistências, no Alentejo.
Faz votos religiosos, a 31 de Dezembro de 1948, juntamente com 12 companheiras. Nos anos que se seguiram, abriu várias comunidades em diversas dioceses de Portugal. Após um árduo caminho, a 5 de Julho de 1955,o Papa Pio XII, concede-lhe a aprovação. A 20 de Dezembro de 1955 faz a Profissão Perpétua com outras sete Irmãs, e no mesmo dia é proclamada a erecção canónica da Congregação, pelo então Arcebispo de Évora, D. Manuel Trindade Salgueiro Nesse mesmo ano, a 20 de Dezembro a Congregação era erecta canonicamente e Madre Maria Isabel da Santíssima Trindade faz a sua Profissão Perpétua, sendo nomeada superiora da primeira comunidade concepcionista. De 1955 a 1960 recebe dezenas de pedidos para obras assistenciais e abre cinco comunidades. Pressentindo que estava a chegar ao fim da sua vida terrena, a 17 de Novembro de 1960, escreve o seu Testamento Espiritual, que deixa às suas "filhas", como "prenda sagrada". Faleceu a 3 de Julho de 1962, em Elvas, depois de uma vida toda voltada para os outros, sobretudo os mais Pobres. Sendo rica, fez-se pobre para privilegiar os Pobres. Eram a sua grande paixão, a razão de ser da sua Obra. Com um coração grande, que parecia querer abarcar tudo e todos, arriscou os bens e a vida. Sofreu a doença, as contrariedades, a solidão, a calúnia e a incompreensão. No meio de tantas provações, manteve-se fiel àquilo que julgava ser a Vontade de Deus. TESTAMENTO ESPIRITUAL - JMJ É do meu ardente desejo que todas as minhas filhas que pertencem à Congregação, sejam verdadeiras religiosas nos seus pensamentos, palavras e obras. Encarecidamente vos peço que procurem amar a pobreza e fazer com que em todas as nossas comunidades saibam imitar a casinha de Nazaré. Amando a pobreza, sendo cada dia mais simples,
humildes, obedientes, recolhidas, silenciosas, trabalhadeiras e desprendidas das coisas terrenas. Tornem-se caritativas, delicadas umas para com as outras, depois para com os pobres e criancinhas, de uma maneira geral para com todos. Procurem as irmãs estar sempre na presença de Deus e amá-l O cada vez mais. A característica da nossa Congregação deve ser sempre a verdade, simplicidade e humildade. Se desejarem ser santas, estima-das, honradas e queridas estejam sempre unidas a Deus e a sua Mãe Santíssima; sejam simples e humildes. O caminho mais directo para o mal é a vaidade, o orgulho; perder a maior das graças, que é a vocação religiosa. O que Nosso Senhor disse cumpre-se sempre: Quem se humilha será exaltado, quem se exalta será humilhado. Deus aborrece os soberbos, os vaidosos, tendo uma predilecção especial pelos simples e humildes. Se fordes verdadeiramente humildes, como desejo, a Congregação terá grande desenvolvimento excelentes vocações, será apreciada, respeitada e desejada para toda a parte, até nas outras nações e continentes, para maior glória de Deus, da Igreja e até das próprias Irmãs. Outra virtude que encarecidamente vos recomendo é a gratidão para com aqueles que nos fazem bem; de uma maneira especialíssima para com a Sagrada Família: Jesus, Maria e José. A ingratidão é um defeito detestável é próprio das almas miseráveis. Nos primeiros anos da nossa Congregação parece que tudo se conjurou contra nós: críticas, calúnias, perseguições insidiosas, umas vezes claras, outras ocultas, enfim, uma série de desgostos e dificuldades, só Deus sabe! Dos grandes obstáculos e de tudo isto nos livrou a Sagrada Família que, não só agora como sempre, nos tem dispensado não só agora, como sempre, nos tem dispensado especialíssimas graças. Sejam reconhecidas e muito gratas. Termino por pedir-vos que observeis com fidelidade as nossas constituições; nelas encontrareis o verdadeiro caminho, aquele que nos conduzirá ao cume da santidade e ao reino da eterna glória. Peço-lhes também a caridade de rezarem todos os dias pela minha alma e pela alma do Rev.do Padre Santiago Fernandes que tanto nos auxiliou e tanto lhe devemos.
Este é o meu Testamento Espiritual, feito na presença da Sagrada Família e da Santíssima Trindade, com toda a efusão da minha alma e amizade para com todas as minhas queridas filhas, a quem levo no coração, desejando-vos o maior bem espiritual e temporal. No dia 17 de Novembro de 1960, vos deixo como prenda sagrada a minha última vontade. Maria Isabel da Santíssima Trindade Fátima, 17 de Novembro de 1960