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Fonte: Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC)

Transcrição:

ANO 4 NÚMERO 42 OUTUBRO DE 2015 PROFESSORES RESPONSÁVEIS: FLÁVIO RIANI & RICARDO RABELO 1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS O impasse político entre o Poder Legislativo, o Poder Judiciário e o Poder Executivo tem contribuído de forma decisiva para que o governo tenha dificuldades até mesmo de obter um superávit primário por menor que seja em 2015. As dificuldades no Congresso para avaliar e decidir sobre as propostas do executivo, na tentativa de alavancar receitas adicionais combinadas com cortes de gastos, gera uma atmosfera de insegurança nos agentes econômicos, diminuindo seus investimentos, desaquecendo as atividades econômicas, resultando numa inevitável queda das receitas tributárias. O setor externo traz boas notícias, com um superavit recorde na Balança Comercial e, entre outros resultados, o crescimento significativo das exportações de veículos. Pode ser o início de uma retomada de um papel dinâmico do setor externo da economia, que ainda apresenta resultados negativos tanto no valor das exportações como das importações. 2 GOVERNO TEM DIFICULDADES DE ALCANÇAR SUPERÁVIT PRIMÁRIO Prof. Flávio Riani Os esforços feitos pelo governo para alcançar superávit primário em 2015 não têm sido suficientes para gerar melhores expectativas sobre sua obtenção. Hoje se trabalha com a hipótese de tentar obter um menor déficit possível. Tal objetivo é consequência da não aprovação das medidas de ajuste fiscal no Congresso Nacional e das dificuldades de controle das despesas e principalmente do nível de arrecadação por parte do governo. As informações disponíveis no gráfico 1 mostram que no acumulado até setembro de 2015 o governo não conseguiu alcançar um nível de receitas que superasse o de seus gastos. Com isto, neste período o resultado obtido apresentou um déficit de R$ 20 bilhões, superior, em termos reais, ao alcançado no mesmo período no ano anterior. O resultado apresentado no gráfico 1 é consequência de dois fatores que simultaneamente agem no sentido oposto ao do caminho para a obtenção do superávit. Do ponto de vista da receita a dificuldade é consequência da própria estrutura tributária brasileira altamente vinculada às atividades de produção e consumo. EXPEDIENTE Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais: Grão-Chanceler Dom Walmor Oliveira de Azevedo Reitor Professor Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães Vice-Reitora Professora Patrícia Bernardes Assessor Especial da Reitoria Professor José Tarcísio Amorim Chefe de Gabinete do Reitor Professor Paulo Roberto Souza Chefia do Departamento de Economia Professora Ana Maria Botelho Coordenação do Curso de Ciências Econômicas Professora Ana Maria Botelho Coordenação Geral Professor Flávio Riani e Professor Ricardo F. Rabelo Instituto de Ciências Econômicas e Gerenciais: Prédio 14, sala 103 Avenida Dom José Gaspar, 500 Bairro Coração Eucarístico CEP: 30535-901 Tel: 3319.4309 www.pucminas.br/iceg/conjuntura icegdigital@pucminas.br

Gráfico 1 - Resultado Fiscal Brasil -Tesouro -Jan.a Set 2015 R$ bilhões 1000 924,6 800 765,8 786,6 600 400 200 0-200 158,8-20,9-16,6 Receita Total Trnasferências Receita Líquida Despesas Superavit jan.set 2015 Superavit jan.set 2014 Fonte: Sec.Tesouro Nacional-Min.Fazenda Com o desaquecimento das atividades produtivas é natural que a arrecadação diminua em função disso tanto em termos nominais quanto reais. No que se refere aos gastos públicos há uma rigidez elevada na sua estrutura que dificulta sua diminuição em patamares necessários ao alcance do superávit primário. A tabela 1 destaca as variações reais ocorridas no desempenho dos gastos e das receitas do governo central entre os valores acumulados até setembro de 2014 e 2015. Tab.1 - Brasil - Governo Central Taxas de crescimento real Acumulado set-2015/acumulado set-2014 Especificações Taxas Receita Total -4,7 Receita Tributária -5,3 Transferências Federais -5,5 Receita Líquida Total -4,6 Receita Tributária -5,3 Impostos -1,9 Contribuições -11,8 Demais -12,7 Dividendos -68,9 Previdência -3,1 Despesa Total -4,0 Despesa do Tesouro -5,4 Pessoal -1,8 Custeio e capital -7,2 Capital -38,1 Previdência -1,8 Fonte M.Fazenda

Em termos globais os dados da tabela 1 mostram que enquanto as receitas líquidas disponíveis ao governo apresentaram queda real de 4,6% no período destacado, as despesas totais diminuíram num ritmo pouco menor: -4,0%. As taxas dos componentes das receitas tributárias apresentam quedas expressivas, sobretudo aquelas referentes às contribuições (algumas vinculadas a faturamento) e às demais receitas, com destaque para os recursos oriundos de dividendos recebidos pelo governo de suas empresas. No que se referem aos gastos todos os itens apresentaram também quedas reais. Porém fica evidente um corte maior naquelas atividades nas quais o governo tem mais flexibilidade (chamadas despesas ordinárias) como é o caso das despesas com custeio e capital. Porém há que ressaltar os impactos sociais negativos oriundos dos cortes nas despesas de custeio e capital uma vez que eles são compostos, na sua maioria, por recursos destinados aos parcos programas sociais desenvolvidos pelo governo além de estarem também vinculados às áreas sociais básicas de saúde, educação, segurança, etc. Os dados aqui descritos evidenciam a dificuldade que o governo terá para alcançar um superávit primário nesse ano. A não aprovação pelo Congresso Nacional das propostas de ajustes apresentadas pelo governo poderia também gerar pontos positivos para a sociedade na medida em que ela tomasse consciência das possibilidades de possíveis alterações tributárias na direção um sistema mais justo e eficiente, tornando nossa estrutura tributária menos regressiva, penalizando menos as classes de rendas mais baixas. Além disso, há também espaços para incorporar no conjunto dos ajustes dos gastos do governo uma avaliação sobre as tremendas desigualdades entre as condições e vantagens financeiras, de toda natureza, que caracterizam os poderes legislativo e judiciário. Os privilégios que esses poderes têm nas suas estruturas de gastos, sobretudo os salariais e suas vantagens, são incompatíveis com a realidade brasileira e até mesmo com seus pares em outros países. Moral e administrativamente, uma vez que eles também compõem a estrutura de governo no país, cabe a eles uma contribuição no sentido de ajustes de gastos de toda natureza: salarial, custeio e previdenciário. Enquanto o país discute a retirada de benefícios previdenciários que giram valores próximos ao salário mínimo, estes poderes têm o privilégio de apresentar valores de aposentadorias, como é o caso da magistratura, próximas a R$ 200.000,00. Isto mesmo DUZENTOS MIL REAIS POR MÊS.

3 - BALANÇA COMERCIAL: EXPRESSIVO SALDO EM OUTUBRO MOSTRA INÍCIO DA RETOMADA Prof. Ricardo F. Rabelo A balança comercial de outubro surpreendeu positivamente em Outubro. O saldo foi de US$ 1,996 bilhões, o maior desde outubro de 2011. Este saldo é importante para a recomposição das contas externas brasileiras, que no ano passado apresentou déficit. No mês de Outubro as exportações foram de US$ 16,049 bilhões enquanto as importações chegaram a US$ 14,053 bilhões. O resultado, no entanto, não aponta (ainda) para um dinamismo que, como em outras épocas, foi capaz de impulsionar uma economia em recessão a retomar o crescimento. Gráfico 2 Balança Comercial Brasil janeiro/outubro 2015 20.000 15.000 US$ milhões 10.000 5.000 EXPORTAÇÃO IMPORTAÇÃO SALDO 0-5.000 Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Meses Fonte:MDIC Isso, porque, na análise dos motivos de saldo tão expressivo contata-se a queda das exportações e a queda mais expressiva ainda das importações. Em relação a outubro de 2014, as exportações registraram retração de 4,1%, e apresentaram queda de 0,6% em relação a setembro de 2015, pela média diária. Já as importações, tiveram queda muito maior: sobre igual período do ano anterior, as importações registraram queda de 21,1%, e crescimento de 6,4% sobre setembro de 2015, pela média diária. Também no acumulado de janeiro-outubro de 2015 houve um expressivo saldo, de 12,244 bilhões, o que significou uma reversão dos resultados de igual período em 2014, quando tivemos um déficit de US$ 1,921 bilhão. Estes resultados positivos mudam quando analisamos o fluxo de comércio brasileiro e verificamos que, também em um período mais longo, há retração de exportações e importações. Assim, no acumulado janeiro-outubro de 2015, as exportações apresentaram valor de US$ 160,545 bilhões, o que significa, comparando com igual período de

2014, uma queda das exportações de 15,2%. Por outro lado, as importações registraram um valor de US$ 148,301 bilhões, ou seja, uma queda de 22,4% sobre o mesmo período anterior. Nesse período, a corrente de comércio teve o valor de US$ 308,845 bilhões, significando retração de 18,8% sobre o mesmo período anterior, quando totalizou US$ 385,850 bilhões. Considerando um período mais longo, de outubro de 2014 a outubro de 2015 as exportações acumularam US$ 193,681 bilhões. Comparando com o período novembro/2013- outubro/2014, em que as exportações atingiram US$ 233,672 bilhões, houve queda de 16,5%, pela média diária. Já as importações registraram um total de US$ 183,566 bilhões, uma queda de 20,0% sobre o mesmo período anterior, de US$ 231,224 bilhões, pela média diária. O saldo comercial, em doze meses, acumula superávit de US$ 10,115 bilhões, valor muito superior ao obtido em mesmo período do ano anterior (US$ 2,447 bilhões). Uma questão importante do comércio exterior brasileiro é sobre a tendência à preponderância dos produtos básicos sobre os industrializados. No mês, as exportações por fator agregado alcançaram os seguintes valores: produtos básicos (US$ 7,311 bilhões), manufaturados (US$ 6,035 bilhões) e semimanufaturados (US$ 2,353 bilhões). Sobre o ano anterior, retrocederam as exportações de semimanufaturados (-8,1%), manufaturados (-3,5%) e básicos (-1,7%). Gráfico 3 Exportações Brasileiras por Setores Outubro 2015 38% 47% BÁSICOS SEMIMANUFATURADOS MANUFATURADOS 15% Fonte: MDIC Neste quadro a preocupação sobre a chamada "reprimarização" de nossa pauta exportadora se acentua, já que os produtos básicos são de maior valor que os manufaturados e caem menos que os demais. Considerando-se os industrializados (manufaturados e semimanufaturados) há ainda uma preponderância destes na pauta em relação aos produtos básicos. A preocupação, no entanto, se justifica, já que nota-se uma queda maior das exportações dos produtos industrializados em relação aos básicos na comparação com o ano anterior

O que ainda continua sustentando nossas exportações é o mercado Asiático, no qual em outubro cresceram as vendas em 17,4%, fortemente influenciado pelas vendas para a China, as quais cresceram 31,9%, para US$ 2,5 bilhões. Outro mercado que apresentou uma pequena recuperação foi a Argentina, que apresentou aumento de 0,7% nas vendas, Nos principais mercados, no entanto, houve redução das vendas: Europa Oriental (-51,0%), África (-23,0%), Mercosul (-12,3%), União Européia (-10,8%), América Latina e Caribe, exceto Mercosul (- 8,3%),Estados Unidos (-4,0%) e Oriente Médio (-2,9%). Nossos principais parceiros comerciais, em outubro, foram: 1º) China (US$ 2,461 bilhões), 2º) Estados Unidos (US$ 1,999 bilhão), 3º) Argentina (US$ 1,074 bilhão), 4º) Países Baixos (US$ 906 milhões) e 5º) Japão (US$ 504 milhões). As importações, em outubro, por tipo de produto, tiveram queda maior em bens de capital (-28,7%), seguidas de bens de consumo (-25,5%), matérias-primas e intermediários (-20,2%) e combustíveis e lubrificantes (-5,8%). Com relação aos mercados fornecedores, comparando outubro 2015/2014, houve queda das compras do: Mercosul (-26,4%) sendo que da Argentina foi -20,5%, Ásia(-29,4%) sendo que a China decresceu 28,4%, Europa Oriental (-26,7%), Estados Unidos (-20,1%), União Européia (- 19,5%, bruto), América Latina e Caribe, exceto Mercosul (-25,5%, ) e África (-9,5%), tendo crescido apenas as aquisições oriundas do Oriente Médio (+48,5%). Considerando os países vendedores, os cinco maiores foram: 1º) China (US$ 2,286 bilhões), 2º) Estados Unidos (US$ 2,237 bilhões), 3º) Argentina (US$ 848 milhões), 4º) Alemanha (US$ 832 milhões) e 5º) Nigéria (US$ 617 milhões). Considerando as exportações no acumulado janeiro-outubro de 2015, houve redução em relação a igual período de 2014, dos produtos: básicos (-20,1%, para US$ 74,854 bilhões), manufaturados (-10,0%, para US$ 59,730 bilhões) e semimanufaturados (-7,9%, para US$ 21,978 bilhões). Os maiores mercados para nossas exportações, no acumulado janeiro-outubro/2015, foram: 1º) China (US$ 31,4 bilhões), 2º) Estados Unidos (US$ 20,3 bilhões), 3º) Argentina (US$ 10,9 bilhões), 4º) Países Baixos (US$ 8,4 bilhões) e 5º) Alemanha (US$ 4,4 bilhões). Fazendo a comparação, no acumulado janeiro-outubro de 2015, com o mesmo período anterior, houve queda em combustíveis e lubrificantes (-42,9%), matérias-primas e intermediários (-18,8%), bens de capital (-18,2%) e bens de consumo (-16,5%). Já com relação às importações, comparando-se janeiro-outubro de 2015 com janeirooutubro de 2014, tivemos queda mas compras oriundas de todos os blocos econômicos: África (- 48,9%), Oriente Médio (-30,7%), Mercosul (-26,5%), sendo que para Argentina o recuo foi de 24,2%, América Latina e Caribe, exceto Mercosul (-23,9%), Estados Unidos (-22,1%), Europa Oriental (-20,8%), União Européia (-20,3%), e Ásia (-17,2%), tendo havido uma queda de 12,4% no caso da China. Em termos de países importadores tivemos : 1º) China (US$ 27,2 bilhões), 2º) Estados Unidos (US$ 22,9 bilhões), 3º) Alemanha (US$ 8,9 bilhões), 4º) Argentina (US$ 8,8 bilhões) e 5º) Coréia do Sul (US$ 4,8 bilhões).

3-1 AUMENTO DAS EXPORTAÇÕES DE VEÍCULOS : COMEÇA A RETOMADA Prof. Ricardo F. Rabelo Em Outubro ocorreram alguns fatos que podem indicar uma retomada do crescimento das exportações, que ainda caíram no mês. As exportações para a Argentina cresceram neste mês a primeira vez desde 2013. De acordo com informações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a média diária exportada (volume financeiro por dia útil) passou de US$ 50,8 milhões, em outubro de 2014, para US$ 51,1 milhões em igual mês de 2015, um crescimento de 0,7%. Outro indicador positivo foi o crescimento das exportações de veículos, responsável também pelo crescimento das vendas externas para a Argentina. De acordo com o MDIC, de janeiro a outubro, as exportações brasileiras de veículos automotores cresceram 8% em quantum e 0,5% em valor. As exportações de veículos para a Argentina, tiveram alta de 4% em quantum e retração de 3,8% em valor. Isto pode significar que a Argentina está importando veículos de menor valor já que as exportações de veículos para o país latino-americano passaram de 207 mil unidades, de janeiro a outubro de 2014, para 215 mil no mesmo período deste ano. No mesmo período, as exportações para o México aumentaram 73% em quantum e de 56% em valor.