Número 13 julho 2012 Geração de empregos no setor bancário diminui 83,3% em relação ao mesmo período do ano anterior
Geração de empregos no setor bancário diminui 83,3% em relação ao mesmo período do ano anterior A redução na geração de empregos formais no início de 2012 constatada pelos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego manifestou-se também no setor bancário. O primeiro trimestre deste ano registrou um comportamento bastante fraco na geração de emprego do setor bancário, quando comparado com o desempenho registrado entre janeiro e março de 2011, com o total de postos de trabalho gerados no setor diminuindo 83,3%. Apenas 1.144 postos foram abertos no período, contra 6.851 entre janeiro e março do ano passado. Este desempenho mais fraco na geração de empregos foi constatado pela 13ª edição da Pesquisa de Emprego Bancário (PEB), desenvolvida pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (CONTRAF-CUT), que acompanha a evolução do emprego nas instituições bancárias, a partir dos dados do Caged. Média mensal ficou em 381 postos C om a geração de apenas 1.144 postos entre janeiro e março de 2012, o desempenho do emprego bancário mostrou forte alteração na trajetória robusta que o caracterizou desde o início de 2010. Se entre janeiro de 2010 e dezembro de 2011 foram abertas, em média por mês, 1.985 vagas no setor, nos três primeiros meses deste ano esta média reduziu-se para apenas 381. O Gráfico 1 permite ver a evolução do comportamento do emprego bancário entre janeiro de 2009 e março último. Os postos criados este ano foram resultado da contratação de novos bancários pela Caixa Econômica Federal, que abriu 1.396 novos postos. Sem essa participação, o saldo do emprego bancário no período teria sido negativo. Um dos aspectos que vinha marcando a movimentação do emprego bancário era o desligamento a pedido, que chegou a representar mais de 50% das demissões em 2011. No primeiro trimestre deste ano, a participação desta forma de desligamento foi de 36,7%. Por outro lado, a demissão sem justa causa representou 57,6% dos desligamentos de março deste ano.
GRÁFICO 1 Saldo mensal do emprego bancário Brasil janeiro de 2009 a março de 2012 Elaboração: DIEESE Rede Bancários Sexo TABELA 1 Admitidos, desligados e remuneração média por sexo - Nº de trabalhadores Admitidos Part. (%) Rem. Média (em R$) Nº de trabalhadores Desligados Part. (%) Rem. Média (em R$) Saldo Diferença da Rem. Média (%) Masculino 5.626 50,5% 3.014,91 5.259 52,6% 4.978,80 367-39,45% Feminino 5.519 49,5% 2.291,98 4.742 47,4% 3.545,66 777-35,36% Total 11.145 100,0% 2.656,92 10.001 100,0% 4.299,27 1.144-38,20% Perfil dos admitidos e desligados Os dados do Caged (Tabela 1) mostram que os homens são maioria tanto entre admitidos quanto entre desligados. Com isso, o saldo no total de trabalhadores empregados no período é superior para as mulheres que correspondem a 68% dos 1.144 postos, ou seja, ocupam 777 vagas. Os homens são 367, ou 32%. As faixas etárias com saldo positivo de emprego são as que reúnem trabalhadores com até 29 anos, com destaque para a referente a pessoas com idade entre 18 e 24 anos, para a qual o resultado foi positivo em 3.377 postos. Para trabalhadores a partir de 30 anos, o saldo de empregos torna-se negativo para todas as faixas etárias (Gráfico 2a). Quando o corte leva em consideração a escolaridade, os maiores saldos de emprego referem-se aos trabalhadores com Ensino Médio Completo e com Superior Incompleto. Para trabalhadores com Ensino Superior Completo foram fechados 1.458 postos de trabalho (Gráfico 2b). O elevado saldo positivo observado para escolaridade Ensino Médio Completo é, provavelmente, reflexo da concentração da geração de empregos na Caixa Econômica Federal.
GRÁFICO 2a Admitidos, desligados e saldo por faixa etária 4.833,00 3.377 3.252 2.402 Admitidos Desligados Saldo 2.964 2.323 1456 850 587 1565 148 1597-641 -978-1.449 Até 24 anos 25 a 29 anos 30 a 39 anos 40 a 49 anos 50 a 64 anos Elaboração: DIEESE Rede Bancários GRÁFICO 2b Admitidos, Desligados e saldo por escolaridade Admitidos Desligados Saldo 6.322 4.864 3.633 2.497 1.479 1.018 2.329 1.304 125 258-133 Médio incompleto Ensino Médio Completo Superior incompleto Superior completo -1.458 Elaboração: DIEESE Rede Bancários
Características de admitidos e desligados Do ponto de vista do tempo de emprego entre os bancários desligados no primeiro trimestre deste ano, mais da metade 58,7% - estava no emprego há menos de cinco anos (59,9 meses). Os trabalhadores desligados com menos de um ano eram 18%, enquanto aqueles com entre um ano e 59,9 meses totalizaram 41% (Gráfico 3). Com relação aos salários, segue alta a disparidade entre rendimentos de admitidos e desligados. O bancário contratado no primeiro trimestre deste ano recebeu, em média, salário 38,2% inferior que o dos trabalhadores desligados. A contratação de novos empregados foi mais expressiva que a demissão entre bancários que ganham entre 2,01 e 3,0 salários mínimos. Nessa faixa, foram contratados 7.086 trabalhadores e desligados 1.902. Para as faixas que recebem mais de 3 salários mínimos, as demissões superaram as contratações (Gráfico 4). A jornada de trabalho exercida predominantemente pelos novos bancários é de até 30 horas semanais. No período, foram contratados 6.689 trabalhadores e desligados outros 3.211 (Gráfico 5). GRÁFICO 3 Desligados por faixa de tempo no emprego Elaboração: DIEESE-Rede Bancários
GRÁFICO 4 Movimentação por faixa de remuneração Admitidos Desligados Saldo 7086 6123 1902 2857 1761 345 215 857 Até 2.01 SM De 2,01 a 3,0 S.M. De 3,01 a 10,0 S.M. Mais de 10 S.M. Elaboração: DIEESE-Rede Bancários GRÁFICO 5 Movimentação por faixa de horas trabalhadas 6.689 Admitidos Desligados Saldo 6.047 3.211 3.478 4.107 328 736 De 21 a 30 horas/semana De 31 a 40 horas/semana De 41 a 44 horas/semana -408-1.940 Elaboração: DIEESE-Rede Bancários
GRÁFICO 6 Evolução do estoque de emprego bancário Brasil 1990 a 2012 732 680 632 655 571 559 483 447 426 393 402 393 398 399 405 420 422 446 459 462 483 507 508 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011* 2012 (1ºtri)* Evolução do emprego bancário Desde 2001, o setor bancário brasileiro apresenta contínuo crescimento no estoque de empregados, passando de 392 mil para 508 mil trabalhadores em março de 2012 (Gráfico 6). Durante a década de 1990, esse estoque teve queda de 46%, especialmente, devido ao processo de reestruturação produtiva que atingiu diversos setores da economia brasileira no período. É possível, portanto, caracterizar a última década como um período de recuperação de postos de trabalho. Desde o início do levantamento realizado pela Pesquisa de Emprego Bancário (1º trimestre de 2009), o emprego bancário apresentou: Em 2009 - saldos negativos no 1º semestre e, recuperação no 2º semestre. Em 2010 e 2011 - forte expansão com saldo anual positivo superior a 20 mil postos. O cenário que se desenha para 2012, no entanto, é mais crítico do ponto de vista do crescimento do emprego. A geração de empregos no setor bancário diminuiu 83,3% em relação ao mesmo período do ano anterior. É sabido que o crescimento do emprego ocorreu de maneira mais lenta em todos os setores da economia, devido às incertezas geradas pelo cenário externo e pela expectativa de pequena expansão do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2012. Esses fatores, entretanto, não explicam o funcionamento do setor bancário, que - conforme mostram os Relatórios de Administração dos Bancos referentes ao primeiro trimestre de 2012 - apresenta trajetória positiva em todos os seus indicadores, excetuando-se os de emprego. Além disso, mesmo ao se observar a redução da geração de empregos em todos os setores da economia - incluindo setores mais sensíveis à baixa expansão do PIB como serviços e construção civil - nota-se que a redução do crescimento foi de apenas 27,5% e, portanto, menos acentuada do que no setor bancário.
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