SEGUIMENTO DOS INDIVÍDUOS QUE TENTARAM SUICÍDIO: A EXPERIÊNCIA DE CONTATOS PERIÓDICOS POR TELEFONE

Documentos relacionados
CARTILHA MUNICIPAL DE PREVENÇÃO AO SUICÍDIO

SUICÍDIO COMO IDENTIFICAR?

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM SAÚDE MENTAL E ATENÇÃO PSICOSSOCIAL

DIRETRIZES SOBRE COMORBIDADES PSIQUIÁTRICAS EM DEPENDÊNCIA AO ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS

COMPORTAMENTO SUICIDA: AVALIAÇÃO E MANEJO MANUAL DO CURSO

A prevenção de comportamentos suicidas na juventude

Profa. Ana Carolina Schmidt de Oliveira Psicóloga CRP 06/99198 Especialista em Dependência Química (UNIFESP) Doutoranda (UNIFESP)

Como Prevenir o Suicídio?

PRÉ-NATAL DE ALTO RISCO

Gelder M, Mayou R, Geddes J. Psiquiatria. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1999.

COMO AJUDAR ALGUÉM COM RISCO DE SUICÍDIO

LINHA DE CUIDADO PREVENÇÃO DO SUICÍDIO

Política Nacional de Saúde Mental

CRISE SUICIDA NA ADOLESCÊNCIA

Obesidade Mórbida Protocolos

SERVIÇO DE ATENÇÃO AO PORTADOR DE OBESIDADE GRAVE

Relatório de Atividades

Suicídio: informando para prevenir.

Substâncias Psicoativas Uso Abuso - Dependência

SERVIÇO DE PSICOLOGIA

AUTOR(ES): THAIS CRISTINA FELICIANO PETRONILIO, LUIZ GUSTAVO DE OLIVEIRA, LIANE PEREIRA DA LUZ

A ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO EM SAÚDE MENTAL

Programa Anti-tabagismo

Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. Centro de Ciências da Saúde CCS. Serviço de Psicologia

PERFIL DE USUÁRIOS DE PSICOFÁRMACOS ENTRE ACADÊMICOS DO CURSO DE FARMÁCIA DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO DO SUL DO BRASIL

Metodologia de pesquisa científica aplicada à saúde

UNIDADE DE EMERGÊNCIA ADULTO

MEDIDAS DE PREVENÇÃO NA SAÚDE MENTAL. Prof. João Gregório Neto

Depressão Pós Parto. (NEJM, Dez 2016)

Podemos dizer que a Pediatria se preocupa com a prevenção, já na infância, de doenças do adulto.

Clínica Psicológica. Apresentação

Atendimento de Crise no Ambulatório de Psiquiatria do Hospital de Clínicas da Unicamp

Todos os dados serão anónimos e confidenciais, pelo que não deverá identificar-se em parte alguma do questionário.

SUICÍDIO CENÁRIO EPIDEMIOLÓGICO DE CURITIBA

Faculdade da Alta Paulista

Transtornos Mentais no Trabalho. Carlos Augusto Maranhão de Loyola CRM-PR Psiquiatra.

CRITÉRIOS DE ADMISSÃO, ALTA E TRANSFERÊNCIA DA UNIDADE DE APOIO PSIQUIÁTRICO (UAP) DO NÚCLEO DE MEDICINA PSICOSSOMÁTICA E PSIQUIATRIA

MINUTA PROTOCOLO DE ATENDIMENTO AO ESTUDANTE COM COMPORTAMENTO SUICIDA MAIO DE 2017 PALMAS TO

Silvia Maria Bonassi Psicóloga. Área: Psicologia e Saúde - Psicodiagnóstico Tema: Psicoterapias de orientação analítica

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SECRETARIA DA SAÚDE HOSPITAL PSIQUIÁTRICO SÃO PEDRO DIREÇÃO DE ENSINO E PESQUISA

UMA VIDA QUE VALE A PENA SER VIVIDA: COMO FAZER A DIFERENÇA E AJUDAR PESSOAS

Intervenção (Global e Comunitária) no Primeiro Surto Psicótico (IPSP) 10º Edição

Patologias psiquiátricas mais prevalentes na atenção básica: Alguns sintomas físicos ocorrem sem nenhuma causa física e nesses casos,

Câmara Municipal de Braga. ! Câmara Municipal de Braga Gabinete de Acção Social

Prevalência de transtornos mentais em pacientes com ulceração

Depressão. Em nossa sociedade, ser feliz tornou-se uma obrigação. Quem não consegue é visto como um fracassado.

COMORBIDADES PSIQUIÁTRICAS E TRATAMENTO. Centro de Estudos da Clínica Jorge Jaber Psicóloga Simone Leite Especialista na área Clínica CRP 05/21027

COMORBIDADES PSIQUIÁTRICAS E TRATAMENTO. Centro de Estudos da Clínica Jorge Jaber Psicóloga Simone Leite Especialista na área Clínica CRP 05/21027

QUADRO DE VAGAS 2017/2 ESTÁGIO CURRICULAR PSICOLOGIA

COMO ANDA A SAÚDE MENTAL DO BRASILEIRO?

Atenção a Homens em Situação de Violência. Anne Caroline Luz Grüdtner da Silva

O Papel dos Psicólogos no Envelhecimento

PROGRAMA DE SAÚDE MENTAL: POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO EM REDE NA ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE

Semana de Psicologia PUC RJ

REDE DE CUIDADOS CONTINUADOS. Unimed Prudente. Dr. Edison Iwao Kuramoto Diretor Administrativo/Financeiro Gestão

Infarto Agudo do Miocárdio Avaliação de Saúde Mental. Versão eletrônica atualizada em Fevereiro 2009

RESOLUÇÃO CFM Nº 2.172, DE

TERAPIA COGNITIVA BRASÍLIA

Maria Carmen Viana. Departamento de Medicina Social PPG em Saúde Coletiva Centro de Estudos e Pesquisa em Epidemiologia Psiquiátrica UFES

PROGRAMA NACIONAL DE PREVENÇÃO DA DEPRESSÃO

Centro de Promoção da Vida e Prevenção do Suicídio - Hospital Mãe de Deus

Residência Médica 2019

MATRIZ CURRICULAR 2017 FORMAÇÃO DE PSICÓLOGO CICLO BÁSICO. 1º Período

SERVIÇO DE INTERCONSULTA PSIQUIÁTRICA EM HOSPITAL GERAL: UM SEGUIMENTO DE 7 ANOS

Núcleo de Saúde PROGRAMA

PSICOLOGIA CLÍNICA COM ÊNFASE NA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL

DEPENDÊNCIA QUÍMICA ENTRE MÉDICOS

Modelo de Apresentação de Caso para Supervisão

QUADRO DE VAGAS 2018/1 ESTÁGIO CURRICULAR PSICOLOGIA

REDAÇÃO Desafios Para Reabilitação De Usuários De Drogas No Brasil

Ansiedade Generalizada. Sintomas e Tratamentos

Trabalhando a ansiedade do paciente

Aprimoramento Clínico-Institucional em Psicologia 2019

O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DA LINHA DE CUIDADO PARA ATENÇÃO AOS CASOS DE TENTATIVA DE SUICÍDIO E AUTOAGRESSÃO

1 Manual do atendimento psicopedagógico

Grupo Hospitalar Conceição Gerência de Saúde Comunitária Atividades com grupos Unidade Conceição

DEPRESSÃO, O QUE É? A

GUIA DE ARGUMENTOS DE VENDAS. SUBPAV Coordenação Geral de Atenção Primária 1.0

CURSO DE CAPACITAÇÃO EM PSIQUIATRIA DA INFÂNCIA E DA ADOLESCÊNCIA 2017

PROPOSTAS DE ESTÁGIO - IA. ESTÁGIO OBRIGATÓRIO EM PSICOLOGIA E PROCESSOS ORGANIZACIONAIS IA Título: Psicologia e Processos Organizacionais

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE MEDICINA DEPARTAMENTO DE PSIQUIATRIA E MEDICINA LEGAL

l. Você notou algum padrão nessas reações (os momentos em que as coisas melhoram, horário do dia, semana, estação)?

Transtornos Alimentares e Transtorno por Uso de Substância: Considerações sobre Comorbidade

PROGREA Programa do Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas. ECIM Enfermaria de Comportamentos Impulsivos

NORMAS PARA TRATAMENTO DOS TRANSTORNOS MENTAIS

O comportamento suicida entre policiais militares de Alagoas

Profa. Ana Carolina Schmidt de Oliveira Psicóloga CRP 06/99198 Especialista em Dependência Química (UNIFESP) Doutoranda (UNIFESP)

CESSAÇÃO DE TABAGISMO ONLINE: PROGRAMA VIDA SEM CIGARRO. Silvia Maria Cury Ismael Hospital do Coração (HCor)

SAÚDE MENTAL DOS MÉDICOS RESIDENTES. Luiz Antonio Nogueira Martins

COMORBIDADES CLÍNICAS EM PACIENTES PSIQUIÁTRICOS

Pontifícia Universidade Católica de Goiás Pró-Reitoria de Graduação Departamento de Psicologia Plano de Ensino 2014/1

ANEXO IV - Análise de conteúdo da entrevista desde a 1ª questão até à 7ª. Orientações Teóricas

DEPENDÊNCIA DO ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS E TRANSTORNOS ALIMENTARES

Tire todas as suas dúvidas de como será o seu cuidado com

PROPOSTA DA LINHA DE CUIDADO DA SAÚDE DO IDOSO. Área Técnica Saúde da Pessoa Idosa

Manual de Orientações aos alunos. Ingressantes do Curso de PSICOLOGIA. Faculdades Integradas do Vale do Ribeira. Unisepe. Curso de Psicologia

Nada disto. Sintomas característicos:

Falando Abertamente Sobre suicídio

Programa de Apoio à Vida (PRAVIDA): Integrando Pesquisa, Intervenção e Ensino para a Prevenção do Suicídio.

CRONOGRAMA SESAB 19/ 09 PSICOLOGIA HOSPITALAR 25/09 PSICOLOGIA DA SAÚDE 21/09 SAÚDE COLETIVA

Transcrição:

SEGUIMENTO DOS INDIVÍDUOS QUE TENTARAM SUICÍDIO: A EXPERIÊNCIA DE CONTATOS PERIÓDICOS POR TELEFONE Marisa Lúcia Fabrício Mauro, Neury José Botega, Carlos Filinto da Silva Cais Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria FCM/UNICAMP Campinas, SP Brasil mmauro@fcm.unicamp.br INTRODUÇÃO O programa SUPRE foi iniciado em 1999 com iniciativa da OMS para prevenção do suicídio. Uma das justificativas deste estudo é que intervenções com pacientes psiquiátricos tais como a depressão grave são vantajosas, em termos de custos, e podem ser integradas a abordagens terapêuticas na atenção primária. Prevenção de tentativa de suicídio (TS) é uma questão difícil para a saúde mental. Identificar intervenções específicas pode reduzir morbidade e mortalidade por suicídio e melhorar a eficiências dos serviços de saúde. OBJETIVO Verificar diferenças nas taxas de TS entre dois grupos que tentaram suicídio: de Intervenção Breve (IB) e de Tratamento Usual (TU), num período de 18 meses. MÉTODO Estudo de intervenção breve realizado com 187 pacientes entrevistados quando do atendimento no Pronto Socorro-PS por Tentativa de Suicídio, distribuídos aleatoriamente em grupos de IB e TU, ambos informados que seriam procurados via telefone pela psicóloga para responder a um questionário (IB - 9 telefonemas: 1, 2, 4, 7, 11 semanas e 4, 6, 12 e 18 meses e os TU - 02 telefonemas no período de 18 meses: 6 e 18 meses). Os pacientes do grupo IB foram encaminhados ao ambulatório de Psiquiatria para um primeiro contato com a Psicóloga após liberado do PS para a Intervenção Breve. Foi utilizado, como instrumento um roteiro de entrevista elaborado pela equipe do SUPRE- MISS da OMS para obter as informações durante os telefonemas ou visitas; um roteiro para sessão de informação básica fornecida de modo estruturado; uma brochura com informações sobre comportamento suicida que era entregue aos pacientes do grupo de IB junto com uma relação de telefones de emergência dos postos de saúde de Campinas e

da Psiquiatria do HC da UNICAMP. Foi utilizado o referencial da Terapia Cognitivo- Comportamental para fazer as intervenções durante o seguimento. RESULTADOS No período de acompanhamento da amostra, 18 meses, tivemos 43 pessoas (23,12%) com novas tentativas de suicídio. No Grupo de IB: 26 (60,5%) sendo 20 sujeitos do sexo feminino e 6 do sexo masculino. No Grupo de TU: 17 indivíduos (39,5%) sendo 13 do sexo feminino e 4 do sexo masculino. Durante o período de acompanhamento faleceram 6 pessoas (3 IB e 3 TU). Os motivos relatados por familiares, do falecimento foram: Tabela 1- Causas do falecimento de sujeitos do estudo. Grupo de Intervenção Breve Grupo de Tratamento Usual (1 feminino-f; 2 masculino-m) (2 femininos-f; 1 masculino-m) 1-metástase -F 1-afogada (suicídio?)- F 2-problema respiratório-m 2-enforcou-se - F 3-infecção urinária- M 3-abuso bebida + medicação - M No início os telefonemas eram mais freqüentes, quando perguntado sobre novas tentativas de suicídio, muitos respondiam que SIM, representando um desejo de morrer. Nesta oportunidade lidávamos com os desejos de morte e de vida ). Estes dados nos levaram a levantar a hipótese de que os contatos por telefone dão oportunidade dos sujeitos relatarem os seus desejos de morte, o que era muitas vezes confundido com planos de morte, houve casos de terem relatado seus planos a nível de desejos do que propriamente tentativas de suicídio, algumas delas só viemos a descobrir que eram apenas desejos durante o grupo de apoio onde pacientes podia falar mais abertamente do que por telefone. Para o grupo IB oferecemos telefonemas e plantão psicológico quando necessário. Tivemos 45 procuras espontâneas no Plantão Psicológico. Ao final dos 18 meses, todos os sujeitos (IB e TU) foram convidados a participar de um grupo de apoio que só se encerrou 6 meses após o final da intervenção. As conversas durante os telefonemas, além dos dados do questionário tinham como principais temas: 1-O relacionamento com os familiares; 2- A dependência química; 3- O desemprego; 4- Os sintomas psiquiátricos (depressão grave, insônia, crises pânico e

outras) ; 5- Sobre crises de alucinação; 6- A falta de Aderência ao tratamento medicamentoso; 7- Os preconceitos; 8- A solidão e rejeição; 9- Os problemas referentes ao transtorno alimentar (obesidade, bulimia) com comorbidade depressiva; 10- A epilepsia como impedimento da felicidade; 11- As dificuldades enfrentadas pela doença e o tratamento; 12- Os problemas de Insônia ou sonolência e a relação com não adaptação à medicação; 13- Os sentimentos de culpa por não estar com a guarda dos filhos e a TS como manutenção destes sentimentos; 14- As crises de pânico; 15- A Incapacidade para o trabalho e dificuldades até para sair só; 16- A dificuldade para se inserir em tratamento ;17- Compartilhavam alegrias também e as melhoras. Criamos uma rede de apoio para desenvolver o trabalho e para oferecer o suporte necessário aos sujeitos e ao trabalho da pesquisadora: - Encaminhamos ofício ao serviço de transporte do hospital (para agendamento das visitas domiciliares); Solicitamos a colaboração do Serviço Social (em casos de doação de alimento, vale transporte; informações jurídicas e trabalhistas, entre outras); Junto com o serviço social implantamos uma sala de espera semanal com atividades manuais (tricô, crochê, pintura, biskuit, tapeçaria, e outras.); Buscamos atividades alternativas na cidade ou nas localidades onde moravam os pacientes tais como cursos gratuitos na cidade, grupos apoio, etc.; Realizamos encaminhamentos específicos: para rede saúde da cidade, ambulatório de psiquiatria, tanto para o paciente como para familiar e/ou pessoas de apoio; Foi solicitado à recepção para encaminhar ou permitir a entrada de pacientes do estudo, para serem atendimentos mesmo sem o agendamento e para tanto encaminhado memorando à portaria do HC para liberar pacientes que referissem fazer parte da pesquisa do SUPRE-MISS, sem agendamento. Algumas dificuldades encontradas na intervenção: inicialmente o local para fazer os telefonemas era no corredor do departamento e tínhamos muito barulho, gozações pois as pessoas ouviam o bate papo; Dificuldade em definir o que o sujeito afirmava como TS (TS ou ideação suicida?); Mudanças freqüentes de número do telefone e do endereço; Dificuldade para desistir do contato com o sujeito quando não era encontrado; Os problemas dos outros que apareciam tais como familiares e amigos e que acabavam gerando demandas para pesquisadora mas que foram importantes para diminuir o estresse do paciente e deste ter tempo em cuidar de si. Outra dificuldade foram as visitas, o local das visitas (inesperados) como casa de prostituição, local de trabalho, favela, lugares perigosos, aguardar o culto para falar com paciente. Também tínhamos que ter cuidado ao falar ao telefone para evitar problemas referentes à quebra do sigilo

Durante os contatos telefônicos ou visitas, buscávamos dar ênfase nas Interpretações alternativas para situações vivenciadas negativamente; mostrar a responsabilidade do paciente para a mudança; identificar recursos internos (característica personalidade, físicas, competências) e externos (família, amigos, grupos) para solução dos problemas; Discutir as possíveis soluções, vantagens e desvantagens de cada opção na solução dos problemas; lidar com a desesperança e a visão negativa do futuro (influência das memórias passadas, supergeneralizadas); Introduzindo detalhes não percebidos pelo paciente nas situações difíceis ou de estresse; Desfazendo distorções e proporcionando a reestruturação cognitiva. CONCLUSÕES: O resultado do trabalho revela que não há diferenças nas taxas TS entre grupos de IB e TU. Apesar dos resultados, podemos afirmar que as informações, os telefonemas e o plantão para atendimentos individuais foram decisivos para impedir novas tentativas de suicídio e TS mais graves. O apoio oferecido, por telefone ou pessoalmente à solicitação de ajuda em situações de emergência ou de desejo de morrer foram fundamentais para lidar com os aspectos psicológicos que mantêm o comportamento suicida: a ambivalência entre morrer e viver, a impulsividade e os pensamentos e sentimentos disfuncionais (depressão, desesperança, desamparo e desespero). Muitos dos pacientes melhoravam sua auto-estima e, através de técnicas como a resolução de problemas, podiam resolver muitos dos problemas mais emergentes e conseqüentemente de sua vida. Alguns dos seguimentos se prolongaram por até 6 meses, revelando que a vinculo facilita a aceitação de novas maneiras de ver a vida e os problemas além da morte. Podemos afirmar que as informações, os telefonemas e o plantão para atendimentos individuais foram decisivos para impedir TS mais graves. Estar atenta e intervir foi muito bem aceito por todos. Alguns que estavam em psicoterapia gostavam dessa interação mais simétrica e ativa de nossa parte. O vínculo, a escuta e a atividade terapêutica motivadora facilitaram a aceitação de novas maneiras de ver a vida e seus problemas, além da morte. Palavras-Chave: tentativa de suicídio; intervenção breve; telefonemas. Bibliografia 1. Barros, M B A; Oliveira, H B O & Marin-Leòn, L Epidemiologia no Brasil. In: Werlang, BG; Botega, N J e Col. Comportamento Suicida. Porto Alegre: Artmed; 2004. p. 45-58.

2. Bertolote, J M; Fleischmann, A.; De Leo, D.; Wasserman, D.; Phillips, M.; Botega, N. J.; et alis 'Brief Intervention and Contact' for suicide attempters effective? The experience from seven culturally different emergency care settings. 3- Botega, N.J.; Mauro, M. L. F.; Cais, C F S. Estudo multicêntrico de intervenção no comportamento suicida Supre-Miss Organização Mundial da Saúde. In: Werlang, BG; Botega, N J e Col. Comportamento Suicida. Porto Alegre: Artmed; 2004. p.177-182