Arq.Biol.Tecnol.40(2): , jun., 1997

Documentos relacionados
COMUNICADO TÉCNICO. Turfa como veículo para a inoculação de bactérias diazotróficas na cultura de arroz. ISSN Nº 49, Out/2001, p.1-5.

CARACTERIZAÇÃO DE BACTÉRIAS PROMOTORAS DE CRESCIMENTO VEGETAL DO GÊNERO Gluconacetobacter

PRODUTIVIDADE DE MILHO INOCULADO COM Azospirillum brasilense EM DIFERENTES DOSES DE NITROGÊNIO, EM LATOSSOLO VERMELHO Safra 2012/13 INTRODUÇÃO

PRODUÇÃO DE ÁCIDO-3-INDOLACÉTICO (AIA) POR BACTÉRIAS DIAZOTRÓFICAS ISOLADAS DE SOLOS CULTIVADOS COM Brachiaria sp. RESUMO

Efeito da inoculação de Azospirillum e Herbaspirillum na produção de compostos indólicos em plântulas de milho e arroz

PRODUÇÃO DE ÁCIDO 3-INDOLACÉTICO IN VITRO POR BACTÉRIAS RHIZOBIACEAS PROMOTORAS DE CRESCIMENTO VEGETAL

INOCULAÇÃO DE BACTERIAS DIAZOTRÓFICAS EM SEMENTES DE ALFACE

Avaliação de Dois Mecanismos de Promoção do Crescimento Vegetal in vitro por Bactérias Diazotróficas Endofíticas de Milho

ASSOCIAÇÃO MICORRÍZICA ARBUSCULAR EM PLANTAS MICROPROPAGADAS DE Jatropha curcas L. (PINHÃO - MANSO)

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

Boletim de Pesquisa 27 e Desenvolvimento

OCORRÊNCIA E ISOLAMENTO DE BACTÉRIAS DIAZOTRÓFICAS ASSOCIADAS À CANA-DE-AÇÚCAR

Revista Perquirere 15(3): , set./dez Centro Universitário de Patos de Minas.

Diferenciação Metabólica de Isolados de Bactérias Diazotroficas Através do Sistema BIOLOG

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

Microbiolização de sementes com bactérias diazotróficas isoladas de milho

Resposta a Inoculação de Estirpes de Azospirillum brasilense na Cultura do Milho na Região Oeste do Paraná

Fixação de nitrogênio e produção de ácido indolacético in vitro por bactérias diazotróficas endofíticas

PROSPECÇÃO DE BACTÉRIAS PROMOTORAS DE CRESCIMENTO PROSPECTION OF GROWTH PROMOTING BACTERIA

DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA RADICULAR DO MILHO (ZEA MAYS L.) : EFEITOS DA MICORRIZA E DO P.

INFLUENCIA DO INOCULANTE AZOTOTAL NA PRODUTIVIDADE DO MILHO SAFRINHA

Ministério da Agricultura e do Abastecimento Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária-EMBRAPA Centro Nacional de Pesquisa de Agrobiologia-CNPAB

ALUMÍNIO EM SISTEMAS DE CULTURAS NO SISTEMA DE PLANTIO DIRETO. VANDERLISE GIONGO Engenheira Agrônoma - UFPeI

Promoção de Crescimento de Mudas de Café (Coffea arabica) Inoculadas com Azospirillum brasilense Estirpe Cd

QUALIDADE DE SEMENTES DE MILHO EM RESPOSTA À ADUBAÇÃO NITROGENADA E À INOCULAÇÃO COM BACTÉRIAS DIAZOTRÓFICAS

ARYÁDINA MARA RIBEIRO DE SOUZA

Documentos ISSN Junho/

Quantificação de Rutina e Genistina e Identificação de Metabólitos Secundários em Raízes e Folhas de Soja

Crescimento inicial de plantas de arroz inoculadas com Azospirillum spp.

Instituição: Embrapa Amazônia Ocidental, Rodovia AM 010, km 29 Zona Rural, CEP Manaus AM. (92)

CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA E GENOTÍPICA DE RIZÓBIOS ISOLADOS DE FEIJÃO CAUPI CULTIVADO EM SOLOS NO CERRADO DO ESTADO DO TOCANTINS

Inoculação de bactérias diazotróficas em plântulas de Alface

Inoculação com Azospirillum brasilense, e manejo da adubação nitrogenada na cultura do trigo cv. BRS Guamirim

INOCULAÇÃO DE BACTÉRIAS DIAZOTRÓFICAS E DESENVOLVIMENTO DE PLÂNTULAS DE ARROZ IRRIGADO EM SOLO E CÂMARA DE CRESCIMENTO

Crescimento micelial de Agaricus blazei em diferentes substratos

Produção de ácido indolacético por rizóbios isolados de caupi

INOCULAÇÃO DE BACTÉRIAS DIAZOTRÓFICAS E DESENVOLVIMENTO DE PLÂNTULAS DE ARROZ IRRIGADO EM SOLUÇÃO NUTRITIVA E CÂMARA DE CRESCIMENTO

INFLUÊNCIA DE Azospirillum brasilense NO DESENVOLVIMENTO VEGETATIVO, PRODUÇÃO DE FORRAGEM E ACÚMULO DE MASSA SECA DA AVEIA PRETA

Diversidade de rizóbios que nodulam o feijoeiro (Phaseo!us vulgaris L.) em solos dos cerrados

ANEXO II - FORMULÁRIO PARA DISCIPLINAS DA PÓS-GRADUAÇÃO

Seleção de Bactérias Promotoras para Produção Orgânica de Soja e Trigo

BACTÉRIAS DIAZOTRÓFICAS COMO PROMOTORAS DO DESENVOLVIMENTO INICIAL DE PLÂNTULAS DE ARROZ

Palavras-chave: bactérias diazotróficas, matéria seca de raiz, inoculação.

Produção de forragem e qualidade de Brachiaria brizantha cv. Marandu com Azospirillum brasilense e fertilizada com nitrogênio*

ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DO RESUMO EXPANDIDO DO ALUNO (BOLSISTA OU VOLUNTÁRIO) DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA ( )

Avaliação da eficiência agronômica de inoculante líquido contendo bactérias do gênero Azospirilium

UMA NOVA ESTRATÉGIA PARA ISOLAR Gluconacetobacter diazotrophicus DE PLANTAS DE CANA-DE-AÇÚCAR

Inoculação de gramíneas: o que há de concreto.

OXIRREDUÇÃO EM SOLOS ALAGADOS AFETADA POR RESÍDUOS VEGETAIS

BACTÉRIAS DIAZOTRÓFICAS E ADUBAÇÃO NITROGENADA EM CULTIVA- RES DE ARROZ 1

Boletim de Pesquisa 06 e Desenvolvimento ISSN X

Fixação Biológica do Nitrogênio (FBN) Fernando D. Andreote

PROTOCOLO OPERACIONAL PARA TRANSFERÊNCIA DE CÉLULAS BACTERIANAS PARA MEIO LÍQUIDO

BACTÉRIAS DIAZOTRÓFICAS EM MUDAS DE BANANEIRA 1

Acúmulo de biomassa em variedades de cana-de-açúcar inoculadas com diferentes estirpes de bactérias diazotróficas 1

ISSN: Respostas de cultivares de arroz a formas de inoculação com Azospirillum brasilense

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

Solução nutritiva com adição de N mineral para estudos relacionados à fixação biológica de nitrogênio. ISSN Julho, 2014

Uso de Bactérias Fixadoras de Nitrogênio como Inoculante Agrícola

SOBREVIVÊNCIA DE BACTÉRIAS DIAZOTRÓFICAS EM SUBSTRATOS ALTERNATIVOS PARA A CANA-DE-AÇÚCAR

Bactérias halotolerantes e promotoras de crescimento vegetal associadas à Atriplex nummularia L. (1)

INFLUÊNCIA DOS MEIOS DE CULTURA NA TAXA DE MULTIPLICAÇÃO DE EXPLANTES DE Gypsophila cv. Golan

INFLUÊNCIA DO NITROGÊNIO MINERAL E DO ph DA RIZOSFERA SOBRE A POPULAÇÃO DE BACTÉRIAS DIAZOTRÓFICAS EM PLANTAS DE ARROZ

EFEITO DE TRÊS NÍVEIS DE ADUBAÇÃO NPK EM QUATRO VARIEDADES DE MANDIOCA ( 1 )

IDENTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RIZOBACTÉRIAS ISOLADAS DE RAÍZES DE MILHO ( 1 )

DOSES DE NITROGÊNIO E INOCULAÇÃO COM AZOSPIRILLUM NA QUALIDADE FISIOLÓGICA E SANITÁRIA DE SEMENTES DE TRIGO

COMUNICADO TÉCNICO ISSN Nº 51, dez.2001, p.1-9

AVALIAÇÃO DE ISOLADOS DE

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

Avaliação da nodulação e eficiência simbiótica em feijão-caupi inoculado com rizóbios nativos de Mato Grosso do Sul

4.1 - Introdução. Fontes. Nitrogênio: requerido em grande quantidade pelas plantas. Nitrogênio do solo. Fertilizantes

RESPOSTA DA MAMONEIRA A FUNGOS MICORRÍZICOS ARBUSCULARES E A DOSES DE FÓSFORO*

Isolamento de Gluconacetobacter spp. em diferentes tipos de solos

Viabilidade do inoculante turfoso produzido com bactérias associativas e molibdênio 1

INOCULAÇÃO DE BACTÉRIAS DIAZOTRÓFICAS E FUNGOS MICORRÍZICO- ARBUSCULARES NA CULTURA DA MANDIOCA 1

USO DE TRICHODERMA ASPERELLUM NA PROMOÇÃO DO CRESCIMENTO DE PLÂNTULAS DE ALFACE (Lactuca sativa L.)

Respostas agronômicas de milho consorciado e co-inoculado cultivado em dois tipos de solo

CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE RIZÓBIOS ISOLADOS DE FEIJÃO- CAUPI E ESPÉCIES DE ADUBAÇÃO VERDE CULTIVADO EM SOLOS NO CERRADO NO ESTADO DE TOCANTINS.

028 - Co-inoculação de rizóbio e Azospirillum brasilense em feijoeiro (Phaseolus vulgaris L.)

BACTÉRIAS DIAZOTRÓFICAS EM MUDAS DE BANANEIRA 1

Vitória da Conquista, 10 a 12 de Maio de 2017

NO DESENVOLVIMENTO DE GENÓTIPOS DE MILHO SOB DIFERENTES NÍVEIS DE NITROGÊNIO

Diversidade de bactérias endofíticas associadas à Mandioca (Manihot esculenta Crantz)

Seleção de inoculantes à base de turfa contendo bactérias diazotróficas em duas variedades de arroz

AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE ESTABELECIMENTO ENDOFÍTICO DE ESTIRPES DE Azospirillum E Herbaspirillum EM MILHO E ARROZ

MECANISMOS DE CORREÇÃO DA ACIDEZ DO SOLO NO SISTEMA PLANTIO DIRETO COM APLICAÇÃO DE CALCÁRIO NA SUPERFÍCIE

RENATA APARECIDA MENDES

Produtividade do Milho em Resposta a Inoculação das Sementes com Azospirillun brasilense

AVALIAÇÃO DE CULTIVARES DE SOJA SUBMETIDAS A CO- INOCULAÇÃO EVALUATION OF SOYBEAN CULTIVARS SUBMITTED TO CO- INOCULATION

Eficiência agronômica de inoculante líquido composto de bactérias do gênero AzospirÜ!um

Análise da Diversidade do Sistema Radicular de Linhagens e Híbridos de Milho Cultivados em Solução Nutritiva em Diferentes Níveis de Fósforo

Utilização de Composto Orgânico com Diferentes Níveis de Enriquecimento, como Substrato para Produção de Mudas de Alface e Beterraba

ISSN Protocolos para Preparo de Meios de Cultura da Embrapa Agrobiologia

Resposta do milho verde à inoculação com Azospirillum brasilense e níveis de nitrogênio - NOTA -

E FUNGOS MICORRÍZICOS ARBUSCULARES NA CULTURA DA MANDIOCA 1

MORFOLOGIA RADICULAR E EFICIÊNCIA DE ABSORÇÃO DE NITROGÊNIO EM GENÓTIPOS DE SORGO INFLUENCIADOS PELO SUPRIMENTO DE NITROGÊNIO EM SUBSTRATO HIDROPÔNICO

RELATIONSHIP BETWEEN THE MINI-TOLETE SIZE AND THE GROWTH OF SUGAR CANE INOCULATED WITH DIAZOTROPHIC BACTERIA AND PRODUCED IN DIFFERENT SUBSTRATES

Transcrição:

Arq.Biol.Tecnol.40(2):435-491, jun., 1997 AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO IN VITRO DE AGIDO INDOL ACÉTICO POR BACTÉRIAS DIAZOTRÓFICAS PELO MÉTODO COLORIMETRICO E EM HPLC EVALUATION OF INDOLE ACETIC ACID PRODUCTION BY DIAZOTROPHIC BACTERIA USING A COLORIMETRIC METHOD AND HPLC Elcio L. Balota 1,5, Eli S. Lopes 2,5, Mariangela Hungria 3,5, " " João de Lima 1 & Johanna Dobereiner 1 Instituto Agronômico do Paraná-IAPAR, Caixa Postal 481, CEP 86001-970, Londrina-Pr. 2 Instituto Agronômico de Campinas, Campinas, SP. 3 EMBRAPA-Centro Nacional de Pesquisa de Soja,, Londrina-Pr. 4 EMBRAPA-Centro Nacional de Pesquisa de Agrobiologia, Seropédica, RJ. 5 Bolsista de pesquisa do CNPq. Recebido para publicação em 18 de abril de 1997 ABSTRACT The aim of this study was to evaluate the production of indole acetic acid (IAA) in vitro by diazotrophic bacteria, using a colorimetric method and HPLC. The following bacteria were used: Bacterium E (probably Burkholdería spp.), isolated from cassava plants (E-25 and E-30) and rice (E-247), Azospiríllum lipoferum (M-33 and Sp 59), A. brasilense (Sp7 and Sp245), Herbaspiríllum seropedicae (Z67) and Acetobacter diazotrophicus (PAL 5). Bacteria were inoculated in liquid medium supplemented or not with 0.3 mm triptophan and were grown in the dark with constant agitation. Evaluations were performed 72 hours after inoculation. Using the colorimetric method of Salkowsky, IAA production varied from 6.05 to 82.75 um in the absence of triptophan and from 12 to 285.07 um in the medium enriched with tryptophan. Using the HPLC, these concentrations were of 1.40 to 18.22. um in the medium without triptophan and from 3.78 to 43.00 um with triptophan. Consequently, values obtained with the HPLC were between 2.05 and 11.57 times lower than with the colorimetric method in medium without tryptophan and from 3.00 to 8.55 times lower when the medium was supplemented with the aminoacid. However, a significative linear correlation (r=0.87**) was observed between the data obtained by the two methods, showing that the colorimetric method can be routinely used. Key words: phytohormones, colorimetric method, tryptophan, biological nitrogen fixation INTRODUÇÃO Muitos trabalhos têm evidenciado efeitos benéficos no crescimento das plantas pela inoculação de rizobactérias. Sabe-se que muitos deste efeitos se devem a algumas características das bactérias, como a fixação biológica de N 2, inibição de fitopatógenos, produção de fitohormônios, entre outras (1; 2; 3; 4). Estas bactérias proporcionam alterações nos padrões morfoi fisiológicos das raízes, como: incremento no diâmetro, densidade e comprimento dos pêlos radiculares, maior absorção de nutrientes, aumento nos teores de ácido indol acético (AIA) e ácido indol butírico (AIB) nas raízes e maior atividade 435

Arq.Biol.Tecnol.40(2):485-491.jun.,1997 metabólica e de enzimas nas raízes (5; 6; 7). Alguns destes trabalhos têm mostrado que a inoculação de bactérias apresenta efeito benéfico similar à aplicação de AIA, GA-3 e cinetina (8). O AIA, pertence ao grupo das auxinas, grupo de fitohormônios envolvidos na regulação do crescimento das raízes- (9). O AIA pode ser sintetizado e excretado por bactérias diazotróficas asociativas como as pertencentes ao gênero Azospiríllum (10) a partir do triptofano, que é utilizado como fonte de N (7). Existem, contudo, dificuldades de se trabalhar em condições de rizosfera, pois nem sempre as metodologias disponíveis apresentam sensibilidade suficiente para detectá-los. Por isso, muitos experimentos têm sido conduzidos in vitro com a adição de triptofano, precursor do AIA, o que aumentaria sua produção e, consequentemente, sua detecção (4). O objetivo do trabalho foi avaliar o acúmulo de AIA in vitro por bactérias diazotróficas, pelo método colorimétrico e em HPLC. MATERIAL E MÉTODOS Foram utilizadas estirpes de bactérias diazotróficas da Bactéria E, provavelmente Burkholderia (11), isoladas da mandioca (E-25 E e-30) e do arroz (E-247) e estirpes padrões como: A. brasilense Sp7 (ATCC 29145) e Sp245, A. lipoferum Sp59 (ATCC 29707), Herbaspiríllum seropedicae Z67 e Acetobacter diazotrophicus PAL5 (ATCC 49037). As bactérias foram pré-cultivadas, por 24 horas, nos seus respectivos meios líquidos (GOC, LGI-P e NFb, com três vezes a concentração de fosfato) (12), centrifugadas a 15.000 g por 30 minutos e lavadas, por três vezes, em solução tampão fosfato 0,06 M esterilizado. A seguir, procedeu-se a uma nova centrifugação, objetivando-se remover possíveis resíduos de fitohormônios e, finalmente, as bactérias foram ressuspensas na mesma solução tampão com mesmo volume. Alíquotas de 0,1 ml desta cultura foram inoculadas em tubos de ensaio contendo 16 ml de meio líquido (GOC, LGI-P e NFb) na ausência ou presença de 0,3 mm de L-triptofano esterilizado via filtro de nitrocelulose (0,22 um) Millipore. Estas bactérias foram cultivadas sob agitação (40 rpm), no escuro, a 28 C, pois a luz oxida o AIA. A quantificação do fitohormônio AIA no meio foi realizada 72 horas após inoculação, em três repetições. As culturas foram centrifugadas a 15.000 g por 30 minutos e o sobrenadante filtrado em membranas de Millipore 0,22 um antes de serem submetidas à metodologia colorimétrica com o reagente de 486

Arq.Biol.TecnoL.40(2):485-491,jun.,1997 Salkowski modificada (13;14). Nesta metodologia, para cada parte do sobrenadante da bactéria foram adicionadas duas partes de FeCI 3 0,01 M em HCIO 4 35% e, após 25 minutos, as leituras da absorbância foram feitas a 530 nm, em três repetições. A quantificação do AIA foi feita através da curva padrão obtida com concentrações de 0 a 250 u M do padrão de AIA. Na avaliação em HPLC, o sobrenadante do meio foi extraído com acetato de etila em ph 2,8 e analisado pela injeção de 20 ul em HPLC Waters mod. 510, utilizando coluna Novapak C18 com 15 cm de comprimento, tendo como solvente metanol:ácido fosfórico 1% em água (40:60, v/v), a um fluxo de 1 ml/min. O detector utilizado foi o UV a 278 nm. O AIA foi quantificado pela integração da área pelo microprocessador do módulo de dados Waters. O tempo de retenção para o pico foi comparado com o pico do AIA padrão. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os dados de acúmulo de AIA no meio de cultura, em função da adição ou não de triptofano, avaliados pelo método colorimétrico e em HPLC encontram-se na Tabela 1. Pode-se observar que todas as bactérias acumulam AIA no meio, independente da presença de triptofano, e que os valores obtidos pelo método colorimétrico foram superiores aos obtidos em HPLC. Os resultados evidenciam que as bactérias diazotróficas apresentaram acúmulo distintos de AIA no meio, avaliado tanto pelo método colorimétrico como em HPLC. Na avaliação pelo método colorimétrico houve acúmulo de 6,05 a 82,75 um no meio sem triptofano e 12,00 a 285,07 nm com adição de triptofano. Já na avaliação em HPLC, os valores variaram de 1,40 a 18,22 (im no meio sem triptofano e de 3,78 a 43,00 um com a adição de triptofano. A. lipoferum acumulou até 53,25 um em meio sem triptofano e 101,15 um com adição de triptofano pelo método colorimétrico e 10,00 e 14,33 um em-hplc. Os valores obtidos em HPLC foram em tomo de quatro vezes menores para M-33 e nove vezes menores para Sp59, em relação aos valores observados pelo'método colorimétrico no meio sem adição de triptofano. Em experimentos conduzidos anteriormente com A. lipoferum os valores situaram-se entre 28 e 97 um (15) e 86 um em avaliação pelo método colorimétrico (16). Já HOREMANS et ai. (17) observaram valores entre 15 e 51 um após 144 horas de incubação, em avaliações tanto pelo método colorimétrico com em HPLC e CROZIER et al. (16) constataram até 23 um em avaliação pelo HPLC. 437

Arq. Biol.Tecno1.40(2):485-491,jun.,1997 Tabela 1. Acúmulo de ácido indol acético em meio de cultura, avaliado pelo método colorimétrico e em cromatografía líquida de alta pressão (HPLC), após 72 horas de incubação. Médias de três repetições. Para A. brasilense, os valores acumulados foram de até 82,75 e 114,33 um respectivamente em meio sem e com triptofano pelo método colorimétrico e 18,22 e 21,29 um em HPLC. Os valores obtidos em HPLC com a estirpe Sp7 foram 11 e sete vezes inferiores aos obtidos pelo método colorimétrico, respectivamente para os meios com e sem triptofano. Com a Sp 245, os valores obtidos pelo HPLC foram quatro vezes menores aos do método colorimétrico. Em trabalhos utilizando estirpes de A. brasilense isoladas de plantas de cactáceas no México, foram constatados acúmulo de 205 a 428 u.m, avaliando o AIA pelo método colorimétrico (15), enquanto que em outros trabalhos, utilizando A. brasilense (Sp7 e Sp245), foram observados de 15 a 90 u M em meio sem e com triptofano, respectivamente (18). Em estirpes isoladas de raízes de milho avaliados em HPLC foram observados de 1,14 a 25,68 u.m (16), enquanto que em estirpes Cd, foram observados 0,67 um em meio contendo triptofano, utilizando radioisótopos (19). 488

Arq. Biol. Tecnol.40(2):485-491,jun.,1997 Figura 1. Regressão e coeficiente de correlação linear entre acúmulo de AIA no meio determinado pelo método colorimétnco e em HPLC. A. diazotrophicus acumulou 14 vezes mais AIA no meio com triptofano, quando avaliado por coiorimetria, e 4,4 vezes mais na avaliação por HPLC. Os valores observados em HPLC foram em torno de duas e seis vezes menores aos observados por coiorimetria no meio com e sem adição de triptofano, respectivamente. Observações feitas em estirpes isoladas no México evidenciaram acúmulo de até 371 um em avalições pelo método colorimétrico. Neste mesmo trabalho, foi observado que a estirpe PAL5 foi uma das bactérias que apresentaram maior capacidade de acúmulo de AIA no meio (20). O método colorimétrico de Salkowski tem sido questionado como não confiável na avaliação de AIA (16; 20). Entretanto, neste trabalho detectouse uma alta correlação linear dos dados obtidos pelo dois métodos (R=0,87**). Estes resultados, e a similaridade dos valores obtidos em vários trabalhos, evidenciam que, apesar das imperfeições metodológicas, o método colorimétrico pode ser perfeitamente utilizado, pela facilidade e repetibilidade dos resultados, apesar das pequenas modificações inerentes aos materiais e metodologia de cada trabalho. CONCLUSÕES - O método colorimétrico é adequado para avaliação da capacidade de produção de AIA por bactérias diazotróficas. - A adição de triptofano ao meio auxilia na detecção do ácido indol acético. - Os valores encontrados pelo método colorimétrico são inferiores aos obtidos em HPLC, mas existe alta correlação entre os métodos. 489

Arq.Biol.Tecnol.40(2):485-491,jun.,1997 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. TIEN, T.M.; GASKENS, M.H. & HUBBEL, D.H. (1979). Plant growth substances produced by Azospirillum brasilense and their effect on the growth of pearl millet (Pennisetum americanum L). Applied and Environmental Microbiology, Washington, 37: 1016.-1024, 1979. 2. BARBIERI, P.; BERNARDI, A.; GALLI, E. & ZANETTI, Q. (1988). Effects of inoculation with different strains of Azospirillum brasilense on wheat root development. In: KLINGMULLER, W., ed., Azospirillum IV: geneíics, physiology, ecology. Berlin: Springer-Verlag, 1988. p. 181-188. 3. FALLIK, E.; OKON, Y. & FISCHER, M. (1988). The effect of Azospirillum brasilense inoculation on metabolic enzyme activity in maize root seediings. Symbiosis, Rehovot, 6: 17-28, 1988. 4. SUMNER, M.E. (1990). Crop Responses to Azospirillum Inoculation. Advances in Soil Science, New York, 12: 53-123, 1990. 5. KAPULNIK, Y.; OKON, Y. & HENIS, Y. (1985). Changes in root morfology of wheat caused by Azospirillum inoculation. Canadian Journal of Microbiology, Ottawa, 31: 881-887, 1985. 6. HADAS, R. & OKON, Y. (1987). Effect of Azospirillum brasilense inoculation on root morphology respiration in tomato seediings. Biology and Fertility of Soils, Berlin, 5: 241-247, 1987. 7. FALLIK, E.; OKON, Y; EPSTEIN, E.; GOLDMAN, A. & FISCHER, M. (1989). Identification and quantification of IAA and IBA in Azospirillum brasilense inoculated maize roots. Soil Biology & Biochemistry, Oxford, 21: 147-153, 1989. 8. KOLB, W. & MARTIN, P. (1985). Response of plants to inoculation with Azospirillum brasilense and to application of indole acetic acid. In: KLINGMULLER, W. ed., Azospirillum III: Genetics, Physiology, Ecology. Springer-Verlag, Berlim, 1985. p.215-221. 9. SCOTT, T.K. (1972). Auxin and roots. Annual Review of Plant Physiology, Paio Alto, 23:235-258, 1972. 10. DE FRANCISCO, R.; ZANETTI, G.; BARBIERI, P. & GALLI, E. (1985). Auxin production by Azospirillum brasilense under different culture conditions. In: KLINGMULLER, W., ed., Azospirillum IV: genetics, physiology, ecology. Springer-Verlag, Berlim. 1985. p. 109-115. 11. HARTMANN, A.; BALDANI, J.I.; KIRCHHOF, G.; ABMUS, B.; HUTZLER, P.; SPRINGER, N.; LUDWIG, W.; BALDANI, V.L & DÕBEREINER, J. (1995). Taxonomic and ecologic studies of diazotrophic rhizosphere bactéria using phylogenetic probes. In: FENDRIK, I.; GALLO, M.; VANDERLEYDEN, J.; ZAMAROCZY, M., (Eds.). Azospirillum VI and related microorganisms: genetics, physiology, ecology. Berlin: Springer-Verlag, 1995. p.415-427. 490

Arq.Biol.TecnoL.40(2) :485-491,jun.,1997 12. BALOTA, E.L. 1994). Interação de bactérias diazotróficas e fungos micorrízicos vesículo-arbusculares na cultura da mandioca (Manihot esculenta Crantz). Itaguaí: UFRRJ, 1994. 281 p. Tese de Doutorado. 13. GORDON, S.A. & WEBER, R.P. (1951). Colorimetric estimation of indoleacetic acid. Plant Physiology, Lancaster, 26: 192-195, 1951. 14. MINAMISAWA, K.; SEKI, T.; ONODERA, S.; KUBOTA, M. & ASAMIT, T. (1992). Genetic relatedness of Bradyrhizobium japonicum field isolates as revealed by repeated sequences and various other characteristics. Applied and Enviromental Microbiology, Washington, 58: 2832-2839, 1992. 15. MASCARUA-ESPARZA, M.A.; VILLA-GONZALEZ, R. & CABALLERO- MELADO, J. (1988). Acetylene reduction and indoleacetic acid production by Azospiríllum isolates from cactaceous plants. Plant and Soil, Dordrecht, 106: 91-95, 1988. 16. CROZIER, A.; ARRUDA, P.; JASMIM, J.M. & MONTEIRO, A.M. (1988). Analysis of indole-3-acetic and related indoles in culture medium from Azospirillum lipoferum and Azospirillum brasilense. Applied and Environmental Microbiology, Washington, 54: 2833-2837, 1988. 17. HOREMANS, S.; DE KONNINCK, K; NEURAY, J.; HERMANNS, R. & VLASSAK, K. (1986). Production of plant growth substances by Azospirillum sp. and the rhizosphere bacteria. Symbiosis, Rehovot, 2: 341-346, 1986. 18. ZIMMER, W. & BOTHE, H. (1988). The phytohormonal interactions between Azospiríllum and wheat. Píant and Soil, Dordrecht, 110: 239-247, 1988. 19. OMAY, S.H.; SCHIMIDT, W.A.; MARTIN, P. & BANGERTH, F. (1993). Indoleacetic acid production by the rhizosphere bacterium Azospirillum brasilense Cd under in vitro conditions. Canadian Journal of Microbiology, Ottawa, 39: 187-192, 1993. 20. FUENTES-RAMIREZ, L.E.; JIMENEZ-SALGADO, T.; ABARCA-OCAMPO, I.R. & CABALLERO-MELLADO, J. (1993). Acetobacter diazotrophicus, an indoleacetic producing bacterium isolated from sugarcane cultivars of México. Plant and Soil, Dordrecht, 154: 145-150, 1993. 491