OCORRÊNCIA DE COMMELINA VILLOSA COMO PLANTA DANINHA EM ÁREAS AGRÍCOLAS NO ESTADO DO PARANÁ-PR, BRASIL 1

Documentos relacionados
CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DE ESPÉCIES DE TRAPOERABA (Commelina spp.) UTILIZANDO A ANÁLISE MULTIVARIADA 1

AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA NO DESENVOLVIMENTO DE BUVA, CARURU E CAPIM-AMARGOSO

ANÁLISE DO CRESCIMENTO DO CAPIM-AMARGOSO SOB INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA: ALTERNÂNCIA 20 C DIURNA E 15 C NOTURNA

AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE CONTROLE RESIDUAL DE PLANTAS DANINHAS DO HERBICIDA CLOMAZONE, APLICADO NA DESSECAÇÃO, NA CULTURA DO ALGODÃO

MATERIAL E MÉTODOS RESULTADOS E DISCUSSÃO

RESPOSTA DE BIÓTIPOS DE Borreria latifolia DO SUDOESTE DO PARANÁ E NORTE DE SANTA CATARINA AO HERBICIDA GLYPHOSATE

INTERFERÊNCIA DA INFESTAÇÃO DE PLANTAS VOLUNTÁRIAS NO SISTEMA DE PRODUÇÃO COM A SUCESSÃO SOJA E MILHO SAFRINHA

EFEITOS DA CONVIVÊNCIA DO CAPIM-AMARGOSO NA PRODUTIVIDADE DA SOJA

AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO HERBICIDA CLOMAZONE, APLICADO NA DESSECAÇÃO, NO CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS NA CULTURA DO ALGODÃO

VARIABILIDADE MORFOLÓGICA DE MANDIOCAS BRAVAS E MANSAS DO BAG DA EMBRAPA AMAZÔNIA ORIENTAL

ATO Nº 9, DE 19 DE SETEMBRO DE 2008 ANEXO I

2.1 DIVERSIDADE NAS PLANTAS CONSTITUIÇÃO DAS PLANTAS COM FLOR

Plantio do amendoim forrageiro

DESCRITORES MÍNIMOS DA BATATA (Solanum tuberosum L.) Característica Descrição da característica Código para cada descrição

LEVANTAMENTO FITOSSOCIOLÓGICO DE PLANTAS DANINHAS EM CANOLA SEMEADA EM DIFERENTES ESPAÇAMENTOS. RESUMO

RESPOSTA DE DUAS POPULAÇÕES DE Rottboellia exaltata A HERBICIDAS APLICADOS EM PRÉ-EMERGÊNCIA

20º Seminário de Iniciação Científica e 4º Seminário de Pós-graduação da Embrapa Amazônia Oriental ANAIS. 21 a 23 de setembro

ATO Nº 4, DE 24 DE OUTUBRO DE 2007 ANEXO I

POTENCIAL COMPETITIVO DE DUAS ESPÉCIES DE TRAPOERABAS INFESTANTES DE LAVOURAS DE CAFÉ

Ocorrência de artrópodes em área recuperada com o Sistema de Integração Lavoura- Pecuária 1. Paulo A. Viana 2 e Maria C. M.

CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DE QUATRO GENÓTIPOS DE TREVO BRANCO (Trifolium repens) NA REGIÃO DA CAMPANHA-RS

Avaliação Preliminar de Híbridos Triplos de Milho Visando Consumo Verde.

DISTRIBUIÇÃO DE PLANTAS DANINHAS EM CULTIVO DE MILHO SAFRINHA, EM MATO GROSSO DO SUL

PROGRAMAS DE MANEJO DE PLANTAS DANINHAS NA CULTURA DO FEIJÃO-CAUPI EM SINOP-MT

CALAGEM NA SUPERFÍCIE DO SOLO NO SISTEMA PLANTIO DIRETO EM CAMPO NATIVO. CIRO PETRERE Eng. Agr. (UEPG)

SISTEMÁTICA DE MONOCOTILEDÔNEAS. Prática - 1ª Semana

Aos meus pais Angelina e Rufino e minha irmã Valdirene.

CONTROLE QUÍMICO DE DIFERENTES POPULAÇÕES DE Digitaria insularis (CAPIM-AMARGOSO)

INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA. Alvadi Antonio Balbinot Junior Julio Franchini Henrique Debiasi Engenheiros Agrônomos, pesquisadores da Embrapa Soja

DIMENSIONAMENTO DE AMOSTRA PARA CARACTERES DE NABO FORRAGEIRO NO FLORESCIMENTO 1

EFICÁCIA DO HERBICIDA CLOMAZONE, APLICADO NA DESSECAÇÃO, NO CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS NA CULTURA DO ALGODÃO

Consórcio de milho com braquiária: aspectos práticos de implantação. Intercropped corn-brachiaria: practical deployment.

RESPOSTA DE Borreria latifólia E Richardia brasiliensis A DOSES DO HERBICIDA GLYPHOSATE EM PÓS-EMERGÊNCIA

ANEXO I. INSTRUÇÕES PARA A EXECUÇÃO DOS ENSAIOS DE DISTINGUIBILIDADE, HOMOGENEIDADE E ESTABILIDADE DE CULTIVARES DE PETÚNIA (Petunia Juss.).

Programa Analítico de Disciplina FIT320 Biologia e Controle de Plantas Daninhas

SISTEMÁTICA DE MONOCOTILEDÔNEAS. Prática - 1ª Semana

INJÚRIAS CAUSADAS PELA DERIVA DE HERBICIDAS NA FASE INICIAL DA CULTURA DO MILHO.

Cereja do Mato. Phyllocalyx involucratus (DC.) Berg; Phyllocalyx laevigatus Berg

EFEITO DA DERIVA DE HERBICIDAS NO DESENVOLVIMENTO E NA PRODUÇÃO DE MILHO

DESEMPENHO DE CULTIVARES E LINHAGENS DE ALGODOEIRO HERBÁCEO NO CERRADO DO SUL MARANHENSE

FENOLOGIA E VARIAÇÕES MORFOLÓGICAS DE HOFFMANNSEGGELLA MILLERI (ORCHIDACEAE) IN SITU

ANEXO I INSTRUÇÕES PARA EXECUÇÃO DOS ENSAIOS DE DISTINGUIBILIDADE, HOMOGENEIDADE E ESTABILIDADE DE CULTIVARES DE CÁRTAMO (Carthamus tinctorius L.

ANEXO I III. EXECUÇÃO DOS ENSAIOS DE DISTINGÜIBILIDADE, HOMOGENEIDADE E ESTABILIDADE - DHE

CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA E AVALIAÇÃO DE PRODUTIVIDADE DE RAÍZES DE DUAS VARIEDADES DE MANDIOCA. GUIMARÃES 4 ; Bruno Fonseca de Oliveira NASCIMENTO 4

POPULAÇÕES DE CORDA-DE-VIOLA (Ipomoea spp.) DA REGIÃO SUDOESTE DO PARANÁ: PRINCIPAIS ESPÉCIES E TOLERÂNCIA AO GLYPHOSATE

Avaliação da performance agronômica do híbrido de milho BRS 1001 no RS

EFEITO DE HERBICIDAS PRÉ-EMERGENTES NA GERMINAÇÃO E VIGOR DE SEMENTES DE Phaseolus vulgaris L.

APLICAÇÃO DE MESOTRIONE, MESOTRIONE MAIS ATRAZINE E GLYPHOSATE SOBRE PLANTAS DE LARANJA

INSETOS-PRAGA NO BRASIL: LAGARTA-DA-ESPIGA

ALUMÍNIO EM SISTEMAS DE CULTURAS NO SISTEMA DE PLANTIO DIRETO. VANDERLISE GIONGO Engenheira Agrônoma - UFPeI

VIABILIDADE DO TRIGO CULTIVADO NO VERÃO DO BRASIL CENTRAL

CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS DE VARIEDADES E HÍBRIDOS DE SORGO FORRAGEIRO NO OESTE DA BAHIA

ANEXO I INSTRUÇÕES PARA EXECUÇÃO DOS ENSAIOS DE DISTINGUIBILIDADE, HOMOGENEIDADE E ESTABILIDADE DE CULTIVARES DE romã (Punica granatum L.

COMPETIÇÃO DE PLANTAS DANINHAS E ADUBAÇÃO NITROGENADA NO CRESCIMENTO INICIAL DE DUAS CULTIVARES DE MAMONA (Ricinus communis)

INTERAÇÃO ENTRE NICOSULFURON E ATRAZINE NO CONTROLE DE SOJA TIGUERA EM MILHO SAFRINHA CONSORCIADO COM BRAQUIÁRIA

Uma nova espécie de Commelina Linnaeus (Commelinaceæ) do estado do Paraná e Santa Catarina (Brasil)

VI Semana de Ciência e Tecnologia IFMG - campus Bambuí VI Jornada Científica 21 a 26 de outubro de 2013

Aulas práticas e Herbários Sistemática das monocotiledôneas

20º Seminário de Iniciação Científica e 4º Seminário de Pós-graduação da Embrapa Amazônia Oriental ANAIS. 21 a 23 de setembro

CARACTERÍSTICAS BOTÂNICO-AGRONÔMICA DE CULTIVARES DE MANDIOCA DE MESA

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 869

14 AVALIAÇÃO DE HERBICIDAS PRÉ-EMERGENTES NA

Autores: considerado como não seletivo, atuando apenas em pósemergência

INCIDÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS EM LAVOURAS DE ALGODÃO SOB SISTEMAS DE PLANTIO DIRETO E CONVENCIONAL NA CONDIÇÃO DE CERRADO

CRESCIMENTO INICIAL DE DUAS CULTIVARES DE MAMONA (Ricinus communis) EM DIFERENTES POPULAÇÕES

Tamanho de amostra para estimação de medidas de tendência central de caracteres de tremoço branco

CARACTERIZAÇÃO BOTÂNICA DE CULTIVARES DE ARROZ (ORYZA SATÍVA L.) ( 1 )

CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA E AGRONÔMICA DE ACESSOS DE MANDIOCA NAS CONDIÇÕES EDAFOCLIMÁTICAS DE SÃO LUÍS, MA

CONTROLE DE CAPIM-AMARGOSO COM DIFERENTES MISTURAS

Resultados de Pesquisa dos Ensaios de Melhoramento de Soja Safra 2008/09

Caracterização morfológica de acessos do Banco Ativo de Germoplasma de mangueira da Embrapa Semi-Árido

Avaliação de acessos do BAG jenipapo: ano 2015

Características biométricas de cafeeiro intercalado com diferentes sistemas de produção de abacaxizeiro para agricultura familiar do Projeto Jaíba

EFICÁCIA DO GLYPHOSATE E 2,4-D NO CONTROLE DE COMMELINA VILLOSA

IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 1213

CRESCIMENTO INICIAL DA MAMONEIRA EM FUNÇÃO DA DENSIDADE DE PLANTAS DE Brachiaria decumbens*

MANEJO DE PLANTAS DANINHAS APRESENTANDO PERDA DE SENSIBILIDADE AO GLYPHOSATE NA CULTURA DO MILHO RR

INTERFERÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS NA CULTURA DO SORGO SACARINO

DESEMPENHO DE UMA SEMEADORA-ADUBADORA UTILIZANDO UM SISTEMA DE DEPOSIÇÃO DE SEMENTES POR FITA.

MANEJO DAS PLANTAS INFESTANTES EM PLANTIOS DE ABACAXI EM PRESIDENTE TANCREDO NEVES, MESORREGIÃO DO SUL BAIANO

EFEITO DO GLYPHOSATE NA ALTURA DO MILHO RR2 CULTIVADO NA SAFRINHA

ESTABILIDADE E ADAPTABILIDADE DE RENDIMENTO DE GRÃOS DE GENÓTIPOS DE TRIGO EM DIVERSAS REGIÕES TRITÍCOLAS DO BRASIL

Espaçamento entrelinhas largo da cana (1,4 a 1,5 m) Baixa sensibilidade da semente à luz -> infestação em cana crua

Consolidação das Pesquisas em Integração Lavoura-Pecuária-Floresta no Brasil

Av. Ademar Diógenes, BR 135 Centro Empresarial Arine 2ºAndar Bom Jesus PI Brasil (89)

UTILIZAÇÃO DE LEVANTAMENTO FLORÍSTICO COMO FERRAMENTA PARA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

UNIDADE 01 TRIGO Botânica e morfologia do trigo

PERÍODO CRÍTICO DE COMPETIÇÃO DAS PLANTAS DANINHAS NA BRS ENERGIA EM DUAS DENSIDADES DE PLANTIO

Desenvolvimento e Produção de Sementes de Feijão Adzuki em Função da Adubação Química

BIOMETRIA DE SEMENTES DE MULUNGU EM FUNÇÃO DA COLORAÇÃO 1

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2010)

CONTROLE QUÍMICO DO PERCEVEJO Piezodorus guildinii (Westw.) NA CULTURA DA SOJA

PLANO DE ENSINO Unidade: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA) / EMBRAPA AMAZÔNIA ORIENTAL / UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA (UFRA).

39 Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras Poços de Caldas/MG 30/10/2013. Marcelo Frota Pinto MSc. Eng. Agrônomo Pesquisa & Desenvolvimento

APRESENTAÇÃO DO PROJETO OBJETIVOS

COLLECTANEA BOTANICA Vol. 14: Barcelona REDESCRICÁO DE PASSIFLORA SETULOSA Killip

Proteção de Cultivares de Eucalipto

ESTRATÉGIAS DE MANEJO DE PLANTAS DANINHAS COM PERDA DE SENSIBILIDADE AO GLYPHOSATE NA CULTURA DO MILHO RR

PRODUTIVIDADE DA BATATA, VARIEDADE ASTERIX, EM RESPOSTA A DIFERENTES DOSES DE NITROGÊNIO NA REGIÃO DO ALTO VALE DO ITAJAÍ-SC

LAVAGEM DE REGULADOR CRESCIMENTO EM FOLHAS DO ALGODOEIRO EM FUNÇÃO DE DOSES *

Transcrição:

OCORRÊNCIA DE COMMELINA VILLOSA COMO PLANTA DANINHA EM ÁREAS AGRÍCOLAS NO ESTADO DO PARANÁ-PR, BRASIL 1 DALVA C. ROCHA 2, ROBERTO A. RODELLA 3 e DAGOBERTO MARTINS 4 RESUMO As trapoerabas pertencem à família Commelinaceae e são plantas daninhas de difícil controle em diferentes regiões do país. No Brasil, a espécie Commelina benghalensis destaca-se como a principal trapoeraba infestante nas culturas de soja, milho, café e citros. Outras duas espécies desse gênero, Commelina diffusa e Commelina erecta, também são conhecidas como infestantes de ocorrência freqüente no território nacional. Commelina villosa está registrada, até o momento, apenas para os Estados da Bahia e Goiás além do Distrito Federal. O presente trabalho teve como objetivos caracterizar e registrar a ocorrência de C. villosa no Estado do Paraná, onde pode estar sendo confundida com outras trapoerabas, principalmente C. benghalensis. Exemplares de C. villosa e C. benghalensis foram coletados, de forma aleatória, em lavouras de soja, feijão e milho, nos municípios de Ponta Grossa, Tibagi, Piraí do Sul, Guarapuava, Pato Branco, Francisco Beltrão, Cascavel, Campo Mourão e Londrina. Parte desse material foi herborizado para a confecção de exsicatas e outra parte foi mantida in vivo, cultivada no Departamento de Botânica, do Instituto de Biociências de Botucatu-UNESP. Caracteres morfológicos descritivos e quantitativos foram avaliados e as espécies comparadas entre si. C. villosa distinguiu-se de C. benghalensis por apresentar folhas maiores (9,76 x 3,26 cm), elíptica a elípticaestreita, sésseis, de coloração verde escura com manchas violáceas na face inferior, filetes translúcidos, entre outras características. A ocorrência de C. villosa no Paraná foi constatada em todos os municípios amostrados, com exceção de Campo Mourão e Londrina. Palavras chave: Trapoerabas, Commelinaceae, Commelina benghalensis. ABSTRACT Occurence of Commelina villosa as weed in Paraná State, Brazil Commelinaceae are weeds with unsatisfactory control in different parts of the country. Commelina benghalensis is the main Commelinaceae weed in soybean, corn, coffee and orange crops in Brazil. Commelina diffusa and Commelina erecta are also known as common weeds in national territory. Commelina villosa is only related, until this moment, to Bahia and Goiás States and to Distrito Federal, too. The present paper intented to identify and to relate C. villosa as weed in Paraná State crops, where it may have been confused with other Commelina species, mainly C. benghalensis. Samples of C. villosa and C. benghalensis were collected, in Ponta Grossa, Tibagi, Piraí do Sul, Guarapuava, Pato Branco, Francisco Beltrão, Cascavel, Campo Mourão and Londrina cities, from soybean, bean and corn crops. One part of these material was used to make exsicates and the other one was 1 Recebido para publicação em 05/07/98 e na forma revisada em 11/10/98. 2 Prof a Assistente, Dept o de Biologia/Universidade Estadual de Ponta Grossa/PR, CEP: 84030-000. 3 Profº Assistente Dr, Instituto de Biociências/UNESP, Botucatu/SP, CEP: 18618-000. 4 Profº Assistente Dr, Faculdade de Ciências Agronômicas/UNESP, Botucatu/SP, CEP: 18603-970. Planta Daninha, v. 18, n. 1, 2000 161

Rocha et al. cultivated at Departamento de Botânica of Instituto de Biociências de Botucatu-UNESP. Morphological characters were analysed and these species were confronted. Analysis of variance were used for quantitatives datas. C. villosa was distinguished because it has translucent fillets, bigger (9.76 x 3.26 cm) eliptical or INTRODUÇÃO As trapoerabas (Commelinaceae) são plantas daninhas de difícil controle em algumas regiões do país (Carvalho et al., 1991; Galli, 1991; Ramos & Durigan, 1996). Essa dificuldade pode estar relacionada ao reconhecimento das espécies ocorrentes na lavoura (Rocha, 1999). Principalmente, em lavouras de soja, essas plantas podem causar grandes prejuízos (Gazziero, 1985). Commelina benghalensis L. é a trapoeraba mais frequente e somente outras duas espécies desse gênero, Commelina diffusa Burm. f. e Commelina erecta L., são citadas como plantas daninhas de ocorrência no território nacional (Kissmann, 1997). Commelina villosa C. B. Clarke ex Chod. & Hassl. está registrada, no Brasil, apenas para o Distrito Federal e para os Estados de Goiás e da Bahia. Essa espécie também é conhecida pelos binômios Commelina monticola Seub. e Commelina vestida Seub., ambos descritos em 1855 com base nos materiais coletados, respectivamente, em Minas Gerais e no Brasil Meridional (Barreto, 1997). A espécie C. benghalensis tem como característica peculiar a presença de botões florais subterrâneos, o que facilita o seu reconhecimento no campo. No entanto, a identificação das outras espécies não se faz com facilidade, sem antes analisar, principalmente, as peças florais (Barreto, 1997; Kissmann, 1997). O presente trabalho teve como objetivos caracterizar e registrar a ocorrência de C. villosa em áreas agrícolas no Estado do Paraná. eliptical-narrow leaves without petiole which are dark green with violet spots in the under surface, among others characteristics. The occurrence of C. villosa in Paraná State was related in all that cities unless Campo Mourão and Londrina. Key words: Spideflower, Commelinaceae, Commelina benghalensis. MATERIAL E MÉTODOS Exemplares de Commelina villosa e Commelina benghalensis foram amostrados, de forma aleatória, em nove cidades (Ponta Grossa, Tibagi, Piraí do Sul, Guarapuava, Pato Branco, Francisco Beltrão, Cascavel, Campo Mourão e Londrina) do Estado do Paraná. Parte do material coletado foi herborizado e as exsicatas depositadas no Herbário BOTU, da UNESP, em Botucatu-SP. Outra parte do material foi cultivada no Departamento de Botânica, do Instituto de Biociências de Botucatu-UNESP. A partir da análise do material in vivo, selecionaram-se 24 caracteres morfológicos vegetativos e florais de diferenciação, entre as duas espécies, sendo 10 caracteres morfológicos descritivos e 14 quantitativos. Os caracteres morfológicos descritivos analisados foram: hábito da planta; cor da base do caule, da lâmina foliar, das nervuras da bainha, dos filetes e do pólen dos estames laterais; forma da lâmina foliar e da antera do estame central; presença de mancha violácea na lâmina foliar; tipo de folha. Os dados referentes às cores foram obtidos por comparações com a Carta de Cores da Enciclopédia Exótica (Graf, 1970) e a classificação do formato da lâmina foliar foi baseada em Hickey (1979). Os parâmetros morfológicos quantitativos mensurados foram: comprimento e largura da terceira folha (contada do ápice para a base), da espata, das pétalas e das sépalas; comprimento do maior pedúnculo, do estame central, do estame lateral e do estaminódio; número de inflorescências por espata e de flores por inflorescência. Os valores médios foram obtidos a partir de dez repetições e, posteriormente, os dados foram submetidos à análise estatística (Pimentel-Gomes, 1976). 162 Planta Daninha, v. 18, n. 1, 2000

Ocorrência de Commelinavillosa como planta daninha em áreas agrícolas no Estado do Paraná-PR, Brasil RESULTADOS E DISCUSSÃO A espécie de trapoeraba mais freqüentemente citada como infestante em lavouras do Paraná é C. benghalensis (Lorenzi, 2000). A presença de botões florais no sistema subterrâneo é um caracter importante para a sua identificação (Barreto, 1997; Kissmann, 1997). As outras espécies de Commelina são muito semelhantes, quando observadas na fase vegetativa, sendo possível confundi-las entre si. Foram encontradas duas populações de trapoerabas, infestando uma mesma lavoura de feijão no município de Tibagi, sendo possível identificar uma delas como C. benghalensis, devido à presença de botões florais no sistema subterrâneo. A outra população foi identificada como C. villosa, mediante a análise dos caracteres morfológicos vegetativos e florais. C. villosa não consta como espécie de Commelinaceae infestante (Kissmann, 1997) e, até o momento, sua ocorrência não havia sido registrada para o Estado do Paraná (Barreto, 1997). No entanto, Barreto (1997) menciona que Commelina vestida, atualmente sinonímia de C. villosa, foi coletada em meados do século XIX no Brasil Meridional e cita também, que antes de ter sido elevada ao nível de espécie, foi descrita como Commelina virginica L. var. villosa C. B. Clarke para o Estado do Rio Grande do Sul. As Tabelas 1 e 2 mostram, respectivamente, os caracteres morfológicos descritivos e morfológicos quantitativos, que permitem a diferenciação entre C. villosa e C. benghalensis. C. villosa caracteriza-se por apresentar porte ereto, podendo alcançar até 1 m de altura, diferentemente de C. benghalensis que tem hábito decumbente (Figura 1 A). O caule apresenta coloração verde escura com porções violáceas, principalmente, na base. As folhas são também de coloração verde escura e com manchas violáceas na face inferior, apresentando 9,76 cm de comprimento e 3,26 cm de largura, caracterizandose por serem sésseis, elíptica a elíptica-estreita, de base oblíqua e bainha de coloração verde com nervuras violáceas. Com relação às características florais, C. villosa apresenta espata com dimensões médias de 1,98 cm de comprimento e 1,46 cm de largura, protegendo duas ou três inflorescências, com pedúnculo apresentando 2,52 cm de comprimento. Essa espécie produz cerca de 9,20 flores por inflorescência, ou seja, o triplo de flores produzidas por C. benghalensis. Quanto aos verticilos florais, C. villosa apresentou maiores dimensões de sépalas, pétalas, estames e estaminódios, quando comparados com C. benghalensis. Todos os filetes de C. villosa têm coloração translúcida, enquanto em C. benghalensis todos são roxos. A forma da antera do estame central é auricular para C. villosa e sagitada para C. benghalensis. A coloração amarela é uma das características do pólen de todos os estames de C. villosa, diferentemente de C. benghalensis (Figuras 1 B-C). De maneira geral, C. villosa (Figura 2 A) pode ser diferenciada de C. benghalensis (Figura 2 B), principalmente, por apresentar as seguintes características: hábito ereto, folhas maiores e sésseis, maior comprimento de pedúnculo e espata, pétalas e sépalas maiores, maior comprimento e coloração translúcida dos filetes, forma auricular da antera do estame central e pólen amarelo em todos os estames. C. villosa possivelmente apresenta alto potencial de infestação, devido à presença de grande área foliar, elevado número de inflorescências por espata e número de flores por inflorescência. AGRADECIMENTOS Aos Engenheiros Agrônomos Giovanni Scortegagña (FMC do Brasil Ltda.), José Roberto Vieira e Pedro Luís de Araújo e Campos (Agroplan, Guarapuava-PR) e ao Sr. Carlos Grochovski (Administrador da Fazenda Jangada, Tibagi-PR) pelo apoio técnico na realização das coletas. À Dra. Roxana Cardoso Barreto (Universidade Federal de Pernambuco) pela confirmação na identificação das espécies. Planta Daninha, v. 18, n. 1, 2000 163

Rocha et al. TABELA 1. Caracteres morfológicos descritivos para diferenciação entre Commelina villosa e Commelina benghalensis. CARACTERÍSTICAS C. villosa C. benghalensis Hábito da planta ereto decumbente Cor da base do caule violácea (54/violet) verde (83/fern green) Cor da lâmina foliar verde escuro (70/ivy) verde claro (81/lettuce) Mancha violácea na lâmina foliar face inferior (48/indigo) ausente Forma da lâmina foliar elíptica a elíptica-estreita elíptica a elíptica ovada Cor das nervuras da bainha violácea (42/maroon) verde (80/nile green) Tipo de folha séssil peciolada Forma da antera do estame central auricular sagitada Cor dos filetes translúcido roxo (48/indigo) Cor do pólen dos estames laterais amarelo (3/canary) branco TABELA 2. Caracteres morfológicos quantitativos para diferenciação entre Commelina villosa e Commelina benghalensis. CARACTERÍSTICAS C. villosa C. benghalensis CV (%) Comprimento (cm) da terceira folha 9,76 a 4,17 b 22,94 Largura (cm) da terceira folha 3,26 a 1,92 b 13,66 Número de inflorescências / espata 2,50 a 2,00 b 4,30 Número de flores / inflorescência 9,20 a 3,10 b 5,10 Comprimento (cm) do maior pedúnculo 2,52 a 1,85 b 10,06 Comprimento (cm) da espata 1,98 a 1,10 b 10,81 Largura (cm) da espata 1,46 a 0,85 b 5,50 Comprimento (cm) das pétalas 0,70 a 0,47 b 12,86 Largura (cm) das pétalas 0,89 a 0,60 b 10,41 Comprimento (cm) das sépalas 0,49 a 0,30 b 10,79 Largura (cm) das sépalas 0,35 a 0,21 b 14,79 Comprimento (cm) do estame central 0,64 a 0,42 b 8,19 Comprimento (cm) do estame lateral 0,92 a 0,57 b 6,28 Comprimento (cm) do estaminódio 0,47 a 0,30 b 14,88 Médias seguidas de letras desiguais na linha diferem estatisticamente entre si (P 0,01). 164 Planta Daninha, v. 18, n. 1, 2000

Ocorrência de Commelinavillosa como planta daninha em áreas agrícolas no Estado do Paraná-PR, Brasil FIGURA 1. A: Hábito das plantas de Commelina benghalensis (esquerda) e Commelina villosa (direita). B: Estrutura da flor de Commelina villosa. C: Estrutura da flor de Commelina benghalensis. Barra = 2 mm (B C). Planta Daninha, v. 18, n. 1, 2000 165

Rocha et al. FIGURA 2. Aspecto das plantas herborizadas. A: Commelina villosa. B: Commelina benghalensis. 166 Planta Daninha, v. 18, n. 1, 2000

Ocorrência de Commelinavillosa como planta daninha em áreas agrícolas no Estado do Paraná-PR, Brasil LITERATURA CITADA BARRETO, R.C. Levantamento das espécies de Commelinaceae R. Br. nativas do Brasil. São Paulo, USP, 1997. 490p. (Tese de Doutorado, Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo). CARVALHO, J.E.B., REZENDE, G.O., PEIXOTO, C.P., PINHO, A.F.S., FOLONI, L.L. Avaliação da eficiência do produto 2,4-D + glyphosate no controle de plantas daninhas na cultura de cacau. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE HERBICIDAS E PLANTAS DANINHAS, 18, 1991. Resumos... Brasília: SBHED, 1991. p. 95-96. GALLI, A.J.B. Avaliação da eficiência de glyphosate em diversos produtos no controle de Commelina virginica (trapoeraba) em citros. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE HERBICIDAS E PLANTAS DANINHAS, 18, 1991. Resumos... Brasília: SBHED, 1991. p. 104-105. GAZZIERO, D.L.P. O controle de plantas daninhas na cultura da soja. Inf. Plantio Direto, n.13, p. 2-3, 1985. GRAF, A.B. Exotica Horticultural Color Guide. In: GRAF, A.B. Exotica 3: Pictorial encyclopedia of exotic plants. Rutherford, Roehrs, 1970. p. 37-38. HICKEY, L.J. A revised classification of the architecture of dicotyledonous leaves. In: METCALFE, C.R. & CHALKE, L., ed. Anatomy of the dicotyledons. 2ed. Oxford, Clarendon, 1979. p. 25-39. KISSMANN, K. G. Plantas infestantes e nocivas. 2ed. São Paulo, BASF, 1997. 824p. LORENZI, H. Plantas daninhas do Brasil: terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas. 3ed. Nova Odessa, Instituto Plantarum, 2000. 608p. PIMENTEL-GOMES, F. Curso de estatística experimental. 6ed. Piracicaba, Binetti, 1976. 430p. RAMOS, H.H. & DURIGAN, J.C. Avaliação da eficiência da mistura pronta de glyphosate + 2,4-D no controle de Commelina virginica L. em citros. Planta Daninha, v. 14, n.1, p. 33-41, 1996. ROCHA, D.C. Belas, invasoras e tolerantes. Cultivar, v.11, p. 24-25, 1999. Planta Daninha, v. 18, n. 1, 2000 167