BANDEIRANTES. Professor Menezes

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Transcrição:

BANDEIRANTES Professor Menezes

Bandeirantes é a denominação dada aos sertanistas do Brasil Colonial, que, a partir do início do século XVI, penetraram nos sertões brasileiros em busca de riquezas minerais, sobretudo a prata, abundante na América espanhola, indígenas para escravização ou extermínio de quilombos. "Os bandeirantes marcham descalços (...). Constituíram um grupo de origem portuguesa ou mestiça (...) e não tinham nada a ver com a imagem de heróis civilizadores. Do ponto de vista da organização social, os paulistas construíram uma sociedade rústica, com menos distinção entre brancos e mestiços, influenciada pela cultura indígena". (Boris Fausto, História do Brasil, Edusp, 1995). Segundo o historiador Bóris Fausto:

Quando os espanhóis começaram a desbravar a América, logo encontraram metais preciosos em abundância (ouro e prata). Já os portugueses encontraram metais em pequena proporção, por isso, passaram a explorar o pau-brasil. Porém, o governo português preocupado em manter o domínio sobre o território brasileiro patrocinou a entrada de expedições em terras brasileiras. Existiram três tipos de expedições ao território brasileiro: Bandeiras: expedições particulares de exploração do território. Entradas: expedições patrocinadas pelo governo português. Monções: expedições fluviais, por rio, ao território brasileiro. Todas elas tinham duas funções exploratórias. A primeira, era a de exploração do território e, a segunda, de exploração das riquezas naturais (ouro, prata) e do apresamento (aprisionamento) de indígenas (escravização).

Como inicialmente, os bandeirantes não encontraram ouro, passaram a escravizar índios. Por esse motivo, passaram a invadir as Missões Jesuíticas, pois nestes locais os índios eram europeizados, ou seja, eram instruídos na agricultura e na pecuária, assim como já haviam recebido o catolicismo por religião. Isso fazia dos índios missioneiros mais aptos para o trabalho escravo do que os indígenas selvagens, que resistiam mais à escravidão. Houve três tipos de bandeiras: - as de tipo apresador, para a captura de índios (chamado, indistintamente, "o gentio") para vender como escravos; - as de tipo prospector, voltadas para a busca de pedras ou metais preciosos e - as de sertanismo de contrato, para combater índios e negros (quilombos).

Através do conhecimento indígena sobre a natureza, os bandeirantes desbravaram e conquistaram o interior, conhecendo na mata detalhes que os europeus não percebiam. As bandeiras eram usadas para capturar novos escravos, índios que eram vendidos para trabalhar na lavoura. Mobilizando algumas cidades de São Paulo, os bandeirantes juntamente com os índios aculturados, ou tribos aliadas, participavam das expedições da captura de novos índios, trabalhando com guias, caçadores ou cozinheiros. Os índios escravizados eram chamados também de negros da terra, expressão usada para diferenciá-los dos escravos africanos, conhecidos como negros Guiné. Em 1750, a Coroa Portuguesa estabeleceu uma lei que só poderiam ser escravizados, os índios capturados nas chamadas guerras justas, amparando os bandeirantes que toda escravidão, justificavam como guerra justa.

No início da colonização do Brasil, os objetivos do governo português e da Igreja eram, dominar as tribos indígenas que não aceitavam a presença do colonizador europeu. Com a União Ibérica, houve uma dificuldade de abastecer a lavoura brasileira com escravos africanos, por isso, houve um aumento na procura pela mão-de-obra nativa e o início das hostilidades entre o governo português que estimulava a escravidão dos índios, e a Companhia de Jesus, que procurava proteger e organizar os índios em aldeamentos distantes do litoral, chamados Missões. Nestas missões os índios guaranis dedicavam-se, entre outras coisas, ao cultivo de erva-mate, que era exportada pelos jesuítas para a Europa. Sempre perseguidos pelos bandeirantes paulistas, os jesuítas refugiaram-se na Amazônia, onde ergueram numerosas missões dedicadas à exploração comercial das drogas do sertão (cravo, canela, castanha, cacau, etc.) A trabalho da população indígena que vivia nessas aldeias era organizado pelos jesuítas. Enquanto alguns cultivavam a terra, outros produziam artesanalmente todos os artigos necessários à vida diária.

A participação dos membros da Igreja aconteceu por meio da formação da Companhia de Jesus, que foi designada para garantir a instalação do cristianismo católico nas Américas. De fato, vários padres tiveram importante papel nessa tarefa, chegando até mesmo a desbravarem outras localidades onde nem mesmo os portugueses tinham a condição de sozinhos estabelecerem o domínio metropolitano. A associação entre Igreja e Estado era bastante ativa nesse período. As missões jesuíticas encamparam uma grande população de indígenas que ganhava educação religiosa em troca de uma rotina de serviços voltados à manutenção desses próprios locais. Com o passar do tempo, algumas dessas propriedades clericais passaram a integrar a economia interna da colônia com o desenvolvimento da agropecuária e de outras atividades de extrativismo. Dessa forma, conciliavam uma dupla função religiosa e econômica. Enquanto essa situação próspera se desenhava no interior da colônia, os proprietários de terra do litoral enfrentavam grandes dificuldades para ampliar a rentabilidade de suas posses. Um dos grandes problemas esteve ligado à falta de escravos africanos que nem sempre atendiam à demanda local e, ao mesmo tempo, possuíam um elevado valor no mercado colonial. Foi daí então que os bandeirantes começaram a adentrar as matas com objetivo de apresar e vender os índios que resolveriam a falta de mão-de-obra.

De fato, essa atividade gerou um bom lucro aos bandeirantes que se dispunham a adentrar o interior à procura de nativos. Contudo, a resistência destes e o risco de vida da própria atividade levaram muitos bandeirantes a organizarem ataques contra as missões jesuíticas. Afinal de contas, ali encontrariam uma boa quantidade de índios amansados que já estariam adaptados aos valores da cultura europeia e valeriam mais por estarem acostumados a uma rotina de trabalho diária. O desgaste causado por essas disputas só foi resolvido com as ações impostas pelo marquês de Pombal. Primeiramente, decidiu determinar a expulsão dos jesuítas do Brasil por estes imporem um modelo de colonização alheio ao interesse da Coroa. E, logo em seguida, determinou o fim da escravidão indígena Com isso, a rivalidade entre bandeirantes e jesuítas marcou uma das mais acirradas disputas entre os séculos XVII e XVIII. Vez após outra, ambos os lados recorriam à Coroa Portuguesa para resolver essa rotineira contenda. Por um lado, os colonizadores reclamavam da falta de suporte da própria administração colonial. Por outro, os jesuítas apelavam para a influência da Igreja junto ao Estado para denunciarem as terríveis agressões dos bandeirantes.

Os mais famosos bandeirantes nasceram no que é hoje o estado de São Paulo. Foram em parte responsáveis pela conquista do interior e extensão dos limites de fronteira do Brasil para além do limite do Tratado de Tordesilhas, acordo firmado entre Portugal e Espanha com a intenção de dividir a posse das terras do Novo Mundo. Com isso todo o Centro Oeste passou a pertencer ao Brasil, sendo criadas, em 1748, as capitanias de Goiás e de Mato Grosso, e o Brasil foi expandido, também para o sul de Laguna em Santa Catarina. No entanto, os resultados destas expedições foram desastrosos para os povos autóctones, ora reduzidos à servidão, deslocados e descaracterizados na sua identidade cultural, ora dizimados, tanto pela violência dos colonos como pelo contágio de doenças para as quais os seus organismos estavam desprovidos de defesas. As reduções organizadas pelos jesuítas no interior do continente foram, para os paulistas, a solução para seus problemas: reuniam milhares de índios adestrados na agricultura e nos trabalhos manuais, mais valiosos que os ferozes tapuias, de "língua travada" (as Reduções eram espanholas dos "Adelantados" e não eram portugueses).

Trabalhos para serem realizados na sala de aula: Os alunos deverão fazer um resumo, em uma folha de caderno, relacionando as contribuições dos bandeirantes à História do Brasil.