Palavras chave: Bronze alumínio. têmpera; revenimento; martensita ABSTRACT

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Transcrição:

MICROESTRUTURA E PROPRIEDADES MECÂNICAS DAS LIGAS BRONZE-ALUMINIO MARTENSÍTICAS (1) Leandro Lopes Cosme de Barros (2) Fábio Luiz Quintana Arjona (3) Carlos Alberto Marchioli (4) Marcos Domingos Xavier (5) --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- RESUMO As empresas voltadas ao setor petrolífero e portuárias, tem aumentado a procura por materiais que tenham resistências mecânicas e à corrosão à água do mar excelentes. Os bronzes alumínio martensíticos, com teor de alumínio na faixa de 10 a 12 % e com a adição de elementos de liga tais como ferro e níquel em teores até 6 % cada atendem estes requisitos do mercado. A presente pesquisa tem como objetivo a caracterização microestrutural e de propriedades mecânicas das ligas Bronze-Alumínio martensíticas com e sem a adição de ferro e níquel. A metodologia experimental adotada resume-se na fusão de duas ligas: Cu-12 Al e Cu- 11 Al 3,5Ni 4,5Fe. As amostras preparadas nesta etapa foram submetidas à seguinte sequência: têmpera considerando encharque a 900ºC e resfriamento em água; revenimentos a 200, 400 e 550 ºC, ensaios de dureza; avaliações microestruturais ópticas e eletrônicas de varredura dos estados fundido; temperado e temperado e revenido. A liga quaternária mostrou-se superior à binária no quesito propriedades mecânicas. As propriedades mecânicas tornaram-se crescentes desde o estado temperado até o revenido a 550 O C. Palavras chave: Bronze alumínio. têmpera; revenimento; martensita ABSTRACT The present research makes the microstructural and mechanical properties characterization of martensitic aluminum bronze alloys with and without iron and nickel. The methodology adopted has some basic steps: fusion of two alloys: Cu-12Al and Cu-11Al- 3,5Ni-4,5 Fe; quenching of samples ( 900 o C/water ); tempering (200; 400 and 550 o C ); Brinell hardness testing; analyses by optical and scanning electronic microscopes. The results showed that quaternary alloy has greatest hardness, whose values increase toward higher levels of temperatures during tempering. The corrosion resistance also is good in this alloy. The type and volumetric fraction of precipitates are very important to mechanical properties of this materials after quenching and tempering. Key words: Aluminum Bronze; quenching; tempering; martensite ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------- (1) Trabalho proposto ao Congresso de Fundição 2013 (CONAF) (2) Tecnólogo em Processos Metalúrgicos; fundicao119@sp.senai.br (3) Tecnólogo em Processos Metalúrgicos (4) Técnico de Ensino do Senai 1.19. fundicao119@sp.senai.br (5) Engenheiro Metalurgista. M.Sc, Tecnico de ensino do SENAI 1.19, laboratoriosensino119@sp.senai.br

1. INTRODUÇÃO O desenvolvimento industrial atual, principalmente das empresas voltadas a exploração de petróleo e gás, exige cada vez mais que os materiais sejam resistentes às condições extremas de uso, principalmente em ambientes corrosivos, e que tenham excelente resistência mecânica e ao desgaste. O cobre vem ganhando espaço no atendimento a estas demandas do mercado porque pode combinar-se facilmente a outros elementos para a formação de ligas com melhores características mecânicas (1). As ligas de bronze alumínio destacam-se entre os vários tipos de ligas aplicadas ao cobre devido às suas propriedades mecânicas e também à resistência ao desgaste e a corrosão. São amplamente usadas em peças da indústria aeroespacial e também em componentes marinhos que estão sujeitos ao fenômeno de cavitação (3). A figura 1 destaca as principais ligas de cobre comerciais Figura 1 - Cobre e suas ligas (2) As propriedades supra citadas podem ser melhoradas com tratamentos térmicos adequados, além de um controle metalúrgico rigoroso do processo (4;5). A figura 2 (A) mostra o diagrama de equilíbrio do bronze alumínio binário e a figura 2 (B) mostra o bronze alumínio com adição de outros elementos (4;5). Figura 2 - Diagrama de equilíbrio do sistema Cu-Al (A) e seção transversal do diagrama Cu-Al-Fe-Ni-Mn (4;5)

Ligas binárias Cu-Al As ligas binárias Cu-Al possuem um ponto eutetóide, no qual ocorre a transição da fase α + γ 2 para β, ao se elevar a temperatura acima de 565ºC. Diante disso, caso o material seja resfriado de forma brusca, a parcela correspondente à fase β se transforma em β, também denominada de martensita, devido ao seu formato acicular (6). O diagrama binário da figura 2(A), composto por Cu e Al permite inferir que o teor de alumínio é o principal responsável pelas diferentes transformações acorridas nesse tipo de liga. Ligas quartenárias Cu-Al-Fe-Ni Os elementos químicos níquel e ferro presentes nas ligas comerciais Cu-Al- Fe-Ni contendo de 9 a 12% de Al e 4-6% de Ni e 4 a 6% de Fe, melhoram as propriedades mecânicas devido à precipitação da fase k, de estrutura cristalina CCC e dureza elevada. A precipitação desta fase não traz queda brusca de ductilidade, tornando as ligas quaternárias Cu-Al-Ni-Fe melhores em propriedades mecânicas que as ligas binárias Cu-Al (6;7;8). Além disto, estas ligas são também susceptíveis aos tratamentos térmicos de têmpera e revenido para aumentar suas características mecânicas (6;7;8). O crescimento de grãos podem acarretar trincas intergranulares de tempera e as adições de ferro e níquel evitam este crescimento (1). A adição de cerca de 1% de ferro na liga, provoca o refinamento do grão, em peças de seções reduzidas, melhorando as características mecânicas. A adição de porcentagens maiores de ferro aumenta a resistência à tração e diminui o alongamento e a resistência a corrosão sob tensão (1). O níquel aumenta a solubilidade do ferro na solução solida, possibilitando porcentagens de ferro superiores a 1%. Teores de Fe e Ni na ordem de 4-5% favorecem o aparecimento da fase K de melhor resistência a corrosão que a fase γ (1) 2. II - MATERIAIS E MÉTODOS As ligas projetadas para a presente pesquisa são Cu-Al e Cu-Al-5Fe-5Ni. As matérias primas metálicas utilizadas na preparação das ligas foram: cobre eletrolítico, cobre fosforoso 85/15, níquel 99,5 %, aço baixo carbono da qualidade IF, alumínio puro 99,9%. Fusão das ligas e preparação das amostras A fusão das ligas foi efetuada em forno de indução a cadinho (9), com uso de fluxos escorificantes e tubo de desoxidação. O processo em areia de Shell Molding 1, baseado em utiliza areia coberta com resina e submissão ao calor, e um coletor de amostras padrão utilizado em fundições e siderurgias, foram utilizados para obter os corpos de prova aqui denominados medalhas conforme figura 3, utilizados para caracterização microestrutural e ensaios de dureza dos temperado e temperado e revenido.

Figura 3 Medalhas para tratamentos térmicos e ensaios de dureza As análises químicas das corridas foram feitas nas medalhas utilizando o espectrômetro de emissão óptica conforme a figura 4.. Figura 4 análises químicas no espectrômetro de emissão óptica A tabela 1 traz os resultados das análises químicas das corridas das ligas Cu- Al e Cu-Al-Fe-Ni. Tabela 1 - Composições químicas das ligas Liga Elemento químico (% peso) Cu Al Fe Ni Mn Cu-Al 87,1 12,3 0,41 -------- 0,0076 Cu-Al-Fe-Ni 78,766 10,948 4,819 3,601 0,143 Tratamentos térmicos A tabela 2 traz os tipos e os parâmetros dos tratamentos térmicos dos tratamentos aplicados. Tabela 2 tipos e parâmetros dos tratamentos térmicos Tratamentos térmicos Temperatura de encharque ( o C ) Tempo de encharque Meio de resfriamento Quantidade de amostras TEMPERA 900 2h ÁGUA 06 REVENIMENTO 200 2h AR 06 REVENIMENTO 400 2h AR 06 REVENIMENTO 550 2h AR 06

Ensaios de dureza Os ensaios de dureza Brinell, realizados conforme norma técnica (10) em equipamento conforme figura 5, foram escolhidos pela adequação a peças fundidas. Foram utilizados penetrador esférico de aço temperado com 10 mm de diâmetro e carga de 1000 aplicada durante 15 s.. A B C Figura 5 - Esquema da impressão da esfera (A), maquina de ensaio Brinell (B), ensaio sendo feito nas amostras (C). Fonte Dos autores: Laboratório de Ensaios Destrutivos - Senai (2012). Análises Metalográficas As análises metalográficas foram executadas via microscopias ópticas e eletrônicas de varredura, com magnificações de até 1000 X e 5000X, respectivamente. O reagente utilizado foi a solução de cloreto férrico 10 %. III - RESULTADOS Durezas Brinell (HBS) A tabela 3 traz os resultados de dureza Brinell das amostras tratadas termicamente. Pode-se notar o aumento da resistência mecânica na transição do estado temperado para os graus térmicos mais elevados de revenimento. Tabela 3 - Propriedades mecânicas das ligas Liga Estado x Dureza Brinell ( HBS 10 / 3000 /15 ) Temperado Revenido 200 o C Revenido 400 o C Revenido 550 o C Cu-Al 124 181 181 190 Cu-Al-Fe-Ni 130 191 191 201 Caracterização microestrutural Estado bruto de fusão As figuras 6(A) e 6(B) mostram as microestruturas das ligas Cu- 12,3 Al e Cu 10,9 Al 4,8 Fe 3,6 Ni, respectivamente, no estados bruto de fusão, analisadas com microscopia óptica e aumento de 1000 X. A microestrutura da liga Cu 12,3 Al apresenta cristais primários de γ 2 e também o constituinte perlita, composto por

lamelas alternadas de α + γ 2, formado no ponto eutetóide ( 11,2 % Al; 565 o C ). A liga quaternária por sua vez apresenta a matriz α e precipitados K. Figura 6 microestruturas das ligas Cu- 12,3 Al (A) e Cu 10,9 Al 4,8 Fe 3,6 Ni,(B) respectivamente, no estados bruto de fusão ( MO - 1000 X) A analise mais detalhada do estado bruto de fusão foi realizada através de um microscópio eletrônico de varredura (MEV), conforme as figuras 7(a) e 7(b), respectivamente, corroborando as análises via microscopia óptica. Há ainda, aspectos aciculares indicativos de fase β na microestrutura da liga quaternária (figura 7(B)), decorrente da maior tendência à formação desta fase durante o resfriamento (6).. Figura 7 Microestruturas das ligas Cu-12,3Al (A) e Cu- 10,9Al-4,5%Fe- 3,5%Ni (B) no estado bruto de fusão ( MEV 5000 X) Estado temperado A β B α γ 2 γ 2 β K β Figura 8 microestruturas das ligas Cu- 12,3 Al (A) e Cu 10,9 Al 4,8 Fe 3,6 Ni,(B) respectivamente, no estado temperado ( MO - 1000 X)

γ 2 β Figura 9 Microestruturas das ligas Cu-12,3Al (A) e Cu- 10,9Al-4,5%Fe- 3,5%Ni (B), aquecidas a 900ºC/2h e resfriadas em água. Estado revenido 200 0 C β α Figura 10 - Microestruturas das ligas Cu-12,3Al (A) e Cu- 10,9Al-4,5%Fe- 3,5%Ni (B ) revenidas a 200ºC. 5000 x ATAQUE: Cloreto Férrico Figura 11 - Microestruturas da liga Cu- 10,9Al-4,5%Fe- 3,5%Ni revenidas a 400ºC (A) e 500 0 C (B) (MEV - 5000 x ATAQUE: Cloreto Férrico)

IV - DISCUSSÃO As ligas binárias Cu-Al com teores de alumínio até 9,4 % e resfriadas lentamente são monofásicas α, de estrutura cristalina CFC, muito plásticas. As ligas com teores de alumínio entre 9,4% e 15,6% são bifásicas α + γ 2, sendo esta última de estrutura cúbica complexa, muito frágil, medianamente dura e de baixa resistência á corrosão (11-15). De modo geral, as ligas Cu-Al bifásicas supra citadas apresentam dois tipos de problema: O primeiro relaciona-se com a tendência à formação do eutetóide α + γ 2 a 11,8 % Al no resfriamento, provocando uma insatisfatória combinação de propriedades mecânicas e resistência à corrosão baixa. O segundo problema está relacionado com a tendência marcante ao crescimento de grãos durante os tratamentos térmicos, resultando em queda da tenacidade. Em função destes fatos, as ligas binárias Cu Al apresentam restrições de aplicação (4;7;11). A dureza das ligas binárias Cu-Al resfriadas lentamente associa-se às porcentagens relativas entre as fases α e γ 2 presentes nas suas microestruturas. As ligas hipoeutetóides apresentam cristais primários de α envolvidos pelo produto eutetóide perlítico α + γ 2. As ligas eutetóides (11,8% Al) apresentam-se totalmente perlíticas enquanto que as hipereutetóides são constituídas por cristais primários de γ 2 envoltos pelo produto da reação eutetóide. Enfim, a porcentagem de γ 2 cresce com o teor de alumínio tornando as ligas bifásicas α + γ 2 duras, frágeis e pouco resistentes à corrosão, tornando-as inaplicáveis comercialmente, em especial, no caso daquelas de natureza eutetóide e hipereutetóide. A tabela 4 a seguir, extraída da literatura (11), traz as propriedades mecânicas de uma barra hipo-eutetóide Cu-9,5 Al, temperada a 900 o C e revenida a 400; 600 e 650 0 C. Observa-se a maior resistência mecânica (LR, dureza) do estado temperado devido ao endurecimento por solução sólida supersaturada de alumínio. Todavia, a aumento das temperaturas de revenimento conduziu à queda contínua da resistência mecânica da liga devido ao aumento da fração volumétrica da fase α comprovada pela elevação do alongamento já que esta fase é dúctil tal como citado anteriormente. Tabela 4 propriedades mecânicas de barra após tempera e revenimento ( Cu- 9,4 Al ) (11) Tratamento térmico LE (Kgf/mm 2 ) LR (Kgf/mm 2 ) A (%) DUREZA (HV) Têmpera: 900 o C/1h 19,8 76,5 29 187 Revenimento: 21,6 76,4 29 185 400 o C/1h Revenimento: 24,3 71,2 34 168 600 o C/1h Revenimento: 650 o C/1h 22,7 65,8 48 159 A liga binária α + γ 2 sob estudo na presente pesquisa é hipereutetóide, conforme tabela 1. A microestrutura desta liga quando resfriada lentamente contém 46,8 % de γ 2 em volume, distribuídos no eutético e nos cristais primários γ 2. A sua resistência mecânica tornou-se crescente com a elevação da temperatura de revenimento, ao contrário do ocorrido com a liga hipo-eutetóide ( tabela 5). O aumento da resistência da liga binária sob estudo com a elevação do nível térmico de revenimento ocorreu

pelo maior endurecimento por precipitação através da intensificação da presença de γ 2. A literatura (11) afirma que a dureza da liga, inclusive na tempera e revenimento, depende da natureza, morfologia e distribuição da segunda fase formada, no caso, γ 2. A dureza da liga hipereutetóide sob estudo mostrou-se inferior àquela hipoeutetóide da tabela 5 e análise mais detalhada precisa ser realizada mas uma hipótese explicativa ao fato é o crescimento de grãos mais acentuado na liga hiper devido ao tempo maior de encharque nos tratamentos térmicos. A tabela 4 indica que a liga comercial Cu-10 Al-4,8Fe-3,6 Ni, de estrutura α + K no estado bruto de fusão, tende ao aumento da resistência mecânica com a elevação da temperatura de revenimento devido à intensificação da precipitação da fase K, dura, porém, resistente à corrosão. A literatura (7) cita ainda que a dureza tende ao decréscimo discreto em temperaturas de revenimento da ordem de 500 0 C devido ao coalescimento da fase K. V - CONCLUSÕES 1. Os bronzes ao alumínio bifásicos hipo e hipereutetótoides apresentam comportamentos mecânicos diferenciados quando sujeitos à tempera e ao revenimento. 2. A porcentagem relativa da fase γ2 nas ligas Cu-Al bifásicas é decisiva nas propriedades mecânicas do estado temperado e também do estado temperado e revenido. 3. Os bronzes ao alumínio quaternários Cu-Al-Fe-Ni apresentam endurecimento mais acentuado que os bronzes binários durante os tratamentos de revenimento devido à precipitação da fase K. São ligas comerciais ao contrário das binárias Cu-Al, que são mais frágeis e menos resistentes à corrosão. VI AGRADECIMENTOS Os autores agradecem ao Eng.º Marcos Antônio Togni, Coordenador Técnico da escola SENAI Nadir Dias de Figueiredo, sediada na cidade de Osasco-SP, pelo apoio irrestrito ao desenvolvimento desta pesquisa. Agradecem também ao Professor Antônio Cláudio Braghetto desta unidade SENAI pela elaboração e interpretação das microestruturas. VII - REFERÊNCIAS 1. CEBRACO. Fundição de cobre e suas ligas: Centro Brasileiro de Informação do Cobre, 1971. 2. FUNDIÇÃO DE NÃO FERROSOS Apostila - Senai Nadir Dias de Figueiredo São Paulo 2012. 3. CDA, Copper Development Association, Aluminium Bronze Alloys for Industry, Publication nº 83, 1986.

4. RODRIGUES, C. A. - Caracterização de uma liga de bronze de alumínio submetida a diferentes tratamentos térmicos. Metalurgia e Materiais, artigo técnico, Setembro 2012. 5. Equilibrium Diagrams Selected copper alloy diagrams illustrating the major types of phase transformation, Publication nº 94, 1992. 6. COUTINHO, T. A. - Metalografia de metais não ferrosos: análise e prática, Metais não ferrosos - Metalografia I, São Paulo: Edgard Blucher, 1980. 7. FINARDI, J. - Notas de aulas da Universidade Mackenzie, Cap. 2.9 Bronze alumínio, São Paulo, 1982. 8. CHIAVERINI, V. - Tratamentos Térmicos das Ligas Metálicas. 2003, Cap. 03- cobre e suas ligas: Associação Brasileira de Metalurgia e Materiais ABM. 9. Jr. LYDIO, F. Operação de Fornos de Indução. Associação Brasileira de Metais, São Paulo, 1986. 10. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Método de ensaios NBR 6673. Rio de Janeiro, jul. 1981. 11. HASAN,F., JAHANAFROOZ, A., LORIMER, G.W. - Morphology, Crystallography, and chemistry of phases in as-cast nickel-aluminum bronze, Metallurgical Transactions Vol. 13, august 1982. 12. PHILLIPS, A. - Metais e Ligas não Ferrosos: Propriedades e Empregos. 1945, Cap. 04 Bronzes, Traduzido por Tharcísio D. de Souza Santos. 13.DUBRONZE, BRONZE ALUMINIO SAE 68D,2012. Disponível em: <http://www.dubronze.com.br/sae68d.php>, Acesso em 27 de novembro de 2012, 17:39 14.BRONZE ALUMINIO SAE 68B,2012. Disponível em: <http://www.dubronze.com.br/sae68b.php>, Acesso em 27 de novembro de 2012, 17:42 15.PROTEÇÃO CONTRA CORROSÃO, 2012. Disponível em <http://www.metálica.com.br/protecao-contra-corrosao> Acesso em: 19 de setembro de 2012, 15:50.