0 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE ODONTOLOGIA DEPARTAMENTO DE CIRURGIA E ORTOPEDIA ESPECIALIZAÇÃO EM RADIOLOGIA ODONTOLÓGICA E IMAGINOLOGIA RENATA POSSANI ZAGO AGENESIAS DENTÁRIAS: REVISÃO DE LITERATURA Porto Alegre, 2016
1 RENATA POSSANI ZAGO AGENESIAS DENTÁRIAS: REVISÃO DE LITERATURA Monografia apresentada como parte dos requisitos obrigatórios para a conclusão do Curso de Especialização em Radiologia Odontológica e Imaginologia pela Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Orientador: Prof. Me. Mathias Pante Fontana Porto Alegre, 2016
2
3.RESUMO A agenesia é uma das alterações dentárias mais frequentes, caracterizada pela ausência congênita de um ou mais dentes, ocorrendo principalmente na dentição permanente. As anomalias de número podem ser classificadas como oligodontia (ausência de mais de seis dentes), hipodontia (ausência de um a seis dentes) e a ausência total de todos os dentes, chamada de anodontia. O diagnóstico é, na maioria das vezes, realizado por achados radiográficos e quando realizado precocemente permite uma conduta clínica e ortodôntica no momento ideal. O tratamento ortodôntico em pacientes com ausências dentárias congênitas é considerado um desafio. Dessa forma, estruturou-se o seguinte trabalho cujo objetivo foi realizar uma revisão de literatura sobre agenesias dentárias, suas classificações, etiologia, diagnóstico, prevalência e tratamento. Palavras-chave: Agenesia dentária. Prevalência. Tratamento
4 ABSTRACT The dental agenesis is one of the most frequent dental changes, characterized by the congenital absence of one or more teeth, occuring mainly in the permanent dentitions. The number of anomalies may be classified as oligondontia (absence of more than six teeth), hypodontia (absence of one to six teeth) and the total absence of all teeth, called anadontia. The diagnosis is made by radiographic findings and when performed early it allows clinical and orthodontic conduct at the right time. Orthodontic treatment in patient with dental agenesis is considered a challenge. The following work was structured whose objective was to perform a literature review of dental agenesis, their classifications, etiology, diagnosis, prevalence and treatment. Key- words: Dental agenesis. Prevalence. Treatment.
5 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO...6 2 REVISÃO DE LITERATURA...7 2.1 CLASSIFICAÇÃO...7 2.2 ETIOLOGIA...8 2.3 DIAGNÓSTICO...9 2.4 PREVALÊNCIA E RELATOS DA LITERATURA...10 2.5 TRATAMENTO...12 3 METODOLOGIA...14 4 DISCUSSÃO...15 CONCLUSÃO...17 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...18
6 1 INTRODUÇÃO Na evolução do ser humano ocorreram grandes mudanças nos hábitos alimentares. A diminuição do uso do aparelho mastigatório propiciou alteração no tamanho dos dentes e até mesmo redução da quantidade de dentes presentes na arcada (PAULA e FERRER, 2007). A agenesia é uma das alterações dentárias mais frequentes no ser humano, caracterizada pela ausência congênita de um ou mais dentes. Ocorre principalmente na dentição permanente, sendo menos frequente na dentição decídua. (SILVA, PEREIRA, FAGGIONI JUNIOR, 2005) Ela é mais comum na sociedade contemporânea, o que é considerado uma tendência evolucionária (LIU, 2011). As anomalias de número podem ser classificadas como oligodontia (ausência de mais de seis dentes), hipodontia (ausência de um a seis dentes) e a ausência total de todos os dentes, chamada de anodontia (FERREIRA E FRANZIN, 2014). Na maior parte das vezes, o diagnóstico é realizado por achados radiográficos. Esse exame é fundamental para a detecção de anomalias e quando realizado precocemente permite uma conduta clínica e ortodôntica no momento ideal. (SILVA et al., 2004) O tratamento ortodôntico em pacientes com ausências dentárias congênitas é considerado um desafio (LIU, 2011). Dessa forma, estruturou-se o seguinte trabalho cujo objetivo foi realizar uma revisão de literatura sobre agenesias dentárias, suas classificações, etiologia, diagnóstico, prevalência e tratamento.
7 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 CLASSIFICAÇÃO Variações no número de dentes em desenvolvimento são comuns. Diversos termos são úteis na discussão das variações numéricas dos dentes. Anodontia refere-se à total falta de desenvolvimento dentário. A anodontia é rara e, em muitos casos, ocorre na presença hereditária da displasia ectodérmica hipoidrótica. De fato, quando o número de ausências dentárias é alto ou envolve os dentes mais estáveis (p. ex., incisivos centrais superiores, primeiro molares), o paciente deve ser avaliado para diagnóstico quanto à displasia ectodérmica. Hipodontia demonstra a falta de desenvolvimento de um ou mais dentes; oligodontia (uma subdivisão da hipodontia) indica a falta de desenvolvimento de seis ou mais dentes. Hiperdontia é o desenvolvimento de um número maior de dentes, e os dentes adicionais são chamados de supranumerários. Termos como anodontia parcial são incongruentes e devem ser evitados. Além disso, estes termos pertencem a dentes que falharam em seu desenvolvimento e não devem ser aplicados a dentes que passaram pelo desenvolvimento, mas estão impactados ou foram extraídos (NEVILLE et al., 2009). Figura 1. Radiografia panorâmica de paciente de 9 anos, sexo feminino, evidenciando agenesia dos elementos dentários 15, 25 e 35. Fonte: do autor.
8 2.2 ETIOLOGIA A etiologia da agenesia dentária ainda não é muito clara e a prevalência dessa anomalia é bastante grande. Ferreira e Franzin (2014), concluíram que a causa da agenesia dentária ainda não está completamente elucidada, no entanto é pertinente e interessante seu estudo devido à sua alta frequência, sendo necessária uma orientação, diagnóstico e intervenção precoce, com o intuito de minimizar sequelas ao indivíduo, como as alterações oclusais, morfológicas e/ou estéticas, melhorando assim sua qualidade de vida. O diagnóstico de agenesia é melhor realizado com radiografia panorâmica e a idade do diagnóstico pode afetar não só o número de opções disponíveis de tratamento para o paciente, mas também o sucesso do tratamento e a qualidade do resultado (LIU, 2011). Entre os fatores etiológicos da hipodontia destacam-se os nutricionais, traumáticos, infecciosos, hereditários, ruptura localizada do germe dentário, traumas locais, radiações, mudança na evolução, associação com síndromes e com doenças virais, como a rubéola ou certos distúrbios endócrinos, entretanto, a hereditariedade tem sido o fator etiológico principal (SILVA et al., 2004). Suarez e Spence (1974) citaram várias causas da agenesia dentária e também colocam a hereditariedade como fator principal. Uma tendência hereditária pode ser proposta demonstrando que dentes ausentes ocorrem com mais frequência entre parentes do que na população em geral. O fator genético parece exercer uma forte influência no desenvolvimento dos dentes. Numerosas síndromes hereditárias foram associadas tanto à hipodontia, como à hiperdontia. Além disso, a real contribuição genética para o aumento ou decréscimo do número de dentes pode ser pouco clara em algumas destas condições. Além dessas síndromes, um aumento da prevalência de hipodontia pode ser notado em pacientes não sindrômicos com fenda labial ou fenda palatina (NEVILLE et al., 2009). Viera (2003), citou que já foram descritas mais de 50 síndromes correlacionando agenesia dentária como parte de seus aspectos fenotípicos.
9 Entre elas, síndrome de Seckel, Hallerman-Streiif orodigitofacial, hipoplasia dérmica focal, oculodentodigital, Russel-Silver, displasia condroectodérmica, displasia frontometafisiária, displasia craniofacial, Rieger, Robinson entre outras. A implicação clínica do padrão de anomalias dentárias associadas é muito relevante, uma vez que o diagnóstico precoce pode alertar o clínico da possibilidade de desenvolvimento de outras anomalias associadas no mesmo paciente ou em outros membros da família, permitindo que a intervenção ortodôntica seja feita em tempo oportuno (GARIB et al., 2010). 2.3 DIAGNÓSTICO O diagnóstico precoce, durante a fase de dentadura mista é de extrema importância pois permite ao profissional considerar o maior número de possibilidades disponíveis de tratamento, além de evitar que os problemas oclusais se agravem. (SANTOS et al. 2006) O método de diagnóstico de anomalias dentárias mais comumente utilizado é o exame clínico acompanhado do exame radiográfico. Para o diagnóstico radiográfico podem ser utilizadas as técnicas intrabucais periapical, oclusal, interproximal e as extrabucais como as radiografias panorâmicas ou as laterais oblíquas de mandíbula. Através do exame clínico da agenesia dentrária é possível perceber a falta de erupção na cavidade oral, no entanto, é imprescindível a realização do exame radiográfico para que haja a confirmação. Dentre as radiografias odontológicas, a radiografia panorâmica é a mais indicada para estudo da agenesia dentária por registrar todo o complexo maxilo-mandibular em uma tomada única e por possuir menor índice de radiação quando comparada à tomada de radiografias periapicais de todos os dentes. As radiografias panorâmica e periapical, além de diagnosticar a agenesia, informam sobre impacções, inclinação dos dentes adjacentes, dentes ectópicos e outras ausências dentárias, sendo essenciais também no planejamento. O histórico familiar deve ser investigado podendo mostrar que a agenesia é comum entre os parentes, como causa genética, e facilitando o
10 diagnóstico e o planejamento do tratamento. Na prevenção e estudo clínico das anomalias dentárias o diagnóstico precoce por meio de imagens poderá prevenir a instalação de problemas oclusais (LIU,2011, LIMA FILHO et al., 2014 e SANTOS et al. 2006). Figura 2: Agenesia de incisivo lateral superior esquerdo permanente. Fonte: SILVA, PEREIRA, FAGGIONI JUNIOR, 2005. 2.4 PREVALÊNCIA E RELATOS DA LITERATURA Borba et al (2010) realizaram uma pesquisa para avaliar a prevalência de agenesias dentais em pacientes de 7 a 16 anos em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Foram avaliadas 5500 radiografias panorâmicas sendo selecionada uma amostra de 1500. A partir dessa pesquisa os autores concluíram que existe alta prevalência de agenesias, sendo que não houve diferença estatisticamente significante na distribuição de agenesias em relação ao sexo. Com relação aos dentes, os grupos formados pelos terceiros molares e os segundos pré-molares, em todos os quadrantes, mostraram maiores prevalências de agenesias em relação aos demais dentes, os quais apresentaram comportamento semelhante entre si. Não existiu diferença estatística em relação à localização da agenesia, sendo mais frequente no quadrante superior direito no gênero masculino e no quadrante inferior direito no feminino. Castro et al (2006) analisaram a ocorrência de agenesias e/ou inclusões dentárias em 224 pacientes, com idades entre 19 e 24 anos, selecionados
11 aleatoriamente, sendo que 131 eram do sexo feminino e 93 do sexo masculino. O exame clínico e a interpretação radiográfica realizaram-se por um único examinador. Os grupos mais afetados foram os terceiros molares superiores e inferiores. No grupo dos pré-molares, a agenesia foi mais frequente nos prémolares superiores, sendo rara a ocorrência em caninos e primeiros molares. Resultados semelhantes foram reportados por Antoniazzi et al (1999) que encontraram maior freqüência de agenesia em primeiros pré-molares superiores e no gênero feminino. Também encontraram rara ocorrência de agenesia de caninos e primeiros molares. Com o objetivo de avaliar a prevalência de agenesia em jovens do sexo feminino, um estudo avaliou 1000 radiografias panorâmicas de paciente entre 8 a 15 anos. Concluiu-se que na amostra populacional examinada, a hipodontia se apresentou somente na dentição permanente, com maior incidência no incisivo lateral superior, seguido do segundo pré-molar inferior e segundo prémolar superior. Não houve diferença estatística significante entre os lados direito e esquerdo. A proporção de agenesias na maxila foi maior do que na mandíbula e houve predominância de unilateralidade nos casos (FARIAS et al., 2006). Grieco et al, (2007) avaliaram a prevalência de agenesias dentárias nos pacientes de Ortodontia da Universidade de São Paulo e concluíram que os grupos formados pelos segundos pré-molares inferiores e incisivos laterais superiores mostraram maior prevalência de agenesias em relação aos demais grupos, os quais apresentaram comportamento semelhante entre si. Também se concluiu que a prevalência de agenesias foi semelhante entre os gêneros masculino e feminino, e entre os quadrantes dentários. Paula e Ferrer (2007) avaliaram a prevalência de agenesias em uma clínica ortodôntica de Goiânia. Foram analisadas 800 radiografias panorâmicas de pacientes ortodônticos na faixa etária de 12 a 53 anos, e concluíram que o dente mais ausente é o terceiro molar, seguido do incisivo lateral inferior. Além disso, o sexo feminino apresentou maior prevalência de agenesias. A falta de um dente na dentição permanente não é rara, sendo os terceiros molares os mais afetados. Depois dos terceiros molares, os segundos
12 pré-molares, incisivos laterais superiores e incisivos centrais inferiores são os dentes mais afetados. A ausência pode ser uni ou bilateral e a prevalência de agenesias é maior no sexo feminino (NEVILLE et al, 2009 e WHITE E PHAROAH, 2007). 2.5 TRATAMENTO As agenesias dentárias desencadeiam problemas oclusais e periodontais, especialmente se localizadas no segmento posterior da boca, excluindo-se os terceiros molares. Além disso, podem gerar uma oclusão traumática, inclinações indesejáveis dos dentes vizinhos, ou ainda, o surgimento de diastemas que facilitam a impactação alimentar, com consequentes danos ao periodonto interdentário (OLIVEIRA, CONSOLARO, HENRIQUES, 1991). As agenesias localizadas na região anterior do arco dentário superior geralmente conduzem a situações esteticamente desagradáveis e com prováveis problemas fonéticos. A obtenção de excelentes resultados no tratamento ortodôntico de pacientes com agenesia de incisivo lateral superior é difícil, independente se a opção for abertura ou fechamento de espaços. A questão fundamental nesses casos não é apenas a decisão de fechar ou abrir espaços, mas sim como atingir melhor resultado funcional e estético (LIMA FILHO et al., 2004). Lima (2011) demonstrou em um relato de caso que o fechamento de espaço nos casos de agenesia de incisivo lateral é uma ótima opção de tratamento. Desde que o caso seja bem planejado e conduzido, é possível a obtenção de resultados estéticos e funcionais altamente satisfatórios. Além disso, com o fechamento de espaço podemos diminuir o tempo de tratamento e a necessidade de posterior restituição protética. Fonseca et al (2007) citaram que a agenesia de segundo pré-molar inferior, frequentemente está associada a molares decíduos retidos e em infra oclusão, e com seqüelas clínicas, tais como redução da altura alveolar, supraerupção dos dentes adjacentes, inclinação dos primeiros molares permanentes com perda do espaço e, em alguns casos, impacção dos primeiros pré-
13 molares. Esta situação clínica é um desafio para os odontopediatras, protesistas e ortodontistas. Os autores concluíram que o correto diagnóstico das agenesias, realizado na época certa, pode afetar não apenas as opções de tratamento possíveis, mas também o sucesso do tratamento e a qualidade dos seus resultados. As opções de tratamento para as agenesias incluem próteses fixas tradicionais, pontes em resina, implantes osteointegrados com associação de coroas protéticas ou tratamento ortodôntico. O uso de próteses fixas tradicionais, normalmente, não é recomendado para crianças devido ao risco de exposição da polpa durante o preparo, e porque o crescimento ósseo futuro pode levar a infra-oclusão e anquilose dos dentes retidos em conjunto pela prótese. Da mesma forma, o uso de implantes não é recomendado antes do completo crescimento ósseo, exceto em casos de pacientes com anodontia. Por estas razões, um dispositivo removível ou uma ponte em resina muitas vezes é adequado em crianças e adultos jovens, enquanto aguarda-se a completa maturação dentária e esquelética. Em muitos casos de agenesia, o tratamento ortodôntico poderá melhorar ou mesmo evitar a necessidade de tratamento restaurador em pacientes selecionados (NEVILLE et al., 2009). O crescimento dentário e esquelético é o fator que mais interfere no sucesso dos implantes quando usados em crianças. A principal complicação é a falha do implante em responder ao crescimento vertical do alvéolo e dentes adjacentes em virtude da anquilose. Sendo assim, é recomendado esperar o crescimento dentoalveolar e facial completo (THYS et al., 2006).
14 3. METODOLOGIA A presente monografia foi realizada durante o Curso de Especialização em Radiografia Odontológica e Imaginologia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, no período de março de 2015 a outubro de 2016. O objetivo desta monografia foi realizar uma revisão de literatura sobre agenesias dentárias, suas classificações, etiologia, diagnóstico, prevalência e tratamento. Este trabalho foi embasado em revisão de literatura obtida através de artigos publicados em periódicos nacionais e internacionais, pesquisados na internet através da base de dados da periódicos CAPES, disponibilizados pela Faculdade de Odontologia da UFRGS, Google Acadêmico e PubMed (publicados no período de 1974 a 2014).
15 4. DISCUSSÃO Suarez e Spence, (1974) e Silva et al, (2004) citaram diversas causas das agenesias dentárias e concordaram que o fator principal é a hereditariedade. Com relação ao gênero Borba et al (2010) e Grieco et al (2007) concordaram que não houve diferença estatisticamente significativa na distribuição de agenesias nos sexos masculino e feminino. No entanto, Castro et al (2006), Antoniazzi et al (1999), Paula e Ferrer (2007) e Neville et al (2009) evidenciaram uma maior ocorrência de agenesias no sexo feminino. Segundo Borba et al (2010), com relação aos dentes, os grupos formados pelos terceiros molares e os segundos pré-molares, em todos os quadrantes, mostraram maiores prevalências de agenesias em relação aos demais dentes, os quais apresentaram comportamento semelhante entre si. Antoniazzi et al (1999) concluíram que a agenesia dentária é mais frequente em primeiros pré-molares superiores. Castro et al (2006) encontrou resultados de acordo com a maioria dos relatos na literatura, evidenciando os terceiros molares superiores e inferiores como os mais comuns, no grupo dos prémolares foi mais frequente em pré- molares superiores, rara ocorrência em caninos e primeiro molares. Entretanto, Farias et al (2006) observou maior incidência de agenesias no incisivo lateral superior, seguido do segundo prémolar inferior e segundo pré-molar superior. Grieco et al (2007), Neville et al(2009), White e Pharoah (2007) concluíram que, excluindo os terceiros molares, os grupos formados pelos segundos pré-molares inferiores e incisivos laterais superiores mostraram maior prevalência de agenesias. A ausência pode ser uni ou bilateral. Grieco et al (2007) observaram que a prevalência de agenesia foi semelhante entre os quadrantes dentários. Borba et al (2010) também não encontraram diferenças significativas em relação ao quadrante afetado, embora tenham encontrado uma freqüência maior no quadrante superior direito no gênero masculino e no quadrante inferior direito no feminino.
16 Lima Filho et al (2004) citaram que as agenesias localizadas na região anterior do arco dentário superior geralmente conduzem a situações esteticamente desagradáveis e com prováveis problemas fonéticos. A obtenção de excelentes resultados no tratamento ortodôntico de pacientes com agenesia de incisivo lateral superior é difícil, independente se a opção for abertura ou fechamento de espaços. Lima (2011) demonstrou em um relato de caso que o fechamento de espaço nos casos de agenesia de incisivo lateral é uma ótima opção de tratamento, desde que o caso seja bem planejado e conduzido. Fonseca et al (2007) citaram a agenesia de segundo pré-molar inferior como um desafio para os odontopediatras, protesistas e ortodontistas e apresentaram um caso clínico de agenesia congênita de segundos pré-molares inferiores em que o tratamento consistiu em fechamento de espaço com elástico de classe II, com resultados oclusais e estéticos satisfatórios.
17 CONCLUSÃO A maioria dos trabalhos sobre agenesia indica que a prevalência é maior no sexo feminino. Os dentes mais comumente acometidos são os terceiros molares, segundos pré-molares e incisivos laterais superiores. A prevalência de agenesia foi semelhante entre os quadrantes dentários. Como as agenesias dentárias acompanham o indivíduo desde a infância, um plano de tratamento adequado é muito importante visando resultados oclusais e estéticos satisfatórios.
18 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANTONIAZZI, M.C.C et al. Estudo da prevalência de anadontia de incisivos laterais e segundos pré-molares em leucodermas brasileiros, pelo método radiográfico. Rev Odontol. UNESP, v.28, n.1, p. 177-185, jan / jun. 1999. BORBA, G.V.C. et al. Levantamento da prevalência de agenesias dentais em pacientes com idade entre 7 e 16 anos. RGO, Porto Alegre, v. 58, n.1, p. 35-39, jan./mar. 2010 CASTRO, E.V.F.L et al. Agenesia e Inclusão Dental Patológica. Estudo clínico e radiográfico em pacientes. Rev. Fac. Odontol. Lins, Piracicaba, v 18, n1, p. 41-46, 2006. CASTRO, J.F.L, OLIVEIRA, S.B., SALES, R.D. Prevalência das anomalias dentárias em pacientes submetidos a tratamento ortodôntico. R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 9, n. 5, p. 79-84, set./out. 2004. FERREIRA, R.F., FRANZIN, L.C.S. Agenesia dentária: importância deste conceito pelo Cirurgião- Dentista. Revista UNINGÁ, Maringá, V.19,n.3,p.61-65, Jul/ Set 2014. FONSECA et al. Ausência congênita de segundos pré-molares inferiores tratada com elásticos intermaxilares de Classe II: relato de um caso clínico. Rev. Clín. Ortodon. Dental Press, Maringá, v. 6, n. 4, p. 97-105, ago./set. 2007. GARIB, D.G. et al. Anomalias dentárias associadas: o ortodontista decodificando a genética que rege os distúrbios de desenvolvimento dentário. Dental Press J. Orthod, São Paulo, v. 15, no. 2, p. 138-157, Mar./Apr. 2010 GRIECO, F.A.D; CARVALHO, P.E.G; GUEDES-PINTO, GARI, D.G; VALLE- CORROTTI, K.M. Prevalência de agenesia dentária em pacientes ortodônticos da cidade de São Paulo. Revista de Pós Graduação da FOUSP, São Paulo, V.13, n.4, p.312-7, 2007. LIMA, B.C.G. Agenesia de incisivo lateral superior direito: relato de um caso clínico. 2011. 16 f. Monografia. FAMOSP. Cuiabá, 2011. LIMA FILHO, R. M. A. et al. Tratamento de Classe II, Divisão 1, com ausência congênita de incisivo lateral superior. R. Dental Press Ortod. Ortop. Facial, Maringá, v. 9, n. 5, p. 95-101, Set./Out. 2004. LIU, K.N.C. Agenesias dentárias: revisão de literatura. 2011. 28 f. Trabalho de conclusão de curso. Porto Alegre, 2011. NEVILLE, B. W. et al. Anormalidade dentárias. Patologia Oral e Maxilofacial. 3ª Edição. Rio de Janeiro, Elsevier; 2009. p. 77-81.
19 OLIVEIRA, A. G., CONSOLARO, A., HENRIQUES, J. F. C. Relação entre a anadontiaparcial e os dentes permanentes de brasileiros. I: Associação de sua ocorrência com o tamanho mesiodistal das coroas dentárias. Revista Odont. U.S.P., São Paulo, p. 5, n. 1, p. 7-14 Jan./Jun. 1991. PAULA, A.F.B., FERRER, K.J.N. Prevalência de agenesia em uma clínica ortodôntica de Goiânia. RGO, Porto Alegre, v. 55, n.2, p. 149-153, abr./jun. 2007. SANTOS, S.H. DOS. et al. Hipodontia de incisivos laterais inferiores tratada ortodonticamente. Revista da APCD. 2006. SILVA, et al. Prevalência de hipodontia na faixa etária de 6 a 16 anos: um estudo radiográfico. Rev Ciênc Méd e Biol, vol. 34, n.1, p. 79-75. Jun., 2004. SILVA, E.R., PEREIRA, M., FAGGIONI JUNIOR, G.G. Anomalias dentárias Agenesias e supranumerários Revisão Bibliográfica. Biosci. J., Uberlândia, v.21, n.2, p. 105-113, Mai/Ago 2005. SUAREZ, B.K.; SPENCE, A. The genetics of hypodontia. J Dent Res., Washington, v.53,n.4, p.781-785,jul./aug., 1974. THYS, D. G. et al. Considerações biomecânicas em casos de agenesia de Segundo pré- molares inferiores. Rev. Clin. Ortodon. Dental Press, Maringá, v.5, n.4, p. 61-68, Ago/Set 2006. TRISTÃO M, GOMES AM, VALLE A. Avaliação radiográfica da ocorrência de agenesia de dentes permanentes. Revista da Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas, vol.57, n.5, p. 337-341, Jun., 2006. VIEIRA, A.R. Oral clefts and syndromic forms of tooth agenesis as models for genetics of the agenesis. J Dent Res., Washington, v.82, n.3, p.162-165, Mar., 2003. WHITE, S.C, PHAROAH, M. J. Anomalias Dentárias. Radiologia Oral: Fundamentos e Interpretação. 5ª edição. Rio de Janeiro. Elsevier; 2007. p. 331-333.