CONSTRUIR EM VIDRO Enquadramento 1ª Parte Nuno Valentim Lopes Formação Contínua Ordem do Arquitectos SRN Palácio das Artes Porto Trinta raios convergem no eixo da roda e é o centro que a faz mover... Molda-se a argila para fazer vasos e é o vazio interior que os torna úteis... Abrem-se portas e janelas nas paredes das casas e é por esses espaços vazios que as habitamos... O SER verifica a vantagem das coisas, mas é pelo não ser que as utilizamos... (Lao Tse) A história da Arquitectura é a história da luta pela janela (...). Le Corbusier 1
Fonte: Silva, João P, Reflexos do Vidro, FAUP, 2006 Catedral de Chartres, Transepto Norte, c. 1240 2
Fonte: Silva, João P, Reflexos do Vidro, FAUP, 2006 A produção de vidro Crown, Encyclopédie, Diderot e D Alembert, 1773 3
Fachadas em Heerengracht, Amsterdão, gravura do séc. XVIII Tela Rua em Delft, Jan Vermeer, c. 1657/58 Vão exterior e Marquise na arquitectura vernacular 4
A produção de vidro plano (1773) e a Galeria dos Espelhos em Versailles (1678-84) VIDRO E CAIXILHARIA DE MADEIRA NO EDIFICADO CORRENTE PORTUENSE (SÉC XVII ao início do SÉC XX) 5
A qualidade dos nossos centros históricos não resulta exclusivamente dum somatório de monumentos ou edifícios singulares/excepcionais É fundamentalmente o conjunto de edifícios de habitação corrente que, com uma grande unidade de linguagem e coerência construtiva, formam ruas, quarteirões e áreas urbanas que os habitantes (re)conhecem com uma identidade própria. 6
1. Importância dos vãos na caracterização destes conjuntos: invariavelmente os edifícios procuram a luz natural as construções são altas e estreitas em lotes profundos, sendo as janelas para a rua e no tardoz fundamentais a essa iluminação 2. Como consequência a superfície envidraçada é sistematicamente superior à superfície de parede traduzindo-se em centenas de milhares de vãos e caixilharias com uma proporção, componentes e sistema construtivo semelhantes 7
3. O resultado é um efeito único, verdadeiramente orgânico, pleno de vibração entre luz e sombra... 4. As caixilharias são o prolongamento natural dos desenhos das próprias fachadas e corolário lógico do sistema construtivo dos próprios edifícios, onde cada componente assume um papel fundamental 8
5. As intervenções tornam-se desastrosas quando não são enquadradas pela exigência técnica e cultural que as operações de reabilitação impõem aos intervenientes - projectistas, donos de obra e entidades reguladoras Edifício do início do século XX [1] Edifício do início do século XX [1] Edifício do início do século XX [1] 6. Este sistema de caixilharia persiste na 1ª metade do séc. XX como solução corrente, adaptando-se às novas linguagens e materiais 9
Tratado de Ruação Projectos (1760) para e as novos fachadas traçados Intervenções das urbanos Ruas de iluministas Sto. na cidade António (1764-1819) (1820-1872) e Clérigos [5] [4] Generalização de Acertos uma tipologia realizados com para uma a mesma regularização frente e da profundidade Rua de Sta. Catarina variável [5] [6] Do Porto Iluminista ao Porto Liberal : expansão urbana; alinhamentos radiais definidos pelos Almadas. De uma cidade mercantil e pré-industrial à nova imagem urbana. Planeamento do edificado e do espaço público: o cadastro, o sistema construtivo, a tipologia, as fachadas e suas aberturas articuladas com a difícil topografia da cidade. Sistema construtivo da habitação corrente portuense do sec. XIX [5] Diversos tipos de lancis de vãos em cantaria de granito [7] Pormenor de parede de fachada com vão de janela [7] A influência da casa georgiana inglesa: alçados A habitação da casa corrente portuense portuense e georgiana do séc. inglesa XIX [7] e [5] Sistema construtivo do edificado corrente da cidade do séc. XIX (casa burguesa portuense) 10
Processo de fabricação de vidro cilíndrico: por sopro, balanço e por rotação [8] Instrumentos para a fabricação de vidro plano em chapa no século XIX [8] Construção de uma janela de guilhotina no início do séc XIX [8] Janela de guilhotina difundida no séc. XVIII (ingleses): tecnologia do vidro Na janela de duas folhas e bandeira permanece a expressão delicada e o próprio requinte de marcenaria. Edifício do final do século XIX na Rua Sá da Bandeira Janela de peito ou sacada com duas folhas de batente e bandeira: dimensão do envidraçado tecnicamente impossível de atingir até essa data Relação com o exterior: maior transparência e luz natural; portadas recolhidas na espessura de parede Uma só solução de caixilharia resolve o desenho das janelas e portas de acesso às sacadas 11
Levantamento geométrico objecto de estudo: janela de peito/sacada com duas folhas de batente e bandeira Levantamento geométrico objecto de estudo: janela de peito/sacada com duas folhas de batente e bandeira. Os diversos componentes do elemento construtivo e sua posição na espessura da alvenaria 12
Permanência da caixilharia de madeira na cidade Registo com cor das caixilharias de madeira existentes na R. Padre Luís Cabral [9] Permanência da caixilharia de madeira na cidade Registo com cor das caixilharias de madeira existentes na R. do Bonjardim [9] 13
Permanência da caixilharia de madeira na cidade Rua Sá da Bandeira Permanência da caixilharia de madeira na cidade Rua Sá da Bandeira 14
Fonte: Silva, João P, Reflexos do Vidro, FAUP, 2006 Interior da Gare Saint-Lazare, Chegada de um comboio, Claude Monet, 1877 15
Palm House, Devon, J. C. Loudon, 1818-38 Palm House, Londres, R. Turner/D. Burton, 1844-48 Passage Jouffroy, Paris, 1847 Magasins La Samaritaine, Paris, Frantz Jourdain, 1906-07 16
PALÁCIO DA BOLSA Porto, 2007 Projecto de reabilitação das coberturas (incluindo Pátio das Nações), caixilharias e escadas do Salão Árabe Prof. Vasco Peixoto de Freitas (coord), Nuno Valentim Lopes, Frederico Eça I. O Pátio das Nações Importância e Enquadramento no Palácio da Bolsa do Porto 17
I. O Pátio das Nações Importância e Enquadramento no Palácio da Bolsa do Porto II. Caracterização da cobertura envidraçada do Pátio das Nações O projecto da cobertura envidraçada do Pátio das Nações conta com várias versões, tendo sido concluído por Tomás Soller : ( )Sendo uma das primeiras necessidades, no Edifício da Praça e Tribunal do Comércio do Porto, a existência de um recinto espaçoso e cómodo para nele se efectuarem as diferentes transacções comerciais, aproveitei a ideia que já de há muito prevalecia, destinando para esse fim o pátio ou átrio do edifício, exposto até agora, ao rigor das estações, e projectando uma armação de ferro para a sua cobertura ( ). 18
II. Caracterização da cobertura envidraçada do Pátio das Nações II. Caracterização da cobertura envidraçada do Pátio das Nações 19
IV. Reabilitação arquitectónica e construtiva da cobertura envidraçada do pátio das Nações IV. Reabilitação arquitectónica e construtiva da cobertura envidraçada do pátio das Nações - Aplicação de novos painéis de vidro com características mecânicas, energéticas e luminosas adequadas, do que se salienta uma transmissão luminosa de 65% e um factor solar g 0,40. O princípio de fixação dos painéis de vidro à estrutura foi reajustado, tendo-se colocado os painéis topo a topo e não sobrepostos, como inicialmente se encontravam; - Aplicação de um cobre-juntas em zinco na ligação dos vidros à estrutura metálica, para protecção do mastique face às gaivotas 20
IV. Reabilitação arquitectónica e construtiva da cobertura envidraçada do pátio das Nações - Associado aos lanternins de iluminação / ventilação da cobertura do Pátio das Nações foi instalado um sistema de ventilação comandado de forma automática ou manual, para controlo das condições higrotérmicas, de forma a minimizar o risco de condensações e o sobreaquecimento no período de Verão. A intervenção consistiu no seguinte: - As grelhas de ventilação dos lanternins foram substituídas por caixilharias exteriores, projectantes motorizadas, fixadas à estrutura metálica original; - O sistema de controlo de abertura automática instalado é constituído por um conjunto de actuadores eléctricos comandados por sondas localizadas no interior do Pátio das Nações e no exterior do edifício; 21
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