VÍRUS: A ESTRUTURA DO HIV E SEU CICLO DE VIDA

Documentos relacionados
Vírus - Caracterização Geral

Vírus: Características gerais

Estrutura típica de um vírus?

Vírus, um grupo a parte.

especiais, que através do sistema do encaixe ou ajuste induzido unem-se ao

CARACTERÍSTICAS GERAIS ESTRUTURA

MULTIPLICAÇÃO VIRAL Danielly Cantarelli

MULTIPLICAÇÃO OU REPLICAÇÃO VIRAL Dentre as características essenciais dos vírus, se destaca a propriedade de somente serem aptos a se multiplicar no

Característica gerais dos vírus e Replicação viral

Características Gerais dos Vírus

Conclusão? Onde classificá-los? Ensino Médio - 3 ano Professor: Marco Aurélio dos Santos

VÍRU R S U Colégio Mauá

MULTIPLICAÇÃO VIRAL MULTIPLICATION 1 MULTIPLICAÇÃO

Replicação viral. Fases da replicação viral: 1. Adsorção. 6. Liberação. 2. Penetração. 5. Maturação. 3. Desnudamento. 4.

Professor: David Vieira Valadão. Biologia

Para estudarmos a reprodução viral vamos analisar a reprodução do bacteriófago, parasito intracelular de bactérias. Bacteriófago

Introdução. Multiplicação dos vírus. Conseqüências. Parasitas intracelulares obrigatórios. Replicação? Produzir progênie viável

Replicação dos Vírus. Células 26/04/2012. Ciclo celular. Vírus: não apresentam estrutura celular. ausência de metabolismo

Vírus. Leonardo Rodrigues EEEFM GRAÇA ARANHA

VÍRUS: ENTIDADE BIOLÓGICA DEPENDENTE DE CÉLULAS. Profa. Dra Priscila Elisa Silveira

Biologia. Unicelulares e Multicelulares / Vírus. Professor Enrico Blota.

Apresentação do RELATÓRIO. FONTE Arial ou Times New Roman, Tamanho da fonte: 12. ESPAÇAMENTO Espaço entre as linhas: 1,5 (um e meio).

Curso de Nivelamento de Biologia

CARACTERÍSTICAS GERAIS

Os mais simples microrganismos ou as mais complexas entidades moleculares??

Bio. Rubens Oda Monitor: Rebeca Khouri

Diagnóstico do HIV Ministério da Saúde

Vírus Características Gerais

Início no final do século XIX; Agentes infecciosos capazes de passar por filtros que retinham bactérias; Evolução técnico-científica; Nem todos

Prof. Msc. Cleysyvan Macedo

Programa de Retomada de Conteúdo - 1º ano 3º bimestre BIOLOGIA

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

Anabolismo Nuclear e Divisão Celular

APROFUNDAMENTO SOBRE VÍRUS. Ao estudar os vírus o aluno deve primar por alguns pontos básicos:

UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA DEPARTAMENTO DE PARASITOLOGIA, MICROBIOLOGIA E IMUNOLOGIA

TRANSCRIÇÕES GÊNICAS. BIOLOGIA Keffn Arantes

HIV e AIDS. Sobre o sistema imunológico e a AIDS, é INCORRETO afirmar que:

PROPRIEDADES GERAIS DOS VIRUS. Charlotte Marianna Hársi

A síntese proteica envolve várias fases, que culminam na síntese de proteínas nos ribossomas, tendo como base a informação genética do DNA. Classifica

VIROLOGIA HUMANA. Professor: Bruno Aleixo Venturi

EXERCÍCIOS DE REVISÃO PROCARIONTES, EUCARIONTES E VÍRUS

Biologia. Questão 1. Questão 2. Avaliação: Aluno: Data: Ano: Turma: Professor:

Apostila Morfologia e Replicação Viral

1/12/2008. HIV como modelo de estudo de retrovírus e patogênese. Retrovírus e oncogênese. Retrovírus e oncogênese.

Bactérias Vírus Fungos Protozoários O QUE SÃO

REGULAÇÃO DO MATERIAL GENÉTICO

Retrovírus Felinos. Fernando Finoketti

BIOLOGIA. Identidade dos Seres Vivos Vírus e Bactérias. Prof. Daniele Duó

E.E Padre Anchieta Disciplina: Biologia Professor: Carlos Roberto Tema: Classificação dos seres vivos Nome: Nº 3ºano

VÍRUS MÓDULO 4 MICROBIOLOGIA

Profa. Dra. Viviane Nogaroto

CÓDIGO GENÉTICO E SÍNTESE PROTEICA

Bio12. Unidade 3 Imunidade e Controlo de Doenças. josé carlos. morais

Processos de interação vírus célula. e replicação viral

Duplicação do DNA e Síntese de PROTEÍNAS

HIV/aids. Epidemiologia Fisiopatogenia Diagnóstico - Tratamento. Prof. Valdes R. Bollela. Divisão de Moléstias Infecciosas e Tropicais

Bio12. Unidade 3 Imunidade e Controlo de Doenças. josé carlos. morais

VÍRUS Definição e estrutura viral

Interação vírus célula Aspectos Gerais. Tatiana Castro Departamento de Microbiologia e Parasitologia (UFF)

ESPECIALIZAÇÃO EM MICROBIOLOGIA APLICADA UNIOESTE PROF. RAFAEL ANDRADE MENOLLI

Estrutura do DNA 16/05/2018 ÁCIDOS NUCLÉICOS HISTÓRICO ÁCIDOS NUCLÉICOS. Adenina. Guanina. Citosina. Uracila. Timina GREGOR MENDEL

Morfologia Viral e Replicação viral. Tatiana Castro Departamento de Microbiologia e Parasitologia- UFF

Universidade Federal da Bahia Faculdade de Medicina Departamento de Anatomia Patológica e Medicina Legal Disciplina de Imunologia MED 194

Homo sapiens CLASSIFICAÇÃO BIOLÓGICA, VÍRUS E BACTÉRIAS 23/02/2016 IMPORTÂNCIA DA CLASSIFICAÇÃO. Unidade do sistema de classificação

Replicação viral. Princípios gerais

Propriedades gerais dos vírus

Plano de Aulas. Biologia. Módulo 10 Vírus e bactérias

Noções de Imunogenética. Prof. Dr. Bruno Lazzari de Lima

Disciplina: Imunologia Tema: Imunologia Iniciando o Conteúdo

BIOLOGIA LISTA DE EXERCÍCIOS DE BIOLOGIA DE VIRUS E BACTÉRIA

Biologia. Código Genético. Professor Enrico Blota.

Conceitos fundamentais de Biologia Celular

Introdução à Bioquímica Celular

Família Herpesviridae

CITOLOGIA. kytos = célula logos = estudo) Unidade morfológica e funcional dos seres vivos

VÍRUS DIFERENTES DE TODOS OS ORGANISMOS

Retrovírus: AIDS. Apresentador: Eduardo Antônio Kolling Professor: Paulo Roehe Pós doutorandos: Fabrício Campos e Helton dos Santos

Prof. Marcelo Langer. Curso de Biologia. Aula 16 Genética

ÁCIDOS NUCLÉICOS ESTRUTURA E FUNÇÕES

Prof. Marcelo Langer. Curso de Biologia. Aula 26 Genética

Morfologia Viral e Replicação viral. Tatiana Castro Departamento de Microbiologia e Parasitologia- UFF

Curso Técnico em Análises Químicas Disciplina: Microbiologia. Aula 3.1 Bactérias

Vírus. Microbiologia - Vírus Prof. Márcia G. Perdoncini

Faculdade de Imperatriz FACIMP

O QUE SÃO VÍRUS? São elementos genéticos dependentes de uma célula hospedeira para se replicar.

Livro Interactivo 3D Permite Fazer Anotações e Imprimir. Dúvidas Mais Comuns BIO 11. Flipping Book.

A Célula Humana. Disciplina: Anatomia e Fisiologia. Samara Cristina Ferreira Machado. Programa Nacional de Formação em Radioterapia

15/10/2009 GENÉTICA BACTERIANA. Disciplina: Microbiologia Geral Curso: Nutrição Prof. Renata Fernandes Rabello. Informação genética essencial.

DOGMA CENTRAL DA BIOLOGIA MOLECULAR

Lista de exercícios para a recuperação 1º trimestre

A partícula viral infectante, chamada vírion, consiste de um ácido nucléico e de uma capa protéica externa (capsídeo). O conjunto do genoma mais o

Divisão Celular e Vírus

Transcrição: Síntese de RNA Tradução: Síntese Proteica

Organização estrutural e funcional do núcleo. Professor Otaviano Ottoni Netto

2ª série BIOLOGIA LISTA: VÍRUS. Ensino Médio. Aluno(a):

Sessão 1: Os Princípios e as Técnicas da Biologia Molecular do Séc XXI

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Bio. Monitor: Hélio Fresta

Transcrição:

VÍRUS: A ESTRUTURA DO HIV E SEU CICLO DE VIDA O vírus HIV possui duas moléculas de RNA envoltas por cápsulas proteicas (capsídeo), formando o nucleocapsídeo. Além do material genético, possui algumas enzimas, entre elas, a transcriptase reversa, a integrase e uma protease. Também é envolto por uma bicamada lipídica chamada envelope, que possui proteínas especiais, que se unem às proteínas de membrana da célula que será infectada. Essas proteínas do envelope têm grande afinidade com uma proteína chamada CD4, que é uma proteína presente na membrana plasmática dos linfócitos T auxiliadores (também chamados de linfócitos T auxiliares ou helpers), o que torna esse tipo de linfócito alvo do HIV. Como já dito anteriormente, uma pessoa contaminada com o vírus HIV tem uma queda brutal da imunidade devido a

diminuição da população de linfócitos helpers, que são responsáveis pela resposta imune adquirida humoral. A infecção inicia quando o vírus chega à membrana plasmática do linfócito T auxiliar. Nesse momento, as proteínas do envelope do HIV se ligam às proteínas CD4 do linfócito, o que torna a membrana da célula hospedeira permeável ao vírus. O envelope se desfaz, enquanto o vírus juntamente com o capsídeo entra no interior da célula. Ao chegar no citoplasma celular, o capsídeo também se desfaz, liberando o material genético e as enzimas virais. A partir daí, as enzimas virais começam a atuar dentro da célula hospedeira, iniciando com a ação da enzima transcriptase reversa, que transcreve o RNA viral em DNA viral, ou seja, faz uma transcrição reversa ou contrária, já que a transcrição ocorre normalmente quando se transcreve uma molécula de DNA em RNA. A transcrição reversa produz uma única fita de DNA, porém, a mesma transcriptase reversa age posteriormente como uma polimerase de DNA, sintetizando a segunda fita a partir da primeira. Com a transcrição reversa terminada, o DNA viral, chamado provírus, se desloca até a região do núcleo da célula hospedeira, adentrando-se a ele através dos poros nucleares. No núcleo, o DNA viral se liga ao genoma do hospedeiro através da ação da enzima integrase. Inserido no genoma do hospedeiro, o vírus geralmente permanece latente por um tempo, ou seja, realizando o ciclo lisogênico, em que não há a produção de proteínas virais, mas o DNA viral replica-se juntamente com o DNA do hospedeiro, o que permite a passagem do provírus às células-filhas do hospedeiro. No entanto, o vírus pode adotar o ciclo lítico, ao iniciar a síntese de RNA a partir do DNA viral, formando moléculas de RNA que serão o genoma dos novos vírus, e mrna, que passarão a comandar a síntese de proteínas da célula hospedeira, que agora sintetizará as proteínas para a formação de novos vírus. A tradução de um primeiro mrna origina as proteínas do envelope, no entanto há uma molécula de mrna responsável pela tradução da protease, e uma outra molécula de mrna para a tradução da proteína central, que é uma molécula multi-proteína, ou seja, que pode ser quebrada em várias outras proteínas. Após serem sintetizadas, as proteínas se deslocam até a membrana da célula hospedeira, onde as proteínas do envelope se unem à membrana plasmática, e essa começa a produzir o envelope viral, que envolve as demais proteínas e se desgruda da membrana, deslocando-se para o meio externo, formando o vírus imaturo. O vírus imaturo não é capaz de infectar

uma célula, porém, quando o vírus já está na corrente sanguínea, a protease realiza a quebra da proteína central, liberando as proteínas individuais, o que torna o vírus maturo, e pronto para infectar novas células. Há dois tipos de ciclo lítico que são realizados pelo vírus HIV, em que a diferença está na rapidez da formação dos novos vírus: quando os vírus estão sendo reproduzidos de forma lenta sem haver a lise celular, fala-se em reprodução controlada dos vírus; já quando os vírus são reproduzidos de forma muito rápida, de modo a ocupar todo o volume celular, causando a lise do hospedeiro, fala-se em lise celular. No entanto, dificilmente os vírus do HIV se reproduzem controladamente, e assim, na maioria das vezes, o linfócito sofre a lise celular. Mesmo que consiga sobreviver ao ataque viral, dificilmente o linfócito permanece vivo, já que a própria célula infectada inicia a secreção de citocinas chamadas interferons, que estimulam outras células do sistema imunológico à destruí-la, ou a mandar sinais de volta à célula infectada, para que inicie o processo de autólise.