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Transcrição:

Alunos: Camila Villares Mariana Campos Adriana Hellering Paulo Schwartz MA4 Direito Previdenciário Prof.ª Helga Klug Aposentadoria por Idade Uma das prestações previdenciárias compreendidas no Regime Geral da Previdência Social é a aposentadoria por idade (art. 18, inciso I, alínea b da Lei n.º 8213/91). O benefício previdenciário da Aposentadoria por Idade tem como objetivo a proteção do inevitável e irreversível processo de envelhecimento. O risco coberto por tal benefício é o atingimento da idade legal, que acarreta a perda, diminuição ou redução da atividade habitual. O risco idade avançada encontra-se expressamente previsto no art. 201, I, e 7º, I, da Constituição Federal. O atingimento da idade legal para aposentadoria é qualificada sob dois aspectos: a) Critério que adota a aposentadoria por idade como contraprestação ou recompensa pelos anos de atividade produtiva do segurado; b) Critério que adota a aposentadoria por idade como incapacidade presumida (senilidade). No caso há presunção absoluta, uma vez que esta não precisa ser provada. A previsão legal deste benefício não se justifica como um direito ao descanso, mas sim uma situação de necessidade social provocada pela redução da capacidade de desenvolvimento da atividade habutual em decorrência do processo biológico de envelhecimento, que acarreta lentidão de raciocínio, reações mais lentas, diminuição auditiva, etc. Critério Material: Para trabalhadores urbanos: 65 anos para homens; 60 anos para mulheres;

Para trabalhadores rurais: 60 anos para homens; 55 anos para mulheres O trabalhador rural deve comprovar o efetivo exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefício pretendido. Caso o trabalhador rural não consiga comprovar o efetivo exercício da atividade rural, mas satisfaça essa condição, se forem considerados períodos de contribuição sob outras categorias do segurado, fará jus ao benefício ao completar 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 60 (sessenta) anos, se mulher, conforme previsto nos 1º e 2º do art. 48 da Lei n.º 8213/91. É interessante observar em relação ao critério material que a idade legal prevista para os trabalhadores rurais é inferior a dos trabalhadores urbanos, isto implicaria em violação ao princípio da uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços da população urbana e rural? Este princípio veda (i) a proteção diversa às populações urbanas e rurais; (ii) o estabelecimento de critérios diversificados para cálculo dos benefícios previdenciários. E, por outro lado, garante o mesmo nível de proteção para as populações urbanas e rurais. Portanto, a previsão legal diferenciada quanto à idade a ser atingida para recebimento do benefício às populações urbanas e rurais não viola o princípio supra mencionado, uma vez que a ambas às populações é garantido o benefício da aposentadoria por idade e o cálculo do benefício é realizado utilizando os mesmos critérios (salário de benefício e fator previdenciário). Neste aspecto, pode-se falar que a previsão previdenciária suscita dúvida quanto ao cumprimento do princípio da isonomia previsto no art. 5º, inciso I, e art. 194, único, inciso II da Constituição Federal. Critério Espacial: Território nacional e princípio da extraterritorialidade. Critério Temporal: Início:

Para os segurados empregados, inclusive o doméstico: Da data do desligamento, se for ao INSS até 90 dias após o desligamento; Da data de entrada do requerimento, quando não houver desligamento do emprego ou quando for requerida depois de 90 dias após o desligamento. Para os demais segurados: a partir da data da entrada do requerimento. Término: com a morte do segurado. A própria empresa, no caso do trabalhador empregado, pode requerer o benefício da aposentadoria para o segurado que tenha completado o período de carência e tenha atingido a idade legal. Tal requerimento é facultativo para a empresa, mas se realizado, é compulsório ao empregado. (art. 51 da Lei 8213/91) A Medida Provisória n.º 446/94 que obrigava o segurado a desligar-se da empresa para obter o benefício da aposentadoria por idade foi rejeitada pelo Congresso Nacional. Nesse sentido há grande divergência doutrinária se há necessidade ou não de rescisão do contrato de trabalho para que o benefício seja requerido. A primeira corrente entende que o benéfico da aposentadoria por idade não implica em rescisão do contrato de trabalho, de acordo com os seguintes fundamentos: (i) a aposentadoria é faculdade subjetiva de quem preenche os requisitos da lei, não exigindo o afastamento da atividade laboral; e (ii) a Constituição Federal tutela o direito do trabalho sem qualquer restrição. Já a segunda corrente acredita que a aposentadoria é causa extintiva do pacto laboral, em atenção ao artigo 453, da CLT, o qual ao disciplinar sobre a contagem para tempo de serviço, impõe que no caso de aposentadoria espontânea este não seria computado, o que leva a crer que com a concessão da aposentadoria o contrato teria sido rescindido. Critério Pessoal: Sujeito ativo: todos os segurados ou ex-segurados que atendam as exigências da Lei n.º 10.666/03. Sujeito passivo: INSS Período de carência: número mínimo de contribuições mensais indispensáveis para que o segurado faça jus ao benefício.

180 contribuições mensais para os segurados que se filiaram ao sistema previdenciário após a edição da Lei n.º 8.213/91. Para os segurados já vinculados ao sistema previdenciário até 24 de julho de 1991, aplica-se a tabela de transição prevista no art. 142 da Lei n.º 8213/91. Ano de implementação da condição Meses de contribuição exigidos 1991 60 meses 1992 60 meses 1993 66 meses 1994 72 meses 1995 78 meses 1996 90 meses 1997 96 meses 1998 102 meses 1999 108 meses 2000 114 meses 2001 120 meses 2002 126 meses 2003 132 meses 2004 138 meses 2005 144 meses 2006 150 meses 2007 156 meses 2008 162 meses 2009 168 meses 2010 174 meses 2011 180 meses

carência: Serão consideradas as seguintes contribuições para o cômputo do período de I - II - a partir da data da filiação ao Regime Geral de Previdência Social, no caso dos segurados empregados e trabalhadores avulsos; a contar da data da primeira contribuição paga em dia no caso dos segurados empregado doméstico, contribuinte individual, especial e facultativo. Período de Graça: período em que o segurado mantém a qualidade de segurado independentemente do pagamento de contribuição. No caso da aposentadoria por idade, a perda da qualidade de segurado não é considerada para a concessão do referido benefício, em atenção ao artigo 3º, da lei nº. 10.666/2003. Cálculo do Valor do Benefício: O valor do benefício será calculado com base no salário de benefício, que consistirá na média aritmética simples de 80% dos maiores salários-de-contribuição de todo o período contributivo, multiplicado pela alíquota estabelecida no artigo 50, da lei nº. 8.213/91, qual seja 70% mais 1%, a cada 12 contribuições, não podendo ultrapassar 100% do saláriobenefício Observe-se que a aplicação do fator previdenciário 1 é facultativa no caso da concessão de aposentadoria por idade, de tal sorte que poderá ser aplicada se for mais benéfica para o segurado. Fator previdenciário: é um índice que se aplica para o cálculo do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição e por idade. A sua finalidade é coibir aposentadorias precoces, uma vez que o benefício da aposentadoria tem por risco protegido a idade avançada e não o tempo de contribuição por si só. Visa garantir o equilíbrio financeiro e atuarial do sistema.