AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E MICROBIOLÓGICA DE SUCO TROPICAL DE CAJU ADICIONADO DE ESPESSANTE NATURAL

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2 Discente de Tecnologia em Alimentos Instituto Federal do Maranhão IFMA;

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Transcrição:

AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E MICROBIOLÓGICA DE SUCO TROPICAL DE CAJU ADICIONADO DE ESPESSANTE NATURAL Lorena Galdino da Franca¹; Francisca Andréa Kércia Silva²; Maria Izamara de Jesus Norte¹; Germana Conrado Damaceno³; Mônica Maia de Oliveira²; Renata Chastinet Braga³ ¹Tecnologia em Alimentos, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia - Campus Limoeiro do Norte; lorena_galdino@hotmail.com ²Bacharelado em Nutrição, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia - Campus Limoeiro do Norte; andreakercia@hotmail.com ¹Tecnologia em Alimentos, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia - Campus Limoeiro do Norte; maraluasol@hotmail.com ³Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia - Campus Limoeiro do Norte; germanaconrado@yahoo.com.br ²Bacharelado em Nutrição, Instituto Centro de Ensino em Tecnologia; monicamaia@gmail.com ³Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia - Campus Limoeiro do Norte; rchastinet@ifce.edu.br Resumo: O suco de frutas integral de caju é definido pela legislação brasileira, Instrução Normativa nº 01/00, como sendo a bebida não-fermentada e não-diluída, obtida da parte comestível do caju (Anacardium occidentale, L.) por meio de processo tecnológico adequado. O suco foi preparado utilizando polpa de caju, benzoato de sódio, ácido cítrico, açúcar e água, e o polissacarídeo, foi preparado também um suco controle sem o polissacarídeo. Na avaliação foram feitas análises microbiológicas de crescimento de bolores, leveduras e coliformes totais durante três semanas sob condições de refrigeração e foram medidos ph, ºBrix, viscosidade e vitamina C do suco. Em relação ao caráter físico-químico o suco não apresentou grandes alterações de ph, ºBrix e vitamina C, no entanto sua aparência e viscosidade modificaram, os sucos com polissacarídeos apresentaram maior viscosidade e maior homogeneidade sendo visualmente mais atrativo. Este projeto visa a observação do controle microbiológico e avaliações físico-químicas do suco tropical de caju adicionado do polissacarídeo de Caesalpinia pulcherrima. Foi possível comprovar que a utilização dos polissacarídeos como espessante é possível, sem alterar de forma significativa as características físico-químicas deste. Em relação às análises microbiológicas, a presença de polissacarídeo não interfere no crescimento de bolores e leveduras. Palavras-chave: Análises físico-químicas; Controle Microbiológico; Polissacarídeo natural; Suco tropical. 1. INTRODUÇÃO Os sucos de frutas são consumidos e apreciados em todo o mundo, não só pelo seu sabor, mas, também, por serem fontes naturais de carboidratos, carotenóides, vitaminas, minerais e outros componentes importantes. Uma mudança apropriada na dieta em relação à inclusão de componentes encontrados em frutas e suco de frutas pode ser importante na prevenção de doenças e para uma vida mais saudável (BLENFORD, 1996; BROEK, 1993; SHILS, 1994). O Brasil consumiu em 2003 aproximadamente 2,2 bilhões de litros de sucos, nas mais diferentes formas. Destes, 579 mil L são de sucos integrais, com destaque para caju (51%) e maracujá (24%) (ESTRELLA, 2004). O suco de frutas integral de caju é definido pela legislação brasileira, Instrução Normativa nº 01/00 (BRASIL, 2000), como sendo a bebida não-fermentada e não-diluída, obtida da parte comestível do caju (Anacardium occidentale, L.) por meio de processo tecnológico adequado. Deverá apresentar características de odor e sabor próprios de cada fruta. A coloração varia entre os sabores, ou seja, para o de caju, da cor branca à amarelada.

Polissacarídeos naturais têm sido amplamente investigados nos últimos anos em relação às suas características físico-químicas e aplicações. Algumas de suas propriedades são biodegrabilidade, abundância na natureza e versatilidade de aplicações em engenharia, biotecnologia e medicina, além de serem geralmente atóxicos (EIRAS et al, 2007). Ao modificar produtos alimentícios com aditivos, por exemplo, polissacarídeos, as características físico-químicas e o conteúdo microbiológico são fundamentais, uma vez que deles dependerão o atendimento aos padrões de identidade e qualidade, possibilitando ou não a sua comercialização. O objetivo desse trabalho foi avaliar as características físico-químicas e microbiológicas do suco de caju adicionado ou não dos polissacarídeos de Caesalpinia pulcherrima. 2. MATERIAL E MÉTODOS Obtenção do Polissacarídeo de Caesalpinia pulcherrima Para o isolamento do polissacarídeo, foi seguida a proposta de BRAGA (2001): O polissacarídeo da semente Caesalpinia pulcherrima coletada no Vale do Jaguaribe utilizado neste projeto foi submetido a uma série de procedimentos até chegar o ponto ideal para ser usado como espessante/estabilizante do suco de acerola. Depois da fervura da semente, retirada do endosperma, liquidificação do endosperma com água destilada, foi feita a centrifugação, precipitação em etanol, retirada do etanol em bomba à vácuo, descanso e retirada da acetona e maceração. Foram pesadas 30g da semente para ser fervida em água destilada durante 30-40 minutos em chapa aquecedora, em uma temperatura de 100ºC. Após esfriar, as sementes foram descascadas para retirada do endosperma. Em 600 ml de água destilada, os endospermas foram liquidificados e levados à geladeira, onde permaneceram durante um dia. No dia seguinte, após retirar a solução liquidificada, a mesma foi levada ao agitador, e, em seguida à centrífuga. No processo de centrifugação toda a matéria insolúvel decanta no tubo de ensaio e a parte límpida é separada. Ao término do processo de centrifugação, anotou-se o volume obtido de sobrenadante, onde o mesmo foi precipitado com 3x o volume de etanol. O precipitado formado foi levado à geladeira por um dia. No dia seguinte, o etanol foi retirado em uma filtração a vácuo, e o precipitado seco foi colocado em acetona para a retirada da água por mais um dia. Em seguida, a acetona também foi retirada em filtração a vácuo e o precipitado novamente seco foi macerado com o auxílio de um almofariz e um pistilo até a obtenção do pó. Utilização no Suco de Caju Para formulação do suco, foi utilizada 500g de polpa da fruta, água mineral, açúcar, benzoato, ácido cítrico e goma do polissacarídeo de Caesalpinia pulcherrima (0,5g e 1,0g para 250 ml de suco). 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES Análises Físico-Químicas Os valores de sólidos solúveis variaram de 10,8 a 16,3. Foi feito média aritmética dos valores de ºBrix nas três preparações e verificou-se que os valores estavam semelhantes para os sucos com polissacarídeos e controle. No Gráfico 1 está exemplificado como foi a variação diária para uma das preparações. Nos primeiros dias, no entanto as diferenças entre controle e sucos com polissacarídeos estão dentro do desvio padrão.

Variação de o Brix com os dias Controle Caesalpinia 0,5 g Caesalpinia 1,0 g ph Brix 5 10 15 20 25 Dias de Preparo O Gráfico acima mostra a variação dos Sólidos Solúveis durante o acompanhamento do suco na presença e ausência do polissacarídeo. Variação do ph com os dias 6 Controle Caesalpinia 0,5 g Caesalpinia 1,0 g 4 2 5 10 15 20 25 Dias de Preparo Gráfico 2 - O ph variou entre 3,54 e 4,02 em todas as formulações, no gráfico 2 está exemplificado o acompanhamento do ph com os dias de preparação e os sucos na presença e ausência de polissacarídeos tem comportamento semelhantes. Com relação à determinação de ácido ascórbico foi verificado os seguintes resultados: Fórmula Vit.C = Volume gasto na titulação x fator Peso da amostra x 10 Suco Controle = 2,3 x 76,68 = 3,51 5,0120 x 10 Suco Ca (0,5g) = 2,0 x 76,68 = 3,21

5,0070 x 10 Suco Ca (1,0g) = 2,0 x 76,68 = 3,04 5,0395 x 10 Viscosidade do Suco Para realização da análise de viscosidade do suco, foi utilizado um viscosímetro capilar. Onde o cálculo se dá pela fórmula Viscosidade= K x t (onde: k é a constante e t é o tempo em segundos) Suco controle V= 0,005 x 460 = 2,3mm/s² Suco + Ca(0,5g) V= 0,005 x 1658 = 8,29 mm/s² Suco + Ca (1,0g) V= 0,005 x 7.228 = 36 mm/s² Análises Microbiológicas para coliformes, bolores e leveduras. Já em relação ao aspecto microbiológico, foram realizadas as análises para coliformes, bolores e leveduras. As análises foram realizadas no laboratório de Microbiologia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia IFCE, Campus Limoeiro do Norte Ce. As análises microbiológicas consistiram na investigação da presença de coliformes fecais e contagem de bolores e leveduras, segundo metodologias descritas pela ASTN. A Tabela 1 apresenta os resultados das análises microbiológicas. Como podem ser visualizadas, todas as amostras analisadas microbiologicamente mostraram a presença de bolores e leveduras, durante a contagem das placas, porém, acima dos padrões estabelecidos pela portaria 451/97. Ressaltando que durante a contagem, os valores do suco controle apresentaram-se maiores quando comparados aos sucos adicionados do polissacarídeo na 2ª e 3ª inoculações. Já em relação à presença de coliformes fecais, não houve a presença destes, pois não houve a fermentação nos tubos de ensaio. Tabela 1 Contagem das Placas para bolores e leveduras Amostra 1ª Inoculação 2ª Inoculação 3ª Inoculação Suco Controle 5,0 x 10 3 3,0 x 10 4 4,6 x 10 5 Suco + 0,5g de goma 2,0 x 10 4 2,1 x 10 4 3,8 x 10 5 Suco + 1,0g de goma Incontável 2,4 x 10 4 2,3, x 10 5 CONCLUSÃO Observou-se claramente que, durante as análises, ocorreram mudanças que foram pequenas, a vitamina C apresentou uma diminuição nos sucos adicionados de polissacarídeo. Os sólidos solúveis variaram, mas sempre mantendo o equilíbrio entre as três amostras, o ph ficou praticamente inalterado e as características microbiológicas ficaram semelhantes. Apenas a aparência e a viscosidade foram alteradas de forma significativa. Concluiu-se com o trabalho que a adição do polissacarídeo Caesalpinia pulcherrima ao suco de caju, em ambas as concentrações, alterou visivelmente a característica do suco em termos de viscosidade, ficando fácil a perceber a diferença visualmente do suco controle em

relação aos sucos adicionados dos polissacarídeos. Foi possível comprovar que a utilização dos polissacarídeos como espessante é possível, sem alterar de forma significativa as características físico-químicas deste. Em relação às análises microbiológicas, apesar de terem crescido algumas colônias, os resultados mantiveram-se acima do limite permitido pela Legislação, concluindo que a presença de polissacarídeo não interfere no crescimento de bolores e leveduras. Logo os polissacarídeos são uma opção de espessante. AGRADECIMENTOS Agradecemos a FUNCAP, CNPq, IFCE e UFC pela bolsa, incentivos e auxílios recebidos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRAGA, R. C. Goma Endospérmica de Caesalpinia pulcherrima SW. Linn Utilização Como Matriz de Afinidade no Isolamento de Lectinas Galactose-Ligantes, Fortaleza, Universidade Federal do Ceará, Dissertação de Mestrado, Curso de Pós-Graduação em Bioquímica, Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 88pp. 2001. BRASIL. Portaria nº 451, de 19 de setembro de 1997. Regulamento técnico princípios gerais para o estabelecimentode critérios e padrões microbiológicos para alimentos. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, n.182, p. 21005-21011, 22 set. 1997. Seção 1. BLENFORD, D.E. Winner drinks: use of amino acids and peptides in sports nutrition. International Foods Ingredients, n. 3.p. 20 jun. 1996. BROEK, A.V.D. Functional Foods. The Japanese Approach. International Food Ingredients. n. 1/2. p. 4-10, 1993. EIRAS, C., PASSOS, I. N. G., BRITO, A. C. F. de; SANTOS JÚNIOR, J. R. dos, ZUCOLOTTO, V., OLIVEIRA JR, OSVALDO N., KITAGAWA, I. L., CONSTANTINO, C. J. L., CUNHA, H. N. da,. Nanocompósitos eletroativos de poli-o-metoxianilina e polissacarídeos naturais. Quím. Nova, vol.30, n.5, pp. 1158-1162, 2007. ESTRELLA, A. Sucos tropicais no Brasil para consume local. Juice Latin America2004. 15-17 jun. 2004, São Paulo, Brasil, 2004. CD-Rom. 32 p. SHILS, M.E., OLSON, J. A., SHIKE, M. Modern nutrition in health and disease.8 Philadelphia, Lea & Febiger, 1994. a ed.