Novos Dizeres Ruy Póvoas
Novos Dizeres
Universidade Estadual de Santa Cruz GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA Rui Costa - Governador SECRETARIA DE EDUCAÇÃO Walter Pinheiro - Secretário UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ Adélia Maria Carvalho de Melo Pinheiro - Reitora Evandro Sena Freire - Vice-Reitor DIRETORA DA EDITUS Rita Virginia Alves Santos Argollo Conselho Editorial: Rita Virginia Alves Santos Argollo Presidente André Luiz Rosa Ribeiro Andrea de Azevedo Morégula Adriana dos Santos Reis Lemos Evandro Sena Freire Francisco Mendes Costa Guilhardes de Jesus Júnior José Montival de Alencar Júnior Lúcia Fernanda Pinheiro Barros Lurdes Bertol Rocha Ricardo Matos Santana Rita Jaqueline Nogueira Chiapetti Samuel Leandro Oliveira de Mattos Sílvia Maria Santos Carvalho
Ruy do Carmo Póvoas Novos Dizeres Ilhéus - Bahia 2016
Copyright 2016 by RUY DO CARMO PÓVOAS Direitos desta edição reservados à EDITUS - EDITORA DA UESC A reprodução não autorizada desta publicação, por qualquer meio, seja total ou parcial, constitui violação da Lei nº 9.610/98. Depósito legal na Biblioteca Nacional, conforme Lei nº 10.994, de 14 de dezembro de 2004. PROJETO GRÁFICO George Pellegrini Álvaro Coelho DIAGRAMAÇÃO E CAPA Álvaro Coelho REVISÃO Maria Luiza Nora FOTOGRAFIA DA CAPA The Endless Enigma, Óleo - 144 x 144 cm - 1938 - Salvador Dali ILUSTRAÇÃO INTERNA DO LIVRO Alfred Darcel, Calice et patène de l église de Saint-Jean-du-Doigt, 1860 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) P879 Póvoas, Ruy do Carmo. Novos dizeres / Ruy do Carmo Póvoas. Ilhéus, BA: Editus, 2016. 188 p. ISBN 978-85-7455-418-1 1. Poesia brasileira. I. Titulo. CDD 869.91 EDITUS - EDITORA DA UESC Universidade Estadual de Santa Cruz Rodovia Jorge Amado, km 16-45662-900 - Ilhéus, Bahia, Brasil Tel.: (73) 3680-5028 www.uesc.br/editora editus@uesc.br EDITORA FILIADA À
À memória de Zilda Santos (Mãe Diolô Bidi)
Sumário PREFÁCIO / 15 APRESENTAÇÃO / 23 APURAÇÃO / 24 AVISO / 25 BARRAVENTO / 29 BOFETADA / 30 CADUQUICE / 33 CARMA / 34 CATA-VENTO / 35 CATECISMO / 36 CENTENÁRIO / 37 CERTIFICADO / 38 COBIÇA / 39 CONSTATAÇÃO / 40 CONSUMIÇÃO / 41 CORRENTEZA / 42
DEFINIÇÃO / 45 DEMOCRATURA / 46 DESCOBERTA / 47 DESDITA / 48 DESEJO / 49 DESILUSÃO / 50 DESISTÊNCIA / 51 DESPEDIDA / 52 DESTERRO / 53 DESTINAÇÃO / 54 DESTINO / 55 DICIONÁRIO / 56 DISPUTA / 57 ECOLOGIA / 61 EGOLATRIA / 62 ELEIÇÃO / 63 ESCRITURA / 64 ETERNIDADE / 65 FACÉCIA / 69 FALA / 70 FATALIDADE / 71 FINAL / 72
GARIMPO / 75 GENTE / 76 GEOGRAFIA / 77 GEOMETRIA / 78 HERANÇA / 81 HIEROFANIA / 82 HILOMORFISMO / 83 IDENTIDADE / 87 ILUSÃO / 88 IMAGO / 89 IMORTALIDADE / 90 INCONSISTÊNCIA / 91 INDAGAÇÃO / 92 ISENÇÃO / 93 ITINERÁRIO / 94 JOGADA / 97 JURAMENTO / 98 LAVRATURA / 101 LEXICOLOGIA / 102
MAQUIAGEM / 105 MEDIUNISMO / 106 METÁFORA / 107 METALINGUAGEM / 108 METAMORFOSE / 109 MIM / 110 MINIMALISMO / 111 NATALISMO / 115 NÊNIA / 116 OBSERVAÇÃO / 119 OFERTÓRIO / 120 OXUM / 121 PEDRARIA / 125 PERDEDEIRA / 126 PERGUNTA / 127 PONTUAÇÃO / 128 PREOCUPAÇÃO / 129 PREPARATIVO / 130 QUEIXUME / 133 QUERENÇA / 134 QUESTIONÁRIO / 135
REGIME / 139 REJEIÇÃO / 140 RELACIONAMENTO / 142 RETORNO / 143 SAGITÁRIO / 147 SEGURANÇA / 148 SENTENÇA / 149 SIMPLICIDADE / 150 SINETE / 151 SONHADEIRA / 152 TABOCAS / 155 TAURINO / 156 TEMPORAL / 157 TESTAMENTO / 158 TOC / 159 TRAIÇÃO / 161 TRILOGIA / 162 UPLOAD / 165 URDIDURA / 166 VERBETE / 169 VEREDITO / 170 VISÃO / 171
XENOFOBIA / 175 XODÓ / 176 ZARANZA / 179 ZÊNITE / 180 ZONZEIRA / 181 ZUMBAIA / 182 DICIONÁRIO DO DICIONÁRIO / 185
Novos Dizeres
Novos Dizeres TOME E LEIA (Apocalipse. 10: 9) O ato de fazer um poema é exigente. Cobra muito caminhar. Não é apenas saber lidar com as palavras. Por aí passa também o processo da intuição. Ele é tão mais eficaz, se quem o elabora for uma antena afiada, capaz de captar as dores e os sorrisos do mundo, a alma humana, os desvãos de quem estiver na existência. Mas isso só não basta. Ainda tem o estilo. Ele carrega as saliências e reentrâncias do viver, da formação e das escolhas de quem escreve poemas. Muito mais que tudo isso, ainda tem o dom artístico. E ele varia tanto de pessoa para pessoa. Quanto a mim, sempre caminhei por simultâneas sendas, trilhas e estradas: o ensino, a escrita, o terreiro. Em cada viagem sou um, sem deixar de ser os outros dois. Aí, 15
Ruy Póvoas meu trabalho com as letras, às vezes, é mesmo duro, porque traz memórias da ancestralidade africana, até mesmo com a vontade de cantar e contar. Outras vezes, o meu Nordeste se avulta, e o cordel lança seus dardos, querendo aparecer. Mas aquele lado professor, sem querer ser professoral, nunca deixa de pôr as manguinhas de fora também. Barafunda? Não. Decididamente, não. Nada é escrito aleatoriamente, apenas não padeço de angústias em busca da perfeição. A rima é compulsória, enquanto o ritmo mora em mim. Pois que eles se imponham e reinem absolutos sobre meus versos. Talvez, assim, possa agradar a uns, retratar outros, ou fazer alguém viajar por seus meandros, sejam eles ocultos ou declarados. Eis aqui algo parecido com um dicionário. 16
Novos Dizeres As portas das entradas lexicais se constituíram verdadeiro desafio. Umas estavam escancaradas. Outras, apenas encostadas. Houve aquelas, no entanto, que precisaram ser arrombadas. Que meu verso se pareça com um gesto de cafuné, sem a intenção de mudar o mundo, mas com um desejo de incentivar pessoas a entender melhor como o mundo é. E em mim, a gratidão por saber que alguém leu. Principalmente, saber que gostou. Ruy Póvoas Março, 2016. ajalah@uol.com.br 17