fls. 1 ACÓRDÃO Registro: 2016.0000239070 Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação nº 0001629-31.2015.8.26.0439, da Comarca de Pereira Barreto, em que é apelante MARIA APARECIDA DA SILVA, é apelado FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO. ACORDAM, em 10ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores PAULO GALIZIA (Presidente), ANTONIO CARLOS VILLEN E TORRES DE CARVALHO. São Paulo, 11 de abril de 2016. Paulo Galizia RELATOR Assinatura Eletrônica
fls. 2 VOTO Nº 12.392 10ª CÂMARA DE DIREITO PÚBLICO APELAÇÃO COM REVISÃO Nº 0001629-31.2015.8.26.0439 COMARCA: PEREIRA BARRETO APELANTE: MARIA APARECIDA DA SILVA APELADOS: FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO E OFICIAL DE REGISTRO CIVIL DE PESSOAS NATURAIS E DE INTERDIÇÕES E TUTELAS DE BIRIGUI - SP JUIZ: MATHEUS BARBOSA PANDINO RESPONSABILIDADE CIVIL. Inclusão do nome da apelante no Sistema Informatizado de Registro de Óbitos SISOBI. Bloqueio do CPF percebido durante tentativa de resgate de créditos do Programa Nota Fiscal Paulista, no site da Fazenda do Estado de São Paulo. Sentença de parcial procedência para desbloqueio do CPF e retirada do SISOBI, afastado o pedido de indenização por danos morais. Apelação da autora. Ausência de culpa do Oficial de Registro Civil. Indenização por danos morais. Impossibilidade. Manutenção da sentença. Recurso da autora não provido. Trata-se de recurso de apelação interposto contra a r. sentença de fls. 147/150 que julgou parcialmente procedente ação ajuizada por Maria Aparecida da Silva, para determinar a retirada do CPF da autora do Sistema Informatizado de Controle de Óbitos e para desbloquear o acesso ao sistema da nota fiscal paulista, reconhecendo que a autora encontra-se viva e possui o mesmo número de CPF da pessoa que consta da certidão de óbito juntada aos autos. Em razão da sucumbência recíproca, as despesas processuais e os honorários advocatícios foram distribuídos e compensados proporcionalmente entre as partes, observado o disposto no art. 12 da Lei nº 1.060/1950. Em suas razões recursais, a autora alega que ao tentar resgatar créditos do Programa Nota Fiscal Paulista, no site da Fazenda do Estado de São Paulo, teve ciência de que seu CPF estava bloqueado em razão
fls. 3 de inclusão indevida dos seus dados pessoais no Sistema Informatizado de Registro de Óbitos SISOBI. Salienta que o ocorrido lhe ocasionou danos morais, pugnando por indenização em valor capaz de desestimular a conduta dos requeridos. Afirma que o Oficial de Registro Civil e seus prepostos praticaram atos próprios de serventia ao fazerem o cadastro de maneira equivocada, devendo ser responsabilizados nos termos do art. 22 da Lei n. 8.935/94. Aduz, ainda, que os apelados deveriam ter inserido todas as informações obrigatórias no aludido sistema, como número do RG, do título de eleitor, PIS, etc. a fim de evitar inclusões indevidas e conclui que não agiram com o devido zelo ao inserir os dados da requerente, ao invés de inserir os dados da pessoa falecida, no SISOBI, o que caracteriza ato ilícito, passível de indenização. Além disso, pugna pela condenação dos apelados ao pagamento integral das custas, despesas processuais e de honorários advocatícios de 20% do valor da condenação com fundamento no princípio da causalidade, ressaltando que decaiu em parte mínima do pedido. Pleiteia, pois, seja dado provimento ao recurso, para a condenação dos apelados ao pagamento de indenização por danos morais, custas, despesas processuais e honorários advocatícios (fls. 153/157). Recurso tempestivo e respondido (fls. 162/172 e 174/177). É o relatório. O recurso da autora não comporta acolhimento. Não é possível apontar qualquer erro na conduta dos apelados. Assim, embora o bloqueio ocorrido seja indevido, não há culpa dos
fls. 4 réus. Está demonstrado que o número de CPF da autora Maria Aparecida da Silva, nascida em 15/11/1951 (fls. 20), coincide com o número de CPF de pessoa já falecida, cuja certidão de óbito está juntada a fls. 81. A duplicidade do registro decorreu da coincidência entre o nome de solteira da pessoa falecida e o nome da autora e do fato de ambas apresentarem mesma data de nascimento. Assim, o cadastramento da apelante e da pessoa falecida sob o mesmo número de CPF foi a causa do transtorno ora experimentado e o equívoco deve ser atribuído à Secretaria da Receita Federal. O Oficial de Registro Civil demonstrou ter inserido no SISOBI os dados da pessoa falecida, com fulcro no atestado de óbito de fls. 81 e o fato de aquela pessoa utilizar o mesmo número de Cadastro da autora perante a Receita Federal não pode ser relacionado à falta de zelo no exercício da atividade notarial. Ademais, não se pode exigir que sejam inseridas no Sistema Informatizado de Controle de Óbitos todas as informações elencadas pela apelante, uma vez que tal cadastramento é feito com fulcro no assento de óbito, do qual não constam todos os registros mencionados pela apelante, mas apenas aqueles elencados a fls. 85. Do mesmo modo, o sistema do programa Nota Fiscal Paulista rege-se pelo número de CPF dos indivíduos, o que explica o bloqueio do número de CPF da autora ao serem inseridos os dados da pessoa falecida no Sistema Informatizado de Controle de Óbitos. Logo, também não é possível reconhecer qualquer erro na conduta da Fazenda do Estado. Desta forma, não há obrigação dos requeridos ao pagamento de indenização por dano moral à parte autora. No mais, a autora decaiu em parte significativa de seu pedido, sendo imperioso o reconhecimento da sucumbência recíproca, nos termos da r. sentença.
fls. 5 PROVIMENTO ao recurso da autora. Diante do exposto e pelo meu voto, NEGO PAULO GALIZIA RELATOR