INCIDÊNCIA DE FUNGOS ASSOCIADOS A SEMENTES DE ARROZ EM SEIS REGIÕES PRODUTORAS DO RIO GRANDE DO SUL

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Transcrição:

INCIDÊNCIA DE FUNGOS ASSOCIADOS A SEMENTES DE ARROZ EM SEIS REGIÕES PRODUTORAS DO RIO GRANDE DO SUL OCCURRENCE OF FUNGI ASSOCIATED TO RICE SEEDS IN SIX PRODUCING REGIONS OF RIO GRANDE DO SUL Cândida Renata Jacobsen de Farias 1 ; Ana Paula Schneid Afonso 2 ; Mirian Fernandes Brancão 3 ; Carlos Roberto Pierobom 4 RESUMO O cultivo do arroz é importante na alimentação humana, sendo a principal fonte de calorias para a maioria da população mundial, desempenhando papel sócio-econômico. O Brasil é o oitavo produtor mundial de arroz, sendo que a região Sul do Brasil contribui com 45,9% do total da produção nacional. No entanto, a cultura é infectada por uma série de patógenos, destacando-se os fungos. O trabalho teve como objetivo verificar a incidência de fungos em sementes de arroz, provenientes de seis regiões orizícolas do Rio Grande do Sul. O trabalho foi realizado no Laboratório de Patologia de Sementes do Departamento de Fitossanidade, da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel da Universidade Federal de Pelotas. Foram analisadas amostras de 162 lotes pelo método do Papel de Filtro. A incubação foi realizada por 7 dias a 25+ 2 o C, sendo as sementes submetidas ao regime de 12 horas em presença de luz e 12 horas no escuro. Maior incidência de fungos foi observada nas amostras de Cachoeirinha (70%), seguida pelas regiões de Cachoeira do Sul (60%), Camaquã (36%), Rosário do Sul (34%), Pelotas (15%) e Uruguaiana (10%). As cultivares que apresentaram maior incidência média de fungos foram BRS 406 (10,50%) IRGA 421(8,00%), FORMOSA (7,95%) e as LINHAGENS (7,65%), por outro lado, a cultivar ARRANK, foi a que apresentou a menor incidência média de contaminação fúngica (0,35%). Palavras-chave: Oryza sativa, patologia de sementes, microflora fúngica. ABSTRACT Rice cultivation is important in human nutrition being the main energy source for the majority of the world population, besides playing a social-economic role. Brazil ranks eight in world rice production, with the southern region of Brazil contributing with 45.9% of the national crop production. However, rice culture is subjected to the attack of a series of pathogens, mainly fungi. The objective of this study was to verify the incidence of fungi in rice growing regions in Rio Grande do Sul. The work was carried out in the seed pathology laboratory of Universidade Federal de Pelotas. One hundred and sixty two (162) seed samples were analyzed by the paper filter method. Incubation was made for 7 days at 25 C with seeds being subjected to 12 hours light and 12 hours darkness. Highest total fungi incidence was observed in samples originating from Cachoeirinha (70.2%), followed by the regions od Cachoeira do Sul (60.09%), Camaquã (36,24%), Rosário do Sul (33,89%), Pelotas (14,65%) and Uruguaiana (10.25%). Cultivars showing highest fungi medium incidence were BRS 406 (10,50%), IRGA 421 (8,00%), FORMOSA (7,95%) and progenies (7,65%). The ARRANK cultivar showed the lowest fungi incidence (0,35%). Key words: Cultivars, seed pathology, Blotter Test, Oryza sativa. A cultura do arroz tem importante papel na alimentação humana, pois é a principal fonte de calorias para a grande parte da população mundial e, além disso, desempenha papel sócio-econômico. Particularmente na Ásia mais de 90% de todo arroz cultivado é consumido por aproximadamente 60% da população mundial (WEBSTER & GUNNELL, 1992). O Brasil é o oitavo produtor mundial de arroz, sendo que no ano de 2005 foram cultivados aproximadamente quatro milhões de hectares, alcançando a produção de mais 1 Engenheiro Agrônomo, Doutoranda Programa de Pós-Graduação em Fitossanidade, FAEM/UFPel, Deptº Fitossanidade, Campus Universitário, Caixa Postal 354 CEP 90010900 Pel otas, RS. candidajacobsen@bol.com.br 2 Engenheiro Agrônomo, Dr. em Agronomia, FAEM/UFPel 3 Engenheiro Agrônomo, Doutoranda Programa de Pós-Graduação em Fitossanidade, FAEM/UFPel 4 Engenheiro Agrônomo, PhD, Deptº Fitossanidade, FAEM/UFPel, (Recebido para Publicação em 06/02/2007, Aprovado em 01/11/2007)

de 13 milhões de toneladas (IBGE, 2006). O maior produtor Os ensaios foram conduzidos no Laboratório de no Brasil é a Região Sul (7.405,3 mil toneladas), seguido Patologia de Sementes da Faculdade de Agronomia Eliseu pela Região Centro-Oeste (2.673,8 mil toneladas), Norte Maciel (UFPel). Foram analisadas amostras de 162 lotes (1.594,6 mil toneladas), Nordeste (1.237,5 mil toneladas) e das cultivares BRS 406 (1), BRS-IRGA 409 (7), BRS-IRGA Sudeste (379,7 mil toneladas). O Estado do Rio Grande do 410 (19), BRS-IRGA 414 (1), IRGA 416 (3), IRGA 417 (28), Sul contribuiu com 45,9% do total da produção nacional, com IRGA 418 (9), IRGA 419 (10), IRGA 420 (5), IRGA 421 (3), uma área de um milhão de hectares e uma produtividade 1598 (1), ARRANK (2), BRS 7 Chuí (1), IRGA 422CL (15), média de 6,1 t.ha -1 na safra 2004/05 e 5,6 t.ha -1 em 2005/06 EL PASSO-144 (21), EPAGRI 108 (1), EPAGRI 112 (1), (CONAB, 2006). FORMOSA (1), LINHAGENS (6), BRS PELOTA (10), Entre os fatores que limitam a produção de arroz, QUALIMAX (8), QUALITÁ (1), SABBORE (2), SCS-112 (1), nos diversos países produtores, destaca-se a incidência de SUPREMO 13 (1), SYNGENTA (2) e BRS 7 Taim (2). As patógenos na cultura, tais como vírus, nematóides, além de sementes foram produzidas na safra 2005/2006 obtidas junto insetos pragas (GROTH, 1991; OU, 1972; FRANCO et al., ao Instituto Riograndense de Arroz irrigado (IRGA) sede 2001). No Rio Grande do Sul, o cultivo de arroz irrigado é Pelotas oriundas de áreas de sementes fiscalizadas. afetado por vários desses patógenos. Entre os fungos As sementes foram analisadas pelo Método do fitopatogênicos que incidem na cultura destacam -se: Papel de Filtro de acordo com as Regras para Análise de Pyricularia grisea, Bipolaris oryzae, Cercospora janseana, Sementes (BRASIL, 1992). Quatrocentas sementes foram Rhizoctonia solani, Gerlachia oryzae, Phoma sorghina, acondicionadas em caixas tipo gerbox e incubadas a 25±2 Alternaria padwickii, Alternaria spp., Curvularia lunata e ºC e fotoperíodo de 12 h por 7 dias. Nigrospora oryzae (OU, 1972; MALAVOLTA & BEDENDO, A identificação dos fungos foi realizada com auxílio 1999; SOAVE et al., 1997; FRANCO et al., 2001). de microscópio estereoscópico e/ou microscópio composto A associação dos patógenos com as sementes é comum. importante sobretudo porque prolonga a sobrevivência do Maior incidência de fungos foi observada nas patógeno mantendo sua viabilidade, além de proporcionar sementes oriundas da região de Cachoeirinha (70%), eficiente mecanismo de dispersão para áreas novas ou já seguida pelas sementes produzidas nas regiões de tradicionais de cultivo. Adicionalmente verifica-se alta Cachoeira do Sul (60,%), Camaquã (36%), Rosário do Sul probabilidade de transmissão do patógeno para as plântulas (34%), Pelotas (15%) e Uruguaiana (10%), apesar de não em desenvolvimento após a semeadura, causando doenças poder se fazer uma afirmação em relação a esses ainda na fase inicial da cultura (BAKER, 1972, MENTEN, resultados, pelo fato de não se ter o mesmo número de 1995). Em virtude da relevância dessa interação esse amostras entre as regiões, acredita-se que tais resultados trabalho objetivou identificar e quantificar os fungos estão relacionados ao manejo da cultura (Figura 1). veiculados em sementes de arroz de seis regiões produtoras do Rio Grande do Sul.

In cid ên ci a (% ) DE FARIAS, et al. Incidência de fungos associados a sementes de arroz em seis regiões produtoras do Rio Grande do Sul 7 0,0 6 0,0 5 0,0 4 0,0 3 0,0 2 0,0 1 0,0 0,0 P elo t as U ruguaian a R. do Sul Cam aquã Cach o eira do Regiõ es Sul Cach o eirin h a Figura 1 - Incidência total de fungos expressa em porcentagem (%) em sementes de arroz produzidas em diferentes regiões do Rio Grande do Sul. Pelotas, 2006. A análise sanitária das sementes permitiu identificar os gêneros Alternaria sp., Aspergillus sp., Bipolaris sp., Cladosporium sp., Curvularia sp., Epicoccum sp., Fusarium sp., Gerlachia sp., Nigrospora sp., Penicillium sp. e Phoma sp. (Tabela 1). No entanto, devido à baixa disponibilidade de amostras para alguns cultivares, verificou-se através da análise de coeficiente de variação (%CV) muito elevado, mesmo após homogeneização da amostra, não permitindo revelar diferenças de incidência para as variedades. Resposta semelhante foi obtida por SOAVE et al. (1985) ao estudarem o comportamento de cultivares de arroz em relação aos fungos manchadores de sementes. Os fungos Alternaria sp., Bipolaris sp., Curvularia sp., Nigrospora sp. e Phoma sp. responsáveis por manchas nos grãos apresentaram incidências que variaram de 2 a 9,6% (Tabela 1). Sementes da cultivar BRS 406 apresentaram cerca de 94% de incidência desses fungos com predominância de Bipolaris sp. (57%) (Tabela 1). A dispersão de Alternaria sp. por meio de sementes de arroz foi anteriormente documentada, COSTA (1991) e SOAVE et al. (1997), verificaram a presença do fungo nas sementes de arroz causando manchas em grãos e, consequentemente depreciando a qualidade do produto. Da mesma forma Bipolaris sp. tem sido detectado em lotes de sementes não só de arroz (MALAVOLTA & BEDENDO, 1999) mas também em trigo (REIS & FORCELINI, 1993). Em contraste às incidências reportadas por esses autores (39,5 a 89%), verificou-se baixa incidência de Bipolaris sp. (9,3%) (Tabela 1).

Tabela 1. Incidência média de fungos expressa em porcentagem (%) em sementes de cultivares de arroz. Produzidas em diferentes regiões do Rio Grande do Sul. Pelotas, 2006 Cultivares/Fungos ALT ASP BIP CLA CUR EPI FUS GER NIG PEN PHO Média Total BRS 406 24,25 0,00 56,75 1,25 12,50 0,00 0,00 5,75 0,00 14,50 0,25 10,50 BRS-IRGA 409 2,93 2,04 6,21 0,07 2,46 0,29 2,32 1,18 22,93 1,79 1,71 4.00 BRS-IRGA 410 11,92 0,50 11,79 0,03 3,62 1,12 1,75 6,51 3,97 0,50 3,31 4,00 BRS-IRGA 414 1,75 0,25 0,75 0,25 0,50 0,00 0,00 33,00 0,00 1,00 0,25 3,50 IRGA 416 7,92 0,50 5,75 0,08 2,33 0,50 7,83 0,42 6,92 0,42 1,67 3,10 IRGA 417 11,38 1,62 3,29 0,10 2,09 1,32 1,14 2,59 13,52 0,79 2,05 3,60 IRGA 418 5,47 0,25 11,92 0,17 3,56 0,92 3,75 5,97 1,22 0,22 3,72 3,40 IRGA 419 14,45 0,38 6,58 0,03 2,13 0,05 4,35 1,23 4,55 0,08 1,68 3,20 IRGA 420 0,85 0,10 5,35 0,00 0,25 0,00 0,65 0,40 4,35 0,25 0,30 1,10 IRGA 421 25,17 0,17 9,92 1,08 11,83 0,67 5,67 2,17 29,25 0,33 1,50 8,00 1598 10,00 0,00 45,50 0,50 4,50 0,00 0,75 10,75 0,00 0,75 0,00 6,60 ARRANK 0,13 0,00 1,38 0,00 0,00 0,00 0,25 1,00 1,00 0,00 0,00 0,35 CHUÍ 8,00 0,00 3,75 0,00 7,75 0,00 0,00 1,50 10,50 0,00 1,25 3,00 IRGA CL 422 12,92 0,73 3,70 2,73 6,63 5,03 0,73 2,17 18,60 0,95 3,05 5,20 EL PASSO 144 12,60 1,11 5,40 0,15 1,69 1,17 1,51 5,36 5,83 0,64 1,52 3,35 EPAGRI 108 31,00 0,00 5,75 0,00 13,50 3,00 2,25 5,50 7,50 0,50 8,50 7,00 EPAGRI 112 1,00 0,00 0,25 0,00 0,00 0,00 2,00 1,50 4,50 0,00 1,25 1,00 FORMOSA 30,25 0,00 23,00 0,25 12,25 0,00 16,50 3,75 0,00 1,25 0,00 7,95 LINHAGENS 4,88 1,13 26,42 0,25 7,13 0,08 11,54 4,38 16,13 2,08 10,25 7,65 BRS PELOTA 4,43 0,50 6,00 0,00 0,43 0,50 1,40 6,28 9,83 0,15 1,18 3,00 QUALIMAX 14,41 0,38 3,16 0,53 5,72 1,22 0,19 4,00 15,47 0,84 5,16 4,64 QUALITÁ 7,50 0,00 0,00 0,00 0,00 0,50 0,00 3,00 0,00 0,00 0,50 1,00 SABBORE 0,63 0,00 0,75 0,00 0,38 0,13 0,25 0,00 27,13 0,13 0,63 2,75 SCS 112 0,00 4,50 0,00 0,25 0,00 0,00 3,50 0,25 2,75 14,75 0,00 2,36 SUPREMO 13 5,50 0,00 3,50 0,00 1,00 0,25 0,00 17,25 0,50 0,25 5,25 3,00 SYNGENTA 4,13 0,38 4,38 0,00 0,50 0,00 0,50 5,88 12,50 0,25 0,63 2,65 BRS 7 TAIM 6,00 0,25 0,00 0,13 0,25 0,00 3,63 2,88 12,13 0,38 0,38 2,35 Média 9,61 0,55 9,30 0,29 3,81 0,62 2,68 4,99 8,56 1,59 2,07 AL -Alternaria sp. ASP-Aspergillus sp. BIP-Bipolaris sp. CLA-Cladosporium sp. CUR-Curvularia sp. EPI-Epicoccum sp. FUS-Fusarium sp. GER-Gerlachia sp. NIG-Nigrospora sp. PEN-Penicillium sp. PHO-Phoma sp.

As cultivares que apresentaram maior incidência média de fungos foram BRS 406 (10,50%) IRGA 421(8,00%), FORMOSA (7,95%) e as LINHAGENS (7,65%), por outro lado, a cultivar ARRANK, foi a que apresentou a menor incidência média de contaminação fúngica (0,35%) (Tabela 1). Dado o reduzido número de amostras de sementes analisado não foi possível inferir sobre a significância das diferenças entre as incidências. MALAVOLTA & BEDENDO (1999), avaliando a resistência de cultivares de arroz a mancha de grão, verificaram que as cultivares recomendadas para o Sul do Brasil (BR IRGA 409, BR IRGA 410, BR IRGA 417, CICA 8, EMBRAPA 6 e 7, EPAGRI 107 e 108 e IR 841), apresentaram incidências médias de 1,38 e 0,90% de B. oryzae e P. sorghina, respectivamente, valores estes inferiores aos observados nesse trabalho (9,30 e 2,07%) (Tabela 1). Este fato indica que a sanidade das sementes varia de ano para ano e de local para local, em função das variações naturais das condições ambientais, prevalência de raças dos patógenos, suscetibilidade das cultivares e manejo das práticas culturais (SOSBAI, 2005). RIBEIRO & AMARAL (1980) avaliaram o efeito dos fungos P. oryzae, D. oryzae, Curvularia spp., N. oryzae, Phoma spp., Alternaria spp. e outros, na germinação e emergência das plântulas de arroz, cujos lotes apresentavam diferentes graus de contaminação. Os resultados mostraram diferenças na germinação e na emergência das Plântulas, ocorrendo tendência de observar melhores resultados a partir dos lotes com menor incidência de fungos. Resultados semelhantes foram constatados por NAKAMURA & SADER (1986), nas sementes de cultivares de arroz com baixa inciência de Phoma sp., Drechslera sp. e P. oryzae. Por outro lado, os cultivares com menor porcentagem de germinação e menor resistência ao envelhecimento acelerado, mostrou maior porcentagem de infecção por Phoma sp. e infecção elevada, embora não significativa, por Drechslera sp. De acordo com NAKAMURA (1984) a incidência de P. sorghina nas sementes de arroz pode ser elevada, variando de 31,8 a 85,7%. Dados confirmados por SARTORATO et al. (1990) onde as sementes analisadas, de arroz, apresentaram uma incidência de 82% de P. sorghina. A incidência de fungos manchadores de grãos vem aumentando nos últimos anos, principalmente devido os cultivares utilizados apresentarem elevada suscetibilidade, sendo que na região Sul do Brasil, as manchas de glumas causadas por B. oryzae e Poma sp. ocupam o segundo lugar em importância econômica (EMBRAPA, 1993). Neste trabalho não foi verificada a presença de Pyricularia sp., o que deve ser explicado pelo fato de que a maioria dos cultivares recomendados para o Rio Grande do Sul apresentarem no mínimo resistência moderada ao fungo (SOSBAI, 2005). REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS BAKER, K.Seed pathology. In: Kozlowski, T. (Ed.). Seed biology. New York: Academic Press, 1972, v.2, p.317-416. BRASIL. Regras para análise de sementes. Brasília: Ed. Ministério da Agricultura, 1992. 365p. CONAB. Disponível em: Safra <http://www.conab.gov.br/conabweb/download/safra/arrozse rieshist.xls> Acesso em: 09 jan. 2006. COSTA, J.L.S. Alternaria padwickii e Curvularia lunata: patogenicidade e transmissão por sementes de arroz irrigado. Fitopatologia Brasileira, Brasília, v.16, n.1, p.15-18, 1991. EMBRAPA CPACT. Arroz irrigado: recomendação técnica para o Sul do Brasil. Pelotas: EMBRAPA, 1993. 87p. (Documento, 3). FRANCO, D. F.; RIBEIRO, A. S.; NUNES, C. D.; et al. Fungos associados a sementes de arroz irrigado no Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Agrociência, Pelotas, v.7, n.3, p.235-236, 2001. GROTH, D. E.; RUSH, M. C.; HOLLIER, C. A. Rice diseases and disorders in Lousiana. Baton rouge: Louisiana Agricultural Experiment station, 1991. 37p. (Bulletin, 828).

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