MENSAGEM DE SUA EMINÊNCIA REVERENDÍSSIMA O CARDEAL-PATRIARCA DE LISBOA D. JOSÉ DA CRUZ POLICARPO PARA A QUARESMA DE 2012

Documentos relacionados
Itinerários e catequese Itinerário de conversão e de crescimento

PREPARAÇÃO QUARESMA - PÁSCOA A LITURGIA É A CELEBRAÇÃO DO MISTÉRIO PASCAL DE CRISTO

Saúdo-vos com alegria, consciente de que em Cristo Vivo e

FUNDAMENTOS DA FÉ CATÓLICA

Apresentação Pe. Aníbal Mendonça, sdb

Iniciação cristã das crianças. Orientações para o catecumenado

Deus Pai, criastes-nos à Vossa imagem e semelhança e chamais-nos, desde toda a eternidade, a participar da Vossa bondade! Fazei-nos viver, todos os di

Ousar evangelizar os Pais

Catedral Diocesana de Campina Grande. II Domingo da Páscoa Ano C Domingo da Divina Misericórdia. ANO DA FÉ Rito Inicial

Catequese Paroquial e CNE Escutismo Católico Português

HOMILIA DO BISPO DO PORTO NA FESTA DE NOSSA SENHORA DA MISERICÓRDIA

1.1 Recuperar a comunidade (Base do Antigo Israel); 1.2 A nova experiência de Deus: o Abbá (Oração e escuta comunitária da Palavra);

HOMILIA NA EUCARISTIA DOS 50 ANOS DA ULTREIA DE MATOSINHOS

Roteiros Mensais para Grupos

CONSELHO DIOCESANO DA PRIMAVERA. Macieira de Cambra. 17.Abril Tema: MISSÃO E FAMÍLIA

Teologia Sistemática

Homilia na solenidade da Santíssima Trindade

+ Ilídio Pinto Leandro Bispo de Viseu

Coleção Chamados à Vida Chamados À Vida, Chamados À Vida Em Jesus Cristo,

Homilia na Jornada Diocesana do Escutismo - São Jorge 2015

Catequese Adolescência Paróquia S. Salvador de Carregosa 8º ano/ º Período Objectivos Data Tema da catequese Objectivos Estratégias

F R A D E S SERVOS DE MARIA. U m a p r o p o s t a d e v i d a

O Espírito Santo, que o Pai nos presenteia, identifica-nos com Jesus- Caminho, abrindo-nos ao seu mistério de salvação para que sejamos filhos seus e

1. Disse Jesus: Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome e quem crê em mim jamais terá sede. Jo 6,35

O Rito de Iniciação Cristã de Adultos (= RICA) Características fundamentais e Perguntas mais frequentes...

* Apostila Nr. 01 O VERDADEIRO SENTIDO DO DIZIMO. DIOCESE DE JOINVILLE SC PASTORAL DO DIZIMO Pe. Ivanor Macieski

O Carmelo da Santíssima Trindade e da Imaculada Conceição é um mosteiro de Carmelitas descalças, situado na Arquidiocese de Goiás, no coração do

Roteiros Mensais para Grupos

Mensagem à Igreja que caminha com esperança pascal na diocese de Viseu.

Escutar a Palavra do Senhor

Vídeo

Homilia na solenidade de Cristo Rei na conclusão do Jubileu da Misericórdia

CELEBRAÇÃO DO DOMINGO RAMOS de 2019 NA SÉ DE VISEU ENTRADA TRIUNFAL DE JESUS NA CIDADE SANTA DE JERUSALÉM E CELEBRAÇÃO DA PAIXÃO

Escrito por Pe. Luís Maurício Seg, 10 de Novembro de :27 - Última atualização Dom, 23 de Novembro de :50

ITINERÁRIO CATEQUÉTICO. Iniciação à vida cristã: Um processo de inspiração catecumenal

LA VALLA - Dimensão mística de nossas vidas

DIA MUNDIAL DO DOENTE

Colégio Nossa Senhora da Piedade

MARCO SITUACIONAL - DIOCESE DE CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM - ES

A fé nos liberta do isolamento do eu, porque nos conduz à comunhão. Isso significa que uma dimensão constitutiva

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA COMPÊNDIO

de Jesus, nos é dada a oportunidade de iluminar as nossas ações.

2ª FEIRA 26 de novembro

Viver em casal com alegria!

Homilia na celebração pela unidade dos cristãos Porto

SDCIA - ISCRA Secretariado Diocesano da Catequese de Infância e Adolescência Instituto Superior de Ciências Religiosas de Aveiro

4x7 AS RAZÕES DA NOSSA FÉ CURSO DE APROFUNDAMENTO DA FÉ A PARTIR DO YOUCAT CATECISMO JOVEM DA IGREJA CATÓLICA

Texto-base Lema: Mostra-me, Senhor, os teus caminhos!. (Sl 25,4)

SOLENIDADE DO SANTÍSSIMO CORPO E SANGUE

MISSA - A COMUNIDADE SE REÚNE PARA CELEBRAR A VIDA

Quero afirmar ao Papa Francisco a comunhão filial e a presença orante da Igreja do Porto.

Ser testemunha de Jesus no estudo, no trabalho, no bairro

Liturgia Eucarística para 27/03/ 2018 Tema: Leigos em missão na Família, Igreja e Sociedade. Símbolos: Cruz e símbolo do Ano Pastoral.

SEMANA SANTA TRÍDUO PASCAL PÁSCOA

Também foram apresentadas sugestões de temáticas para alguns encontros que já fazem parte da vida do movimento nos estados e dioceses:

dirige e enriquece com todos os seus frutos: a IGREJA

COMUM DOS SANTOS E DAS SANTAS

Três eixos temáticos. I. A alegria do Evangelho II. Sinodalidade e Comunhão III. Testemunho e Profetismo

2018/19 lança-nos vários desafios:

Ritos Iniciais: 1- ACOLHIDA:

renovando a nossa profunda comunhão com Pedro, o Papa Francisco!

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS

Jubileu dos Catequistas no Porto

OFICINA: CATEQUESE E LITURGIA. DOM PEDRO BRITO GUIMARÃES ARCEBISPO DE PALMAS DIA: 27/04/2019 HORÁRIO: 15h00 às 18h00

À LUZ DA PALAVRA DE DEUS E DA IGREJA: NO MUNDO NA IGREJA NO MCC

O ANO LITÚRGICO. Quando se inicia o Ano Litúrgico?

Paróquia de Ceira. Plano Pastoral

CHAMADOS A VIVER EM COMUNHÃO MEMBROS DE UM SÓ CORPO EM CRISTO JESUS (1COR 12,12)

Prefácio. Santo Tomás de Aquino. Suma Teológica, II-II, q. 28, a. 4.

Ser testemunha de Jesus em fraternidade

VIVER A CATEQUESE BATISMAL. Arquidiocese de Ribeirão Preto

PLANEJAMENTO Fé versus força física Todos saberão que há deus em Israel Jeitos de ser convicto O que diz a educação física

Plano Pastoral

Pontifícias Obras Missionárias

1º CICLO. Não temas Receber Jesus!

Quando ia se completando o tempo para ser elevado ao céu, Jesus tomou a firma decisão de partir para Jerusalém (Lc 9,51).

Santificação dos Sacerdotes

Plano Diocesano de Pastoral: «Movidos pelo Amor de Deus»

Ir ao coração da Fé Formar para uma Fé adulta «Permanecei firmes e sólidos na fé» (Col 1, 23)

Audiência às Equipes Nossa Senhora

CARTA PASTORAL

UM HINO À ALEGRIA DO EVANGELHO Refrão:

SOLENIDADE DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO REI DO UNIVERSO ANO B 25/11/2018

Homilia no Dia da Comunidade da Paróquia de Nossa Senhora da Areosa

Eu vo-las ofereço de modo particular pelas intenções do Apostolado da Oração neste mês e neste dia:

Paróquia de Ceira. Plano Pastoral

Escola Bíblica Ano Pastoral

Os bispos, como pastores e guias espirituais das comunidades a nós encomendadas, somos chamados a fazer da Igreja uma casa e escola de comunhão.

Plano de ação e formação para Catequistas

Sigamos o Senhor, a caminho da Nova Jerusalém

Homilia na Peregrinação ao Santuário de Nossa Senhora da Assunção Santo Tirso

Barretos, 1º de agosto de Circular 07/2017. Caríssimos irmãos e irmãs,

Dia Mundial das Missões - Coleta Nacional - 21 e 22 de outubro

Solenidade da Imaculada Conceição

MUNDIAL DAS MISSÕES E DA SANTA INFÂNCIA MISSIONÁRIA 29º DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO DA FÉ 21 DE OUTUBRO DE 2012 RITO INICIAL

Transcrição:

MENSAGEM DE SUA EMINÊNCIA REVERENDÍSSIMA O CARDEAL-PATRIARCA DE LISBOA D. JOSÉ DA CRUZ POLICARPO PARA A QUARESMA DE 2012 Introdução A Quaresma é o tempo litúrgico que nos convida a situar a nossa vida cristã no essencial da sua verdade: a de peregrinos do Céu, na humildade da nossa fragilidade e na coragem da nossa fidelidade. Experimentamos já uma realidade que ainda não possuímos completamente. O desejo da plenitude é o motor da nossa fidelidade. Só no Céu viveremos plenamente a Páscoa de Jesus; mas ela é já a realidade decisiva da nossa vida. Em cada Quaresma, que o mesmo é dizer em cada Páscoa, somos chamados a viver com uma fidelidade renovada esta semente de eternidade que foi semeada em nós pelo Espírito de Cristo ressuscitado. É assim que o Santo Padre começa a sua Mensagem: A Quaresma oferece-nos a oportunidade de reflectir mais uma vez sobre o cerne da vida cristã: o amor. Com efeito, este é um tempo propício para renovarmos, com a ajuda da Palavra de Deus e dos Sacramentos, o nosso caminho pessoal e comunitário de fé. Trata-se de um percurso marcado pela oração e pela partilha, pelo silêncio e pelo jejum, com a esperança de viver a alegria pascal. A Mensagem de Bento XVI é muito bela; devemos todos partir dela para a vivência sincera da nossa Quaresma. Esta minha mensagem não pretende ser outra mensagem, ao lado da do Santo Padre. Quanto muito, posso considerar alguns dos desafios que nos lança, situando-os nas realidades concretas da nossa Igreja Diocesana.

2 A segurança da nossa fé 1. A fé é uma atitude que cresce e se aprofunda, à medida que nos leva a entrar em comunhão pessoal com Cristo e, por Ele, com Deus Trindade Santíssima. A Quaresma tem de ser tempo de aprofundamento da fé, pessoal e comunitária. O Santo Padre afirma: Os mestres espirituais lembram que, na vida de fé, quem não avança, recua. A firmeza ou a fragilidade da nossa fé tem aí a sua origem. Quem não vive a fé, torna-a mais fraca, menos segura, mais exposta às dúvidas; quem progride na fé, torna-a mais sólida, atitude inabalável, que vive a dúvida como um desafio, e enfrenta, sem vacilar, as diversas compreensões da vida que, hoje mais do que nunca, nos são dirigidas pelas vozes do mundo. A fragilidade da fé é a sua rotina, é a tibieza nos sentimentos, é a sua redução a tradições, que se vão esfarelando no embate com as vozes do mundo. A firmeza da fé é um dom do Espírito Santo, o dom da fortaleza, o que nos recorda que só conduzidos por Ele crescemos na fé e que este crescimento nos aproxima mais de Deus e da plenitude da vida. A fé é para ser vivida, na ousadia da liberdade e da vida, e não para ser guardada no cofre das memórias de família. Sempre que dizemos eu creio, afirmamos a nossa decisão de vida, a sua compreensão e o itinerário para atingir a sua plenitude. A firmeza da fé foi a força dos mártires, o desafio dos santos, levou à coerência da vida, vivida na lógica da fé, da Palavra de Deus, da Palavra da Igreja, dos mandamentos do Senhor. A persistência da esperança 2. A verdade da Quaresma reside na sinceridade com que nos relacionamos com Jesus Cristo, cuja Páscoa celebramos. Como diz o Santo Padre: O fruto do acolhimento de Cristo é uma vida edificada segundo as três virtudes teologais. À firmeza da fé, junta-se a persistência da esperança. Vivem da esperança aqueles que já experimentaram a realidade definitiva da Páscoa de Jesus, inauguração da vida definitiva; e, porque já a experimentaram, desejam a sua plenitude. A esperança é persistência no que já se tem, como fruto da nossa união a Cristo, e desejo de aprofundar essa vida nova. O próprio esforço de fidelidade está ligado à esperança. Só o Espírito Santo pode alimentar em nós esse desejo de plenitude.

3 Num momento particularmente difícil que estamos a viver, são muitas as vozes a tentar suscitar a esperança. Nós, os cristãos, queremos viver a esperança teologal, isto é, aquela que só é possível com a força do Espírito, que nos faz desejar a plenitude da vida em Cristo. Esta esperança teologal engloba todas as realidades da nossa vida presente, que ganham em Cristo um sentido novo. A esperança é a virtude que nos ajuda a viver toda a realidade humana à luz da Páscoa de Jesus. A esperança exprime a fé no concreto da vida presente. Só a esperança teologal nos ajuda a não desesperar quando o sofrimento nos bate à porta. A primazia da caridade 3. São Paulo afirma que, nesta vida presente, em que, unidos a Cristo, vivemos já as primícias do Reino dos Céus, permanecem a fé, a esperança e a caridade, mas que a maior é a caridade, a única que permanecerá no Reino definitivo (cf. 1Cor. 13, 8.13). Viver unido a Cristo é uma experiência de caridade: o amor com que Deus nos ama no Seu Filho e, com a força do amor de Deus, o amor com que nos amamos uns aos outros. A fé e a esperança são experiência do amor próprias da nossa situação de peregrinos do Reino dos Céus. Quando o cristão diz eu creio, no fundo ele diz: eu amo a Deus em Quem acredito; quando diz eu espero, ele diz: eu desejo deixar-me amar, e desejo amar de uma maneira cada vez mais generosa e total. É a caridade, vivida e desejada, que dá densidade à fé e à esperança. O amor dos irmãos 4. O amor de Deus e o amor dos irmãos, para os cristãos, são um único amor, que é infundido no nosso coração pelo Espírito Santo. Quem ama a Deus, ama os irmãos. Se isso não acontecer, é porque o nosso amor a Deus não é sincero. A fé e a esperança exprimem-se, também, no amor fraterno. Compreende-se, assim, que o Santo Padre, ao desafiar-nos para uma Quaresma vivida na profunda união a Jesus Cristo, ponha o acento no amor fraterno. Este não é redutível a esquemas impessoais de solidariedade; é amor de uma pessoa por outra, que se olham de frente, que se conhecem em toda a sua realidade. Noutro texto, o Santo Padre disse que a caridade fraterna é um coração que vê. Quando olhamos para o nosso irmão com o coração, quando

4 ele nos comove, ele torna-se o nosso próximo. No fundo é ter para com os nossos irmãos a mesma atitude que a fé nos leva a ter com Jesus Cristo: olhálo de frente, como o outro que vem ao meu encontro, tentando perceber quem é e o que faz por mim. Ouçamos o Santo Padre: é um convite a fixar o nosso olhar no outro, a começar por Jesus, e a estar atentos uns aos outros, a não se mostrar alheio e indiferente ao destino dos irmãos. Olhar toda a realidade dos nossos irmãos 5. Pode acontecer que quando estamos sobretudo sensíveis às necessidades materiais, ignoremos a verdade espiritual do nosso irmão, a sua necessidade de conversão à fé e à esperança. Um falso sentido de respeito pela intimidade do outro, a perda da noção do que é verdadeiramente bom ou mesmo a perda da noção da diferença do bem e do mal, podem dispensar-nos de, ao olharmos para o nosso irmão, o amarmos em toda a sua realidade. Se a fonte do nosso amor fraterno é o amor com que Deus nos ama, a ajuda material aos irmãos pode ser ocasião do anúncio do amor de Deus e de convite à conversão. Eu posso matar a fome aos meus irmãos, mas não ficarei bem com a consciência se nada fizer para os ajudar a recuperar espiritualmente o caminho da vida. A caridade fraterna impele-me tanto a socorrer os meus irmãos nas necessidades materiais como a ajudá-los a descobrir Jesus Cristo e o amor de Deus. E isto é mais possível se a nossa ajuda for fruto da caridade que aprendemos com Jesus Cristo. A caridade vivida é sempre o anúncio da salvação. A fé, a esperança e a caridade, e o anúncio da salvação 6. Convido-vos, pois, na sequência do Santo Padre, a vivermos esta Quaresma ao ritmo das três virtudes teologais: a fé, a esperança e a caridade, o que exige de nós uma coerência com a profundidade sobrenatural da vida em união com Cristo, de cuja Páscoa vivemos, e que nos preparamos para celebrar. Convido-vos a mergulhar no mistério de Deus, Trindade Santíssima e a arrastarmos para essa comunhão as pessoas a quem amamos com um amor que tem a sua fonte em Deus. Como dissemos, a caridade fraterna é sempre anúncio de Jesus Cristo, que ao transformar o nosso coração, fez dele um coração que vê. O

5 Patriarcado de Lisboa aceitou o convite do Santo Padre, através do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, para participar num programa de evangelização com outras onze cidades europeias, entre as quais aquelas que organizaram o Congresso Internacional para a Nova Evangelização. Para nós, Diocese de Lisboa, a participação neste programa de Nova Evangelização será ocasião de reavivar a memória do que foi o ICNE entre nós. Este programa tem a sua sede na Catedral e no ministério do Bispo diocesano. Tem como primeira concretização o anúncio da nossa fé, para as pessoas do nosso tempo, no realismo humano da nossa população. Será prioritariamente dirigido aos catecúmenos, às famílias, aos jovens, aos intervenientes na cultura, aos obreiros da solidariedade e aos responsáveis pela construção da comunidade. Outras duas formas de anúncio completarão este programa: uma proposta actual da mensagem de Santo Agostinho, anunciando a fé cristã aos que não têm fé, e uma leitura do Evangelho de Marcos. Para as comunidades cristãs, o anúncio será completado com outras duas iniciativas: vivência do mistério da reconciliação através do Sacramento da Penitência, e a partilha fraterna. A caminhada na fé supõe sempre o abandono ao amor misericordioso de Deus expresso no ministério da Igreja, que perdoa e reconduz os filhos pródigos à intimidade com o Pai. A partilha fraterna do que temos, para ajudar os que têm menos, entre nós tem já a longa tradição da Renúncia Quaresmal. Este ano pensaremos sobretudo naqueles irmãos das nossas comunidades que foram mais atingidos pela actual crise. O resultado desta partilha engrossará o nosso Fundo Diocesano Igreja Solidária, mas encontraremos formas de ligar mais ao concreto, garantindo que cada comunidade possa destinar aquilo que recolhe aos necessitados da própria comunidade, sem esquecer que a verdadeira dimensão desta família de irmãos é a Diocese, e que uma organização diocesana, garantida pela Caritas, é conveniente e necessária. Espero que este programa interesse toda a Diocese, quer mobilizando para as actividades diocesanas, quer encontrando formas de fazer ecoar em cada comunidade o que se passa no coração da Diocese.

6 Não esqueçamos que só haverá Nova Evangelização se o nosso anúncio tiver um novo ardor, e se ousar novos métodos e novas expressões. É preciso ir além das nossas rotinas pastorais e voltar a encarnar a ousadia da Igreja apostólica. Esta Quaresma tem mesmo de ser, para todos nós, ocasião de conversão. Cristo, que continua a querer salvar todos os homens, precisa da nossa ousadia, porque O queremos seguir e partilhar com Ele a missão, nesta sociedade que parece ter-se afastado tanto d Ele e do Seu Evangelho. Lisboa, 7 de Fevereiro de 2012, Festa das Cinco Chagas do Senhor JOSÉ, Cardeal-Patriarca