AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO TÉRMICO DE COBERTURAS DE POLICARBONATO E ACRÍLICO: ESTUDO DE CASO NO CAMPUS DA UNIMEP EM SANTA BÁRBARA D OESTE-SP



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Transcrição:

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO TÉRMICO DE COBERTURAS DE POLICARBONATO E ACRÍLICO: ESTUDO DE CASO NO CAMPUS DA UNIMEP EM SANTA BÁRBARA D OESTE-SP Rosimary Couto Paixão (1) ; Fernanda dos Reis Coutinho (2) ; Adriana Petito de Almeida Silva Castro (3) (1) Graduada em Arquitetura e Urbanismo-Unimep, rosicp@hotmail.com.br (2) Graduada em Engenharia Química-Unimep, fer_coutinho@hotmail.com (3) Profa. Dra. do curso de Arquitetura e Urbanismo-Unimep e Profa. Colaboradora Voluntária- Unicamp, dripasc@uol.com.br Universidade Metodista de Piracicaba UNIMEP Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP Resumo Existem muitos materiais transparentes disponíveis no mercado que podem ser empregados na construção civil como componentes de coberturas ou vedações. Antes da escolha do melhor material para aplicação em projetos é importante que se conheça as propriedades óticas de cada um deles, como seus níveis de transmissão, reflexão, absorção e refração, para verificar qual material melhor atende ao que se deseja. A cobertura é um dos componentes construtivos mais expostos à radiação solar, e merece atenção especial, pois influencia diretamente no aquecimento interno do ambiente. O objetivo deste trabalho consiste em avaliar o desempenho térmico de coberturas de policarbonato e acrílico utilizadas na construção civil, por meio de pesquisa bibliográfica e estudo de caso realizado no campus da UNIMEP em Santa Bárbara d Oeste-SP. A pesquisa confirma que a cobertura de policarbonato permite a passagem de uma grande porcentagem da radiação solar infravermelha, que aquece o ambiente interno. Dessa forma, verifica-se que não é a melhor opção para aplicação em áreas de permanência, principalmente em países de clima quente como o Brasil, devido à geração de um efeito estufa, causando um grande desconforto térmico aos usuários. Palavras Chave: policarbonato, coberturas transparentes, transmissão espectral, conforto térmico. Abstract There are many transparent materials on the market that may be used in the construction industry as components of roofing or seals, before choosing the best material for use in projects is important to know the optical properties of each of them, their levels of transmission, reflection, absorption and refraction, to check which material best suited to what you want. Coverage is one of the constructive components most exposed to solar radiation, and deserves special attention as it influences directly the heating on the internal environment. The objective of this study is to evaluate the thermal performance of coverage polycarbonate and acrylic used in construction, obtained by literature review and case study conducted on the campus of UNIMEP in Santa Barbara d'oeste-sp. The research confirms that the polycarbonate coverage allows the passage of a large percentage of infrared radiation, which heats the internal environment, so that there is not the best for application to areas of permanence, particularly in hot climates like Brazil, due to generation of a greenhouse effect that causes a large thermal discomfort to users. Keywords: Polycarbonate, Transparent Roofing, Spectral Transmission, Thermal Comfort. 2618

1. INTRODUÇÃO A cobertura é o componente mais exposto à radiação solar de um edifício, e atualmente percebe-se que projetar áreas com coberturas transparentes é um desafio, pois a penetração da radiação solar impede, muitas vezes, atingir um nível adequado de iluminação e carga térmica. Quando este nível não é atingido há interferências diretas no conforto térmico dos usuários (CASTRO, 2006). Áreas revestidas com materiais transparentes ou translúcidos oferecem maiores níveis de iluminação natural, porém permitem excessivos ganhos ou perdas de calor e consequentemente elevam o consumo de energia elétrica devido ao uso dos meios artificiais para resfriamento ou aquecimento do ambiente (CARAM, 1998). Chvatal (1998) afirma que ao considerar o clima local durante a realização do projeto, é possível proporcionar conforto térmico sem a utilização de equipamentos para condicionamento artificial do ambiente, por meio da escolha correta dos materiais de construção, disposição adequada das aberturas e sombreamentos, garantindo insolação e ventilação adequadas. No campus da UNIMEP - Universidade Metodista de Piracicaba, em Santa Bárbara d Oeste- SP, foram instaladas coberturas de policarbonato e acrílico em áreas de transição, podendo ser observado, principalmente na área coberta pelo policarbonato, no período de verão, um grande desconforto térmico. A partir daí, sentiu-se a necessidade de se verificar in loco os resultados da aplicação desses materiais em coberturas, e constatar o efeito destas superfícies transparentes no conforto térmico dos usuários. Esta pesquisa revela-se importante para orientar profissionais da área da construção civil sobre a utilização do policarbonato e do acrílico e dar suporte nas tomadas de decisão quando se envolve materiais transparentes, por meio da apresentação de informações relativas ao comportamento térmico dos materiais. O conteúdo deste artigo foi obtido a partir de pesquisa bibliográfica e estudo de caso realizado no local supracitado, onde foram efetuadas medições in loco e realizada uma comparação com dados de Medinilha et al. (2009), obtidos no mesmo local. 2. OBJETIVO O principal objetivo deste trabalho é avaliar o desempenho térmico do policarbonato e acrílico aplicados em coberturas, levando-se em consideração as exigências humanas de conforto térmico, por meio de medições in loco. 3. DESENVOLVIMENTO Os objetos de estudo foram as coberturas de policarbonato e acrílico instaladas no campus da Universidade Metodista de Piracicaba em Santa Barbara d Oeste-SP. O clima da cidade classifica-se como tropical de altitude, caracterizado por um verão quente e úmido e inverno ameno e seco (CEPAGRI, 2010). A cobertura de policarbonato do tipo alveolar tem 6 mm de espessura, cor opal (branco leitoso), marca Lexan, fabricado pela antiga G.E. plastics (atual SABIC). É utilizada na passarela existente na área externa, uma área de transição com pé-direito de 3 metros. A cobertura de acrílico é do tipo domus, utilizada para cobrir os corredores dos blocos, uma área de transição com pé-direito de 7 metros. 2619

Figura 1 - Cobertura de policarbonato e Cobertura de acrílico Estas coberturas (Figura 1) foram instaladas no campus em 1999, com o intuito de fornecer transparência, possibilitando-se iluminação natural. Na época não foram observados os aspectos relacionados ao conforto térmico dos usuários, e o resultado foi a geração de um grande desconforto térmico, principalmente pela cobertura de policarbonato, no período de verão, devido à formação de um efeito estufa. Foram escolhidos três pontos (Figura 2) para a realização do monitoramento da temperatura, de forma que se pudesse avaliar o desempenho das diferentes coberturas em relação ao ganho de calor e a resposta térmica do ambiente interno: P1 - Área externa - em pleno sol; P2 - Área coberta com policarbonato alveolar; P3 - Área coberta com acrílico tipo domus. Figura 2 - Localização dos pontos de coleta de dados Os instrumentos utilizados para a coleta de dados foram: Mini Termômetro Fluke 62 equipamento manual para aquisição de dados, utilizado para medir a temperatura das superfícies dos materiais analisados. Data Logger Testo 175-H1 equipamento de aquisição automática de dados. Foram utilizados dois equipamentos deste tipo, para medir a temperatura do ambiente coberto pelo policarbonato e área externa. Data Logger Testo 177-H1 equipamento de aquisição automática de dados, utilizado para medir a temperatura do ambiente coberto pelo acrílico. Os equipamentos Testo 177-H1 (figura 17) e 175-H1 (figura 18) foram dispostos em tripés, a 1,5 metros de altura, e foram programados para realizar medições de dez em dez minutos. As medições realizadas com o mini termômetro Fluke foram feitas de trinta em trinta minutos, medindo-se as seguintes temperaturas: 2620

Superfície interna e externa do policarbonato; Superfície interna de uma superfície mais amarelada e menos amarelada do policarbonato; Superfície interna da cobertura de acrílico. Estes equipamentos estão disponíveis no laboratório de Conforto Ambiental da UNIMEP, no campus de Santa Barbara d Oeste-SP. 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES As distinções de temperatura mais significativas são percebidas, geralmente, nos períodos de verão e inverno. Diante disso foram selecionadas datas durante estas estações para a coleta de dados para a pesquisa: Dados do período de inverno: de 16 a 19 de agosto de 2010; Dados do período de verão: de 24 a 27 de janeiro de 2011. 4.1. Média das temperaturas do ar nos pontos de coleta de dados Constatou-se que durante o período de inverno (Figura 3) a temperatura do ar na área externa se manteve superior na maior parte do tempo, mas em muitos momentos a temperatura do ar na área coberta pelo policarbonato passa a ser superior, enquanto a temperatura do ar na área coberta pelo acrílico se manteve inferior em média 4 C em relação a temperatura do ar no ambiente coberto pelo policarbonato. No período de verão (Figura 4) verifica-se que as temperaturas do ar registradas na área coberta com o acrílico foram inferiores as temperaturas registradas na área coberta pelo policarbonato. Observa-se que no período vespertino a temperatura do ar no ambiente coberto pelo policarbonato passa a ser superior em média 2,5 C em relação à temperatura do ar da área externa e a temperatura do ar no ambiente coberto pelo acrílico apresenta em média uma temperatura de 8 C inferior a temperatura do ar no ambiente coberto pelo policarbonato. Figura 3 - Média das temperaturas - inverno Figura 4 - Média das temperaturas - verão 4.2. Temperatura das superfícies internas dos materiais e a resposta térmica do ambiente interno No período de inverno (Figura 5) a temperatura superficial interna do acrílico foi em média 2 C menor do que a temperatura superficial interna do policarbonato, da mesma forma a temperatura do ambiente coberto pelo acrílico foi em média 3 C inferior em relação à temperatura do ambiente coberto pelo policarbonato. A partir das 14 horas a temperatura do ambiente coberto pelo policarbonato começa a apresentar um pequeno declínio, enquanto a temperatura do ambiente coberto pelo acrílico continua com uma temperatura constante; isto ocorre por haver vedações laterais no ambiente coberto pelo acrílico, que auxiliam no 2621

isolamento térmico, enquanto no outro ambiente o único material isolante é a cobertura de policarbonato. Enquanto no período de verão (Figura 6), nota-se que a temperatura da superfície interna da cobertura de acrílico foi 12 C superior, em média, em relação a temperatura da superfície interna do policarbonato, apesar disto o ambiente coberto pelo policarbonato apresentou a temperatura mais elevada, em média 3,5 C, em relação a temperatura do ar no ambiente coberto pelo acrílico. A temperatura superficial interna do acrílico chegou ao valor máximo de 60 C as 14h30, enquanto a temperatura do ambiente coberto pelo acrílico não ultrapassou os 33 C. Houve uma diferença média de 20,2 C entre as temperaturas da cobertura e do ambiente interno. Estes dados confirmam a pesquisa de Alucci (1999), indicando que a altura de 7 metros, onde está disposta a cobertura de acrílico, auxilia no conforto térmico do ambiente. Figura 5 - Média das temperaturas - inverno Figura 6 - Média das temperaturas - verão 4.3. Temperaturas das superfícies interna e externa do policarbonato e a resposta térmica do ambiente interno No período de inverno (Figura 7) a superfície interna do policarbonato apresentou temperaturas mais elevadas do que as temperaturas da superfície externa do material; isto ocorre pois neste período a temperatura do ar é inferior à temperatura do ar no período de verão, quando a velocidade do ar aumenta acontece o resfriamento da temperatura da superfície externa do policarbonato, e devido suas propriedades de isolamento térmico, o ar no ambiente interno continua aquecido e mantém a temperatura da superfície interna do material elevada. No verão (Figura 8) a diferença média entre as temperaturas da cobertura e do ambiente coberto pelo policarbonato foi de 5,4 C. A temperatura da superfície externa do policarbonato se manteve na maior parte do dia superior em relação à temperatura superficial interna do policarbonato, diferentemente do que aconteceu no período de inverno. Observa-se que ao longo do dia a variação da temperatura do ar no ambiente interno foi de 12 C, enquanto a variação da temperatura do material foi de 23 C. Figura 7- Média das temperaturas - inverno Figura 8 - Média das temperaturas - verão 2622

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Nota-se que tanto o policarbonato quanto o acrílico são materiais que permitem grande transmissão da radiação visível, e são opacos a radiação ultravioleta, indicando que os materiais são recomendados para utilização locais que necessitarem de um material que auxilie na proteção contra desbotamento das peças como vitrines, museus, bibliotecas. Porém foi constatado que o policarbonato perde sua transparência ao visível conforme aumenta seu índice de amarelecimento, e dependendo da orientação da fachada o grau de amarelecimento será diferente. Isso pode causar a existência de placas com diferentes tonalidades e transparências. Tanto o policarbonato quanto o acrílico permitem um alto nível de penetração da radiação infravermelha para o ambiente interno, e os dois materiais apresentam coeficientes de condutividade muito baixos, em torno de 0,21W/m²K e baixa transmissão de calor. Nota-se que o policarbonato e o acrílico são indicados para uso em locais onde se pretende manter o calor dentro do ambiente, e não se aspira a perda desse calor para o exterior. O policarbonato e o acrílico, assim como os demais materiais transparentes ou translúcidos utilizados na construção civil, apresentam vantagens e desvantagens, cabendo ao projetista balancear cada uma delas e escolher o componente que melhor atenda as necessidades do seu projeto. Além disso, é necessário que, ao especificar os materiais, haja uma consulta das suas características espectrais. REFERÊNCIAS ALUCCI, M. P. Fachadas transparentes: do conforto ao consumo de energia. Revista Téchne, n.40, maio/jun, 1999. p. 46-50. CARAM, R. M. Caracterização ótica de materiais transparentes e sua relação com o conforto ambiental em edificações. Campinas: Faculdade de Engenharia Civil, Unicamp, 1998. Tese (Doutorado) - Faculdade de Engenharia Civil, UNICAMP, 1998. CASTRO, A. P. A. S. Desempenho térmico de vidros utilizados na construção civil: estudo em células-teste. Campinas: Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo, UNICAMP, 2006. Tese (Doutorado) Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo, UNICAMP, 2006. CEPAGRI. Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura. Disponível em: <http://www.cpa.unicamp.br/outras-informacoes/clima-dos-municipios-paulistas.html>. Acesso em: 24 de jan. 2011. CHVATAL, K. M. S. A prática do projeto arquitetônico em Campinas, SP e diretrizes para o projeto de edificações adequadas ao clima. Campinas: Faculdade de Engenharia Civil, Unicamp, 1998. Dissertação (Mestrado) Faculdade de Engenharia, Arquitetura e Urbanismo, Unicamp, 1998. MEDINILHA, T. A. et al. Avaliação da sensação térmica em áreas de transição. In: Encontro Nacional de Conforto no Ambiente Construído, ENCAC X. Natal. 16-18 set. 2009. Anais... Natal. ENCAC. 2009. 2623