DIREITO DO TRABALHO I material 1

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Transcrição:

DIREITO DO TRABALHO I material 1 (Lázaro Luiz Mendonça Borges) 1. História do Direito do Trabalho Para que tenhamos uma melhor compreensão da posição atual do Direito do Trabalho é importante fazer uma rápida incursão pela história do próprio trabalho. Antes de tratarmos da evolução do Direito do Trabalho no mundo e, mais especificamente no Brasil, vale dizer que o trabalho, conforme o livro bíblico das origens, consistia em castigo. Por causa da desobediência de Adão e Eva, que comeram do fruto proibido, Adão passou a ter que trabalhar para garantir o seu sustento e de sua mulher, enquanto Eva passaria a sofrer as dores do parto. Gênesis 3,16-19 16. Disse também à mulher: Multiplicarei os sofrimentos de teu parto; darás à luz com dores, teus desejos te impelirão para o teu marido e tu estarás sob o seu domínio. 17. E disse em seguida ao homem: Porque ouviste a voz de tua mulher e comeste do fruto da árvore que eu te havia proibido comer, maldita seja a terra por tua causa. Tirarás dela com trabalhos penosos o teu sustento todos os dias de tua vida. 18. Ela te produzirá espinhos e abrolhos, e tu comerás a erva da terra. 19. Comerás o teu pão com o suor do teu rosto, até que voltes à terra de que foste tirado; porque és pó, e pó te hás de tornar. Trabalho vem do latim tripalium instrumento de tortura de três paus, ou também, canga que pesava sobre os animais. Por isso, os nobres, os senhores feudais ou os vencedores não trabalhavam, pois consideravam o trabalho uma espécie de castigo. Se no passado o trabalho tinha a conotação de tortura, atualmente significa toda energia física ou intelectual empregada pelo homem com finalidade produtiva, sendo que aquela feita em favor de terceiros é que interessa ao nosso estudo. 1.1. Escravidão (ate o século XIX) O trabalho sempre foi exercido pelo homem. Na antiguidade, o homem trabalhava para alimentar-se, defender-se, abrigar-se e para fins de construção de instrumentos. A formação de 1

tribos propiciou o início das lutas pelo poder e domínio. Os perdedores tornavam-se prisioneiros e, como tais, eram mortos ou comidos. Alguns passaram à condição de escravso para execução de serviços mais penosos. Então, a primeira forma de trabalho subordinado em favor de terceiro foi a escravidão. Nesse contexto, o escravo era considerado apenas uma coisa, e o único direito que ele tinha era o de trabalhar. Na Grécia Platão e Aristóteles consideravam que o trabalho tinha sentido pejorativo. A dignidade do homem estava em participar das discussões negociais por meio da palavra. Os escravos é que faziam o trabalho pesado. Em Roma mesma concepção: o trabalho era realizado pelos escravos, e os escravos eram considerados coisas, mercadorias, um bem móvel. O trabalho era tido como algo desonroso. 1.2. Servidão (século I a XI) Com o passar dos anos, a escravidão foi dando lugar à servidão. Isso marcou a época do feudalismo. A servidão era considerada um trabalho de semiescravidão. O servo não era considerado coisa de seu dono. Todavia, ele não era livre: os senhores feudais davam proteção militar e política aos servos, e estes tinham de prestar serviços nas terras do senhor feudal. Ao final, havia uma divisão do resultado, com a entrega de parte da produção rural em troca da proteção e o uso da terra. 1.3. Corporações de ofício (séculos XII a XVI) Na Idade Média houve uma sensível modificação nas relações de trabalho com o surgimento das corporações de ofício. O trabalhador passou a contar com uma maior liberdade. Passaram a existir graus de hierarquia: inicialmente mestres e aprendizes; em seguida, mestres, companheiros e aprendizes. Os mestres eram os proprietários das oficinas, e eram assim considerados após a confecção de uma obra mestra ; os companheiros eram trabalhadores que percebiam salários dos mestres; os aprendizes eram os menores (a partir de 12 ou 14 anos) que recebiam dos mestres os ensinamentos do ofício ou profissão. 2

Os pais dos aprendizes pagavam aos mestres pelos ensinamentos; estes podiam aplicar-lhes castigos corporais. Os companheiros chegavam a mestre se fossem aprovados em exame de obra mestra, o que também era cobrado, ou então se casassem com a filha do mestre ou com a viúva do mestre. A jornada de trabalho era muito longa, podia chegar até 18 horas de duração. As corporações visavam mais seus interesses que os dos trabalhadores. As corporações de ofício foram suprimidas com a Revolução Francesa, em 1789, exatamente por serem incompatíveis com o ideal de liberdade do homem. 1.4. Revolução Industrial (Século XVIII) Pode-se dizer que o trabalho assalariado por conta alheia e em larga escala nasceu da industrialização, ou seja, a Revolução Industrial acabou transformando o trabalho em emprego. Os trabalhadores passaram a trabalhar em troca de salários. O Direito do Trabalho e o contrato de trabalho tiveram desenvolvimento com o surgimento da Revolução Industrial. Alguns autores apontam como causa da Revolução Industrial a criação da máquina a vapor como fonte de energia (por Thomas Newcomen). A máquina de fiar foi patenteada por John Watt em 1738. O tear mecânico foi inventado por Edmund Cartwright, em 1784, junto com a máquina de fiar de Hargreaves, o que ocasionou a eliminação de vários postos de trabalho, ou seja, surgia também o problema do desemprego. Mas, em contrapartida, havia necessidade de contratação de operadores de máquinas. Nessa época os trabalhadores se reuniam para reivindicar melhores condições de trabalho: diminuição da carga horária (que chegava até 16 horas diárias); protestos contra a exploração de menores e mulheres (trabalhavam mais por salários bem inferiores). O Estado, que antes adotava um comportamento abstencionista (alheio à área econômica e, quando muito, era apenas um árbitro nas disputas sociais LIBERALISMO) passou a ser intervencionista, com forte interferência nas relações de trabalho, pois os abusos eram muitos: jornadas superiores a 16 horas ou até o pôr-do-sol, salários pela metade para mulheres e menores etc. Com isso, algumas leis trabalhistas foram surgindo. 3

- Lei de Peel (1802 - Inglaterra): jornada de trabalho limitada em 12 horas (excluindo os intervalos para refeição) / o trabalho não poderia se iniciar antes das 6 horas e terminar após as 21 horas. - Em 1819: foi aprovada lei tornando ilegal o emprego de menores de 9 anos / horário de trabalho dos menores de 16 anos era de 12 horas diárias. - Em 1813, na França, foi proibido o trabalho de menores em minas. - Em 1814, na França vedado trabalho em domingos e feriados. - Em 1839, na França proibição de trabalho a menores de 9 anos / jornada de trabalho era de 10 horas para menores de 16 anos. 1.5. Evolução Mundial Como já visto, a história do Direito do Trabalho identifica-se com a história da subordinação, ou seja, do trabalho subordinado. O 1º de maio: foi escolhido o 1º de maio como o dia do trabalho por causa das greves e manifestações ocorridas em 1º de maio de 1886, em Chicago, EUA. Através dessas manifestações, buscava-se redução da jornada de 13 horas para 8 horas e outras melhorias nas condições de trabalho. Houve confronto com a polícia, ocasionando a morte de 4 manifestantes e 3 policiais; 8 líderes foram presos 4 foram enforcados, 3 ficaram presos por 7 anos e 1 cometeu suicídio. A Igreja passa a se preocupar com o trabalho subordinado. O documento mais marcante é a Encíclica Rerum novarum (coisas novas), de 1891, elaborada pelo Papa Leão XIII. Marca uma fase de transição para a justiça social. O Papa disse: não pode haver capital sem trabalho nem trabalho sem capital. Essa Encíclica buscava a intervenção estatal nas relações de trabalho, a função social da propriedade, o trabalho passou a ser considerado título de honra e que toca a dignidade da pessoa humana; o salário justo e suficiente para manter o trabalhador e a família, o descanso para a reposição das forças e o cumprimento dos deveres religiosos, proibição da exploração da mulher e da criança, proibição da luta de classes (entre trabalhadores e empregadores), 4

organização da sociedade de forma corporativa e regulação das relações de trabalho pelas organizações profissionais. Novas encíclicas vieram depois abordando tal tema. É lógico que tais documentos não obrigavam ninguém, mas serviram de norte para a alteração da legislação dos países. - Constituição do México (1917): a primeira Constituição do mundo a dispor sobre direito do trabalho. Estabelecia: jornada diária de 8 horas / jornada noturna de 7 horas no máximo / proibição de trabalho para menores de 12 anos / salário mínimo / direito de sindicalização e greve, entre outros direitos. - Constituição da Alemanha (1919): é considerada a base das democracias sociais, com ampla repercussão na Europa. Abordava a participação dos trabalhadores nas empresas / dava liberdade à coalizão dos trabalhadores / tratava da representação dos trabalhadores nas empresas / criou o direito a um sistema de seguros sociais / colaboração dos trabalhadores com os patrões na fixação de salários e outras condições de trabalho. - Tratado de Versalhes (1919): prevê a criação da OIT (Organização Internacional do Trabalho) / proteção das relações entre empregados e empregadores no âmbito internacional / convenções e recomendações. - Carta del Lavoro (1927): base dos sistemas políticos corporativistas da Itália, Espanha, Portugal e Brasil. Organiza a economia em torno do Estado, promovendo o interesse nacional, com imposição de regras a todas as pessoas. O Estado regulava praticamente tudo. Mussolini dizia: Tudo no Estado, nada contra o Estado, nada fora do Estado. Tratava-se de um sistema corporativista-fascista. Diretrizes: a) nacionalismo; b) organização; c) pacificação social; d) harmonia entre o capital e o trabalho. - Declaração Universal dos Direitos do Homem (1948): prevê limitação razoável do trabalho / férias remuneradas / repouso / lazer etc. - Neoliberalismo: o mercado deve regular as bases da contratação e os salários dos trabalhadores, pela lei da oferta e da procura. O Estado deve se afastar das relações trabalhistas. Mas, o empregado precisa de certa proteção, como já visto. 5

1.6. Evolução no Brasil Externamente, as transformações pelas quais passava a Europa e uma crescente elaboração de leis protetoras dos trabalhadores, bem como o compromisso com o ingresso na OIT, em 1919, exerceram de algum modo pressão para o Brasil elaborar leis no mesmo sentido. Internamente, a escravatura já tinha sido abolida, em 13/05/1888. Importante citar, antes, a Lei do Ventre Livre (1871), em que os filhos dos escravos já nasciam livres; a Lei dos Sexagenários (1885), que libertava os escravos acima de 60 anos, mas com a obrigação de prestar mais 03 anos de serviços gratuitos ao senhor. Algumas leis esparsas foram sendo criadas: regulação do trabalho de menores (1891), organização de sindicatos rurais (1903) e urbanos (1907), férias (1925). Em 1850, é criado o CÓDIGO COMERCIAL contendo preceitos alusivos ao aviso prévio na relação jurídica entre locador e locatário; em 1903, lei sobre sindicalização dos profissionais na agricultura; em 1907, sindicalização dos trabalhadores urbanos; em 1916, o CÓDIGO CIVIL, com capítulo sobre a locação de serviços de trabalhadores; em 1919, lei sobre acidente do trabalho; em 1923, Lei Elói Chaves, disciplinando sobre a estabilidade no emprego aos ferroviários que contassem com 10 ou mais anos de serviço junto ao mesmo empregador, mais tarde estendido a outras categorias. -Revolução de 1930 criação do Ministério do Trabalho, sendo este o marco do aparecimento do Direito do Trabalho no Brasil; em 1943, a Consolidação das Leis do Trabalho é compilada (a sistematização e a consolidação das leis em um único texto integraram os trabalhadores no círculo de direitos mínimos e fundamentais, proporcionando o conhecimento dos direitos aos interessados). 1.7. Aparecimento da OIT Organização Internacional do Trabalho A Organização Internacional do Trabalho é um organismo internacional criado pelo Tratado de Versalhes (em 1919), com sede em Genebra, ao qual podem filiar-se todos os paísesmembros da ONU. 6

Ela destina-se à realização da justiça social entre os povos, condição básica para a manutenção da paz internacional. - Órgãos da OIT: a) Conferência Geral: constituída de representantes dos Estados-membros / sessões realizadas pelo menos 01 vez ao ano / princípio do tripartismo (Governo-trabalhadores-empregadores); b) Conselho de Administração: órgão colegiado que administra a OIT. Também prima pelo tripartismo, com representantes dos países de maior importância industrial; c) Repartição Internacional do Trabalho: fica sob a direção do Conselho de Administração. Convenção é um acordo internacional votado pela Conferência da OIT. A Conferência pronuncia-se sobre um determinado assunto e pode tomar a forma de Convenção internacional; ou de uma Recomendação (quando não é possível, por algum motivo, a adoção imediata de uma convenção). Uma vez aprovada uma Convenção a OIT dá conhecimento aos Estados-membros para ratificação. Ratificação: ato de direito interno. O Governo de um país aprova uma Convenção ou tratado, com eficácia no ordenamento jurídico. É competência exclusiva do Congresso Nacional (artigo 49, I, da Constituição Federal). Tratado é um acordo internacional celebrado por escrito entre Estados e regido pelo direito internacional, constante de um instrumento único ou de dois ou mais instrumentos conexos e qualquer que seja sua denominação particular. Pode ser bilateral (entre dois Estados) ou multilateral (mais de 2 Estados). Exemplo: Tratado de Itaipu com Paraguai (1973) que dispõe sobre aplicação de normas trabalhistas às relações de emprego em Itaipu. 7