PARTE I A CARREIRA MÉDICA E O ESPECIALISTA



Documentos relacionados
Quem vou ser daqui a 20 anos Público. Privado. Assistencial Acadêmica Gestão. Assistencial Acadêmico Gestão Autônomo

CONCURSO PÚBLICO 06/2015-EBSERH/HC-UFG ANEXO II DO EDITAL Nº 02 - EBSERH - ÁREA MÉDICA, DE 16 DE JULHO DE 2015 RELAÇÃO DE EMPREGOS E REQUISITOS

HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

CONCURSO PÚBLICO 02/2015 EBSERH/HE-UFPEL EDITAL N 02 - EBSERH - ÁREA MÉDICA NÍVEL SUPERIOR - MANHÃ

CONCURSO PÚBLICO 03/2015-EBSERH/HU-UFJF ANEXO II DO EDITAL Nº 02 - EBSERH - ÁREA MÉDICA, DE 06 DE MARÇO DE 2015 RELAÇÃO DE EMPREGOS E REQUISITOS

CONCURSO PÚBLICO 09/2014-EBSERH/HU-UFMS ANEXO II DO EDITAL Nº 02 - EBSERH - ÁREA MÉDICA, DE 17 DE ABRIL DE 2014 RELAÇÃO DE EMPREGOS E REQUISITOS

CONCURSO PÚBLICO 1/2014-EBSERH/HUSM-UFSM ANEXO II DO EDITAL Nº 02 - EBSERH - ÁREA MÉDICA, DE 12 DE FEVEREIRO DE RELAÇÃO DE EMPREGOS E REQUISITOS

SELEÇÃO PARA COOPERAÇÃO DE MÉDICOS Edital n. 01/2009. ACUPUNTURA Código 101. Gabarito

PROGRAMA DATA LOCAL E INFORMAÇÕES HORÁRIO

CLASSIFICAÇÃO FINAL DA SELEÇÃO PÚBLICA PARA ADMISSÃO DE MÉDICOS COMO COOPERADOS NA UNIMED JUIZ DE FORA 01/2012

RESOLUÇÃO CFM Nº 1.634, DE 11 DE ABRIL DE

HOSPITAL CENTRAL ROBERTO SANTOS 201 Clínica Médica Recredenciado 02 anos Cirurgia Geral Recredenciado 02 anos

CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA RESOLUÇÃO Nº 1.634, DE 11 DE ABRIL DE 2002

Convênio de reconhecimento de especialidades médicas - Resolução CFM 1666 de 7/5/2003 *****

RESOLUÇÃO CFM Nº 1.763/05 (Publicada no D.O.U., de 09 Mar 2005, Seção I, p )

GRUPO SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE BELO HORIZONTE PROCESSO SELETIVO - RESIDÊNCIA MÉDICA 2013 RESULTADO FINAL 1ª Etapa Prova Objetiva.

Página 1 de 4. Código Especialidade Requisitos

Tabela 24 - Terminologia do código brasileiro de ocupação (CBO) Data de início de vigência. Código do Termo. Data de fim de implantação

INFORME CBO. CBO com alterações de códigos e/ou descrições

Geneticista 26/09/ /09/ Físico médico 26/09/ /09/ Biólogo 26/09/ /09/2008

Conhecimentos em Clínica Médica.

CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA

CONVÊNIO CELEBRADO ENTRE O CFM, A AMB E A CNRM

CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA

RESIDÊNCIA MÉDICA 2016

CONCURSO PÚBLICO 5/2014-EBSERH/HC-UFMG ANEXO II DO EDITAL Nº 02 - EBSERH - ÁREA MÉDICA, 21 DE FEVEREIRO DE 2014 RELAÇÃO DE EMPREGOS E REQUISITOS

VAGAS e INSCRITOS por GRUPO 39 85

Página 1 de 6. Médico - Acupuntura. Médico - Alergia e Imunologia Pediátrica. Médico - Anestesiologia. Médico - Cancerologia Clínica

PROCESSO SELETIVO UNIFICADO DE RESIDÊNCIA MÉDICA/BAHIA 2015 COMISSÃO ESTADUAL DE RESIDÊNCIA MÉDICA CEREM / BA EDITAL DE MATRÍCULA

SELEÇÃO UNIFICADA PARA RESIDÊNCIA MÉDICA DO ESTADO DO CEARÁ SURCE 2012 ADITIVO AO EDITAL Nº 02/2011

NÚMERO DE PROCEDIMENTOS DIAGNÓSTICOS POR

COD CLINICA MÉDICA 02 ANOS

RESOLUÇÃO CFM Nº 1.666/2003

RESIDÊNCIA MÉDICA 2016

Capítulo IV Programas de treinamento pós-graduado

Anexo III. Vagas Adicionais AREAS BÁSICAS

CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA. RESOLUÇÃO No , DE 23 DE JANEIRO DE 2015

Aprovado no CONGRAD: Vigência: ingressos a partir de 2006/2 CÓD CURSO DE MEDICINA

RESOLUÇÃO CFM Nº 2.116/2015

SELEÇÃO UNIFICADA PARA RESIDÊNCIA MÉDICA DO ESTADO DO CEARÁ - SURCE 2014/2015

Você conhece a Medicina de Família e Comunidade?

Pesquisa com Professores de Escolas e com Alunos da Graduação em Matemática

ABCEducatio entrevista Sílvio Bock

Educação Médica no Brasil. Graduação, Especialização & Educação Médica Continuada

ANEXO I CARGOS, VAGAS, VENCIMENTO INICIAL, CARGA HORÁRIA, REQUISITOS MÍNIMOS EXIGIDOS, E TAXA DE INSCRIÇÃO. Vencimento Inicial em reais.

NÚMERO DE CONSULTAS MÉDICAS (SUS) POR HABITANTE

EDITAL nº 103/ ANEXO I CONCURSO PÚBLICO PARA O MAGISTÉRIO SUPERIOR DA UEA. Escola Superior de Ciências da Saúde

Ensino. Principais realizações

Programa com Entrada Direta Dermatologia Classificado Programa com Entrada Direta Dermatologia Classificado.

Para a Categoria Funcional de Nível Superior, nas seguintes áreas/especialidades:

Orientação Profissional e de Carreira

A INFLUÊNCIA DO SALÁRIO NA ESCOLHA DA PROFISSÃO Professor Romulo Bolivar.

Seminário: "TURISMO DE SAÚDE NO BRASIL: MERCADO EM ASCENSÃO"

PERGUNTAS E RESPOSTAS FREQUENTES

QUESTIONÁRIO PARA O SEGURO DE RESPONSABILIDADE CIVIL PROFISSIONAL PARA MÉDICOS, PSICÓLOGOS, FISIOTERAPEUTAS E DEMAIS PRESTADORES DE SERVIÇOS MÉDICOS

FACULDADES INTEGRADAS PADRE ALBINO. Catálogo 2015 do Curso de Medicina

COD CLINICA MÉDICA

PROGRAMA JOVEM APRENDIZ

Na verdade são 4130 candidatos mas alguns se inscreveram para mais de uma área. Especialidade ou Área de atuação- Entrada pre-requisito Candidato s

MINISTÉRIO DA DEFESA SECRETARIA DE ORGANIZAÇÃO INSTITUCIONAL HOSPITAL DAS FORÇAS ARMADAS (HFA)

Anexo I. Quadro de vagas por Hospital / Especialidades AREAS BÁSICAS

EDITAL HRTN 01/2013, de 30 de dezembro de 2013 CONCURSO PÚBLICO 01/2013 ERRATA

CQEP Centro para a Qualificação e Ensino Profissional

Dados para geração do NFTE para Residência Médica TI/DEDES/SESu/MEC Página 1 de 17

RETIFICAÇÃO SERVIÇO SOCIAL AUTÔNOMO HOSPITAL METROPOLITANO DOUTOR CÉLIO DE CASTRO EDITAL Nº 08/2014

POLÍTICA DE QUALIFICAÇÃO MÉDICA Edição: 24/10/2013 NORMA Nº 650

PLANTANDO NOVAS SEMENTES NA EDUCAÇÃO DO CAMPO

SISTEMA DE REGULAÇÃO E CONTROLE DO ICS

ESTRUTURA CURRICULAR 2014/1. 60 h. 104 h. 146 h. 72 h 2º SEMESTRE. Carga horária

coleção Conversas #7 - ABRIL f o? Respostas que podem estar passando para algumas perguntas pela sua cabeça.

ATENÇÃO: Os cargos estão listados em ordenação alfabética por nível decrescente de escolaridade (superior, médio e fundamental).

LIVRETO EXPLICATIVO DO PLAM MASTER

Relatório de Atividades Maio e Junho

Veículo: Site Estilo Gestão RH Data: 03/09/2008

ERRATA DE EDITAL LEIA-SE: EM, 27 /11 /2015

LINK. Prezado(a) estudante de Medicina,

40 horas semanais Taxa de inscrição R$ 50,00

Tudo sobre TELEMEDICINA O GUIA COMPLETO

CURSOS INGLÊS RÁPIDO Liberdade de Escolha

MANUAL DO ALUNO EM DISCIPLINAS NA MODALIDADE A DISTÂNCIA

TÍTULO: ALUNOS DE MEDICINA CAPACITAM AGENTES COMUNITÁRIOS NO OBAS CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE

Curso de Medicina. Estágios


Como fazer contato com pessoas importantes para sua carreira?

DIAMANTE V (Compatível com a versão 9 do PRODOCTOR) Primeira instalação do DIAMANTE

COMO É O SISTEMA DE ENSINO PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES NO CANADÁ

Aula 1 - Avaliação Econômica de Projetos Sociais Aspectos Gerais

ANEXO I. Centro de Saúde nº 1 Unidade Mista 508/509 Sul. Ortopedia e Traumatologia. Ortopedia e Traumatologia. Radiologia e Diagnóstico por Imagem

DIAMANTE PLUS-CORP Versão (Compatível com o PRODOCTOR PLUS e PRODOCTOR CORP)

coleção Conversas #17 - DEZEMBRO u s a r Respostas perguntas para algumas que podem estar passando pela sua cabeça.

Prezados Associados,

Uma área em expansão. Radiologia

Manual prático de criação publicitária. (O dia-a-dia da criação em uma agência)

Rio de Janeiro, 5 de junho de 2008

CURRÍCULO DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM MEDICINA DA UFSC. Atualizado para

5 Considerações finais

Região. Mais um exemplo de determinação

No E-book anterior 5 PASSOS PARA MUDAR SUA HISTÓRIA, foi passado. alguns exercícios onde é realizada uma análise da sua situação atual para

GS Educacional

FORMAÇÃO PLENA PARA OS PROFESSORES

Transcrição:

SUMÁRIO INTRODUÇÃO PARTE I A CARREIRA MÉDICA E O ESPECIALISTA CAPÍTULO 1. A CARREIRA MÉDICA CAPÍTULO 2. O ESPECIALISTA CAPÍTULO 3. COMO ESCOLHER UMA ESPECIALIDADE? CAPÍTULO 4. RESIDÊNCIA MÉDICA NOS EUA CAPÍTULO 5. RESIDÊNCIA MÉDICA NA EUROPA PARTE II AS ESPECIALIDADES ESPECIALIDADES DE ACESSO DIRETO CAPÍTALO 6. ADMINISTRAÇÃO EM SAÚDE CAPÍTULO 7. ANESTESIOLOGIA CAPÍTULO 8. DERMATOLOGIA CAPÍTULO 9. GENÉTICA MÉDICA CAPÍTULO 10. GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA CAPÍTULO 11. INFECTOLOGIA CAPÍTULO 12. MEDICINA DE FAMÍLIA E COMUNIDADE CAPÍTULO 13. MEDICINA DE TRÁFEGO 27 31 33 41 51 57 69 77 79 81 91 101 111 117 125 137 147 RESIDENCIA_pantone.indd 23 08/07/2014 01:26:32

CAPÍTULO 14. MEDICINA DO TRABALHO CAPÍTULO 15. MEDICINA ESPORTIVA CAPÍTULO 16. MEDICINA LEGAL E PERÍCIAS MÉDICAS CAPÍTULO 17. MEDICINA NUCLEAR CAPÍTULO 18. NEUROCIRURGIA CAPÍTULO 19. NEUROLOGIA CAPÍTULO 20. OFTALMOLOGIA CAPÍTULO 21. ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA CAPÍTULO 22. OTORRINOLARINGOLOGIA CAPÍTULO 23. PATOLOGIA CAPÍTULO 24. PEDIATRIA CAPÍTULO 25. PSIQUIATRIA CAPÍTULO 26. RADIOLOGIA E DIAGNÓSTICO POR IMAGEM CAPÍTULO 27. RADIOTERAPIA ESPECIALIDADES CLÍNICAS CAPÍTULO 28. CLÍNICA MÉDICA CAPÍTULO 29. CARDIOLOGIA CAPÍTULO 30. ENDOCRINOLOGIA E METABOLOGIA CAPÍTULO 31. GASTROENTEROLOGIA CAPÍTULO 32. GERIATRIA 153 159 167 177 187 195 209 217 223 229 237 243 249 259 269 271 281 291 299 309 RESIDENCIA_pantone.indd 24 08/07/2014 01:26:32

CAPÍTULO 33. HEMATOLOGIA E HEMOTERAPIA CAPÍTULO 34. MEDICINA INTENSIVA* CAPÍTULO 35. NEFROLOGIA CAPÍTULO 36. NUTROLOGIA** CAPÍTULO 37. ONCOLOGIA CAPÍTULO 38. PNEUMOLOGIA CAPÍTULO 39. REUMATOLOGIA ESPECIALIDADES CIRÚRGICAS CAPÍTULO 40. CIRURGIA GERAL CAPÍTULO 41. CIRURGIA CARDIOVASCULAR CAPÍTULO 42. CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO CAPÍTULO 43. CIRURGIA DO APARELHO DIGESTIVO CAPÍTULO 44. CIRURGIA PEDIÁTRICA CAPÍTULO 45. CIRURGIA PLÁSTICA CAPÍTULO 46. CIRURGIA TORÁCICA CAPÍTULO 47. CIRURGIA VASCULAR CAPÍTULO 48. COLOPROCTOLOGIA CAPÍTULO 49. MASTOLOGIA*** CAPÍTULO 50. UROLOGIA CONSIDERAÇÕES FINAIS 319 325 335 345 353 359 365 371 373 379 387 397 403 409 419 427 435 441 445 553 RESIDENCIA_pantone.indd 25 08/07/2014 01:26:32

NOTA: Classificamos dessa forma, pois acreditamos ser a maneira mais prática, já que no caso das especialidades de acesso direto, a opção já se faz no processo seletivo (concurso de residência geral), enquanto nas especialidades aqui caracterizadas como clínicas (pré-requisito de residência em clínica médica) e cirúrgicas (pré-requisito em cirurgia-geral), o médico terá maior tempo para decidir, afinal, passará por 02 anos no programa de residência básico, antes de entrar na especialidade propriamente dita. * Medicina intensiva admite como pré-requisito clínica médica, cirurgia geral ou anestesiologia. ** Nutrologia admite como pré-requisito clínica médica ou cirurgia geral. ***Mastologia admite como pré-requisito cirurgia geral ou ginecologia e obstetrícia. RESIDENCIA_pantone.indd 26 08/07/2014 01:26:33

Dr. Caio Nunes Dr. Marco Antonio Santana INTRODUÇÃO DO DESAFIO DE SE TORNAR MÉDICO À ESPECIALIDADE O processo de escolha da faculdade e da profissão que se pretende seguir ocorre, para maioria das pessoas, de forma bem precoce, por volta dos dezesseis e vinte anos de idade. É consenso que não temos, nessa tenra idade, a maturidade e vivência necessárias para entender a complexidade desta decisão. Você escolheu ser médico. Carreira das mais disputadas em todo o mundo. Enfrentou uma prova e processo seletivo concorrido e competitivo, estudou vertiginosamente por alguns anos para conseguir esta disputada colocação. Desvendou nas matérias mais básicas a complexidade do funcionamento do corpo humano no seu estado fisiológico e as suas adaptações nos processos patológicos. Passou pela infinidade de conhecimentos que vão da biologia molecular até a cirurgia do trauma. Teve contato com o sofrimento dos pacientes e toda a dimensão humana que torna essa profissão ainda mais interessante e complexa. O que talvez você ainda não tenha descoberto (ou que já descobriu e por isso procura se aprofundar sobre esta temática) é que, ao contrário do que pensa o leigo, há uma distância enorme entre os médicos no seu cotidiano profissional. De fato, existem médicos e médicos. O processo de especialização e a ampliação do campo de atuação da medicina tornou a carreira cheia de possibilidades de atuação (professor, cientista, internista, cirurgião, executivo). Há tantas diferenças na rotina dos especialistas que, mesmo entre aqueles que prestam assistência direta ao paciente, é possível se falar que exista um espectro de profissões diferentes. Exemplo disso é você imaginar a diferença da rotina de um neurocirurgião, e de um patologista. Esqueça definitivamente o clichê de que ser médico significa somente ser o senhor de jaleco branco que trata doentes com um receituário e estetoscópio, ou alguém que, com um roupão cirúrgico, passa horas a fio operando. Hoje o médico tem um papel ainda mais amplo, participando efetivamente da parte RESIDENCIA_pantone.indd 27 08/07/2014 01:26:33

técnica e ainda auxiliando na gestão dos serviços, auditorias, perícias, negociando com planos de saúde, interagindo com equipes multidisciplinares, realizando grande parte da burocracia associada aos procedimentos, desenvolvendo projetos, compra de equipamentos, bem como ensinando e supervisionando outros residentes. É importante que o leitor tenha em mente que a medicina é, provavelmente, a única profissão em que há um nicho de mercado para cada tipo de personalidade. Há bastante variedade em termos de prática médica, assim como as habilidades necessárias para a realização de cada uma delas. É possível trabalhar em hospital, consultório, laboratório, além de ser médico de um time esportivo, de um navio transatlântico, de uma plataforma de petróleo, de um asilo de idosos, de uma construção de represa ou de missões militares. É possível fazer pesquisa ou atividades administrativas em órgãos ou empresas de saúde, assim como há a possibilidade de trabalhar em ambientes urbanos, rurais, nacionais ou internacionais. Abra sua mente para perceber quantas são as possibilidades de carreiras dentro da medicina e que isso torna a profissão ainda mais fantástica. A etapa do internato traz uma vivência mais próxima da realidade profissional e mostra a imensidão de conhecimentos e habilidades que se precisa para ser um bom médico. É nesta etapa que se tem contato mais próximo com as especialidades médicas. Infelizmente, não haverá tempo para provar e apren- der o suficiente sobre cada uma delas, e, muito menos, de perceber que há uma realidade discrepante no exercício da medicina fora do ambiente acadêmico. O breve contato com as especialidades torna ainda mais angustiante a escolha de qual delas seguir. A formatura chegou e se foram pelo menos seis longos anos de graduação e muitas horas sem dormir. Calma! Já foi uma grande vitória. Agora é mais uma etapa de dedicação aos estudos para ser aprovado numa boa instituição onde começa um novo período de desafio, de aprendizado, de conquistas e amadurecimento profissional: a residência médica. Há quem diga que foram os melhores anos da vida e há quem diga o extremo oposto. O inegável é que é uma etapa fundamental na formação médica, principalmente para aqueles que querem estar entre os melhores num mercado cada vez mais competitivo, que não deixa espaço para perda de tempo. É justamente por isso que não devemos ter muitas dúvidas das nossas escolhas daqui para frente. A ESCOLHA Escolher a residência e a especialidade que se quer seguir é praticamente equivalente à escolha de qual faculdade para cursar, com a diferença de que neste momento, temos mais maturidade (pelo menos um pouco mais) para nos encontrar com nossas diversas necessidades de realização profissional, financeira e de qualidade de vida, dentre 28 RESIDENCIA_pantone.indd 28 08/07/2014 01:26:33

outras. Realizar esta escolha sem ter o conhecimento das possibilidades disponíveis e sem refletir sobre as variáveis em jogo, bem como o peso que se quer atribuir a cada uma delas, é dar chance ao acaso escolher por você (com sérios riscos envolvidos nisso). Nossa pretensão é dar mais elementos para a tomada dessa decisão, esclarecer um pouco mais sobre o dia-a-dia real de cada uma das especialidades e também ajudar na reflexão de que variáveis se deve analisar nesse processo de seleção, tornando menos passional e mais objetivo, o processo de escolha com sua verdadeira profissão daqui para frente. O LIVRO A idéia para formulação desta obra surgiu após intensas discussões durante a faculdade, festas, bares, cursinhos e plantões, onde amigos, em sua maioria, médicos, discutiam com frequência qual seria a melhor especialidade médica a exercer. Critérios como qualidade de vida, reconhecimento profissional, salário, satisfação pessoal, número de horas trabalhadas, sempre surgiam durante essas conversas. Estudante de medicina em grupo tem uma conversa que nunca muda: Fala de medicina, caso clínico, situações do ambulatório, plantões o tempo todo. Não há nesses encontros que não puxe o debate para a escolha da residência. As frases são sempre parecidas: tem que fazer especialidade com procedimento pediatra vai morrer de fome cirugia para mim não dá porque não tenho habilidade manual radiologia nem pensar, pois adoro contato com paciente meu pai é oftalmo, não tem como escapar Adoro e.c.g, adoro cardio! Professor Fulano é igual ao Dr. House, quero ser igual a ele por isso então vou fazer reumato Fazer residência no exterior é muito melhor Não é incomum, entre os médicos jovens, escutar durante estas conversas, casos anedóticos daquele primo que fez tal especialidade e hoje está bem de vida, ou daquele amigo que fez outra especialidade, e hoje, não tem tempo pra nada, só vive em plantão e quase não tem vida pessoal. O tempo vai passando e vamos percebendo que alguns desses bordões são verdadeiros e outros não tem a menor relevância. Percebemos também quanta gente do nosso convívio escolheu a residência baseada em idéias concebidas de forma totalmente aleatória ou se apegou em uma idéia fixa que não tinha, no final, o menor fundamento. Observamos, neste processo, colegas que passaram na tão sonhada (e difícil) prova de residência e largar no meio do R2, pois percebeu que 29 RESIDENCIA_pantone.indd 29 08/07/2014 01:26:33

aquele caminho não tinha nada a ver com aquela especialidade. Perdemos as contas dos inúmeros colegas sobrecarregados e frustrados profissionalmente, modelos que adornam o nosso painel de convívio diário. Desta forma, percebemos que não havia nenhum material na literatura brasileira especializada que trouxesse informações sobre as especialidades, seus campos de atuação e seu dia-a-dia numa perspectiva mais real. Algumas especialidades são praticamente desconhecidas na graduação. Desenvolvemos a proposta de escrever um guia que fosse como uma conversa com o profissional inserido no mercado, método que você nem sempre teve oportunidade de ter. Não tivemos, em nenhum momento, a pretensão de ser um texto científico, embora, nos utilizamos de muita coisa disponível na literatura específica. Concebemos o livro em duas partes. A parte I, na qual falaremos um pouco da carreira médica, da diversidade de possibilidades de trabalho e de como o processo de especialização da medicina se deu, trazendo também algumas metodologias para ajudar na sua formação de opinião para a escolha de como seguir com a sua carreira. Trouxemos ainda informações sobre a experiência e o caminho para se realizar residência no exterior (principalmente nos EUA e Europa). A parte II exibe um pequeno panorama de cada especialidade, com um texto escrito por colaboradores de diferentes regiões do país, trazendo um pouco da prática diária, perfil, tipo de atuação e informações de como é a residência na sua área, fechando assim, nestas duas etapas, um panorama geral para que você, leitor, fundamente melhor a sua escolha. Tentar passar um pouco das nossas experiências, bem como das experiências dos nossos colaboradores, para fomentar as ideias e tentar tornar a escolha o mais próximo de uma decisão embasada e amadurecida são os princípios que nos motivaram a reunir um grupo para escrever este livro. Trouxemos profissionais bem alocados no mercado e provenientes dos maiores programas de residência do país, para dar uma idéia ampla e mais próxima das diversas realidades existentes no Brasil. Sinceramente, esperamos ajudar no debate e no amadurecimento das suas concepções. Contamos ainda com a colaboração de vocês leitores para aprimoramento deste livro, nos enviado suas opiniões, dúvidas, críticas, sugestões, para que possamos auxiliá-los ainda mais neste processo decisório, e, quem sabe, torná- -lo menos angustiante. 30 RESIDENCIA_pantone.indd 30 08/07/2014 01:26:33

DERMATOLOGIA Dr. Pedro Dantas Oliveira FRANCESCA ÀS VEZES EU QUERIA DESCASCAR TODA A MINHA PELE E ME ENCON- TRAR UM DIFERENTE POR BAIXO. LIA BLOCK A Dermatologia é a especialidade responsável pelo cuidado da pele, maior órgão do corpo humano, com cerca de nove quilogramas e dois metros quadrados de área em um adulto mediano. Cabem ao especialista o diagnóstico e o tratamento clínico/cirúrgico das doenças que acometem não somente a pele, mas também a mucosa e os fâneros (cabelos e unhas). 1 Há menção às moléstias cutâneas e aos cuidados cosméticos ainda na Antiguidade, em papiros egípcios, com descrições em Roma, Grécia e na Arábia. Mas foi na Europa, no fim do século XVI, que clínicos começaram a definir e categorizar os problemas cutâneos. 2 Hoje, pelo menos 2.000 condições dermatológicas já foram descritas, e esse número continua em crescente aumento. 1 No Brasil, foi fundada, em 1912, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), sendo hoje composta por mais de 6 mil associados, representando a segunda maior sociedade dermatológica do mundo, apenas superada pela Academia Americana de Dermatologia. 3 Segundo informações do censo dermatológico 2011, realizado pela SBD, o Brasil tem a densidade de um dermatologista para cada 32.000 habitantes. Entretanto, sua distribuição é bastante irregular no país e entre os Estados, assumindo características metropolitanas. Além disso, a SBD vem crescendo entre 400 e 500 sócios por ano (6% a 8%), taxa mais acelerada do que a da população brasileira (1% a 1,5%), na última década. 4 Para ter o registro da especialidade perante o Conselho Federal de Medicina, são necessários: Três anos de residência médica com acesso direto em instituição credenciada pela Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM/MEC) 5, ou; Título de especialista, emitido RESIDENCIA_pantone.indd 101 08/07/2014 01:26:52

CAPITULO 8 Como Escolher a Sua Residëncia Médica pela SBD, após aprovação em exame teórico-prático elaborado pela instituição. Para se submeter a essa prova, por sua vez, é necessário que o médico tenha feito sua formação (residência ou estágio) em uma instituição credenciada pela SBD ou tenha 06 anos de atividade comprovada na dermatologia, conforme edital do exame. 6, 7 O ESPECIALISTA E A SUA ROTINA Na escolha da especialidade, é importante que sejam considerados os interesses e as habilidades pessoais. A Dermatologia é uma especialidade eminentemente visual, e assim, esse tipo de memória pode auxiliar sobremaneira o profissional de tal área. Curiosidade para fazer uma investigação minuciosa e atenção a pequenos detalhes podem determinar um diagnóstico muitas vezes difícil. Minúcia e perfeccionismo são de igual necessidade na realização de procedimentos cirúrgicos delicados. Essas habilidades podem ser aperfeiçoadas ou adquiridas durante um treinamento adequado. Outra característica importante do dermatologista é sua atitude perante o paciente. No caso das doenças dermatológicas, as lesões expostas têm um impacto social e na qualidade de vida, levando à alteração de humor e do estado emocional. Compreendê-los, nesse contexto, e colaborar para a sua melhora biopsicossocial diferenciam consideravelmente um bom profissional. Outro perfil frequentemente observado nos consultórios é dos pacientes/ clientes, sem doenças dermatológicas, que buscam tratamentos estéticos e uma juventude duradoura. Ter sensibilidade para reconhecer transtornos psiquiátricos incipientes (dismorfofobia), contra indicar procedimentos impostos pelos pacientes e encaminhar para um tratamento específico requerem habilidades que não são facilmente apreendidas em salas de aula. ROTINA DO DERMATOLOGISTA O atendimento ambulatorial é a rotina do dermatologista. Em um estudo baseado em 57 mil consultas ambulatoriais dermatológicas, o motivo principal foi acne, com 14% dos atendimentos, seguida pelas micoses superficiais (8,7%), transtornos da pigmentação (8,4%) e ceratose actínica (5,1%). A ceratose actínica foi a causa de consulta mais frequente no grupo de 65 anos e mais (17,2%), seguida pelo carcinoma basocelular (9,8%). A hanseníase foi a vigésima causa em todo o país, mas a quarta na região Centro-Oeste. 9 O tratamento destas dermatoses mais frequentes faz parte do cotidiano. No entanto, a abordagem da prevenção é obrigatória nas consultas dermatológicas. Não somente uma avaliação minuciosa a fim de flagrar lesões iniciais com risco neoplásico, mas também a educação sobre o uso de fotoprotetores e riscos da exposição solar excessiva. Procedimentos cirúrgicos ambulatoriais de pequena complexidade, como biópsias cutâneas, cauterizações, crioterapias (congelamento com nitrogênio 102 RESIDENCIA_pantone.indd 102 08/07/2014 01:26:52