Convergência de salários

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6 Resultados das Estimações com Variáveis Instrumentais 6.1. Replicando os Resultados Encontrados na Literatura

Transcrição:

Convergência de salários Artigo: Menezes, T. e Azzoni, C. R. (2006). Convergência de salários entre as regiões metropolitanas brasileiras: custo de vida e aspectos de demanda e oferta de trabalho. Pesquisa e Planejamento Econômico, vol. 36. n. 3, dez. IPEA.

Convergência de salários entre as regiões metropolitanas brasileiras Desigualdade salarial entre regiões pode existir por várias razões: 1. Diferenças de escolaridade: mais instrução, melhor inserção no mercado de trabalho. 2. Diferenças na estrutura produtiva: tecnologia e instituições. 3. Compensação de custos de vida e amenidades (poluição, criminalidade, etc).

Convergência de salários entre as regiões metropolitanas brasileiras 3% da população brasileira que recebiam até 1/2 salário mínimo, 2/3 encontravam-se no Norte e no Nordeste. 3% dos brasileiros que ganhavam mais do que 30 SMs, 80% habitavam o Sul e o Sudeste. Base de dados utilizada: PNAD de 1981 a 2003. São analisadas as coortes de 9 regiões metropolitanas.

Convergência No ano de 1981, a distância entre a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), a mais rica, e Fortaleza, uma das mais pobres, era de 76%, sem considerar diferenças em custo de vida. Esta diferença cai para 57% com dados reais regionalizados. Em 2003, a RMSP apresentava níveis salariais 81% maiores que os de Fortaleza; quando a mesma análise é feita com dados reais regionalizados, essa diferença cai para 39%. Taxas de crescimento aumentam para N e NE depois do controle do custo de vida.

Definições de Convergência Convergência absoluta: duas regiões possuem o mesmo nível de preferências e tecnologia só existe uma renda de estado estacionário. As rendas das duas regiões devem se igualar com o passar do tempo. Convergência Condicional: convergência em termos de taxa de crescimento. A renda de estado estacionário depende do nível de renda inicial. Contudo, todas regiões estariam crescendo a mesma taxa. As rendas das regiões não necessariamente se igualariam.

Teste de Convergência Correlação entre o nível de renda inicial e a subsequente taxa de crescimento. Como a produtividade marginal do capital é decrescente, regiões com baixo nível de estoque de capital possuem altas taxas de retorno para o capital crescem mais rápido que as regiões ricas. Regiões com alto nível de estoque de capital possuem baixas taxas de retorno para o capital crescem menos rápido que as regiões pobres. Correlação negativa entre o nível de renda inicial e a taxa de crescimento indicam convergência.

Teste de Convergência. Os testes de convergência consistem em estimar regressões de cross-section, com a taxa de crescimento da renda como a variável dependente e o nível de renda inicial como a principal variável explicativa. Uma única cross-section não permite que se levem em consideração características que possam vir também a influenciar as dotações iniciais das regiões, como a função de produção, as instituições e os hábitos regionais.

Teste de Convergência MQO: testes de convergência sem considerar os efeitos regionais. Painel: testes considerando os efeitos regionais. Dados de 1981 a 2003. Salário hora real e salário hora deflacionado pelo custo de vida (ICVR).

Teste de Convergência A velocidade de convergência aumenta quando se trabalha com os dados reais regionalizados. (1) divergência (4) convergência. Comparando (2) e (5), a velocidade de convergência passa de 0,03 para 0,136. O diferencial de custo de vida entre as regiões é uma das razões para a dispersão dos salários no País. A convergência salarial entre as RMs brasileiras aumenta quando este fator é considerado. Variáveis de oferta de trabalho: diferencial de salário é explicado por diferenças da oferta de trabalho, como capital humano.

Teste de Convergência A velocidade de convergência aumenta quando se trabalha com os dados reais regionalizados. Mais uma vez: dispersão salarial no Brasil é explicada pelos diferenciais de custo de vida. Efeito geração: a população jovem apresenta taxas de crescimento de renda superior pois a base de renda é mais baixa. Pessoas mais velhas estão próximas ao topo da remuneração, logo apresentado menores taxas de crescimento. Capital humano (colunas e e 8): coeficiente aumenta fator importante para dinâmica da desigualdade de renda. Dummies regionais: captam aspectos ligados a demanda de trabalho. As características de oferta de trabalho não são suficientes para garantir a convergência de renda entre as RMs.

Papel dos diferenciais regionais e oferta de trabalho. Importância da oferta de trabalho para desigualdade salarial. No artigo: c coorte k região dummies regionais e dummies de coorte. Xck características individuais

Resultados o coeficiente da variável ano de estudos é positivo e significativo. o salário-hora de Porto Alegre é um dos maiores do Brasil. Da mesma forma, a coorte 1 (mais velhos) é a que em média apresenta maior remuneração. A maioria das RMs do Sul e Sudeste (com exceção do Rio de Janeiro) exibe média salarial em torno de 30% superior à das cidades do Norte e Nordeste, mesmo após controlar pelas características da oferta de trabalho. Indica haver características do lado da demanda por trabalho que empurram os salários do Norte e Nordeste para baixo, características essas independentes de fatores ligados à oferta de trabalho.