Metodologia de dosagem do concreto reforçado com fibras de aço para pavimentos Mix design method of steel fiber reinforced concrete for pavements Antonio D. de Figueiredo(1); Bruno L. M. Franco(2); Lucia H. Higa(3); Guilherme P. Paiva(3);Reginaldo M. da Silva(4); Renata Monte(4) (1) Professor Doutor, Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. (2) Engenheiro Civil, Maccaferri do Brasil Ltda. (3) Aluno de Iniciação Científica, Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. (3) Técnico de Laboratório, Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Resumo Este estudo experimental enfoca a utilização de uma metodologia de dosagem ao concreto reforçado com fibras de aço. O objetivo é qualificar um concreto para que atenda tanto ás exigências de trabalhabilidade como os requisitos de resistência à compressão. Neste estudo foram englobadas as etapas de determinação do teor de argamassa, da elaboração de um diagrama de dosagem para a matriz de concreto de modo a se avaliar o real impacto da fibra nas propriedades da matriz. Comprovou-se a aplicabilidade do método e, também, a pouca influência que fibras de aço têm sobre as propriedades da matriz quando aplicadas em baixos teores. Palavra-Chave: Fibras de aço, pavimentos, dosagem, trabalhabilidade. Abstract This experimental aim at the use of a mix design methodology to analysis the steel fiber reinforced concrete (SRFC). The main target is to achieve a SFRC mix proportion that fit to the regular workability and strength requirements for concrete pavements. In this study, the main steps of the mix design methodology were covered, including mortar content determination and mix design diagram determination for the concrete matrix. This analysis turns possible to evaluate the real impact of the fiber in the matrix properties. The results show a very little influence of the fiber in the matrix properties when the fiber is used with a low content. As a result, the use of the mix-design methodology shows to be applicable for this kind of concrete. Keywords: Steel fibers, pavements, mix design, workability. ANAIS DO 48º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2006 @ 2006 IBRACON 1
1 Introdução Uma constante preocupação do meio técnico sobre o concreto reforçado com fibras de aço é avaliar o seu impacto nas propriedades da matriz e vice-versa. Os efeitos que alterações nas propriedades da matriz podem levar ao comportamento do CRFA, apesar de ignorados em certas ocasiões, acabam por ser bem conhecidos dado o grande número de estudos realizados a respeito, os quais já estão bem consolidados (Figueiredo, 2005). No entanto, são poucos os trabalhos que abordam o efeito da fibra na dosagem da matriz, tanto em termos de trabalhabilidade como no comportamento do material que afeta o atendimento ou não aos requisitos de desempenho mais freqüentes, como a própria resistência à compressão. Há, no entanto, uma certa desconsideração prática em voga para o caso dos pavimentos, dado que o volume de fibras empregado é normalmente muito baixo, não ultrapassando 0,5% em volume, o que equivaleria a 40kg de fibra de aço por metro cúbico de concreto. Com isto, procurou-se aqui verificar o real impacto da fibra na dosagem da matriz sem a utilização de aditivos plastificantes, como é a prática regular do mercado, de modo a se verificar se o uso de fibras em baixos teores conduz a um aumento significativo no consumo de água ou à necessária correção no teor de aditivo plastificante, pois ambas soluções conduzem para um aumento do custo unitário do material. Tal aspecto é particularmente importante para o CRFA, dado que o seu custo unitário já é maior que o do concreto convencional pelo simples fato de se agregar fibras ao mesmo, as quais têm custo elevado e merecem tratamento especifico quanto à dosagem (Figueiredo, Nunes, Tanesi, 2000). Assim, faz-se neste trabalho uma avaliação experimental da dosagem da matriz do CRFA, variando-se o teor de fibra dentro da faixa normalmente utilizada em pavimentos, e verificando-se o impacto da fibra no resultado final da dosagem do concreto. 2 Metodologia Realizou-se o estudo de dosagem de duas fibras de aço disponíveis no mercado brasileiro, seguindo algumas etapas da metodologia proposta por Figueiredo, Nunes e Tanesi (2000) que, para a definição da matriz segue o método conhecido como IPT/EPUSP (Helene e Terzian, 1992): Determinação do teor de argamassa O método empregado consiste, basicamente, em aumentar progressivamente o teor de argamassa de uma determinação mistura utilizando as matérias primas destinadas à confecção do concreto de modo a se obter uma quantidade mínima de argamassa que proporcione coesão e consistência adequada para a matriz de concreto. Esta avaliação é feita visualmente e depende da acuidade e experiência do laboratorista. Desdobramento do traço A segunda etapa do procedimento experimental consiste no desdobramento do traço de médio consumo utilizado para a determinação do teor de argamassa em outros dois, de mesmo teor de argamassa, mas com diferentes consumos de cimento mantendo-se as ANAIS DO 48º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2006 @ 2006 IBRACON 2
mesmas condições de consistência medida pelo abatimento de tronco de cone. Dessa maneira, é possível obter uma faixa de variação de resistência e respectivos consumos de cimento que possibilitem a determinação dos gráficos de dosagem da matriz de concreto. Neste estudo, também se variou o consumo de fibras de aço. Foram utilizadas duas fibras em três teores de maneira a se possibilitar a dosagem das fibras também. Moldagem e ruptura dos corpos-de-prova Com os traços desdobrados na etapa anterior são moldados corpos-de-prova cilíndricos para a determinação da resistência à compressão (NBR 5739) e prismáticos para a determinação da tenacidade (JSCE-SF4, 1984). Aqui se apresentarão apenas os resultados de resistência à compressão, dada que a preocupação do artigo se refere à avaliação das propriedades da matriz que são influenciadas pelas fibras. Ficará para outro trabalho a análise da segunda parte que corresponde à dosagem da fibra. Determinação do gráfico de dosagem A partir dos resultados de resistência à compressão determinados na fase anterior é possível construir um gráfico de dosagem para a matriz da mesma forma que é realizado para o concreto convencional (Helene e Terzian, 1992). Como já foi comprovada anteriormente, a utilização de baixos teores de fibra apresenta pequeno impacto nas condições de trabalhabilidade do material (Ceccato, 1998). Assim, os gráficos de dosagem da matriz podem ser utilizados independentemente do teor de fibra. No entanto, optou-se aqui por desenvolver o estudo com o emprego simultâneo de três teores de fibras de modo a se obter uma avaliação da faixa de variação de desempenho do material. Análise dos resultados A partir dos gráficos de dosagem obtidos, foi possível analisar os resultados no sentido de se avaliar o efeito da fibra nas condições de dosagem da matriz. Os consumos de fibra utilizados nesta primeira etapa foram os mais freqüentemente empregados em pavimentos, ou seja, 20kg/m 3, 30kg/m 3 e 45kg/m 3. Um único nível de abatimento de tronco de cone (NBR 07223) foi utilizado para todo o estudo, ficando na faixa de 8cm. 3 Materiais empregados Procurou-se utilizar materiais freqüentemente empregados na produção de concretos destinados à execução de pavimentos industrias, dado que esta aplicação consiste no principal emprego dos concretos reforçados com fibras. 3.1 Cimento O cimento utilizado neste estudo foi o fabricado pela Holcim do Brasil tipo CPII-E 32. Para melhor análise dos resultados, o mesmo foi caracterizado através de um Picnômetro de Hélio, cujos resultados se encontram apresentados no Anexo. ANAIS DO 48º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2006 @ 2006 IBRACON 3
3.2 Agregado Miúdo Como agregado miúdo foi empregada uma areia de quartzo. Esta areia foi previamente peneirada e seca em estufa para retirar impurezas e umidade em excesso. Estes fatores podem influenciar na consistência do material e, indiretamente, na relação água/cimento e, conseqüentemente, na resistência do concreto. Assim, julgou-se por bem realizar o peneiramento e a secagem da areia para minimizar este tipo de variável interveniente. A caracterização do agregado miúdo se encontra apresentada no Anexo. 3.3 Agregado graúdo A brita I, com diâmetro máximo característico de 19mm, foi escolhida como agregado graúdo. Da mesma forma como ocorreu para o agregado miúdo, a brita foi peneirada para retirar o excesso de finos que pudessem influir na trabalhabilidade da mistura. A caracterização do agregado graúdo se encontra apresentada no Anexo. 3.4 Fibras de aço Foram utilizadas duas fibras de aço neste estudo, as quais foram designadas como fibra Tipo 1 ou simplesmente F1 e fibra Tipo 2 ou F2. Na Tabela 1 é apresentado um resumo dos resultados obtidos nessa caracterização. Tabela 1 Caracterização das fibras de aço utilizadas no estudo. Característica Fibra Tipo I Fibra Tipo II Fabricante Maccaferri Maccaferri Formato Fibra com ancoragem em gancho Fibra com ancoragem em gancho Material Fio de aço trefilado Fio de aço trefilado Comprimento (mm) 48,61 60,46 Diâmetro (mm) 1,03 0,78 Fator de forma (mm/mm) 47,02 78,4 A fibra F1 é uma fibra mais curta em relação à fibra F2, sendo ambas normalmente empregadas na produção de pavimentos. Ambas possuem seção circular e ancoragem em gancho, tendo sido obtidas por meio de corte e dobramento de arames trefilados. A escolha dessas fibras ocorreu por sua disponibilização e pela possibilidade de avaliar fibras de diferentes fatores de forma. Esse parâmetro é fundamental na definição do comportamento pós-fissuração do concreto reforçado com fibras bem como de sua trabalhabilidade (Figueiredo, Ceccato, Torneri, 1997; Nunes, Figueiredo, Agopyan, 2001; Ceccato, 1998). ANAIS DO 48º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2006 @ 2006 IBRACON 4
4 Dosagem do concreto Como mencionado anteriormente, foram empregados apenas três teores de fibra (20 kg/m 3, 30 kg/m 3 e 45 kg/m 3 ) para o estudo da matriz. O teor de argamassa obtido foi de 49%. Os traços desdobrados foram 1:3,5, 1:5,0 e 1:6,5, em termos de proporção em massa cimento: agregados totais. Com estes traços procurava-se atender a variação de resistência média necessária para atender às exigências de resistência à compressão do material. 4.1 Procedimentos experimentais Os materiais foram todos proporcionados em massa. Uma vez pesados os materiais, temse inicio ao preparo do concreto propriamente dito adicionando-se a areia e a brita á betoneira, sendo feita sua homogeneização com a betoneira em movimento. Em seguida todo o cimento e parte da água são adicionados à betoneira e o material homogeneizado. A parte restante da água é então adicionada ao material que é homogeneizado novamente. Em seguida é adicionada a fibra ao concreto, o que foi feito manualmente e de maneira progressiva de modo a se evitar embolamentos e outras heterogeneidades. Após a completa homogeneização da mistura realiza-se o ensaio de abatimento em tronco de cone. Caso o concreto não tenha atingido ainda o abatimento especificado, é feita então a correção do abatimento com a adição de uma maior quantidade de água e o ensaio é repetido após a homogeneização do material. Este procedimento é repetido até que se atinja o nível de abatimento requisitado para o material. Alcançado o abatimento desejado o concreto é liberado para moldagem. O concreto foi colocado em moldes de 15cm de diâmetro por 30cm de altura. Foi tomado o cuidado de retirar o concreto sempre da parte central da betoneira de modo a se garantir uma maior homogeneidade. O adensamento foi realizado com uso de mesa vibratória, sendo feito o acabamento do topo dos corpos-de-prova com a colher de pedreiro em seguida. Após a moldagem os corpos-de-prova foram cobertos com sacos plásticos para minimizar a perda de água para o ambiente durante a cura. Vinte e quatro horas após foi realizada a desfôrma e os corpos-de-prova foram armazenadas na câmera úmida até a data dos ensaios. Na data dos ensaios os Corpos-de-prova foram retirados da câmara para receberem o capeamento. Com o capeamento concluído os ensaios de compressão axial podem ser então realizados. Antes da realização da moldagem dos corpos-de-prova foi realizada a determinação da massa específica do concreto no estado fresco. O procedimento inclui um reservatório de volume e peso conhecido que é preenchido de concreto e adensado por vibração. Posteriormente o concreto excedente do topo é retirado com o auxilio de um perfil metálico. O peso total do reservatório com concreto é determinado e a massa específica do concreto é determinada. Os ensaios de compressão seguiram a norma NBR 5739 e foram realizado em uma prensa universal de marca Shimadzu com capacidade para 200 toneladas. A idade escolhida para os ensaios foi de 14 dias. ANAIS DO 48º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2006 @ 2006 IBRACON 5
4.2 Resultados obtidos 4.2.1 Parâmetros básicos e massa específica Os parâmetros básicos de dosagem, quais sejam os consumos de materiais e o abatimento, e a massa específica que foram determinados durante o procedimento de mistura do concreto e moldagem dos corpos-de-prova se encontram apresentados nas Tabelas 2 e 3. Tabela 2 Resultados obtidos para parâmetros básicos e massa específica dos concretos moldados com a fibra F1. Traço 1: a : b a/c 1:1,205:2,295 1:1,94:3,06 1:2,675:3,825 Abatimento (mm) Teor da Fibra (kg/m 3 ) H (%) 0,41 78 20 9,1 2364,12 0,42 80 30 9,3 2364,12 0,45 80 45 10 2367,44 0,54 75 20 9 2350,83 0,54 78 30 9 2337,54 0,54 78 45 9 2377,41 0,7 75 20 9,3 2310,96 0,62 75 30 8,3 2304,32 0,62 90 45 8,3 2320,93 Tabela 3 Resultados obtidos para consumos, abatimento e massa específica dos concretos moldados com a fibra F2. Traço 1: a : b a/c 1:1,205:2,295 1:1,94:3,06 1:2,675:3,825 Abatimento (mm) Teor da Fibra (kg/m 3 ) H (%) 3 3 0,43 70 20 9,5 2370,76 0,43 80 30 9,5 2357,48 0,44 82 45 9,8 2357,48 0,55 70 20 9,2 2347,51 0,55 75 30 9,2 2340,86 0,57 80 45 9,5 2354,15 0,59 80 20 7,9 2304,32 0,59 70 30 7,9 2324,25 0,61 85 45 8,1 2334,22 4.2.2 Resistência à compressão Os resultados obtidos para a resistência à compressão dos concretos se encontram apresentados nas Tabelas 4 e 5. Em conjunto se encontram apresentados os resultados de consumo de cimento, obtidos a partir da massa específica no estado fresco determinada no item anterior. ANAIS DO 48º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2006 @ 2006 IBRACON 6
4.3 Análise dos resultados A primeira análise que deve ser feita se refere às características básicas do concreto. Pelos resultados apresentados anteriormente pode-se concluir que foi possível garantir condições uniformes de moldagem, pois o abatimento do concreto ficou restrito á faixa de variação prevista de 80 10mm. Através dos resultados obtidos de resistência à compressão e consumos de cimento por metro cúbico, foi possível elaborar os diagramas de dosagem apresentados nas Figura 1 e 2 para a lei de Abrams. Tabela 3: Resultados obtidos para a resistência à compressão e respectivos consumos para os concretos moldados com a fibra F1. Consumo (kg/m 3 ) fcm (MPa) a/c m Consumo de cimento kg/m 3 20 30 45 38,40 0,39 3,5 485,86 30,00 0,44 3,87 445,14 19,10 0,51 4,59 383,66 41,00 0,42 3,42 491,11 30,00 0,46 4,01 429,04 19,20 0,51 4,75 371,58 38,60 0,44 3,3 507,09 28,60 0,47 3,82 448,65 17,90 0,51 4,53 389,01 Tabela 4: Resultados obtidos para a resistência à compressão e respectivos consumos para os concretos moldados com a fibra F2. Consumo (kg/m 3 ) fcm (MPa) a/c m Consumo de cimento kg/m 3 20 30 45 36,50 0,39 2,69 605,54 28,90 0,44 3,56 476,90 22,10 0,5 4,6 383,33 38,90 0,41 3,04 535,24 27,90 0,46 3,9 436,89 22,40 0,51 4,77 370,76 39,30 0,43 3,22 510,72 29,40 0,47 3,87 439,65 20,30 0,52 4,68 376,56 ANAIS DO 48º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2006 @ 2006 IBRACON 7
fc (MPa) 45 40 20kg/m3 35 30 30kg/m3 25 20 15 45kg/m3 10 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 a/c Figura 1 - Diagrama de dosagem da matriz segundo a lei de Abrams para a fibra F1. Observa-se pelo gráfico apresentado na Figura 1, que os resultados são muito coincidentes à exceção do valor de relação a/c para o concreto elaborado com a Fibra F1 no traço 1:6,5, que apresentou um valor bem elevado. Este valor elevado de a/c pode estar associado a alguma falha experimental que não foi passível de diagnóstico. Com a exceção deste ponto, que eleva a curva de dosagem, pode-se dizer que houve uma coincidência das curvas, tendo a fibra apresentado pouca ou nenhuma influência no resultado final como era esperado, devido aos baixos consumos utilizados. Os resultados apresentados na curva de dosagem da Figura 2 indicam um comportamento muito semelhante da fibra F2 em relação à fibra F1, ou seja, pouco ou nada interferiu no resultado, dado que as curvas são praticamente coincidentes. Isto indica que, para estes baixos teores de fibra de aço (inferior a 50kg/m 3 ) não houve interferência desta na dosagem da matriz com relação à sua resistência à compressão. Nos gráficos das Figuras 3 e 4 são apresentadas as curvas de dosagem da lei de Lyse para ambas as fibras. Nota-se claramente o mesmo comportamento básico relacionado à curva de dosagem da lei de Abrams das Figuras 1 e 2, onde houve uma ligeira discrepância para os valores obtidos com a fibra F1, dado o deslocamento da relação a/c do traço 1:6,5. Por outro lado, para o caso da fibra F2 as curvas referentes aos teores de 20kg/m 3 e 30kg/m 3, foram absolutamente coincidentes dado que houve uma completa coincidência de resultados. Isto também comprova que, para baixos teores e, especialmente para teores abaixo de 30kg/m 3, as fibras influenciam muito pouco nas condições de trabalhabilidade de mistura. Com isto fica confirmado que o uso de curvas de dosagem convencionais para o concreto reforçado com fibras nesta situação é absolutamente pertinente, dado que a influência da fibra nas propriedades da matriz pode ser negligenciada por completo. ANAIS DO 48º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2006 @ 2006 IBRACON 8
m fc (MPa) 45 40 20kg/m3 35 30 30kg/m3 25 20 15 45kg/m3 10 0,4 0,45 0,5 0,55 0,6 0,65 a/c Figura 2 Diagrama de dosagem da matriz segundo a lei de Abrams para a fibra F2. a/c 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 2 3 4 5 6 7 20kg/m3 30kg/m3 45kg/m3 Linear (20kg/m3) Linear (30kg/m3) Linear (45kg/m3) 8 9 Figura 3 Diagrama de dosagem da matriz segundo a lei de Lyse para a fibra F1. ANAIS DO 48º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2006 @ 2006 IBRACON 9
m m 2 a/c 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 3 4 5 6 7 20kg/m3 30kg/m3 45kg/m3 Linear (20kg/m3) Linear (30kg/m3) Linear (45kg/m3) 8 9 Figura 4: Diagrama de dosagem da matriz segundo a lei de Lyse para a fibra F2. A última análise que deve ser feita com relação à matriz se refere ao consumo de cimento. Esta análise é feita segundo os gráficos da lei de Molinari, os quais estão apresentados nas Figuras 5 e 6 para as fibras F1 e F2, respectivamente. C (kg/m3) 500 400 300 200 2 3 4 5 6 7 8 20 kg/m3 30 kg/m3 45 kg/m3 Potência (20 kg/m3) Potência (30 kg/m3) Potência (45 kg/m3) 9 Figura 5 Diagrama de dosagem da matriz segundo a lei de Molinari para a fibra F1. ANAIS DO 48º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2006 @ 2006 IBRACON 10
m 500 Consumo (kg/m3) 400 300 200 2 3 4 5 6 7 8 20 kg/m3 30 kg/m3 45 kg/m3 Potência (20 kg/m3) Potência (30 kg/m3) Potência (45 kg/m3) 9 Figura 6 Diagrama de dosagem da matriz segundo a lei de Molinari para a fibra F2. Observa-se pelos referidos gráficos que houve uma absoluta coincidência de curvas, de maneira muito mais marcada do que houve para os casos anteriores comprovando, no caso específico do consumo de cimento, que não há influência significativa da fibra neste aspecto da dosagem. Isto é muito importante, pois, uma vez que se pode concluir que a fibra não afeta o consumo de cimento da matriz, pode-se afirmar que o impacto da fibra no custo do material fica restrito fundamentalmente a ela própria, ou seja, o aumento do custo oriundo de sua adição. 5 Conclusões A plano experimental previsto para este trabalho foi desenvolvido com sucesso dado que as curvas de dosagem da matriz foram concebidas com bom nível de confiabilidade. Ficou demonstrado claramente que as fibras estudadas pouco ou nada interferem na dosagem da matriz quando utilizadas em baixos teores mesmo quando as fibras apresentam elevado fator de forma. Assim, é plenamente possível estabelecer os traços adequados para a execução da segunda parte do estudo, onde serão produzidos os ábacos de dosagem das fibras. ANAIS DO 48º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2006 @ 2006 IBRACON 11
6 Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Concreto - Moldagem e cura de corpos de prova cilíndricos de concreto. NBR 5738, ABNT, Rio de Janeiro. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Ensaio de compressão de corpos-de-prova cilíndricos de concreto. NBR 5739, ABNT, Rio de Janeiro. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Concreto - Determinação de Consistência pelo Abatimento do Tronco de Cone. NBR 07223, ABNT, Rio de Janeiro. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Ensaio de compressão de corpos-de-prova cilíndricos de concreto. NBR 5739, ABNT, Rio de Janeiro. CECCATO, M.R. Estudo da Trabalhabilidade do Concreto Reforçado com Fibras de Aço. São Paulo, 1998. 98p. Dissertação (Mestrado). Escola Politécnica, Universidade de São Paulo. FIGUEIREDO, A.D. Capítulo: Concreto com fibras. In: Concreto Projetado: Ensino, Pesquisa e Realizações São Paulo: IBRACOM, 2005. FIGUEIREDO, A.D.; CECCATO, M.R. e TORNERI, P. Influência do comprimento da fibra no desempenho do concreto reforçado com fibras de aço. In: 39 a Reunião do IBRACON - Instituto Brasileiro do Concreto. São Paulo, SP. 5 a 8 de agosto de 1997. Volume 1. Anais. p.347-56. FIGUEIREDO, A.D.; NUNES, N.L. e TANESI, J. Mix design analysis on steel fiber reinforced concrete. In: FIFTH INTERNATIONAL RILEM SYMPOSIUM ON FIBRE- REINFORCED CONCRETES (FRC), 2000, Lyon. Fibre-Reinforced Concretes (FRC) BEFIB 2000. RILEM Publications S.A.R.L., 2000.P.103-118. HELENE, P.R.L.; TERZIAN, P. Manual de dosagem e controle do concreto. PINI Editora. São Paulo, Brazil. 1992. JAPAN SOCIETY OF CIVIL ENGINEERS. Method of tests for flexural strength and flexural toughness of steel fiber reinforced concrete. JSCE-SF4. Concrete Library of JSCE. Part III-2 Method of tests for steel fiber reinforced concrete. nº 3 June 1984a. p.58-61. NUNES, N. L.; FIGUEIREDO, A. D.; AGOPYAN, V.. The influence of fiber geometry on flexural toughness of steel fiber reinforced concrete. In: INTERNATIONAL CONFERENCE COMPOSITES IN CONSTRUCTION - CCC2001, 2001, Porto. Composites in Constructions. Lisse: A.A.Balkema Publisher, 2001. p. 27-32. ANAIS DO 48º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2006 @ 2006 IBRACON 12
ANEXO I CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS CIMENTO O cimento utilizado neste estudo foi caracterizado com relação à sua massa específica utilizando-se o picnômetro de Hélio para tal determinação. P1 P2 Peso (g) Vcell Vref A B Volume Densidade 17,094 5,878 14,9066 27,26153 11,67085 1,908132 22,26952 4,992 2,986 17,099 5,874 14,8078 27,26153 11,67085 1,910964 22,30257 4,959 2,986 17,098 5,885 14,9894 27,26153 11,67085 1,905353 22,23708 5,0244 2,983 17,1 5,859 14,5072 27,26153 11,67085 1,918587 22,39154 4,87 2,979 17,1 5,9 15,2295 27,26153 11,67085 1,898305 22,15483 5,1067 2,982 Medidas 5 Média 2,983 g/cm 3 Desvio Padrão 0,003 g/cm 3 CV 0,100 % Max 2,986 g/cm 3 Min 2,979 g/cm 3 AGREGADO MIÚDO Como ocorreu para o cimento a areia utilizada neste estudo foi caracterizada com relação à sua massa específica utilizando-se o picnômetro de Hélio. Além disso, a areia também foi ensaiada de modo a se obter a sua caracterização quanto à granulometria. P1 P2 Peso (g) Vcell Vref A B Volume Densidade 17,102 6,294 19,033 27,26153 11,67085 1,717191 20,04108 7,2205 2,636 17,105 6,295 19,005 27,26153 11,67085 1,717236 20,0416 7,2199 2,632 17,092 6,291 19,048 27,26153 11,67085 1,716897 20,03765 7,2239 2,637 17,081 6,285 19,045 27,26153 11,67085 1,717741 20,04749 7,214 2,64 17,091 6,291 19,041 27,26153 11,67085 1,716738 20,03579 7,2257 2,635 Medidas 5 Média 2,636 g/cm 3 Desvio Padrão 0,003 g/cm 3 CV 0,107 % Max 2,64 g/cm 3 Min 2,632 g/cm 3 ANAIS DO 48º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2006 @ 2006 IBRACON 13
Granulometria do Agregado Miúdo A metodologia de ensaio foi retirada da norma NM 248:2001 Amostras Amostra 1 (300g) Amostra 2 (300g) peneira (mm) peso em g % peso em g % 4,75 1,2 0,40% 1,1 0,37% 2,36 7 2,36% 5,1 1,71% 1,18 36 12,11% 29,6 9,90% 0,6 108 36,34% 100,1 33,49% 0,3 102 34,32% 106,5 35,63% 0,15 32 10,77% 41,3 13,82% fundo 11 3,70% 15,2 5,09% Total 297,2 100,00% 298,9 100,00% Pelas deifinições da norma a ensaio foi aceito. O agregado foi classificado como areia média. AGREGADO GRAÚDO Como ocorreu para os materiais anteriores o agregado graúdo utilizado neste estudo foi caracterizada com relação à sua massa específica utilizando-se o picnômetro de Hélio. Além disso, este agregado também foi ensaiada de modo a se obter a sua caracterização quanto à granulometria. P1 P2 Vcell Vref A B Volume Peso Densidade 17,033 6,457 148,242 80,12036 1,6379123 131,2301 17,0119 48,966 2,878342603 17,023 6,59 148,242 80,12036 1,5831563 126,8431 21,3989 56,485 2,639615802 17,025 6,527 148,242 80,12036 1,6083959 128,8653 19,3767 52,85 2,727496714 Granulometria do Agregado Graúdo A metodologia de ensaio foi retirada da norma NM 248:2001 Amostras Amostra 1 (5735,5g) Amostra 2 (5498,5g) peneira (mm) peso em g % peso em g % 25 0 0,00% 0 0,00% 19 298,1 5,21% 229,4 4,18% 12,5 2749,7 48,04% 2662,4 48,50% 9,52 1746,9 30,52% 1685 30,70% 6,3 884,6 15,45% 865,2 15,76% 4,76 30,5 0,53% 34,1 0,62% fundo 14,5 0,25% 13,1 0,24% Total 5724,3 100,00% 5489,2 100,00% Pelas deifinições da norma a ensaio foi aceito. O agregado foi classificado como brita 1. Média 2,74848504 Desvio Padrão 0,121 ANAIS DO 48º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2006 @ 2006 IBRACON 14