CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA



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Transcrição:

CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA Incitação ao Crime Art. 286 - Incitar, publicamente, a prática de crime: Pena - detenção, de 3 (três) a 6 (seis) meses, ou multa. Incitar = estimular, instigar, induzir (palavras, gestos, escritos, etc.) Publicamente = de forma a gerar risco à paz social, sensação de instabilidade social, de medo. Apologia de Crime ou Criminoso Art. 287 - Fazer, publicamente, apologia de fato criminoso ou de autor de crime: Pena - detenção, de 3 (três) a 6 (seis) meses, ou multa. Fazer apologia = enaltecer, engrandecer, glorificar Fato criminoso = já ocorrido ou abstratamente considerado. 1

Associação Criminosa (antigamente era quadrilha ou bando) Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes: (Redação dada pela Lei nº 12.850/13) Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se a associação é armada ou se houver a participação de criança ou adolescente. Concurso necessário de 3 ou mais pessoas (antes eram quatro ou mais) Associação = reunião não eventual de pessoas, de caráter relativamente duradouro. Fim específico = realização de uma indeterminada série de crimes porém, não há necessidade da realização de nenhum delito. Constituição de milícia privada (Incluído dada pela Lei nº 12.720, de 2012) Art. 288-A. Constituir, organizar, integrar, manter ou custear organização paramilitar, milícia particular, grupo ou esquadrão com a finalidade de praticar qualquer dos crimes previstos neste Código: Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos. 2

CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA Moeda Falsa Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no estrangeiro: Pena - reclusão, de 3 (três) a 12 (doze) anos, e multa. Falsificar = imitar o verdadeiro. A contrafação consiste em criar materialmente e a alteração, na modificação do valor de algo já existente. Não é necessária a colocação em circulação, pois essa conduta configura o parágrafo primeiro 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação moeda falsa. 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui à circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido com detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Modalidade privilegiada, em que a lei pune com menor rigor a conduta de quem, de boa fé, recebe a moeda falsa e depois, a coloca em circulação. 3

3º - É punido com reclusão, de 3 (três) a 15 (quinze) anos, e multa, o funcionário público ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão: I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei; II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada. 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja circulação não estava ainda autorizada. Modalidades qualificadas. No 3º é crime próprio. ***Falsificação não pode ser grosseira*** STJ Súmula nº 73-15/04/1993 - DJ 20.04.1993 Papel Moeda Falsificado - Estelionato - Competência A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime de estelionato, da competência da Justiça Estadual. Crimes Assimilados ao de Moeda Falsa Art. 290 - Formar cédula, nota ou bilhete representativo de moeda com fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes verdadeiros; suprimir, em nota, cédula ou bilhete recolhidos, para o fim de restituí-los à circulação, sinal indicativo de sua inutilização; restituir à circulação cédula, nota ou bilhete em tais condições, ou já recolhidos para o fim de inutilização: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa. 4

Parágrafo único - O máximo da reclusão é elevado a 12 (doze) anos e o da multa a Cr$ 40.000 (quarenta mil cruzeiros), se o crime é cometido por funcionário que trabalha na repartição onde o dinheiro se achava recolhido, ou nela tem fácil ingresso, em razão do cargo. Petrechos para Falsificação de Moeda Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gratuito, possuir ou guardar maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto especialmente destinado à falsificação de moeda: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. Fabricar = produzir, construir, preparar; Adquirir = obter, conseguir, comprar; Fornecer = prover, abastecer, guarnecer; a título gratuito ou oneroso = com ou sem contraprestação. Possuir = ter a posse, guardar = conservar, manter, tomar conta. Não é qualquer maquinismo, é necessário que seja especialmente destinado para servir como meio executório de falsificação de moeda (forma, molde, fotografia, negativos, placas, matrizes, cunhos, etc.) Emissão de Título ao Portador sem Permissão Legal Art. 292 - Emitir, sem permissão legal, nota, bilhete, ficha, vale ou título que contenha promessa de pagamento em dinheiro ao portador ou a que falte indicação do nome da pessoa a quem deva ser pago: Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa. 5

Parágrafo único - Quem recebe ou utiliza como dinheiro qualquer dos documentos referidos neste artigo incorre na pena de detenção, de 15 (quinze) dias a 3 (três) meses, ou multa. - FALSIDADE DE TÍTULO E OUTROS PAPÉIS PÚBLICOS Falsificação de Papéis Públicos Art. 293 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: I - selo destinado a controle tributário, papel selado ou qualquer papel de emissão legal destinado à arrecadação de tributo; (Alterado pela L-011.035-2004) = papel cuja finalidade é comprovar o pagamento de tributo (carimbo, sinete) II - papel de crédito público que não seja moeda de curso legal; =apólices ou títulos de dívida pública federal, estadual ou municipal. III - vale postal; = revogado IV - cautela de penhor (=título de crédito para retirada de coisa empenhada), caderneta de depósito de caixa econômica ou de outro estabelecimento mantido por entidade de direito público (já não existe mais); V - talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro documento relativo a arrecadação de rendas públicas ou a depósito ou caução por que o poder público seja responsável; VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa de transporte administrada pela União, por Estado ou por Município: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa. 1º Incorre na mesma pena quem: (Alterado pela L-011.035-2004) I - usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis falsificados a que se refere este artigo; 6

II - importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda, fornece ou restitui à circulação selo falsificado destinado a controle tributário; III - importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda, mantém em depósito, guarda, troca, cede, empresta, fornece, porta ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, produto ou mercadoria: a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a controle tributário, falsificado; b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação tributária determina a obrigatoriedade de sua aplicação. 2º - Suprimir, em qualquer desses papéis, quando legítimos, com o fim de torná-los novamente utilizáveis, carimbo ou sinal indicativo de sua inutilização: Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 3º - Incorre na mesma pena quem usa, depois de alterado, qualquer dos papéis a que se refere o parágrafo anterior. 4º - Quem usa ou restitui à circulação, embora recibo de boa-fé, qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem este artigo e o seu 2º, depois de conhecer a falsidade ou alteração, incorre na pena de detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa. 5º Equipara-se a atividade comercial, para os fins do inciso III do 1º, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em vias, praças ou outros logradouros públicos e em residências. Petrechos de Falsificação Art. 294 - Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar objeto especialmente destinado à falsificação de qualquer dos papéis referidos no artigo anterior: Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. Art. 295 - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte. 7

- FALSIDADE DOCUMENTAL Falsificação do Selo ou Sinal Público Art. 296 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: I - selo público destinado a autenticar atos oficiais da União, de Estado ou de Município; II - selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito público, ou a autoridade, ou sinal público de tabelião: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. 1º - Incorre nas mesmas penas: I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado; II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal verdadeiro em prejuízo de outrem ou em proveito próprio ou alheio. III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas, logotipos, siglas ou quaisquer outros símbolos utilizados ou identificadores de órgãos ou entidades da Administração Pública. (Acrescentado pela L-009.983-2000) Falsificação de Documento Público Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte. 8

2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado de entidade paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular. 3º Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir: (Acrescentado pela L-009.983-2000) I - na folha de pagamento ou em documento de informações que seja destinado a fazer prova perante a previdência social, pessoa que não possua a qualidade de segurado obrigatório; II - na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em documento que deva produzir efeito perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita; III - em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado com as obrigações da empresa perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado. 4º Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencionados no 3º, nome do segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de prestação de serviços. Documento público = confeccionado por servidor público, no exercício de suas funções, de acordo com a legislação pertinente. Documento particular = por exclusão, é o que não é público. Fotocópia não autenticada não é considerado documento Falsificar = criar o que não existe; Alterar = modificar o conteúdo do que já existe. Entidade paraestatal = abrange as pessoas da administração indireta ( autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações públicas) e os serviços sociais autônomos. 9

FALSIFICAÇÃO GROSSEIRA = De acordo com a maioria da doutrina, afasta a configuração do delito, ante a incapacidade para iludir um número indeterminado de pessoas. Bem assim, a ausência de potencialidade lesiva. Nos parágrafos, vemos a preocupação do legislador com a PREVIDÊNCIA SOCIAL. Falsificação de Documento Particular Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar documento particular verdadeiro: Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa. Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, equipara-se a documento particular o cartão de crédito ou débito. (Acrescentado pelo L-012.737-2012) Falsidade Ideológica Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante: Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa, se o documento é público, e reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa, se o documento é particular. Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação ou alteração é de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte. 10

O documento é materialmente perfeito, a ideia, o conteúdo dele NÃO. Não basta transmitir a ideia falsa, é necessário o fim especial de prejudicar direito, etc... (é o especial fim de agir) Muitas vezes, a falsidade ideológica é crime-meio para a prática de outros crimes (sonegação fiscal, estelionato, parto alheio como próprio, declaração de nascimento inexistente). Falso Reconhecimento de Firma ou Letra Art. 300 - Reconhecer, como verdadeira, no exercício de função pública, firma ou letra que o não seja: Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa, se o documento é público; e de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa, se o documento é particular. Reconhecer = atestar, declarar, afirmar, proclamar como verdadeira. Firma = assinatura O delito só é punido a título de DOLO e o crime é PRÓPRIO. Certidão ou Atestado Ideologicamente Falso Art. 301 - Atestar ou certificar falsamente, em razão de função pública, fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem: Pena - detenção, de 2 (dois) meses a 1 (um) ano. 11

Atestado = documento que contém o testemunho do signatário, a respeito de um fato qualquer, que tenha observado direta e pessoalmente, no exercício de suas atribuições. Certidão = transcreve, total ou parcialmente, o teor de um documento guardado pelo estado. Necessidade de finalidade ESPECIAL e crime PRÓPRIO. Falsidade Material de Atestado ou Certidão 1º - Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou certidão, ou alterar o teor de certidão ou de atestado verdadeiro, para prova de fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos. Agora, o crime NÃO é PRÓPRIO, mas ainda exige a especial FINALIDADE. 2º - Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se, além da pena privativa de liberdade, a de multa. Falsidade de Atestado Médico Art. 302 - Dar o médico, no exercício da sua profissão, atestado falso: Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano. Dar = fornecer, entregar, produzir, é um misto de confecção é entrega (elabora e entrega ao paciente ). 12

É crime PRÓPRIO e DOLOSO. Se o médico é funcionário público, o crime é o do artigo 302. Parágrafo único - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa. Reprodução ou Adulteração de Selo ou Peça Filatélica Art. 303 - Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica que tenha valor para coleção, salvo quando a reprodução ou a alteração está visivelmente anotada na face ou no verso do selo ou peça: Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. Parágrafo único - Na mesma pena incorre quem, para fins de comércio, faz uso do selo ou peça filatélica. Reproduzir = copiar, imitar fielmente. Alterar = modificar, mudar, falsificar. Selo (Lei 6.538/78) = estampilha postal, adesiva ou fixa, bem como a estampa produzida por meio de máquina de franquear correspondência, destinadas a comprovar o pagamento da prestação de um serviço postal...porém o tipo exige que tenha VALOR PARA COLEÇÃO. 13

Uso de Documento Falso Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302: Pena - a cominada à falsificação ou à alteração. Fazer uso = efetivamente utilizar, empregar, valer-se Quem usa, não responde pela falsificação, mesmo que tenha falsificado (crime-meio) e, quem falsifica não responde pelo uso. Fotocópia não autenticada não é documento. Muitas vezes e crime-meio para a prática de outros delitos (estelionato, etc.) A FALSIFICAÇÃO GROSSEIRA, segundo jurisprudência majoritária, não tem o condão de configurar o delito de falto e, tampouco, a utilização do documento grosseiramente falsificado (inaptidão para ofender a fé pública) Supressão de Documento Art. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio, documento público ou particular verdadeiro, de que não podia dispor: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa, se o documento é público, e reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa, se o documento é particular. 14

Destruir = inutilizar, dar cabo, eliminar (rasgar em pequenos pedaços, queimar, etc.) Suprimir = eliminar o documento como tal, ou seja, permanece o papel, desaparece o documento (cobrir de tinta, apagar) Ocultar = esconder, encobrir...o documento permanece intacto, mas inacessível às demais pessoas. Finalidade especial de benefício próprio ou alheio ou prejuízo alheio. O cheque, para efeitos penais, é considerado documento público. - OUTRAS FALSIDADES Falsificação do Sinal Empregado no Contraste de Metal Precioso ou na Fiscalização Alfandegária, ou para Outros Fins Art. 306 - Falsificar, fabricando-o ou alterando-o, marca ou sinal empregado pelo poder público no contraste de metal precioso ou na fiscalização alfandegária, ou usar marca ou sinal dessa natureza, falsificado por outrem: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. Parágrafo único - Se a marca ou sinal falsificado é o que usa a autoridade pública para o fim de fiscalização sanitária, ou para autenticar ou encerrar determinados objetos, ou comprovar o cumprimento de formalidade legal: Pena - reclusão ou detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. 15

Falsa Identidade Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para obter vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa, se o fato não constitui elemento de crime mais grave. Atribuir = imputar Identidade = conjunto de caracteres próprios de uma pessoa, que permite identifica-la e distinguí-la das demais (nome, idade, profissão, sexo, estado civil, etc.) A pessoa se identifica com dados que não são seus (ou os atribui a terceira pessoa) Necessidade de FINALIDADE ESPECIAL (vantagem ou causar dano, que não sejam econômicas, pois, nesse caso, falaríamos de ESTELIONATO). Art. 308 - Usar, como próprio, passaporte, título de eleitor, caderneta de reservista ou qualquer documento de identidade alheia ou ceder a outrem, para que dele se utilize, documento dessa natureza, próprio ou de terceiro: Pena - detenção, de 4 (quatro) meses a 2 (dois) anos, e multa, se o fato não constitui elemento de crime mais grave. Fraude de Lei sobre Estrangeiro Art. 309 - Usar o estrangeiro, para entrar ou permanecer no território nacional, nome que não é o seu: Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. 16

Parágrafo único - Atribuir a estrangeiro falsa qualidade para promover-lhe a entrada em território nacional: (Acrescentado pela L-009.426-1996) Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Art. 310 - Prestar-se a figurar como proprietário ou possuidor de ação, título ou valor pertencente a estrangeiro, nos casos em que a este é vedada por lei a propriedade ou a posse de tais bens: (Alterado pela L-009.426-1996) Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa. Adulteração de Sinal Identificador de Veículo Automotor Art. 311 - Adulterar ou remarcar número de chassi ou qualquer sinal identificador de veículo automotor, de seu componente ou equipamento: (Alterado pela L-009.426-1996) Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. 1º - Se o agente comete o crime no exercício da função pública ou em razão dela, a pena é aumentada de um terço. (Acrescentado pela L-009.426-1996) 2º - Incorre nas mesmas penas o funcionário público que contribui para o licenciamento ou registro do veículo remarcado ou adulterado, fornecendo indevidamente material ou informação oficial. (Acrescentado pela L-009.426-1996) Adulterar = modificar, alterar... 17

Remarcar = marcar de novo, tornar a marcar. A supressão não foi prevista. Número do chassi ou qualquer outro sinal identificador do veículo, de seu componente ou equipamento, de forma que não seja possível a identificação original do veículo (número do motor, câmbio, placas, etc.) 18