Os nomes sagrados na toponímia mineira: estudo linguístico e cultural *

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Transcrição:

Os nomes sagrados na toponímia mineira: estudo linguístico e cultural * Ana Paula Mendes Alves de Carvalho ** Maria Cândida Trindade Costa de Seabra *** Resumo O presente artigo trata da relação existente entre léxico e cultura a partir da proposta de um estudo do toponímico dos nomes de lugar de natureza antropocultural relativos aos nomes sagrados de diferentes crenças e suas variações diatópicas que motivaram a nomeação de acidentes físicos (rio, lago, montanha, etc.) e acidentes humanos (vila, cidade, ponte, etc.) em Minas Gerais. Orientado pelos princípios da ciência onomástica, em especial pelo modelo teórico de DICK (1990), o estudo vincula-se ao ATEMIG Atlas Toponímico do Estado de Minas Gerais projeto em desenvolvimento, desde 2005, na FALE/UFMG. Palavras-chave Onomastic; nome sagrado; toponímia; Minas Gerais. Abstract The aim of this paper is to analyze the relation between lexicon and culture through a toponymic study of names of anthropocultural places. The study concerns sacred names from different creeds and their diatopical variations that motivate the nomination of the physical landforms (river, lake, mountain, etc) and the human landforms ( village, town, bridge, etc) in Minas Gerais. Situated within Onomastics and taking specially Dick's (1990) model, this study is part of ATEMIG The Toponymic Atlas of The State of Minas Gerais a project that has been developed since 2005 at FALE/UFMG. Keywords Onomastics; sacred names; toponymy; Minas Gerais. * Artigo recebido em 10/06/2012 e aprovado em 20/12/2012. ** Aluna de Doutorado no Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais UFMG. *** Professora na Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais UFMG. ANTARES, vol.4, nº8, jul./dez. 2012 158

1. Introdução Graças ao caráter coletivo e à dimensão social da linguagem, pode se dizer que os membros de uma comunidade valem-se do sistema linguístico para representar a realidade e expressar os valores culturais partilhados socialmente entre si. Isso significa que é através da língua que conhecimento, crenças e valores adquiridos ao longo do tempo são transmitidos de uma geração para outra. A língua é vista, então, como um indicador cultural, uma vez que o modo como o sistema linguístico retrata a visão de mundo de um povo evidencia a inter-relação que se estabelece entre língua, cultura e sociedade. Sapir (1961) enfatiza a importância dessa correlação para os estudos da linguagem e destaca o léxico como o nível da língua que mais revela o ambiente físico e social dos falantes de um povo. Para ele, as atitudes linguísticas assumidas por uma comunidade predispõem algumas opções de interpretação que, por sua vez, fixam o modo pelo qual os membros dessa comunidade percebem a realidade que os cerca. Sapir reconhece, entretanto, que a influência do meio físico só se reflete na língua, na medida em que atuem sobre ele fatores de natureza social. Conforme o autor: Por fatores físicos se entendem aspectos geográficos, como a topografia da região (costa, vale, planície, chapada ou montanha), clima e regime de chuvas, bem como o que se pode chamar a base econômica da vida humana, expressão em que se incluem a fauna, a flora e os recursos minerais do solo. Por fatores sociais se entendem as várias forças da sociedade que modelam a vida e o pensamento de cada indivíduo. Entre as mais importantes dessas forças sociais estão a religião, os padrões éticos, a forma de organização política e a arte. (...) Em outras palavras, no que concerne à língua, toda a influência ambiental se reduz, em última análise, à influência da parte social do ambiente. (SAPIR, 1961, p.44-45) Sob essa perspectiva, o léxico completo de língua pode se considerar, na verdade, como o complexo inventário de todas as ideias, interesses e ocupações da comunidade. (cf. SAPIR, 1961) Desse modo, qualquer sistema léxico é a somatória de toda a experiência acumulada de uma sociedade e do acervo da sua cultura através das idades (BIDERMAN, 2001, p.179). Nessa mesma direção, George Matoré (1953, p. 16) define o léxico como testemunha de uma época, visto que reflete as diferentes fases que marcam a história de uma sociedade. Dessa maneira, levando-se em conta a dimensão social da língua, é possível dizer que a investigação do nível lexical permite que sejam encontrados meios para o conhecimento e para a compreensão da concepção de mundo de uma época, do ANTARES, vol.4, nº8, jul./dez. 2012 159

modo de vida de determinado grupo social e, também, de elementos essenciais para que se possa caracterizar a realidade sociocultural de seus falantes. É nesse quadro que se encontram inseridos os nomes próprios de lugar os topônimos, entidades que vão além da expressão linguística, uma vez que envolvem, obrigatoriamente, o referente que destacam. Assim, na construção do processo denominativo, a palavra incorpora o conceito da operação mental, cristalizando o nome e possibilitando a sua transmissão às gerações seguintes. O topônimo, objeto de estudo da Toponímia, acaba refletindo, então, a realidade na qual o nome está registrado: fatos históricos, aspectos do ambiente, dos acidentes físicos e humanos, ideologias e crenças do grupo denominador. Assim, os instrumentos onomásticos, em especial, a Toponímia, são meios de fundamental importância para a investigação linguística, uma vez que vão além da função referencial, isto é, no ato de nomeação; o uso da língua ultrapassa a mera função nomenclatória; ela reflete o modo de viver de uma cultura e a maneira desta representar os seus valores (SEABRA, 2006, p. 1957). Nas palavras de Dick: Exercendo na Toponímia a função de distinguir os acidentes geográficos na medida em que delimitam uma área da superfície terrestre e lhes conferem características específicas, os topônimos se apresentam, da mesma maneira que os antropônimos, como importantes fatores de comunicação, permitindo, de modo plausível, a referência da entidade por eles designada. Verdadeiros testemunhos históricos de fato e ocorrências registrados nos mais diversos momentos da vida de uma população, encerram, em si, um valor que transcende ao próprio ato da nomeação: se a Toponímia situa-se como a crônica de um povo, gravando o presente para o conhecimento das gerações futuras, o topônimo é o instrumento dessa projeção temporal. Chega, muitas vezes, a se espalhar além de seu foco originário, dilatando, consequentemente, as fronteiras políticas, e criando raízes em sítios distantes. Torna-se, pois, a reminiscência de um passado talvez esquecido, não fora a sua presença dinâmica. (DICK, 1990, p.21-22) Partindo, então, da premissa de que, ao estudar as particularidades do léxico de uma região, é possível resgatar aspectos sócio-históricos e culturais da comunidade que a constitui, propomos desenvolver um estudo linguístico com enfoque cultural dos nomes sagrados presentes no léxico toponímico do estado de Minas Gerais. Desse modo, apoiando-nos na inter-relação léxico, cultura e sociedade e, em consequência disso, visando relacionar o topônimo a fatores históricos e socioculturais, pretendemos empreender um estudo linguístico e cultural dos nomes de lugar relativos nomes sagrados de diferentes crenças, os hierotopônimos presentes no léxico toponímico do estado de Minas Gerais. ANTARES, vol.4, nº8, jul./dez. 2012 160

2. Procedimentos metodológicos: O Projeto ATEMIG Vinculado ao Projeto Atlas Toponímico de Minas Gerais ATEMIG, o estudo orienta-se pelos princípios da ciência onomástica, em especial pelo modelo teórico de Dick (1990), segundo o qual a investigação toponímica possibilita, além da análise linguística, a análise da cultura local e da relação do homem com o meio em que vive. O Projeto ATEMIG vem sendo desenvolvido, desde 2005, na Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais, sob a coordenação da Profª Drª Maria Cândida Trindade Costa de Seabra e constitui um desdobramento do ATB (Atlas Toponímico do Brasil), projeto coordenado pela Profª. Dra. Maria Vicentina de Paula do Amaral Dick (FFLCH/USP) que abrange os estudos do homem e da sociedade por meio da linguagem e da investigação onomástica. Partilhando de metodologia comum, adotada pelas demais equipes de pesquisadores que integram o ATB em outros estados, o projeto mineiro segue: i) o método das áreas utilizado por Dauzat (1926), que propõe o remapeamento da divisão municipal, de acordo com as camadas dialetais presentes na língua padrão; ii) a distribuição toponímica em categorias taxionômicas que representam os principais padrões motivadores dos topônimos no Brasil, sugerida por Dick (1990). Desse modo, a fim de que seja feito detalhamento da realidade toponímica de todo o território mineiro, foram levantados todos os nomes de cidades, vilas, povoados, fazendas, rios, córregos, ribeirões, morros, serras, dentre outros acidentes geográficos, dos 853 municípios de Minas Gerais, documentados em cartas topográficas fontes do IBGE, com escalas que variam de 1:50.000 a 1:250.000, perfazendo um total de 85.391 topônimos. Esse levantamento foi realizado de acordo a divisão proposta pelo IBGE, que recorta o estado em doze mesorregiões, a saber: Campo das Vertentes, Central Mineira, Jequitinhonha, Metropolitana de Belo Horizonte, Noroeste de Minas, Norte de Minas, Oeste de Minas, Sul e Sudoeste de Minas, Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, Vale do Mucuri, Vale do Rio Doce, Zona da Mata. Após a coleta e catalogação dos dados, os topônimos foram registrados em fichas léxico-toponímicas cujos objetivos básicos são: a) catalogar e reconhecer remanescentes lexicais na rede toponímica do estado de Minas Gerais, cuja origem remonta a nomes portugueses, africanos, indígenas, dentre outros; b). classificar e analisar o padrão motivador dos nomes, resultante das diversas tendências étnicas registradas; c) buscar a influência das línguas em contato no território (fenômenos ANTARES, vol.4, nº8, jul./dez. 2012 161

gramaticais e semânticos); d) cartografar os nomes dos acidentes físicos e humanos do Estado de Minas Gerais. Tais fichas constituem, pois, uma análise detalhada do topônimo, com informações que o integram à sociedade e à cultura. Dessa maneira, o Projeto ATEMIG tem demonstrado como os estudos toponímicos revelam a língua e a cultura de uma sociedade, evidenciando interesses e necessidades de um grupo humano ao marcar seu espaço geográfico (cf. SEABRA, 2006, p.1952). 3. Contextualização e relevância da pesquisa proposta Partindo da análise e da interpretação de parte dos dados coletados e dando continuidade às etapas previstas no Projeto, em nossa pesquisa voltamos a nossa atenção para as denominações toponímicas relativas aos nomes sagrados de diferentes crenças, os hierotopônimos, que constituem 9,1% do total dos dados coletados no estado. Segundo Dick (1990), inserida na taxionomia toponímica de natureza antropocultural, a classificação hierotopônimo é destinada aos nomes de lugares de origem religiosa, isto é, aos topônimos relativos i) aos nomes sagrados de diferentes crenças, cristã, hebraica, muçulmana, etc.; ii) aos locais de cultos; iii) às associações religiosas; iv) aos membros religiosos e v) às datas referentes a fatos religiosos. De acordo com a autora, os hierotopônimos podem apresentar, ainda, duas subdivisões: a) os hagiotopônimos: topônimos relativos aos santos e santas do hagiológio romano e b) os mitotopônimos: topônimos relativos às entidades mitológicas (DICK, 1990, p.33). O nosso interesse pelos nomes sagrados no léxico toponímico do estado se justifica pelo fato de a presença da religiosidade em Minas Gerais ter sido, desde o início de seu povoamento, algo marcante, que pode ser observado, dentre outras formas, pela toponímia, sobretudo nos primeiros núcleos a serem povoados e que se encontram no caminho dos bandeirantes (cf. MEGALE, 2002, p. 22). De acordo com Barbosa (1995), no Dicionário Histórico-Geográfico de Minas Gerais, os portugueses que vieram povoar o Brasil eram originários de várias províncias de Portugal: Minho, Beira-Alta, Estremadura, Alentejo, e outros. Havia gente do Norte, do Sul, do Centro; entretanto, um sentimento comum a todos os unia: muita religiosidade. Foi esse espírito de religiosidade que os portugueses, de modo geral, transplantaram para Minas Gerais. ANTARES, vol.4, nº8, jul./dez. 2012 162

Cada família recém-chegada ao Brasil tinha seu oratório, com a imagem do santo ou da santa, a quem dirigia suas preces. Exemplo disso é a forte presença da devoção a Maria em todo o território mineiro, trazida para o Brasil pelos portugueses como uma devoção firme a Nossa Senhora. Trata-se, pois, de uma velha tradição portuguesa, em respeito e veneração à Dona Maria I, rainha de Portugal, que se tornaria frequente em Minas Gerais com o advento da casa de Bragança e que se revelaria na profusão de santuários mariais, alguns com as mais poéticas inspirações Nossa Senhora Mãe dos Homens (Caraça), Nossa Senhora da Boa Viagem (Belo Horizonte), e outros. De acordo com Barbosa, podem ser relacionadas cerca de 180 localidades mineiras que tiveram sua denominação primitiva de Nossa Senhora, sob os mais variados títulos. A respeito da forte presença da religiosidade em Minas, ao tratar da hierotoponímia no Brasil a partir dos nomes dos municípios brasileiros, Dick (1990, p. 166) afirma que o Estado de Minas Gerais, pela força de seus costumes tradicionalmente cristãos, realimentados nas inúmeras igrejas espalhadas em sua área, revela-se, ao que tudo indica, a região de maior densidade hierotoponímica, em termos numéricos. Ressalta-se, entretanto, que Seabra (2004), ao analisar a toponímia da região onde se deu o início do povoamento em Minas Gerais, a Região do Carmo, percebeu que, embora essa região seja conhecida por ocupar um lugar de destaque no cenário religioso do país, com presença marcante da Igreja, a sua toponímia revela pouca influência do catolicismo, pois apenas 1,5% do total dos dados são hagiotopônimos. A despeito dessa constatação, a autora afirma que, na região estudada, o fortalecimento da fé cristã se impõe pela ausência de astrotopônimos, meteorotopônimos e mitotopônimos (SEABRA, 2004, p. 311). Por outro lado, corroborando as expectativas daquela toponimista, Assis Carvalho (2010), em seu estudo sobre a memória toponímica da Estrada Real, da qual o território mineiro representa a maior parte, constata que topônimos religiosos aparecem em primeiro lugar na toponímia da Estrada Real 1, representando 30% dos topônimos analisados. 1 ASSIS CARVALHO (2010) desenvolve sua pesquisa a partir do corpus constituído dos nomes dos municípios e distritos apresentados pelo Instituto Estrada Real, conforme a Lei de nº 13173/99, de 20/01/1999 do governo de MG, que estabeleceu o Programa de Incentivo ao Desenvolvimento do Potencial Turístico da Estrada Real (2010, p. 116-117) ANTARES, vol.4, nº8, jul./dez. 2012 163

Diante dos aspectos socioculturais que permearam o processo de povoamento do estado mineiro, sobretudo no que se refere à questão religiosa, bem como das expectativas de Dick acerca da densidade hierotoponímica em Minas Gerais, dos resultados obtidos por Seabra, em seu estudo da toponímia da Região do Carmo, e por Assis Carvalho, em sua pesquisa em andamento sobre a memória toponímica da Estrada Real, consideramos que desenvolver uma investigação acerca da presença dos nomes sagrados os hierotopônimos na toponímia de Minas Gerais seja relevante, uma vez que será possível resgatar informações históricas a respeito da organização sociocultural das regiões que compõem o Estado, bem como a maneira como foram constituídas. 4. Análise preliminar A partir da consulta ao banco de dados do Projeto ATEMIG verifica-se que dos 85.391 topônimos coletados, 7.785 são hierotopônimos (9,1% do total de dados). Desse total de hierotopônimos, apenas 1.541 são hierotopônimos propriamente ditos, o que representa 20% do total dos dados; os mitotôponimos, por sua vez, são representados por apenas 97 topônimos, o que representa 1% do total dos dados a serem analisados. Os hagiotopônimos, por outro lado, constituem a taxe predominante no estado de Minas Gerais, uma vez que 6.147, ou 79% do total dos dados, são topônimos motivados por nomes de santos e santas da tradição católica. A tabela, a seguir, ilustra esses percentuais: Nomes Sagrados em Minas Gerais Ocorrências (%) Hagiotopônimos 6.147 79% Hierotopônimos 1.541 20% Mitotopônimos 97 1% Total 7.785 100% Tabela 1: Taxionomias relativas aos nomes sagrados em Minas Gerais A forte presença de hagiotopônimos em Minas Gerais parece se relacionar com o fato de que, desde o início da colonização das terras brasileiras, os acidentes locais, em sua maioria, foram sendo nomeados em tributo aos santos e santas do dia da chegada ou da descoberta de algum elemento da paisagem. De acordo com Dick (2006, p.95), o domínio da terra pelo europeu, assim, antes de ocorrer pela força, fez-se pela língua. ANTARES, vol.4, nº8, jul./dez. 2012 164

Na sequência, é demonstrado, na tabela 2, como as taxes mencionadas se distribuem no léxico-toponímico dos 853 municípios mineiros, a partir do levantamento, no Banco de dados do Projeto ATEMIG, dos topônimos motivados por nomes sagrados em cada uma das doze mesorregiões do estado: Tabela 2: Distribuição dos topônimos motivados por nomes sagrados nas mesorregiões mineiras De acordo com os dados da tabela, observa-se que, apesar de a distribuição dos topônimos motivados por nomes sagrados nas mesorregiões do Estado se dar de forma diferenciada, os hagiotopônimos constituem a taxe hierotoponímica predominante. Acredita-se, pois, que a variação do percentual de hagiotopônimos de mesorregião para mesorregião possa ser explicada à luz da história social do processo de povoamento de cada uma delas. Nomes Sagrados em Minas Gerais Mesorregião Hagiotopônimos Hierotopônimos Mitotopônimos Total de topônimos Ocorrências (%) Ocorrências (%) Ocorrências (%) Ocorrências (%) Vale do Rio Doce 842 11,5% 170 2,3% 05 0,06% 7.336 8,6% Zona da Mata 1.465 11,2% 385 2,9% 21 0,2% 13101 15,3% Vale do Mucuri 252 10,8% 50 0,2% 02 0,08% 2.333 2,7% Sul e Sudoeste de 853 8,4% 282 2,8% 22 0,2% 10.160 11,9% Minas Noroeste de 177 7,3% 28 1,1% 0-2.427 2,8% Minas Jequitinhonha 451 6,6% 79 1,1% 12 0,2% 6.794 8% Triângulo/Alto 712 6,3% 186 1,6% 05 0,04% 11.373 13,3% Paranaíba Norte de Minas 513 5,4% 109 1,1% 03 0,03% 9.466 11% Central Mineira 174 4,3% 33 0,8% 20 0,5% 4.063 4,8% Metropolitana de 399 4,2% 66 0,7% 03 0,03% 9.588 11,2% BH Oeste de Minas 195 3,9% 92 1,8% 02 0,04% 5.012 6% Campos das 116 3,1% 61 1,6% 02 0,05% 3.738 4,4% Vertentes Total 6.149 7,2% 1.541 1,8% 97 0,1% 8.5391 100% Por ora, em relação à presença de nomes de lugares motivados por nomes de santos e santas da tradição católica na toponímia mineira, parece-nos pertinente mencionar alguns estudos toponímicos vinculados ao projeto ATEMIG que trataram do ANTARES, vol.4, nº8, jul./dez. 2012 165

assunto: Dentre eles, citam-se os trabalhos Mendes (2009), Menezes (2009), Martins Mendes (2010) e Carvalho (2010). Mendes (2009), ao investigar os hidrônimos, isto é, topônimos relativos às águas, em 19 municípios, que abrangem as regiões Alta e Média da Bacia do Rio das Velhas, pertencentes ao estado de Minas Gerais, constatou que, das 820 ocorrências encontradas em seu corpus, 32 são hagiotopônimos, o que representa 4% do total dos dados. Menezes (2009) estudou os topônimos da região dos municípios de Pitangui, Pompéu e Papagaios, antiga área de domínio de Dona Joaquina do Pompéu fazendeira do Alto São Francisco, reconhecida como grande colaboradora no desenvolvimento da pecuária em Minas Gerais, nos séculos XVIII e XIX. Em seu estudo, a autora observou que, dos 140 topônimos analisados, foram registrados apenas 3% de hagiotopônimos. Em seu trabalho intitulado Léxico toponímico de Diamantina: língua, cultura e memória, Martins Mendes (2010) realiza análise de 407 topônimos coletados no município de Diamantina, localizado no Vale do Jequitinhonha, e constata que a taxe dos hagiotopônimos é pouco produtiva na região estudada, uma vez que foram encontrados apenas 10 topônimos dessa natureza, o que representa 2% do total de dados analisados pela pesquisadora. Carvalho (2010), por sua vez, ao investigar a toponímia da cidade de Montes Claros, no Norte de Minas, encontra um número significativo de topônimos religiosos relativos aos santos e santas da tradição católica: 9,6% dos 156 topônimos analisados, em sua pesquisa, são hagiotopônimos. 5. Considerações finais Diante do exposto, nota-se que a presença de hagiotopônimos na toponímia mineira se dá de forma variável, o que justifica o nosso interesse pela investigação sistemática da presença dessa taxe em cada uma das mesorregiões mineiras, levando-se em consideração, conforme já foi dito, a história social do processo de povoamento de cada uma delas. Acredita-se, pois, que a análise da distribuição da ocorrência de nomes sagrados os hierotopônimos propriamente ditos e suas subdivisões, os hagiotopônimos e os mitotopônimos no léxico-toponímico do Estado permitirá verificar, em maior ou ANTARES, vol.4, nº8, jul./dez. 2012 166

menor grau, a presença da fé e da crença do homem ao escolher um nome para designar os lugares por onde passou no território mineiro ao longo da história. Referências ASSIS CARVALHO, Francisco de. Entre a palavra e o chão: memória toponímica da Estrada Real. In: LIMA-HERNANDES, M. C. et al, (orgs.) Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas. Évora: Universidade de Évora, 2010. p. 115-127. ISBN: 978-972-99292-4-3. Disponível em http://www.simelp2009.uevora.pt/pdf/slt63/09.pdf. BARBOSA, Waldemar de Almeida. Dicionário Histórico-Geográfico de Minas Gerais. Belo Horizonte: Editora Itatiaia, 1995. BIDERMAN, Maria Tereza Camargo. Teoria linguística: linguística quantitativa e computacional. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1978.. A estrutura mental do léxico. In: Estudos de Filologia. São Paulo: T. A. Queiroz/EDUSP, 1981, p. 131-145. CARVALHO, Mônica Emmanuelle Ferreira de. Língua e cultura do Norte de Minas: a toponímia do município de Montes Claros. 2010. (Dissertação Mestrado em Estudos Linguísticos) Faculdade de Letras, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2010. DAUZAT, Albert. Les noms de lieux. Paris: Librairie Delagrave, 1926. DICK, Maria Vicentina de Paula do Amaral. Fundamentos Teóricos da Toponímia. Estudo de caso: o Projeto ATEMIG Atlas Toponímico do estado de Minas Gerais (variante regional do Atlas Toponímico do Brasil). In.: SEABRA, Maria Cândida Trindade Costa de. (Org.) O léxico em estudo. Belo Horizonte: Faculdade de Letras/UFMG, 2006, p. 91-117.. Rede de conhecimento e campo lexical: hidrônimos e hidrotopônimos na onomástica brasileira. In: As Ciências do Léxico: lexicologia, lexicografia, terminologia. Campo Grande, MS: UFMS, 2004, p.121-130.. Toponímia e antroponímia no Brasil. Coletânea de Estudos. 2. ed. São Paulo: FFLCH/USP, 1990. MATORÉ, George. La méthode em lexicologie. Domaine Française. Paris: Didier, 1953. MARTINS MENDES, T. Léxico toponímico de Diamantina: língua, cultura e memória. Dissertação (Mestrado em Estudos Linguísticos) Faculdade de Letras, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. 2010. MEGALE, H. Bandeira e bandeirantes. In: Filologia Bandeirante. Estudos 1. São Paulo, Humanitas, 2000, p. 15-48. MENDES, Letícia Rodrigues Guimarães. Hidronímia da região do Rio das Velhas: de Ouro Preto ao Sumidouro. 2009. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Letras, Belo Horizonte, 2009. ANTARES, vol.4, nº8, jul./dez. 2012 167

MENEZES, Joara Maria de Campos; O léxico toponímico nos domínios de Dona Joaquina de Pompéu. (Dissertação Mestrado em Estudos Linguísticos) Faculdade de Letras, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2009. SAPIR, Edward. Linguística como ciência Ensaios. Rio de Janeiro: Livraria Acadêmica, 1961. SEABRA, Maria Cândida Trindade Costa de. A formação e a fixação da língua portuguesa em Minas Gerais: a toponímia da Região do Carmo. Belo Horizonte, FALE/UFMG, 2004 (Tese de doutorado, inédita).. ATEMIG Atlas Toponímico do Estado de Minas Gerais: variante regional do ATB. In: MAGALHÃES, José Sueli de; TRAVAGLIA, Luiz Carlos. (Org.). Múltiplas perspectivas em linguística. Uberlândia/MG: EDUFU, 2006, v. 1, p. 1945-1952. ANTARES, vol.4, nº8, jul./dez. 2012 168