Inconformado com o assim decidido, recorreu o Ministério Público, concluindo:

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Transcrição:

ECLI:PT:TRE:2011:47.10.9PAOLH.E1 http://jurisprudencia.csm.org.pt/ecli/ecli:pt:tre:2011:47.10.9paolh.e1 Relator Nº do Documento Ana Barata Brito Apenso Data do Acordão 11/10/2011 Data de decisão sumária Votação unanimidade Tribunal de recurso Processo de recurso Data Recurso Referência de processo de recurso Nivel de acesso Público Meio Processual Decisão Recurso Penal provido Indicações eventuais Área Temática Referencias Internacionais Jurisprudência Nacional Legislação Comunitária Legislação Estrangeira Descritores carta de condução; rejeição da acusação; Sumário: 1. A troca do vocábulo licença pelo termo carta na acusação por crime de condução sem habilitação legal do art. 3.º, n.º 1 do DL n.º 2/98 não legitima a sua rejeição por manifestamente infundada. 2. O termo carta é um vocábulo que entrou na linguagem comum, sendo facilmente associável a documento que permita conduzir, podendo ser compreendido como significando título habilitante para conduzir determinada categoria de veículos nos moldes definidos por lei. Decisão Integral: 1. No processo nº 47/10.9PAOLH do 3º juízo do Tribunal Judicial de Olhão foi proferida decisão de não recebimento de acusação deduzida pelo Ministério Público, contra Cláudio C, por se considerar ser a mesma manifestamente infundada. Inconformado com o assim decidido, recorreu o Ministério Público, concluindo: Página 1 / 6

1. Cláudio C., com os sinais dos autos, pela prática, em autoria material, da condução sem habilitação legal, p. e p. pelos art. 3.º, n.º 1 do DL n.º 2/98 de 3 de Janeiro, com referência ao disposto nos arts. 121.º, n.º 1 e 122.º, n.º 1 do Código da Estrada. 2. Na realidade, o arguido conduziu, no dia 14 de Janeiro de 2010, pelas 14h40, na EN 125, ao quilómetro 114,10, em Olhão, o ciclomotor de matrícula ----, sem ser titular de qualquer documento que o habilitasse a tal. 3. Decorre, não só do libelo acusatório, como da prova indicada no mesmo que aquele não era titular de licença ou carta de condução ou de qualquer outro título que o habilitasse a conduzir ciclomotores. 4. O próprio arguido admitiu a prática dos factos, tendo mesmo aceite as injunções propostas em sede da forma especial de suspensão provisória do processo, tendo os autos sido objecto de anterior verificação dos pressupostos da prática de crime, quer pelo Ministério Público, cfr. fls. 19 a 23, quer pelo Mmº Juiz de Instrução, cfr. fls. 27 e 28. 5. A acusação posta em causa pelo despacho ora recorrido tem todos os elementos necessários a aferir da prática do ilícito criminal imputado ao arguido, não estando, consequentemente, ferida de qualquer vício que não seja, LAPSO DE ESCRITA. 6. Outra conclusão não pode ser extraída dos factos, quer constantes da acusação, quer dos ora vertidos no presente recurso, que não a de que aqueles preenchem, na íntegra os elementos objectivo e subjectivo do crime pelo qual foi acusado. 7. Por fim, o despacho recorrido enferma ainda de um outro vício ao mandar arquivar os autos após trânsito, quando deveria, antes, ordenar o oportuno envio dos mesmos ao Ministério Público. 8. Assim, e por tudo o exposto, o despacho recorrido deve ser revogado, por violar o disposto nos arts. art. 3.º, n.º 1 do DL n.º 2/98 de 3 de Janeiro, com referência ao disposto nos arts. 121.º, n.º 1 e 122.º, n.º 1 do Código da Estrada e 311.º, n.ºs 2, alínea a) e 3 e, por isso, deve ser substituído por outro que determine o recebimento da acusação relativamente ao arguido Cláudio C. Notificado, o arguido não respondeu ao recurso. Neste Tribunal, a Senhora Procuradora-Geral Adjunta emitiu parecer opinando pela improcedência do recurso, mantendo que os factos não constituem crime, mas acrescentando que integram contraordenação. 2. Sendo o âmbito do recurso delimitado pelas conclusões do recorrente, a questão a decidir é a de saber se os factos descritos na acusação integram a prática de crime pelo arguido e se, em conformidade, é ou não de rejeitar a acusação pelo juiz de julgamento, no momento a que se refere o art. 311º do CPP. Vejamos o despacho recorrido: Página 2 / 6

O Ministério Público deduziu acusação contra Cláudio C. imputando-lhe a prática de um crime de condução sem habilitação legal, p. e p. pelo art. 3.º, n.º 1, do DL n.º 2/98, de 3 de Janeiro, com referência ao disposto nos arts. 121.º, n.º 1 e 122.º, n.º 1 do Código da Estrada (cfr. a fl. 28). E fê-lo com base na seguinte factualidade: 1. No dia 12 de Janeiro de 2010, pelas 14h40, na EN 125, ao quilómetro 114, 1, em Olhão, o arguido conduziu o ciclomotor de matrícula ----, sem ser titular de carta de condução que o habilitasse a tal. 2. O arguido sabia que não era titular de carta de condução que o habilitasse a conduzir aquele veículo na via pública. 3. Mas nem mesmo assim se absteve de o fazer. 4. O arguido agiu livre, deliberada, voluntária e conscientemente, bem sabendo ser a sua conduta proibida e punível por lei (cf. a referida fl.). Este processo foi remetido para julgamento sem ter havido instrução. Dispõe o artigo 311.º, n.º 2, alínea a), do Código de Processo Penal (CPP) que Se o processo tiver sido remetido para julgamento sem ter havido instrução, o presidente despacho no sentido de rejeitar a acusação, se a considerar manifestamente infundada. O n.º 3 deste artigo estabelece que Para efeitos do disposto no número anterior, a acusação considera-se manifestamente infundada: a) Quando não contenha a identificação do arguido; b) Quando não contenha a narração dos factos; c) Se não indicar as disposições legais aplicáveis ou as provas que a fundamentam; ou d) Se os factos não constituírem crime. Importa, pois, verificar, além do mais, se os factos imputados ao arguido constituem crime. Estabelece o artigo 3.º, n.º 1, do Decreto-Lei n.º 2/98, de 3 de Janeiro, que Quem conduzir veículo a motor na via pública ou equiparada sem para tal estar habilitado nos termos do Código da Estrada é punido com prisão até 1 ano ou com pena de multa até 120 dias. Por sua vez, o artigo 121.º, n.º 1, do Código da Estrada (CE) estatui que Só pode conduzir um veículo a motor na via pública quem estiver legalmente habilitado para o efeito. Nos termos do artigo 122.º, n.º 1, do CE O documento que titula a habilitação para conduzir automóveis, motociclos, triciclos e quadriciclos designa-se «carta de condução». E, nos termos do n.º 2 deste mesmo artigo, Designam-se «licenças de condução» os documentos Página 3 / 6

que titulam a habilitação para conduzir: a) Motociclos de cilindrada não superior a 50 cm3; b) Ciclomotores; c) Outros veículos a motor não referidos no número anterior, com excepção dos velocípedes com motor. Extrai-se destas normas que não é necessário ser-se titular de uma carta de condução para conduzir um ciclomotor e que o arguido não necessitava por isso de ser titular de carta de condução para conduzir o ciclomotor que, segundo a acusação pública, conduziu no dia 12 de Janeiro de 2010, pelas 14h:40, na EN 125, em Olhão. Significa isto que os factos imputados ao arguido no libelo acusatório não integram o crime de que o mesmo se encontra acusado. Por conseguinte e porque, tal como se encontram descritos, tais factos também não integram qualquer outro crime, este tribunal considera a acusação deduzida nestes autos manifestamente infundada e, consequentemente, ao abrigo das normas supra indicadas, rejeita-a O Ministério Público acusara o arguido de crime de condução na via pública de um veículo ciclomotor. Importa começar por decidir se a condução desta categoria de veículos, sem título habilitante para tal, integra crime. O Ministério Público neste Tribunal da Relação pronuncia-se em sentido negativo. A única norma que pode criminalizar o comportamento do arguido é o art. 3º do D.L. nº 2/98. O preceito pune no seu nº 1, com prisão até um ano ou multa até 120 dias, quem conduzir veículo a motor na via pública ou equiparada sem para tal estar habilitado nos termos do Código da Estrada. O ciclomotor é um veículo a motor. Para sua condução o Código da Estrada exige um título a licença de condução (art. 122º, nº2, al. b) do CE). A conduta penalmente típica, como resulta linearmente da norma incriminadora (art. 3º do D.L. nº 2/98), consiste na condução (na via pública) de veículo com motor sem a habilitação exigida no Código da Estrada, seja esta habilitação uma carta de condução, seja uma licença de condução. A lei não distingue e tudo incrimina. A categoria ou classe de veículo, para cuja condução se exige título, relevará apenas em sede de Página 4 / 6

gravidade (abstracta), distinguindo o art. 3º as situações, nos seus dois números. Pune-as com diferentes penas abstractas. Não nos parece, por isso, ter razão a Sra. Procuradora-Geral Adjunta, ao pretender integrar a condução de motociclo sem licença, no nº 9 do art. 123º do CE, a sancionar apenas como contraordenação. O nº 9 do art. 123º tem uma previsão diferente. Trata das situações em que o condutor é titular de um título, mas não do título habilitante para a categoria de veículo que efectivamente conduz, este sim, um comportamento meramente contraordenacional. Posto isto, e sendo a conduta do condutor de ciclomotor não licenciado inquestionavelmente punida como crime, quais então as consequências processuais da troca, na acusação, do vocábulo licença, pelo termo carta? Qual a decisão a tomar no momento da prolação do despacho a que se refere o art. 311º do CPP, se a acusação imputa ao arguido a condução de ciclomotor, não sem licença mas sim sem carta de condução? Sabe-se que da estrutura acusatória do processo decorre que impende sobre o acusador a exposição total do facto que imputa ao arguido. É ao acusador, e só a ele, que cabe a iniciativa, toda a iniciativa, da definição do objecto de uma acusação. Nesta tarefa necessariamente solitária não pode o Ministério Público ser ajudado pelo juiz, sob pena de violação do modelo acusatório, estruturante do processo penal português, e da deslocação do juiz do seu lugar de terceiro imparcial e supra-partes, na tríade juiz-acusador-arguido. É a esta imparcialidade que também se refere o art. 6º da CEDH. O juiz não pode ajudar aquele que acusa, compondo a acusação deficiente, assim se colocando como que ao lado do Ministério Público. Está-lhe vedado acrescentar factos, tanto aquando da prolação do despacho a que se refere o art. 311º, como posteriormente, usando os mecanismos previstos nos arts 358º e 359º do CPP (alteração dos factos). Só que não estamos verdadeiramente perante uma falta de factos, quer em sentido naturalístico, como acontecimento-de-vida, quer como facto-com-conteúdo-normativo. O Ministério Público articula, mal, que o arguido não tem carta. Mas não refere apenas isto. Reveja-se toda a base factual da acusação: 1. No dia 12 de Janeiro de 2010, pelas 14h40, na EN 125, ao quilómetro 114, 1, em Olhão, o Página 5 / 6

Powered by TCPDF (www.tcpdf.org) arguido conduziu o ciclomotor de matrícula ----, sem ser titular de carta de condução que o habilitasse a tal. 2. O arguido sabia que não era titular de carta de condução que o habilitasse a conduzir aquele veículo na via pública. 3. Mas nem mesmo assim se absteve de o fazer. 4. O arguido agiu livre, deliberada, voluntária e conscientemente, bem sabendo ser a sua conduta proibida e punível por lei. Articula-se carta de condução que o habilitasse a tal. O que significa carta como documento que habilita a conduzir ciclomotores. Neste contexto, o termo carta pode ser compreendido como significando título habilitante para conduzir determinada categoria de veículos nos moldes definidos por lei. Assim foi empregue e assim pode ser entendido pelo arguido. Carta é um conceito normativo, e, como conceito normativo, foi indevidamente utilizado. Dever-seia ter dito licença. Mas é também um vocábulo que entrou na linguagem comum, sendo facilmente associável a documento que permita conduzir. Por tudo se conclui que os factos imputados constituem base factual bastante para imputação do crime da acusação, podendo vir a ser posteriormente corrigidos, a requerimento do próprio Ministério Público e nos termos gerais da correcção dos erros ou lapsos de escrita, sem violação da estrutura acusatória do processo, do papel do juiz como terceiro imparcial, e dos direitos de defesa do arguido. 3. Face ao exposto, decide-se: Julgar procedente o recurso, revogando-se o despacho recorrido que deverá ser substituído por outro que receba a acusação. Sem custas. Évora, 11.10.2011 Ana Barata Brito António João Latas Página 6 / 6