COMUNICAÇÃO. POLINIZAÇÃO ARTIFICIAL EM FEIJÃO CAUPI (Vigna unguiculata ( L.) Walp) ARTIFICIAL POLLINATION IN COWPEA (Vigna unguiculata (L.

Documentos relacionados
AVALIAÇÃO DE MÉTODOS DE CRUZAMENTOS ARTIFICIAIS EM PHASEOLUS LUNATUS L.

COLEÇÃO DE GERMOPLASMA DE FEIJÃO-CAUPI DA ESCOLA DE AGRONOMIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

Florescimento e Frutificação

Plantio do amendoim forrageiro

Escola: Nome: Turma: N.º: Data: / / FICHA DE TRABALHO 1A. estigma proteção suporte. antera reprodução carpelos. filete ovário estames

Ciências Naturais, 6º Ano. Ciências Naturais, 6º Ano FICHA DE TRABALHO 1A. Escola: Nome: Turma: N.º: Escola: Nome: Turma: N.º: Conteúdo: Flor: Órgãos

Cruzamentos interespecíficos no gênero Psidium

Comunicado 210 Técnico

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Embrapa Clima Temperado. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

18/09/2010 PRODUÇÃO DE SEMENTES DE SOLANÁCEAS SISTEMÁTICA CENTRO DE ORIGEM TOMATE. Família Solanaceae. Tomate: Solanum lycopersicum

EFICIÊNCIA AGRÔNOMICA, DE ESTIRPES DE RIZOBIO NATIVO DO CERRADO DO TOCANTINS INOCULADOS EM FEIJÃO-CAUPI

MÉTODO DE HIBRIDAÇÃO NA CULTURA DA SOJA

Reprodução das Plantas

Morfologia floral (unissexuais ou hermafroditas) Processos de fecundação e fertilização

Ficha 6 - Pantas vasculares com flor

Avaliação da melhor metodologia de hibridação artificial em morangueiro (Fragaria sp.) para fins de melhoramento genético

Reino Plantae. Angiospermas

Variabilidade para o teor de proteínas totais em linhagens F6 de feijão caupi no

Documentos. Cruzamentos de feijão-caupi [Vigna unguiculata (L) Walp.] realizados na Embrapa Meio-Norte, no período de 1982 a 2012

Reprodução nas plantas. Apresentação feita por Prof. Mónica Moreira

FLORES. Mundo das Plantas Morfologia das Angiospermas. Aula aplicada ao 6º ano Escola Municipal Otávio Manoel Anastácio. Professor: Luiz Carlos.

VARIABILIDADE E CORRELAÇÕES EM LINHAGENS DE FEIJÃO-CAUPI DE TEGUMENTO E COTILÉDONE VERDES AVALIADAS PARA FEIJÃO-VERDE

INFLUÊNCIA DA SUPRESSÃO DA IRRIGAÇÃO NOS DIFERENTES ESTÁGIOS FENOLÓGICOS DO FEIJÃO-CAUPI

TÉCNICA CULTURAL PARA A PRODUÇÃO DAS SEMENTES

Angiospermas. Vasculares; Espermatófitas; Fanerógamas; Antófitas. NOVIDADES EVOLUTIVAS: flor, fruto e dupla fecundação

RENDIMENTO DE CULTIVARES DE FEIJÃO-CAUPI NAS CONDIÇÕES EDAFOCLIMÁTICAS DO MUNICIPIO DE BRAGANÇA, PARÁ

PRODUTIVIDADE DE CULTIVARES DE FEIJÃO-CAUPI EM FUNÇÃO DE DIFERENTES ÉPOCAS DE PLANTIO

Uso Apropriado das Abelhas para Polinização em Melancia

GERMINAÇÃO DE GRÃO DE PÓLEN DE TRÊS VARIEDADES DE CITROS EM DIFERENTES PERÍODOS DE TEMPO E EMISSÃO DO TUBO POLÍNICO RESUMO

SISTEMA REPRODUTIVO E DIFERENTES MÉTODOS DE POLINIZAÇÃO EM MAXIXEIRO NO SUBMÉDIO DO VALE DO SÃO FRANCISCO

Floração, polinização artificial e vingamento de frutos em melão cantaloupe sob ambiente protegido

COMPORTAMENTO DE GENÓTIPOS DE MAMONEIRA EM TERESINA PIAUÍ EM MONOCULTIVO E CONSORCIADOS COM FEIJÃO-CAUPI*

Angiospermas. É o grupo de plantas que contêm o maior número de espécies, sendo caracterizado pela presença de fruto envolvendo a semente.

HÍBRIDOS EM ESPÉCIES AUTÓGAMAS

PRODUTIVIDADE DE GENÓTIPOS DE FEIJÃO-CAUPI AVALIADOS PARA PRODUÇÃO DE FEIJÃO-VERDE NO ESTADO DO CEARÁ

Angion = u r n a Sperma = semente

18/04/2017. relações Melhoramento melhoramento. Exemplos. Por possuírem diferentes estruturas. genéticas, existem diferentes métodos para

EFEITO DO ACONDICIONAMENTO E DO ARMAZENAMENTO SOBRE A QUALIDADE FISIOLÓGICA DAS SEMENTES DE FEIJÃO-CAUPI

FOLHA. Conceito: É um órgão laminar. Possui grande superfície. Dotado de clorofila. Função: realizar a fotossíntese.

AGRICULTURA I Téc. Agronegócios

SISTEMA DE PLANTIO E PRODUTIVIDADE DA MAMONEIRA CULTIVADA EM ÁREA DE SEQUEIRO NO MUNICÍPIO DE CASA NOVA-BA

RENDIMENTO DE GRÃOS DE FEIJÃO-CAUPI SOB IRRIGAÇÃO

ANGIOSPERMAS. Professor Fernando Stuchi

CRESCIMENTO DO FEIJAO CAUPI (VIGNA UNGUICULATA) EM DIFERENTES NIVEIS DE SALINIDADE

AVALIAÇÃO DA APLICAÇÃO TARDIA DE COBALTO, NA ABSCISÃO DE FLORES E COMPONENTES DE PRODUTIVIDADE DO FEIJOEIRO COMUM (Vigna unguiculata).

EXERCÍCIOS PARA A PROVA 2º TRIMESTRE

AGRICULTURA I Téc. Agroecologia

A polinização é um fenômeno essencial para a manutenção da biodiversidade e imprescindível para a propagação de muitas espécies.

ÉPOCAS DE SEMEADURA DE MAMONA CONDUZIDA POR DUAS SAFRAS EM PELOTAS - RS 1

CRUZAMENTOS ENTRE ARACHIS HYPOGAEA E AS ESPÉCIES A. DIOG0I E A. SPP (30006, 30035) ( 1 )

Agiberela, conhecida também por fusariose, é uma

Ecologia da Polinização

COMPORTAMENTO AGRONÔMICO DE CULTIVARES DE TRIGO NO MUNICÍPIO DE MUZAMBINHO MG

A ILUSTRAÇÃO CIENTÍFICA PARA ENSINAR BOTÂNICA

importância dos fatores ambientais sobre as características fenológicas das espécies arbóreas

LGN 313 Melhoramento Genético

PALAVRAS-CHAVE: evapotranspiração da cultura, evapotranspiração de referência, lisímetro de pesagem

PRODUTIVIDADE DE CULTIVARES DE FEIJÃO-CAUPI EM SOLOS DE BAIXA FERTILIDADE, EM MUNICIPIOS DO ESTADO DO PARÁ

AVALIAÇÃO FENOLÓGICA DO PINHÃO MANSO (JATROPHA CURCAS L.) NO MUNICÍPIO DE TERESINA-PI

Registro de Visitantes Florais de Anadenanthera colubrina (VELL.) Brenan Leguminosae), em Petrolina, PE

Aula 4 Sistemas Reprodutivos das Plantas Cultivadas e suas Relações com o Melhoramento

2. (Ufrgs 2016) No processo evolutivo das Angiospermas, ocorreram vários eventos relacionados à reprodução.

Colheita e armazenamento

Circular. Técnica. Autores. Técnicas de Autofecundação Controlada e de Cruzamento Artificial em Algodoeiros. Campina Grande, PB Outubro, 2007

ANEXO. INSTRUÇÕES PARA EXECUÇÃO DOS ENSAIOS DE DISTINGUIBILIDADE, HOMOGENEIDADE E ESTABILIDADE DE CULTIVARES DE FEIJÃO-CAUPI (Vigna unguiculata L.

Regina Lucia Ferreira Gomes Departamento de Fitotecnia/CCA/UFPI

ENVELHECIMENTO ACELERADO COMO TESTE DE VIGOR PARA SEMENTES DE FEIJÃO-CAUPI

AVALIAÇÃO PRELIMINAR DE FAMÍLIAS DE F 2:3 DE FEIJÃO-CAUPI COM DE INFLORESCÊNCIA COMPOSTA

EFEITO DE DENSIDADES DE PLANTA SOBRE A PRODUTIVIDADE DE GRÃOS DO FEIJÃO-CAUPI.

Resposta espectral do feijão-caupi submetido a diferentes manejos de adubação

HIBRIDAÇÃO INTERESPECÍFICA CONTROLADA ENTRE ESPÉCIES DO GÊNERO Manihot.

GRAU DE ACAMAMENTO E TIPO DE PORTE DE LINHAGENS DE FEIJÃO- CAUPI DO GRUPO ERETO E SEMI-ERETO, NO NORTE DE MINAS GERAIS

2.1 DIVERSIDADE NAS PLANTAS CONSTITUIÇÃO DAS PLANTAS COM FLOR

Estimativa da viabilidade polínica de diferentes genótipos de aceroleiras cultivadas no Vale do São Francisco

Gimnospermas. Características

11. Plantas vasculares com flor: Divisão: Anthophyta (leitura recomendada Raven et al. Capítulo 19:Angiosperms)

MANEJO DE PLANTIO E ORDEM DO RACEMO NO TEOR DE ÓLEO E MASSA DE SEMENTES DA MAMONEIRA

MELHORAMENTO DE COFFEA CANEPHORA E C. CONGENSIS I - DETERMINAÇÃO DE COMPATIBILIDADE ( 1 )

Fixação biológica de nitrogênio em variedade regional de feijão caupi

Amaldo Ferreira da Silva Antônio Carlos Viana Luiz André Correa. r José Carlos Cruz 1. INTRODUÇÃO

ARQUITETURA E VALOR DE CULTIVO DE LINHAGENS DE FEIJÃO- CAUPI DE PORTE ERETO E SEMI-ERETO, NO NORTE DE MINAS GERAIS.

PRODUÇÃO DE MUDAS DE MAMONEIRA

CARACTERIZAÇÃO DOS ESTÁGIOS FENOLÓGICOS EM SETE CULTIVARES E SELEÇÕES DE NOGUEIRA-MACADÂMIA 1

25 a 28 de novembro de 2014 Câmpus de Palmas

ALÓGAMA MONÓICA. Ordem: Gramineae Família: Graminaceae Gênero: Zea Espécie: Zea mays. O que é isso? O que é isso? CENTRO DE ORIGEM HISTÓRICO

Avaliação de Feijão-Caupi (Vigna unguiculata (L.) Walp.) de Porte Ereto em Áreas Irrigadas do Vale do São Francisco

GLOSSÁRIO FRUTIFICAÇÃO

Comunicado Técnico 113

Cereja do Mato. Phyllocalyx involucratus (DC.) Berg; Phyllocalyx laevigatus Berg

Compatibilidade em cruzamentos intra e interespecíficos em pimenteiras ornamentais (¹)

GRAU DE ACAMAMENTO E TIPO DE PORTE DE LINHAGENS DE FEIJÃO- CAUPI DO GRUPO PROSTRADO E SEMI-PROSTRADO, NO NORTE DE MINAS GERAIS.

ANEXO I. NORMAS PARA A PRODUÇÃO DE SEMENTES E DE MUDAS DE COCO (Cocos nucifera L.) CAPÍTULO I DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Angeion: urna; Sperma: semente. Raiz: cenoura, beterraba, batata doce, nabo, rabanete. Caule: batata inglesa, cebola e alho

Angeion: urna; Sperma: semente. Raiz: cenoura, beterraba, batata doce, nabo, rabanete. Caule: batata inglesa, cebola e alho

Acúmulo de massa seca em cinco cultivares de feijão caupi (Vigna unguiculata), em Latossolo Amarelo textura argilo-arenosa

Angiospermas. Plantas vasculares com Semente e... Flores

Avaliação de Híbridos Simples, Triplo e Duplos e Suas Respectivas Gerações Endogâmicas.

Palavras-chave: Zea mays, melhoramento genético, híbridos triplos, segunda safra, safrinha.

Transcrição:

COMUNICAÇÃO POLINIZAÇÃO ARTIFICIAL EM FEIJÃO CAUPI (Vigna unguiculata ( L.) Walp) RESUMO: A polinização artificial do feijão caupi (Vigna unguiculata (L.) Walp foi desenvolvida em casa de vegetação, utilizando dez cultivares semeadas em vasos de cimento com capacidade para 10 kg de solo. Foram ELIZITA MARIA TEÓFILO 1 JOSÉ BRAGA PAIVA 2 SEBASTIÃO MEDEIROS FILHO 2 realizados 1.232 cruzamentos, envolvendo as combinações com os dez genitores. A porcentagem de fertilização foi de 29,72% e abscisão de 70,28% retratada por 1,68% e 68,60% antes e após a polinização, respectivamente. TERMOS PARA INDEXAÇÃO: Feijão caupi, melhoramento genético, cruzamento artificial, Vigna unguiculata ARTIFICIAL POLLINATION IN COWPEA (Vigna unguiculata (L.) Walp) ABSTRACT: Artificial pollination of cowpea (Vigna unguiculata (L.) Walp) plants growing in pot containing 10Kg of soil was evaluated under greenhouse conditions. From 1232 crosses INDEX TERMS: Cowpea, breeding, artificial cross, Vigna unguiculata. involving 10 parents resulted in 29,72% of sucess and 70,28% of abcission. The abscission occured of 1,68 and 68,60% before and after fertilization respectively. O feijão caupi ( Vigna unguiculata (L.) Walp é uma cultura de importante destaque na economia nordestina e de amplo significado social, constituindo o principal alimento proteíco e energético do homem rural. Apresenta alta rusticidade e adaptabilidade às condições de estiagem prolongadas e capacidade de se desenvolver em solo de baixa fertilidade (Oliveira e Carvalho,1988). É uma cultura autógama com taxa média de cruzamento natural, igual ou inferior a 1%, variando com a cultivar, condições ambientais e mais particularmente, com a população de insetos, especialmente as abelhas (Blackhurst e Miller,1980). O caupi apresenta flores completas com corola papilionácea, apresentando cinco pétalas de coloração branca, amarela ou violeta, contendo um estandarte, duas asas e a quilha ou carena, a qual envolve os orgãos sexuais, masculinos e femininos. A quilha apresenta-se recurvada para baixo com a finalidade de proteger a parte reprodutiva. Os estames são em número de dez, sendo nove concrescidos, formando um tubo estaminal e um livre. O estilete termina por estigma recurvado, úmido e coberto de pêlos com a finalidade de aderir melhor os grãos de pólen. O ovário é estreito e alongado com óvulos distribuídos em linha, as flores, normalmente, abrem-se às primeiras horas da manhã, condicionando o estádio de polinização (Kheradnam e Niknejad, 1971). Rachie, Rawal e Franckowiak (1975) relatam alguns fatores que limitam o sucesso da emasculação e polinização em leguminosas, entre eles: tamanho da flor, queda de flores, manipulação, condições ambientais desfavoráveis; insetos polinizadores entre outros. Dos fatores citados, as condições ambientais têm importância fundamental no processo de polinização artificial. Altas temperaturas e baixa umidade relativa 1. Engenheira Agrônoma, Dra., Pesquisadora do Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal do Ceará. E-mail: elizita@ufc.br 2. Professor do Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal do Ceará, Fortaleza-CE.

221 favorecem a queda de flores (Rachie, Rawal e Franckowiak, (1975); Blackhurts e Miller Jr. (1980); Rachie e Roberts, (1974). Pesquisas desenvolvidas por Wienk (1963), mostraram que o fotoperíodo ótimo para induzir o florescimento em caupi foi entre 8 e 14 horas. Sobre este assunto, Gowan (1963),constatou que a dificuldade de se fazer em cruzamentos com sucesso em caupi foi por causa do fotoperiodismo, sugerindo realizar as polinizações em dias longos, entre 9 e 10 horas. Zary e Miller Jr.(1982) realizaram cruzamentos entre cinco genitores de feijão caupi (dialelo completo), utilizando dois métodos de polinização. No método 1 foram utilizados pólen de flores coletadas pela manhã, com botões emasculados e polinizados simultaneamente. No método 2 foram utilizados pólen de flores coletados pela manhã e armazenados em geladeira até sua utilização no final da tarde. Os autores constataram que o método 2 proporcionou maior percentual de pega, e além do mais, o sucesso desse pegamento poderia estar relacionado com o fato de a superfície das flores emasculadas serem mais receptivas para receber grãos de pólen no final da tarde, além das condições de temperatura e umidade mais adequadas neste período. O objetivo deste trabalho foi estudar a polinização artificial em feijão caupi nas condicões de casa de vegetação, no campus do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Ceará, cujo clima é quente e úmido, com temperatura média anual de 26 0 C e umidade relativa do ar média de 75%. Utilizaram-se dez genitores, com as sementes semeadas em vasos de cimento com capacidade para 10 kg de solo, colocando-se três sementes por vaso, deixando-se uma planta após o desbaste. Foram utilizados trinta vasos, sendo três para cada genitor, e aos trinta dias após a semeadura, colocou-se em cada vaso um suporte de madeira de 1,20 metros de comprimento e quatro de 0,40 metros em forma de cruz, para fixar os ramos, operacionando a emasculação e os respectivos cruzamentos. As cultivares utilizadas foram: Seridó, Bengala, Sempre Verde, Pitiúba, José do Santo, Branquinho, V- 11 Rubi, CE-315, TVx 456-01F e TVu 662, registrados no Banco de Germoplasma do Departamento de Fitotecnia sob os números: CE-1, CE-2, CE-25, CE-31, CE-33, CE-34, CE-222, CE-315, CE-353 e CE-366, respectivamente. A técnica de cruzamento artificial utilizada foi a seguinte: a) Reconhecimento do botão floral que abriria no dia seguinte, aproximadamente quinze horas antes da antese (Figura 1); b) Corte das pétalas que envolvem os orgãos sexuais masculino e feminino pelo lado côncavo do botão floral, a uma profundidade de 2/3 da flor (Figura 2 e 3); c) A emasculação consistiu da remoção das anteras, com pinça, no máximo, vinte e quatro horas e no mínimo, quinze horas antes da abertura da flor (Figura 4 e 5); d) A flor emasculada foi etiquetada com o nome ou registro do genitor feminino; e) Em caderno de campo, registraram-se datas, número de emasculações, polinizações, nomes dos genitores e dados climáticos; f) No dia seguinte colheu-se uma flor recém aberta do genitor doador de pólen, destacando-se o perianto, em seguida, cortou-se levemente a quilha pelo seu lado côncavo, forçando assim a exposição do aparelho sexual; g) Em seguida promoveu-se a aderência dos estames e respectivas anteras da flor doadora de pólen, sobre o estigma da flor emasculada (Rachie; Rawal e Franckowiak,1975) (Figura 6); h) Finalmente, a etiqueta foi preenchida completamente com o nome ou registro do doador de pólen e a data da polinização. Decorridas vinte e quatro horas, pode-se ter certeza da ocorrência, ou não, da fertilização com o aparecimento do fruto. O período de florescimento foi de cinqüenta e quatro dias. Quase todos os genitores floresceram normalmente, excetuando-se as cultivares CE-25 (Sempre Verde) e CE-34 (Branquinho) que produziram 25 e cinco flores, respectivamente, por serem sensíveis à redução da luz. Durante o período de florescimento foram realizados 1.232 cruzamentos, envolvendo todas as 90 possíveis combinações entre os dez genitores. Destas originaram-se 367 vagens, correspondendo a 29,7% de pega. Observou-se também, que temperatura mais baixa e umidade relativa do ar elevada favoreceram a porcentagem de pega. Os maiores índices de pega foram registrados nas combinações: CE-366 X CE-02; CE-31 X CE-366; CE-366 X CE-31; registrando-se 38,2%, 36,4% e 34,0%, respectivamente. Os menores índices foram observados nas hibridações: CE-2 X CE- 1; CE-33 X CE-1; CE-25 X CE315 e CE-222 X CE-25 com 14,1%, 15,6%, 17,0% e 18,9%, respectivamente.

222

223 TÉCNICA UTILIZADA Figura 1 Figura 2 Figura 3 Figura 4 Figura 5 Figura 6

224 A porcentagem de flores emasculadas que cairam antes de receber os grãos de pólen foi de 1,68%, demonstrando que a manipulação afetou o botão floral. A cultivar CE-33 (José do Santo) comportou-se como excelente doadora de pólen, evidenciando apenas 2% como indivíduo receptor. O sucesso dos cruzamentos artificiais no feijão caupi é dificultado pela abscisão das flores, possivelmente, por problemas mecânicos. A temperatura e umidade relativa são os fatores que mais contribuem para o baixo sucesso dos cruzamentos artificiais. Para reduzir os efeitos das condições ambientais, os cruzamentos devem ser realizados em condições controladas para identificar aquelas que mais interferem nessa prática. Na realização de hibridações artificiais em feijão caupi, recomenda-se aproveitar as primeiras flores do ciclo de floração, pois as mesmas são mais viáveis. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BLACKHURST, H.T.; MILLER JUNIOR., J.C. Cowpea. In: WALTER, R.; HENRY, H.H. Hybridization of Crop Plants. Madison: [s.n] 1980. p. 327-337. GOWAN, F.A. Manipulation of the photoperiod to induce flowering in Vigna sinensis. Procedings of the First National Grain Legume Conference. [s.l], 1963. p.97-98. KHERADNAM, M.; NIKNEJAD, M. Crossing Technique in cowpeas. Iranian Journal Agriculture Research, Teheran. v.1, n.1, p.57-58, 1971. OLIVEIRA, I. P.; CARVALHO, A. M. A de. A cultura do caupi nas condições de clima e solo dos trópicos úmidos e semi-áridos do Brasil. In: ARAÚJO, J. P. de; WATT, E. A (Org.) O caupi no Brasil. Brasília: IITA/EMBRAPA, 1988. p. 65-95. RACHIE, K.; RAWAL, K. M.; FRANCKOWIAK, J. D. A rapid method of hand crossing cowpeas. Ibadan, Nigéria: Institute of Tropical Agriculture, 1975. 5p.[IITA.Technical Bulletin,2]. RACHIE, K.; ROBERTS, L.M. Grain legumes of the lowland tropics. Advances in Agronomy, San Diego, v.26, p.1-132, 1974. WIENK, J.F. Photoperiodic effects in Vigna unguiculata (L.) Walp. Mededeligen Van de Landbouwhoogeschood te Wageningen, Wageningen, v..63, p.82, 1963. ZARY, K. W. ; MILLER JUNIOR, J. C. Comparison of two methods of hand-crossing Vigna unguiculata (L.) Walp. HortScience, Madison, v.17, n.2, p. 246-248, Apr. 1982.