Direito Processual Civil Atualização 1: para ser juntada na pág. 736 do Livro Principais Julgados de 2016 Depois da conclusão do julgado "STJ. 4ª Turma. REsp 1.261.856/DF, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 22/11/2016", acrescentar a seguinte observação: Novo CPC O julgamento acima foi proferido ainda sob a ótica do CPC/1973, considerando que os fatos ocorreram na vigência do Código passado. Há dúvidas se o entendimento permanece válido com o novo CPC. Isso porque o art. 513, 2º, II, do CPC/2015 determina que se o devedor for assistido da Defensoria Pública, ele deverá ser intimado para cumprir a sentença por meio de carta com aviso de recebimento. Essa previsão não existia no CPC/1973. Assim, em tese, a intimação para cumprimento da sentença não demandaria mais nenhum ônus para o Defensor Público. Logo, em princípio, não haveria motivo para se aplicar o prazo em dobro, já que o cumprimento voluntário teria deixado de ser um ato de natureza dúplice e seria, agora, um ato a ser praticado apenas pela parte. É preciso, no entanto, aguardar para se ter certeza. Qualquer novidade, você será alertado no site.
Direito Processual Civil Atualização 2: para ser juntada nas págs. 738-740 do Livro Principais Julgados de 2016 No item 7.3 (págs. 738-740), inclua os seguintes comentários: A fundamentação de alguns Ministros na decisão proferida no REsp 1.237.895-ES (Info 576), explicado na pág. 697, é divergente do entendimento adotado no REsp 1.531.095-SP (Info 588), exposto na pág. 739. Isso se deve ao fato de que foram proferidas por Turmas do STJ distintas em torno de um tema ainda polêmico. Diante disso, a fim de facilitar o estudo e conferir um norte mais seguro a você, irei expor abaixo os entendimentos majoritários sobre o assunto: 1) O parágrafo único do art. 741 do CPC/1973 não se aplica às sentenças transitadas em julgado em data anterior à da sua vigência (Súmula 487-STJ); 2) Atualmente, não há mais dúvida: para que o devedor possa alegar a inexigibilidade da obrigação argumentando que o título é baseado em lei incompatível com a Constituição, exige-se que a decisão do STF seja anterior à formação da coisa julgada. Se for posterior, a matéria não poderá ser alegada em impugnação, devendo ser proposta ação rescisória. É isso que se extrai do art. 525, 14 e 15 e no art. 535, 5º a 8º do CPC/2015. A jurisprudência majoritária do STJ sempre entendeu que o art. 741, parágrafo único, do CPC/1973 não se aplicava em casos de não-recepção. Isso porque se entendia que este dispositivo, por versar sobre relativização da coisa julgada, deveria ser interpretado de forma restritiva. Logo, como o art. 741, parágrafo único fala em "controle de constitucionalidade" ele não poderia ser aplicado quando o Tribunal reconhecesse a não-recepção, já que "não-recepção" não é o mesmo que "controle de constitucionalidade". Um dos primeiros precedentes foi justamente o STJ. 1ª Turma. REsp 783.500/SC, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, julgado em 06/04/2006. Depois vieram outros, inclusive um sob a sistemática dos recursos repetitivos: (...) 3. Por consequência, não estão abrangidas pelo art. 741, parágrafo único, do CPC as demais hipóteses de sentenças inconstitucionais, ainda que tenham decidido em sentido diverso da orientação firmada no STF, tais como as que: (a) deixaram de aplicar norma declarada constitucional, ainda que em controle concentrado; (b) aplicaram dispositivo da Constituição que o STF considerou sem auto-aplicabilidade; (c) deixaram de aplicar dispositivo da Constituição que o STF considerou auto-aplicável; e (d) aplicaram preceito normativo que o STF considerou revogado ou não recepcionado. (...) (REsp 1189619/PE, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 25/08/2010, DJe 02/09/2010)
PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS À EXECUÇÃO DE SENTENÇA. COISA JULGADA. RELATIVIZAÇÃO. ART. 741, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC. NÃO APLICAÇÃO NA ESPÉCIE. LEI DECLARADA CONSTITUCIONAL PELO STF. 1. A Primeira Seção desta Corte Superior, ao apreciar o REsp 1.189.619 PE, mediante o procedimento previsto no art. 543-C do CPC (recursos repetitivos), entendeu que: "1. O art. 741, parágrafo único, do CPC, atribuiu aos embargos à execução eficácia rescisória de sentenças inconstitucionais. Por tratar-se de norma que excepciona o princípio da imutabilidade da coisa julgada, deve ser interpretada restritivamente, abarcando, tão somente, as sentenças fundadas em norma inconstitucional, assim consideradas as que: (a) aplicaram norma declarada inconstitucional; (b) aplicaram norma em situação tida por inconstitucional; ou (c) aplicaram norma com um sentido tido por inconstitucional. 2. Em qualquer desses três casos, é necessário que a inconstitucionalidade tenha sido declarada em precedente do STF, em controle concentrado ou difuso e independentemente de resolução do Senado, mediante: (a) declaração de inconstitucionalidade com ou sem redução de texto; ou (b) interpretação conforme a Constituição. 3. Por consequência, não estão abrangidas pelo art. 741, parágrafo único, do CPC as demais hipóteses de sentenças inconstitucionais, ainda que tenham decidido em sentido diverso da orientação firmada no STF, tais como as que: (a) deixaram de aplicar norma declarada constitucional, ainda que em controle concentrado; (b) aplicaram dispositivo da Constituição que o STF considerou sem auto-aplicabilidade; (c) deixaram de aplicar dispositivo da Constituição que o STF considerou auto-aplicável; e (d) aplicaram preceito normativo que o STF considerou revogado ou não recepcionado. 2. Na espécie, trata-se de título executivo judicial que deixou de aplicar norma declarada constitucional pelo STF, isto é, ao passo em que a Suprema Corte tenha concluído pela constitucionalidade da contribuição destinada ao INCRA, o título executivo entendeu pela sua inexigibilidade. Assim, não se tratando de aplicação de lei tida por inconstitucional pelo Supremo muito menos de interpretação incompatível com a Constituição, não há falar em incidência do disposto no art. 741, parágrafo único, do CPC. 3. Recurso especial não provido. (REsp 1.265.409 RS, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em 7.2.2012, DJe 14.2.2012) Assim, pode-se dizer que a posição da 1ª e 2ª Turmas do STJ seja nesse sentido: o art. 741, parágrafo único, do CPC/1973 não abrange situações de não-recepção.
A 3ª Turma do STJ, contudo, decidiu de forma contrária e entendeu que o art. 475-L, 1o do CPC/1973 (que tem praticamente a mesma redação do art. 741, parágrafo único, do CPC/1973) pode sim ser aplicado em casos de não-recepção.
Atualização 3: para ser juntada na pág. 951 do Livro Principais Julgados de 2016 Direito Penal 16.7 CRIMES CONTRA A LEI DE LICITAÇÕES (LEI 8.666/93) Houve mudança de entendimento do STF sobre a configuração do crime do art. 89 da Lei nº 8.666/93. O panorama atual é o seguinte: Exige-se resultado danoso (dano ao erário) para que o crime do art. 89 da Lei 8.666/93 se consuma? Existe polêmica atualmente sobre o tema: SIM. Posição do STJ e da 2ª Turma do STF O crime do art. 89 da Lei nº 8.666/93 não é de mera conduta, sendo necessária a demonstração do dolo específico de causar dano ao erário e a configuração do efetivo prejuízo ao patrimônio público. STJ. 6ª Turma. HC 377.711/SC, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 09/03/2017. Para que haja a condenação pelo crime do art. 89 da Lei nº 8.666/93, exige-se a demonstração de que houve prejuízo ao erário e de que o agente tinha a finalidade específica de favorecimento indevido. Assim, mesmo que a decisão de dispensa ou inexigibilidade da licitação tenha sido incorreta, isso não significa necessariamente que tenha havido crime, sendo necessário analisar o prejuízo e o dolo do agente. STF. 2ª Turma. Inq 3731/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 2/2/2016 (Info 813). NÃO. Entendimento da 1ª Turma do STF O tipo penal do art. 89 da Lei de Licitações prevê crime formal, que dispensa o resultado danoso para o erário. STF. 1ª Turma. Inq 3674/RJ, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 7/3/2017 (Info 856). O crime do art. 89 da Lei 8.666/93 é formal, consumando-se tão somente com a dispensa ou inexigibilidade de licitação fora das hipóteses legais. Não se exige, para sua configuração, prova de prejuízo financeiro ao erário, uma vez que o bem jurídico tutelado não se resume ao patrimônio público, mas coincide com os fins buscados pela CF/88, ao exigir em seu art. 37, XXI, licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes. Tutela-se, igualmente, a moralidade administrativa, a probidade, a impessoalidade e a isonomia. STF. 1ª Turma. AP 971, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 28/06/2016.