DIRETRIZES DE AGROECOTURISMO IBD Para circuitos turísticos de gastronomia, hospedagem, lazer. 2013 Estas diretrizes, bem como o Selo Agroecoturismo IBD, são propriedade do IBD Certificações que possui direitos exclusivos de utilização dos mesmos. Todos os direitos reservados sobre texto e imagem. DIRETRIZES IBD DE AGROECOTURISMO - 2 a Edição doc. 8_1_7 JANEIRO 2013 Página 1
Definições: Agroecoturismo: Agroturismo vivenciado em propriedades ecológicas. Orgânico: Art. 1º (Lei 10.831) - Considera-se sistema orgânico de produção agropecuária todo aquele em que se adotam técnicas específicas, mediante a otimização do uso dos recursos naturais e socioeconômicos disponíveis e o respeito à integridade cultural das comunidades rurais, tendo por objetivo a sustentabilidade econômica e ecológica, a maximização dos benefícios sociais, a minimização da dependência de energia não-renovável, empregando, sempre que possível, métodos culturais, biológicos e mecânicos, em contraposição ao uso de materiais sintéticos, a eliminação do uso de organismos geneticamente modificados e radiações ionizantes, em qualquer fase do processo de produção, processamento, armazenamento, distribuição e comercialização, e a proteção do meio ambiente. Equipamento Turístico: sub-unidade no Circuito turístico de hospedagem, serviço ou alimentação. A) Princípios: O turismo deve estabelecer procedimentos éticos de negócio, visando engajar a responsabilidade social, econômica e ambiental de todos os integrantes da atividade, incrementando o comprometimento do seu pessoal, fornecedores e turistas, em assuntos de sustentabilidade, desde a elaboração de sua missão, objetivos, estratégias, metas, planos e processos de gestão. Segundo o Instituto de Hospitalidade (IH) e sua norma sobre meios de Hospedagem, apresentam-se os Princípios estabelecidos no Brasil pelo Conselho Brasileiro para o Turismo Sustentável (CBTS), que constituem a referência nacional para o Turismo Sustentável: Nesta norma de Agroecoturismo IBD, procurou-se respeitar e aplicar os princípios abaixo enumerados do IH, de maneira prática e coerente com a proposta de serem aplicáveis em todo território nacional e internacional e em todos os níveis de desenvolvimento econômico e de infraestrutura. 1 Respeitar a legislação vigente O turismo deve respeitar a legislação vigente, em todos os níveis, no país e as convenções internacionais de que o país é signatário. 2 Garantir os direitos das populações locais O turismo deve buscar e promover mecanismos e ações de responsabilidade social, ambiental e de equidade econômica, inclusive a defesa dos direitos humanos e de uso da terra, mantendo ou ampliando, a médio e longo prazos, a dignidade dos trabalhadores e comunidades envolvidas. DIRETRIZES IBD DE AGROECOTURISMO - 2 a Edição doc. 8_1_7 JANEIRO 2013 Página 2
3 Conservar o ambiente natural e sua biodiversidade Em todas as fases de implantação e operação, o turismo deve adotar práticas de mínimo impacto sobre o ambiente natural, monitorando e mitigando efetivamente os impactos, de forma a contribuir para a manutenção das dinâmicas e processos naturais em seus aspectos paisagísticos, físicos e biológicos, considerando o contexto social e econômico existente. 4 Considerar o patrimônio cultural e valores locais O turismo deve reconhecer e respeitar o patrimônio histórico-cultural das regiões e localidades receptoras e ser planejado, implementado e gerenciado em harmonia com as tradições e valores culturais, colaborando para o seu desenvolvimento. 5 Estimular o desenvolvimento social e econômico dos destinos turísticos O turismo deve contribuir para o fortalecimento das economias locais, a qualificação das pessoas, a geração crescente de trabalho, emprego e renda e o fomento da capacidade local de desenvolver empreendimentos turísticos. 6 Garantir a qualidade dos produtos, processos e atitudes O turismo deve avaliar a satisfação do turista e verificar a adoção de padrões de higiene, segurança, informação, educação ambiental e atendimento estabelecidos, documentados, divulgados e reconhecidos. 7 Estabelecer o planejamento e a gestão responsáveis B) Objetivo da Certificação: Oferecer serviços respeitando a natureza, fundamentados na sustentabilidade ambiental, social e de negócios, valorizando o ser humano, transmitindo valores regionais, difundindo os princípios orgânicos ao turista, baseados em princípios do eco gastronomia, ecologia, meio ambiente e aspectos socioculturais. C) Procedimentos para certificação: 1 - pré-requisitos: 1.1- Um Equipamento Turístico deverá estar associado a uma associação local de fomento de desenvolvimento de turismo. 1.1-1. Se o Equipamento Turístico quiser se candidatar à certificação individual, este deverá contatar o IBD diretamente e matricular-se. 1.1-2. Se um grupo ou associação quiserem certificar-se em grupo, este deverá estar legalmente constituído e matricular-se no IBD. 1.2- Caso esteja organizado em grupo ou circuito, estar comprometido com o Caderno de Obrigações do Circuito; o caderno deverá abordar, preferencialmente, a compra conjunta, as atividades e ações comuns; também estarão listadas as vivências que o circuito oferecerá aos clientes, no conceito turismo da experiência. 1.3- Os responsáveis dos Equipamentos Turísticos deverão estar capacitados ou demonstrarem noções pelo menos em: 1.3-1. Atendimento ao cliente; 1.3-2. Turismo no meio rural; DIRETRIZES IBD DE AGROECOTURISMO - 2 a Edição doc. 8_1_7 JANEIRO 2013 Página 3
1.3-3. Cultura da cooperação; 1.3-4. Marketing para o turismo rural; 1.3-5. Agroecologia; 1.3-6. Educação ambiental; 1.3-7. Primeiros socorros; 1.4- Para Meios de Hospedagem: estar registrado no Ministério do Turismo; 1.5- Para restaurantes e agro ecoturismo / agroindústria: estar registrado na Vigilância Sanitária Municipal Alvará de Funcionamento. 2 - Estar em dia com a certificação IBD. Além disso, o Equipamento de Turismo ou Circuito deverá zelar por pelo respeito aos princípios éticos, morais e de voluntariado do processo de certificação, operando de maneira transparente e mantendo atualizados e em arquivo, para consulta a qualquer momento, as planilhas e os documentos inerentes à certificação. D) Infraestrutura básica: As instalações dos Equipamentos de Turismo deverão: 1- Não usar materiais à base de amianto; 2- Decidir o prazo para cessar uso de copos e sacolas de plástico; 3- Garantir o isolamento de produtos insalubres em geral e de produtos proibidos para a agropecuária orgânica, ou minimizar os riscos por eles causados, onde há possibilidade de contaminação; 4- Evitar verticalização das construções; obedecer ao PDM (Plano de Desenvolvimento Municipal) municipal com participação da sociedade civil, nos termos do Estatuto das Cidades; 5- Integrar na paisagem o padrão de construção rural; 6- Aplicar a máxima eficiência energética, utilizando energia solar, aquecimento por serpentina, hidráulica, eólica, entre outras formas; 7- Aplicar princípios ecológicos no tratamento de efluentes E) Água: Os Equipamentos de Turismo deverão ainda: 1. Racionalizar uso da água; 2. Reutilizar a água, quando possível; 3. Captar e reutilizar a água da chuva, quando possível; 4. Proteger os recursos hídricos de acordo com legislação específica para cada caso (matas ciliares, agro-silvicultura e outros); F) Conservação do Solo DIRETRIZES IBD DE AGROECOTURISMO - 2 a Edição doc. 8_1_7 JANEIRO 2013 Página 4
1- Deverão ser aplicadas técnicas de conservação do solo, evitando erosão, poluição, degradação ambiental, falta de cobertura e exposição excessiva do solo ao sol. G) Conservação da Flora e Fauna Locais Flora e fauna são componentes fundamentais para o Agro ecoturismo, tanto pela sustentabilidade do meio ambiente como pela beleza e ambientação dos locais a serem visitados. Os Equipamentos de Turismo deverão: 1- Estimular a criação de áreas de proteção de espécies nativas e espécies em perigo de extinção; 2- Coibir e denunciar a existência de atividades de apreensão de animais silvestres; 3- Sempre que possível, favorecer a recomposição da paisagem, reimplantando espécies da vegetação local; H) Sinalização e Comunicação: Deverão se apresentar ao turista: 1- Sinalização clara externa e internas; 2- Mapas de orientação geral e especificações da região, para acesso e com informações sobre as ofertas turísticas do circuito, acidentes geográficos relevantes, locais e telefones úteis; 3- Site próprio ou associativo do circuito; 4- Folder do circuito / dos equipamentos; 5- Ter soluções para situações de emergência dentro dos equipamentos e na região; I) Hospedagem: Os critérios para as hospedagens oferecidas dividem-se em Indispensáveis e Optativos, visando atender às diferentes possibilidades de investimento e infraestrutura disponíveis, assim como as propostas de contexto local (por exemplo, ambiente rústico): 1. Indispensáveis: a. Janelas amplas e ambientes ventilados; b. Luz solar no ambiente; c. Chuveiro com água quente abundante, com sabonete e xampu; d. Armazenagem da roupa de cama em forma adequada (com aquecimento para eliminar mofo e ácaros); e. Informações sobre economia de água: i. Em caso de reforma ou novas construções, utilizar válvulas ou sistemas inteligentes nos vasos sanitários e chuveiro; ii. Possibilidade de reuso de toalhas; iii. Fechar torneiras enquanto se escova os dentes e se faz a barba. DIRETRIZES IBD DE AGROECOTURISMO - 2 a Edição doc. 8_1_7 JANEIRO 2013 Página 5
f. As instalações deverão estar alinhadas com os princípios de salubridade, não permitindo que questões ambientais ou materiais, sonoras ou visuais, comprometam a saúde dos colaboradores e dos turistas. 2. Optativos: a. Telefone; b. Internet; c. Tela anti-insetos; d. Secador de toalha (cabide elétrico); e. Banheiros comuns ou exclusivos; f. Varanda de entrada, quarto, banheiro, armários; g. Utensílios e materiais de consumo: i. Secador de cabelo; ii. Xampu e condicionador (certificados); iii. Tapetes; iv. Abat-jour de leitura; v. Criado mudo; vi. Enxoval. Outros critérios optativos: 1- Oferecer pensão simples ou completa (se houver pensão completa, oferecer obrigatoriamente pensão simples); 2- Adaptação para acessibilidade de portadores de necessidades especiais J) Produção Agrícola / Pecuária: 1- A produção será orgânica certificada, aplicando-se as normativas BR 10.831, ou similar, em outros países. 2-Os equipamentos terão prazo de 1 ano para se adequar; 3-Para ter o direito de uso do selo orgânico em vendas externas ao circuito, o equipamento deverá ser certificado de acordo com as normas vigentes para orgânicos. L) Serviços em Geral (passeios de barco, cavalgadas, trilhas e outros): 1- Não afetar a sustentabilidade local natural e não degradar o meio ambiente; 2- O pessoal deverá ser treinado e capacitado para desenvolver a atividade; 3-Os equipamentos de manuseio e segurança deverão estar em bom estado e passarão por manutenção periódica; 4-Treinamento obrigatório de Primeiros Socorros e Combate a Incêndios Florestais. M) Gastronomia: DIRETRIZES IBD DE AGROECOTURISMO - 2 a Edição doc. 8_1_7 JANEIRO 2013 Página 6
A gastronomia é o elemento mais rico de identificação cultural e é normalmente o que se destaca em todo serviço de turismo. Assim, esforços especiais deverão ser feitos e deverá ser buscada sempre a excelência deste serviço. Os Equipamentos de Turismo deverão ter: 1-Alvará de Funcionamento para área de alimentos; 2-Cardápio gastronômico: 2.1 produtos originados na propriedade serão orgânicos; 2.2 produtos da região serão orgânicos; 2.3 produtos de fora da região poderão ser orgânicos, sendo os não-orgânicos limitado a 50%; 3-Para ter o direito de uso do selo orgânico em vendas externas, o equipamento deverá ser certificado de acordo com as normas vigentes para orgânicos. 4-Sempre que possível, os Equipamentos de Turismo enviarão seus colaboradores para cursos de especialização e aprendizado gastronômico, para melhorar a qualidade e os serviços de atendimento. N) Responsabilidade Social: Aspecto de extrema importância e expectativa por parte do consumidor e autoridades, o Equipamento de Turismo deverá mostrar: 1- Compromisso com o desenvolvimento sociocultural da comunidade; 2-Contratação, preferencialmente, de mão de obra da região; 3-Respeito, no mínimo, à legislação trabalhista e aos direitos dos trabalhadores, com forte recomendação de incorporar outros benefícios espontâneos como prêmios, produtividade, seguro saúde, uniforme e outros; 4- Respeitar as legislações sociais e ambientais. O) Atendimento ao Cliente: 1-Qualquer pessoa responsável pelo atendimento deve ser capaz de informar ao cliente sobre o circuito, os equipamentos, os atrativos, o projeto; 2-Antes de ocorrer a atividade fim, o responsável ou atendente deverá treinar ou informar o cliente sobre as suas responsabilidades e obrigações; 3-Incentivar o aprendizado de novas línguas entre os funcionários, principalmente o inglês; 4-Todas as propriedades devem ter uma pesquisa de satisfação de clientes; P) Classificação e Rotulagem da Certificação: 1- O Circuito de Turismo: DIRETRIZES IBD DE AGROECOTURISMO - 2 a Edição doc. 8_1_7 JANEIRO 2013 Página 7
Será certificado como Agroecoturismo ou não certificado. O circuito certificado poderá usar o selo de Agroecoturismo em seus materiais de informação e marketing e nos estabelecimentos. 2- O equipamento de turismo: Até 20 % do circuito pode atender até 50% dos critérios em treinamento. Cada Equipamento poderá estar em treinamento pelo período de, no máximo, um ano. A incorporação de novo equipamento no circuito se dará por consenso dos integrantes do circuito e após ocorrer inspeção no mesmo. Os equipamentos (propriedades) certificados poderão usar o selo de Agroecoturismo em seus materiais de informação e marketing e nos estabelecimentos. Os equipamentos em treinamento poderão usar o selo de Agroecoturismo com a expressão em processo de certificação junto ao selo. 3-Os produtos produzidos no equipamento de turismo: Somente poderão ser rotulados como orgânicos (usando o selo Orgânico-IBD e selo do SISORG Lei 10.831, quando pertinente) e com o selo do Circuito de Agroecoturismo, para venda, a partir do momento em que estes estiverem certificados (ex: geléia somente será rotulada se estiver certificada como orgânica). R) Responsabilidade civil: 1- É fortemente obrigatório que o Circuito ou Equipamento de Turismo contrate um seguro com cobertura dos seguintes itens: a. dano moral; b. dano patrimonial; c. furto; d. danos à infra-estrutura provocados pelo cliente; e. dano moral a funcionário provocado pelo cliente; f. acidentes e óbito. 2-O Circuito deve ter procedimentos para: a. objetos esquecidos; b. ações de força maior; c. furto; d. primeiros socorros (com treinamento); e. acidentes e óbito; f. resolver ou avaliar reclamação de clientes internos e externos, e informar os clientes internos e externos sobre a existência deste procedimento; g. realização de auditoria interna uma vez por ano no circuito, obrigatoriamente com feed back ao grupo e documentação DIRETRIZES IBD DE AGROECOTURISMO - 2 a Edição doc. 8_1_7 JANEIRO 2013 Página 8
de melhorias com base na auditoria interna, antes de ocorrer a auditoria pela certificadora. Todos os direitos reservados sobre texto e imagem. ibd@ibd.com.br www.ibd.com.br www.ecosocialnet.com DIRETRIZES IBD DE AGROECOTURISMO - 2 a Edição doc. 8_1_7 JANEIRO 2013 Página 9