RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

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Transcrição:

1 UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL DEPARTAMENTO DE ESTUDOS AGRÁRIOS CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA Willian Müller Ijuí, RS, Brasil 2016

2 UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL DEPARTAMENTO DE ESTUDOS AGRÁRIOS CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA ÁREA: CLÍNICA DE GRANDES ANIMAIS ORIENTADORA: Prof.ª. MED. VET. MSc. DENIZE DA ROSA FRAGA SUPERVISOR: MED. VET. EMERSON TAVARES PINTO Willian Müller Ijuí, RS, Brasil 2016

3 RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA Willian Müller Relatório de Estágio Curricular Supervisionado apresentado ao Curso de Medicina Veterinária, Área de Clínica de Grandes Animais, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de Médico Veterinário. Orientadora: Prof.ª. Med. Vet. MSc. Denize da Rosa Fraga Supervisor: Med. Vet. Emerson Tavares Pinto Ijuí, RS, Brasil 2016

4 Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul Departamento de Estudos Agrários Curso de Medicina Veterinária A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova o Relatório de Estágio da Graduação RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA elaborado por Willian Müller como requisito parcial para obtenção do grau de Médico Veterinário COMISSÃO EXAMINADORA: Denize da Rosa Fraga, MSc. (UNIJUÍ) (Orientadora) Luciane Ribeiro Vianna Martins, MSc. (UNIJUÍ) (Banca) Ijuí, 02 de dezembro de 2016.

Não é o mais forte da espécie que sobrevive, nem o mais inteligente. É aquele que melhor se adapta as mudanças! 5

6 AGRADECIMENTOS No decorrer de minha formação em Medicina Veterinária, muitas foram as pessoas que me apoiaram e me deram força durante toda caminhada, enfrentando junto comigo minhas dificuldades e vibrando a cada obstáculo vencido. A Deus, que esteve presente a todo instante iluminando minha trajetória. Aos meus pais, Lisani e Neri Müller, pelos muitos momentos furtados da convivência diária; foi com a força que vocês me deram, acreditando em meus sonhos, que fizeram todo o sacrifício ter sentido. Agradeço por terem sido um exemplo em minha conquista, proporcionando a mim confiança e coragem para que esta etapa fosse cumprida. À meu irmão, Cristian, que mesmo distante sempre me apoiou. A todos os meus amigos, que de uma maneira ou outra, contribuíram para essa conquista, compartilhando juntos todas as angústias, incertezas e alegrias no decorrer desses últimos anos. À minha orientadora Denize da Rosa Fraga, pela formação profissional que me transmitiu enquanto professora, médica veterinária e orientadora. Pelos ensinamentos, auxílios e dedicação, durante esses anos de graduação. A todos os demais professores da UNIJUÍ que fizeram parte da minha formação acadêmica, pelos incentivos, conhecimentos e por transformarem em um profissional. Em especial ao supervisor de estágio, Emerson Tavares Pinto, pela oportunidade, ensinamentos, e por toda segurança e tranquilidade transmitida. E, por fim, aos animais por terem proporcionado a prática desenvolvida no curso, fortalecendo e contribuindo para meu crescimento profissional.

7 RESUMO Relatório de Graduação Curso de Medicina Veterinária Departamento de Estudos Agrários Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA- ÁREA DE CLÍNICA DE GRANDES ANIMAIS AUTOR: WILLIAN MÜLLER ORIENTADORA: DENIZE DA ROSA FRAGA Data e Local da Defesa: Ijuí, 02 de dezembro de 2016. O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária foi realizado na Cooperativa Agropecuária e Industrial COTRIJUI, Unidade de Augusto Pestana, Rio Grande do Sul (RS), totalizando 150 horas, realizadas no período de 02 de agosto a 05 de setembro de 2016, sob orientação da Professora Médica Veterinária MSc. Denize da Rosa Fraga e supervisão interna do Médico Veterinário Emerson Tavares Pinto. O estágio foi realizado na área de Clínica de Grandes Animais, com ênfase na Bovinocultura de Leite. O estágio teve como objetivo a aplicação prática do conhecimento teórico adquirido, do acompanhamento e evolução dos casos clínicos atendidos e suas respectivas condutas terapêuticas e profiláticas. As atividades desenvolvidas serão expressas em forma de tabelas, sendo nestas especificadas as atividades acompanhadas tais como acompanhamento de ações preventivas, ocorrências clínicas, atendimentos cirúrgicos, procedimentos, avaliação reprodutiva, diagnóstico de gestação e o diagnóstico do trato reprodutivo das fêmeas bovinas. Sendo relatado um caso clínico acompanhado no decorrer do estágio, sobre retenção de placenta, e outro relato sobre avaliação da taxa de prenhez do protocolo de Inseminação Artificial em Tempo Fixo utilizando benzoato de estradiol como indutor da ovulação. O estágio foi um momento de grande importância, pelo fato de ser a ocasião em que os aprendizados adquiridos durante a graduação foram aplicados na prática, instigando cada vez mais a busca pela ampliação dos conhecimentos. Palavras-chave: bovinos de leite; clínica; reprodução.

8 LISTA DE FIGURAS Figura 1- Protocolo de Inseminação Artificial em Tempo Fixo utilizado durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na Cotrijui, Unidade de Augusto Pestana, RS, no período de 02 de agosto a 05 de setembro de 2016...... 27

9 LISTA DE TABELAS Tabela 1- Tabela 2- Tabela 3- Tabela 4- Tabela 5- Tabela 6- Tabela 7- Resumo das atividades acompanhadas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica de Grandes Animais na Cotrijui, Unidade de Augusto Pestana, RS, no período de 02 de agosto a 05 de setembro de 2016... 13 Ações preventivas em bovinos acompanhadas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica de Grandes Animais na Cotrijui, Unidade de Augusto Pestana, RS, no período de 02 de agosto a 05 de setembro de 2016... 13 Ocorrências clínicas em bovinos acompanhadas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica de Grandes Animais na Cotrijui, Unidade de Augusto Pestana, RS, no período de 02 de agosto a 05 de setembro de 2016... 14 Atendimentos cirúrgicos em bovinos acompanhados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica de Grandes Animais Cotrijui, Unidade de Augusto Pestana, RS, no período de 02 de agosto a 05 de setembro de 2016... 14 Procedimentos em bovinos acompanhados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica de Grandes Animais na Cotrijui, Unidade de Augusto Pestana, RS, no período de 02 de agosto a 05 de setembro de 2016..... 14 Avaliações reprodutivas de fêmeas bovinas acompanhadas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica de Grandes Animais na Cotrijui, Unidade de Augusto Pestana, RS, no período de 02 de agosto a 05 de setembro de 2016... 15 Diagnósticos de gestação por palpação retal ou ultrassonografia das fêmeas bovinas acompanhadas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica de Grandes Animais na Cotrijui, Unidade de Augusto Pestana, RS, no período de 02 de agosto a 05 de setembro de 2016... 15 Tabela 8- Diagnósticos do trato reprodutivo das fêmeas bovinas acompanhadas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica de Grandes Animais na Cotrijui, Unidade de Augusto Pestana, RS, no período de 02 de agosto a 05 de setembro de 2016... 15

10 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO... 11 2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS... 13 3 RELATO DE CASO 1... 16 3.1 Retenção de Placenta em uma fêmea bovina, primípara, da raça Holandesa... 166 3.1.1 Introdução... 166 3.1.2 Metodologia... 177 3.1.3 Resultados e Discussão... 188 3.1.4 Conclusão... 222 3.1.5 Referências Bibliográficas... 222 4 RELATO DE CASO 2... 24 4.1 Avaliação da taxa de prenhez de um protocolo de Inseminação Artificial em Tempo Fixo utilizando benzoato de estradiol como indutor da ovulação, em vacas holandesas... 244 4.1.1 Introdução... 244 4.1.2 Metodologia... 255 4.1.3 Resultados e Discussão... 27 4.1.4 Conclusão... 30 4.1.5 Referências Bibliográficas... 31 5 CONCLUSÃO... 3233 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 34

11 1 INTRODUÇÃO O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária apresenta-se como uma sistematização teórica e prática de todo aprendizado adquirido durante a graduação e é de suma importância na formação acadêmica, pois propicia a oportunidade de vivenciar e exercer o cotidiano profissional. O estágio foi realizado na Cooperativa Agropecuária e Industrial (COTRIJUI), Unidade de Augusto Pestana, RS, na área de Clínica de Grandes Animais, com ênfase em Bovinos de Leite. No período de 02 de Agosto a 05 de Setembro de 2015, totalizando 150 horas de atividades. A supervisão interna ficou a cargo do Médico Veterinário Emerson Tavares Pinto e sob a orientação da professora Mestre em Medicina Veterinária Denize da Rosa Fraga. O município de Augusto Pestana localiza-se na mesorregião Noroeste do Rio Grande do Sul, microrregião de Ijuí, a 320 km de Porto Alegre com aproximadamente 254.755km². O município possui em torno de 7.096 habitantes, sendo que nos últimos anos a população urbana ultrapassou a rural, 51,54% e 48,46%, respectivamente. Segundo dados fornecidos pela Secretaria da Agricultura (2016), o município produz em média 140.000 litros/leite/dia. A COTRIJUI foi fundada em 20 de julho de 1957 e sendo implantada desde então, sedes da cooperativa em 13 unidades em diversas cidades do estado do Rio Grande do Sul. A cooperativa possui planejamento estratégico, no qual inclui programas específicos para as áreas de cereais, suínos, leite, insumos e produtos industrializados. Em 1957 o quadro social da Cooperativa era de 60 associados, já em 1964 ultrapassaram os 2.400 associados e atualmente contam com 1583 associados. A unidade de Augusto Pestana é composta por um quadro de 43 funcionários, entre eles dois médicos veterinários e um técnico agrícola, os quais exercem a função de fornecer assistência técnica as propriedades associadas, além de funcionários para o armazém de grãos, supermercado e insumos agrícolas. Optou-se por realizar o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na Cotrijui, na unidade de Augusto Pestana-RS, por ser uma empresa de ação cooperativista de referência no agronegócio. Além de estar situada na microrregião Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, que detém a maior bacia

12 leiteira do estado. Devido ao constante crescimento da bovinocultura de leite e intensificação da atividade, as rotinas de atendimentos prestados aos associados ocorrem em diferentes sistemas de produção e tipos de unidades produtoras. O estágio desenvolvido teve como objetivo principal a aplicação prática do conhecimento teórico adquirido, do acompanhamento e evolução dos casos clínicos atendidos e suas respectivas condutas terapêuticas e profiláticas na área de clínica, cirurgia, manejo e reprodução, com ênfase na bovinocultura de leite.

13 2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS As principais atividades desenvolvidas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica de Grandes Animais serão apresentadas a seguir resumidamente na Tabela 1 e os tipos de atividades serão especificados nas Tabelas 2 a 8. Tabela 1 - Resumo das atividades acompanhadas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica de Grandes Animais na Cotrijui, Unidade de Augusto Pestana, RS, no período de 02 de agosto a 05 de setembro de 2016. Resumo das atividades n % Ações preventivas Avaliação reprodutiva Diagnóstico de gestação Diagnóstico do trato reprodutivo Procedimentos Ocorrências clínicas Atendimentos cirúrgicos 520 442 339 108 104 28 23 33,25 28,26 21,68 6,91 6,65 1,79 1,47 Total 1564 100,00 Tabela 2 - Ações preventivas em bovinos acompanhadas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica de Grandes Animais na Cotrijui, Unidade de Augusto Pestana, RS, no período de 02 de agosto a 05 de setembro de 2016. Ações preventivas n % Vacinação para clostridioses (MILLENIUM ) Vacinação para mastite ambiental (J VAC ) Vacinação para leptospirose (BIOLEPTOGEN ) Vacinação para brucelose (ANABORTINA - B19) 215 185 75 45 41,35 35,58 14,42 8,65 Total 520 100,00 A vacina MILLENIUM atua contra o Clostridium chauvoei; Clostridium sordellii; Clostridium perfringens A, B, C e D; Clostridium novyi A e B; Clostridium septicum; Clostridium haemolyticum e Clostridium tetani. A vacina J VAC atua contra Escherichia coli. Já a vacina BIOLEPTOGEN atua contra os seguintes sorotipos de Leptospira interrogans: Leptospira interrogans pomona; Leptospira interrogans icterohaemorrhagiae; Leptospira interrogans grippotyphosa; Leptospira interrogans canicola; Leptospira interrogans bratislava; Leptospira interrogans hardjo e Leptospira interrogans tarassovi. Por fim, a vacina ANABORTINA - B19 atua contra a cepa B19 da Brucella abortus.

14 Tabela 3 - Ocorrências clínicas em bovinos acompanhadas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica de Grandes Animais na Cotrijui, Unidade de Augusto Pestana, RS, no período de 02 de agosto a 05 de setembro de 2016. Ocorrências clínicas n % Hipocalcemia Deslocamento de abomaso à esquerda Mastite clínica Suspeita de Pneumonia Retenção de placenta Deslocamento de abomaso à direita Indigestão por sobrecarga de rúmen Lesão na região ilíaca do membro pélvico direito Prolapso vaginal Suspeita de leucose 7 6 5 3 2 1 1 1 1 1 25,00 21,43 17,86 10,71 7,14 3,57 3,57 3,57 3,57 3,57 Total 28 100,00 Tabela 4 - Atendimentos cirúrgicos em bovinos acompanhados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica de Grandes Animais na Cotrijui, Unidade de Augusto Pestana, RS, no período de 02 de agosto a 05 de setembro de 2016. Atendimentos cirúrgicos n % Amochamento térmico Abomasopexia Orquiectomia Descorna com fio de serra Excisão de terceira pálpebra Redução de prolapso vaginal 9 7 4 1 1 1 39,13 30,43 17,39 4,35 4,35 4,35 Total 23 100,00 Tabela 5 - Procedimentos em bovinos acompanhados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica de Grandes Animais na Cotrijui, Unidade de Augusto Pestana, RS, no período de 02 de agosto a 05 de setembro de 2016. Procedimentos n % Protocolos de Inseminação Artificial em Tempo Fixo Marcação de animais vacinados para brucelose Auxílio ao Parto distócico Casqueamento corretivo Necropsia Sutura da face 60 33 8 1 1 1 57,69 31,73 7,69 0,96 0,96 0,96 Total 104 100,00

15 Tabela 6 - Avaliações reprodutivas de fêmeas bovinas acompanhadas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica de Grandes Animais na Cotrijui, Unidade de Augusto Pestana, RS, no período de 02 de agosto a 05 de setembro de 2016. Avaliações reprodutivas n % Diagnóstico prenhez palpação retal Exame ginecológico Diagnóstico prenhez ultrassonografia 239 103 100 54,07 23,30 22,62 Total 442 100,00 Tabela 7 - Diagnósticos de gestação por palpação retal ou ultrassonografia das fêmeas bovinas acompanhadas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica de Grandes Animais na Cotrijui, Unidade de Augusto Pestana, RS, no período de 02 de agosto a 05 de setembro de 2016. Diagnósticos de Gestação n % Prenhas Vazias 244 94 72,19 27,81 Total 338 100,00 Tabela 8 Diagnósticos do trato reprodutivo das fêmeas bovinas acompanhados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica de Grandes Animais na Cotrijui, Unidade de Augusto Pestana, RS, no período de 02 de agosto a 05 de setembro de 2016. Diagnósticos do trato reprodutivo n % Sem alteração - sadia Endometrite pós-puerperal mucopurulenta crônica - CGII Endometrite pós-puerperal catarral crônica - CGI Metrite puerperal aguda Endometrite pós-puerperal purulenta crônica - CGIII Cervix dupla Cisto folicular Cisto Luteínico Prolapso 1º anel cervical 59 25 15 3 2 1 1 1 1 54,63 23,15 13,89 2,78 1,85 0,93 0,93 0,93 0,93 Total 108 100,00

16 3 RELATO DE CASO 1 3.1 Retenção de placenta em uma fêmea bovina, primípara, da raça Holandesa Willian Müller; Denize da Rosa Fraga; Emerson Tavares Pinto 3.1.1 Introdução A placenta é formada por um conjunto de anexos fetais, sendo o corion, o alantoide, o âmnio, a vesícula embrionária e o cordão umbilical. Esse conjunto, por sua vez, é responsável por fornecer condições ideais para o desenvolvimento embrionário e fetal, através da nutrição, armazenamento de nutrientes, trocas gasosas, produção hormonal e excreção de metabólitos. A placenta dos bovinos é classificada como epitélio corial cotiledonária, possuindo seis barreiras entre o sangue materno e o sangue fetal (PALHANO, 2008). O parto da fêmea bovina é dividido em 3 estágios, sendo o primeiro constituído pelo posicionamento do feto e dilatação da cervix. O segundo estágio consiste na expulsão do feto, onde o aumento das contrações miometriais são estimuladas pela passagem do feto no canal do parto. Já o terceiro estágio do parto consiste na expulsão dos envoltórios fetais (OGILVIE, 2000). Segundo Ball e Peters (2006) a maioria dos animais realizam a expulsão da placenta cerca de 6 horas após o parto. Porém, alguns animais desenvolvem uma falha nesse processo de separação dos cotilédones das criptas das carúnculas maternas desenvolvendo a retenção de placenta. Considerada comum em raças leiteiras, a retenção de placenta está frequentemente associada a abortos, inércia uterina, indução de partos (JAINUDEEN e HAFEZ, 1988), fatores relacionados a problemas de manejo nutricional no pré-parto como deficiência de vitamina E e Selênio (RADOSTITIS et al., 2010), hipocalcemias, fatores patológicos como hidroalantóide, feto gigante (SMITH, 2006) e outros fatores como a gestação gemelar, distocias e expulsão de terneiros machos, além de fatores hereditários (PALHANO, 2008). Sendo assim, a retenção de placenta a partir de 12 horas após o parto é considerada patológica e definida como a permanência total ou parcial dos envoltórios fetais no interior uterino (PALHANO, 2008).

17 Fernandes et al. (2012) relata maior ocorrência de retenção de placenta nos períodos mais quentes do ano. Segundo Smith (2006) a razão exata pela qual essa separação não ocorre é desconhecida. Mas, para Ball e Peters (2006) esta relacionada a deficiências das contrações miometriais. Como tratamento Smith (2006) recomenda a tração, desde que esta, seja delicada e suficiente para retirar as membranas fetais. A tração, além do peso da própria placenta retida pode levar a lesões no endométrio reduzindo a área de fixação placentária de futuras gestações, aumentando os riscos de perda gestacional (PIMENTEL, 2006). Porém, a antibioticoterapia deve ser sempre empregada em todos os casos de retenção placentária em função da contaminação uterina e risco de toxemia (PALHANO, 2008). O objetivo deste relato é descrever um caso de Retenção de Placenta em uma fêmea primípara, da raça Holandesa. 3.1.2 Metodologia Em agosto de 2016, durante uma visita técnica de acompanhamento do manejo reprodutivo foi verificado que uma vaca primípara da raça Holandesa, de aproximadamente 3 anos de idade, pesando 500kg, estava com a placenta retida. Na anamnese o proprietário relatou que o animal havia parido há um dia, de parto distócico, onde foi necessário tração forçada para retirada de um bezerro macho, não sendo aplicada nenhuma medicação após o parto. A alimentação do animal era a base de 4kg de ração pré-parto, 10kg de silagem de milho, 2kg de feno de tifton e água. Sendo que a alimentação deste animal era fornecida juntamente com as vacas que estavam no período de transição, geralmente animais mais velhos (animais mais dominantes), os quais, segundo o proprietário, não deixavam a primípara consumir adequadamente a ração pré-parto. Com o animal contido no canzil, foi realizado o exame clínico. O animal exibia apatia, porém mantinha a ingestão de silagem e ração, mas em quantidade reduzida. Apresentava escore de condição corporal de 2,25 (escala de 1 a 5, onde 1 é magro e 5 obeso). Ao exame de auscultação foram verificados 2 movimentos ruminais por minuto, frequência cardíaca de 70 batimentos por minuto e a frequência respiratória de 25 movimentos respiratórios por minuto. A temperatura retal estava

18 em 39,0ºC. A mucosa vaginal estava avermelhada com exposição da placenta retida, de odor levemente fétido. Sendo assim, procedeu-se a lavagem da vulva com B-30 T.A., a base de cloreto de alquil dimetil benzil amônio e leve tração manual da placenta, a qual foi retirada em grande parte. O tratamento empregado foi de 20mg/Kg de antibiótico a base de Oxitetraciclina, associado a 0,525mg de cloprostenol, ambos pela via intramuscular, sendo recomendado ao produtor o período de carência do leite de cinco dias. Ainda, pela via intraperitoneal, foi aplicado 8,3g de cálcio. O animal apresentou melhora clínica, conforme informação do proprietário, um dia após o atendimento, porém não foi realizado exame ginecológico para avaliação clínica posterior. 3.1.3 Resultados e Discussão Em relação aos fatores que predispõem a ocorrência da retenção de placenta podemos inferir que neste caso devido ao animal ter passado por um parto distócico com tração forçada para retirada de um bezerro macho pode ter sido um fator desencadeador para ocorrência desta patologia o que esta de acordo com os fatores predisponentes citados por Palhano (2008) como abortos, partos gemelares, indução de partos e distocias. Além disto, a fêmea apresentava baixo escore de condição corporal, 2,25 (escala de 1 a 5, onde 1 é magro e 5 obeso), segundo Gonzáles et al. (2000) vacas paridas devem ter um escore de 2,5 a 3,0. Ainda tratava-se de uma fêmea primípara, que no período de pré-parto tinha alimentação baseada em 4kg de ração pré-parto, 10kg de silagem de milho, 2kg de feno de tifton e água, o que esta de acordo com o recomendado por Berchielli et al., (2006) para animais no período pré-parto. Porém a alimentação deste animal era fornecida juntamente com os animais mais dominantes (animais mais velhos), os quais, segundo o proprietário, não deixavam a primípara consumir adequadamente a ração pré-parto e que poderiam ter predisposto a ocorrência de uma hipocalcemia subclínica. Segundo Ogilvie (2000), a hipocalcemia possui uma etiologia complexa, porém se caracteriza como uma falha da homeostase do cálcio, associado ao estresse gerado no parto, alta demanda de cálcio no final da gestação e início da

19 lactação. Ocorre no período pós-parto por falhas na dieta pré-parto. A dieta pré-parto contém sais aniônicos, geralmente sulfatos e cloretos, que acidificam o sangue restaurando a resposta do Paratormônio (PTH), produzido pelas glândulas paratireóides, que atua como principal regulador de cálcio através da absorção intestinal, absorção do tecido ósseo e do filtrado glomerular (BERCHIELLI et al., 2006). O diagnóstico neste caso foi baseado nos achados clínicos, onde verificou-se a presença da placenta presa rente a vulva, com odor levemente fétido, 24 horas após o parto. Segundo Palhano (2008) animais que não eliminem a placenta em 12 horas apresentam a patologia. Ao exame clínico observou-se que o animal estava apático, com diminuição do apetite. Ao exame de auscultação foram verificados 2 movimentos ruminais por minuto, frequência cardíaca de 70 batimentos por minuto e a frequência respiratória de 25 movimentos respiratórios por minuto. A temperatura retal estava em 39,0ºC. Estes parâmetros permaneceram dentro dos valores fisiológicos para a espécie adulta, onde Rosenberger (1987) descreve como fisiológicos 2-3 movimentos ruminais por minuto, 65-85 batimentos cardíacos por minuto,15-35 movimentos respiratórios por minuto e temperatura retal de 38,0-39,0ºC para bovinos adultos. A mucosa vaginal estava avermelhada, diferindo do fisiológico do animal, que deve estar em coloração rosa pálido. Já o sinal clínico de apatia e diminuição do apetite, exibidos pelo animal corrobora com o descrito por Smith (2006), que relata também que a maioria dos animais acometidos pela retenção de placenta não apresentam sinais clínicos graves. Como tratamento preconizou-se a lavagem e desinfecção da vulva com cloreto de alquil dimetil benzil amônio, agente de atividade em superfície com ação germicida de amplo espectro que inativa microorganismos (SPINOSA, 2010). Segundo o autor, esse procedimento visa reduzir a contaminação e riscos de toxemia. Procedeu-se também uma leve tração manual da placenta, a qual foi retirada em grande parte. Segundo Ball e Peters (2006) a remoção manual da placenta é ainda feita por muitos veterinários, porém é improvável que seja tão eficiente o quanto possa parecer, devido ao alto risco de causar traumas no endométrio e uma possível infecção uterina. Smith (2006) recomenda a tração, desde que esta, seja delicada e suficiente para retirar as membranas fetais. A

20 tração, além do peso da própria placenta retida pode levar a lesões no endométrio reduzindo a área de fixação placentária de futuras gestações, limitando áreas de trocas entre concepto-mãe, aumentando os riscos de perda gestacional (PIMENTEL, 2006). Como foi retira grande parte da placenta e o restante não ficou exposto externamente, não foi necessário cortá-la próximo à vulva. Porém, esse procedimento é realizado, segundo Palhano (2008) para reduzir a contaminação bacteriana e riscos de toxemia em casos que a placenta continue retida. Jainudeen e Hafez (1988) complementam que embora ocorram modificações putrefativas se a placenta for retida por vários dias, a antibioticoterapia é mais eficiente do que a remoção manual. Neste caso, foi aplicado 20mg/Kg de antibiótico a base de Oxitetraciclina, via intramuscular. A oxitetraciclina é um antibiótico da classe das tetraciclinas que possui efeito bacteriostático e largo espectro de ação, atuando sobre bactérias Gram-positivas, Gram-negativas, clamídias, riquétsias e alguns protozoários, promovendo uma ampla proteção, embora atualmente, a resistência bacteriana seja um importante aspecto que reduziu sua utilização (SPINOSA, 2010). A resistência bacteriana que o autor se refere é geralmente adquirida por transferência de genes de resistência que é incorporado ao cromossomo da bactéria ou através do plasmídeo. A dose única utilizada de 20mg/Kg de oxitetraciclina pela via intramuscular está de acordo com Spinosa (2010) porém, relata uma administração de 20mg/Kg a cada 48 horas pela mesma via de aplicação. Já Terramicina (1978) recomenda repetir a aplicação de 3 a 5 dias após a aplicação inicial. Devido à aplicação do antibiótico, foi recomendado ao produtor o período de carência do leite de cinco dias. Segundo Terramicina (1978) o período de carência é de 96 horas para o leite. Segundo Spinosa (2010) a oxitetraciclina, assim como as outras tetraciclinas, formam quelados insolúveis devido sua capacidade de se ligar ao cálcio, reduzindo a absorção desse medicamento e favorecendo a eliminação de cálcio nas fezes, favorecendo a ocorrência de hipocalcemia. Nestes casos, a aplicação de cálcio é recomendada, sendo que foi aplicado 8,3g de cálcio pela via intraperitoneal, como tratamento para uma possível hipocalcemia subclínica. Segundo Smith (2006) recomenda-se a aplicação de cálcio também para tratar uma hipocalcemia subclínica secundária à retenção de placenta. Dessa forma recomenda a aplicação de 8 a 11 g de cálcio para tratar uma hipocalcemia (SMITH,2006), estando de

21 acordo com o aplicado. A aplicação de soluções de cálcio são também indicadas nos casos de inércia uterina (PALHANO, 2008). A inércia uterina é caracterizada por falhas na atividade miometrial e segundo Ball e Peters (2006) os agentes que estimulam a contratilidade são muito bem empregados. Sendo assim, a aplicação de cloprostenol, segundo Pimentel (2006) é considerada tratamento de eleição, pois estimula a contração endometrial, auxilia a expulsão do conteúdo uterino e aumenta a capacidade fagocítica dos neutrófilos no ambiente uterino. A associação de oxitetraciclina e cloprostenol utilizada neste caso está de acordo com o proposto por Fernandes et al. (2012) que relata que esse tratamento, acelera a involução uterina, reduz a ocorrência e os graus de infecções uterinas no pós-parto e melhora o desempenho reprodutivo de vacas leiteiras acometidas pela retenção dos envoltórios fetais. Ball e Peters (2006) também relatam o tratamento com outro estimulante endometrial, ocitocina. Porém, sem comprovada eficácia ou vantagem no tratamento de retenção placentária. Palhano (2008) inclui como medidas de profilaxia para ocorrência de retenção de placenta a instituição de um efetivo controle sanitário e um plano nutricional adequado, atendendo às necessidades fisiológicas em relação a manutenção, produção e reprodução. O animal apresentou melhora clínica, conforme informação do proprietário, um dia após o atendimento, porém não foi realizado exame ginecológico para avaliação clínica. Neste caso a avaliação clínica é importante visto que até 25% dos animais acometidos podem desenvolver metrite (SMITH, 2006). A metrite é caracterizada pela inflamação do miométrio com o aparecimento de sinais sistêmicos no animal, como prostração, inapetência e febre associada à descarga de conteúdo fétido. Acomete animais em até duas semanas após parto, sendo que para diagnóstico o exame ginecológico é fundamental (SHELDON e DOBSON, 2004). Segundo os autores, a ocorrência de infecções uterinas após o parto é a principal consequência negativa da retenção de placenta.

22 3.1.4 Conclusão Com a realização desse caso foi possível concluir que, através do histórico, anamnese e o exame clínico, constatou-se que o animal estava com retenção de placenta devido ao parto distócico e no consumo inadequado de ração pré-parto. Além disso, o tratamento aplicado foi fundamental para a melhora clínica do bovino. Porém, enfatiza-se a importância de revisar os animais após o tratamento buscando prevenir a ocorrência de patologias secundárias, tais como as infecções uterinas. Palavras-Chave: bovinos de leite; membranas fetais; clínica 3.1.5 Referências Bibliográficas BALL, P. J. H.; PETERS, A. R. Reprodução em bovinos. 3. ed. São Paulo: Roca, 2006. 232 p. BERCHIELLI; T.T. et al. Nutrição de ruminantes. Jaboticabal: Funep, 2006. 583 p. FERNANDES, C. A. C. et al. Associação entre oxitetraciclina e cloprostenol no tratamento de vacas leiteiras com retenção de placenta. Revista Brasileira de Ciência Veterinária, v. 19, n. 3, p.178-182, 2012. GONZÁLES F. H. D. et al. Perfil metabólico em ruminantes: seu uso em nutrição e doenças nutricionais. 1. ed. Porto Alegre: UFRGS, 2000. 108 p. JAINUDEEN, M. R.; HAFEZ, E. S. E. Distúrbios reprodutivos nas fêmeas. In: HAFEZ, E. S. E. Reprodução animal. 4. ed. São Paulo: Manole, 1988. Cap 22, p.519-544. OGILVIE, T. H. Medicina Interna de Grandes Animais. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. 528 p. PALHANO, H. B. Reprodução em bovinos. 2. ed. Rio de Janeiro: L. F. Livros, 2008. 250 p. PIMENTEL C. A. Doenças da reprodução In: RIET-CORREA et al. Doenças de ruminantes e equinos. 2. ed. vol. 2. São Paulo: Varela, 2006. Cap 6. p. 349-470.

23 RADOSTITS, O.M. et al. Clínica veterinária: um tratado de doenças dos bovinos, ovinos, suínos, caprinos e equinos. 9. ed. Rio de janeiro: Guanabara Koogan, 2010.1737 p. ROSENBERGER G. Exame clínico dos bovinos. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koagan, 1987. 419 p. SEA. Secretaria da Agricultura de Augusto Pestana [Dados de produção de leite do município de Augusto Pestana - RS]. Mensagem recebida por telefone em out. 2016. SHELDON, I. M.; DOBSON, H. Postpartum uterine health in cattle. Animal Reproduction Science, v. 82, p. 295-306, 2004. SMITH, B. P. Doenças do sistema reprodutor. In: Medicina interna de grandes animais. 3. ed. Barueri, São Paulo: Manole, 2006. Cap. 41, p.1292-1346. SPINOSA, H. S. Antibióticos: Tetraciclinas, Cloranfenicol e Análogos. In: SPINOSA, H. S. et al. Farmacologia aplicada à Medicina Veterinária. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010. Cap. 39, p. 477-481. TERRAMICINA: injetável. Responsável Técnico Renato Beneduzzi Ferreira. São Paulo: Zoetis Indústria de produtos veterinários LTDA, 1978. Bula de remédio.

24 4 RELATO DE CASO 2 4.1 Avaliação da taxa de prenhez de um protocolo de Inseminação Artificial em Tempo Fixo, utilizando benzoato de estradiol como indutor da ovulação, em vacas holandesas Willian Müller; Denize da Rosa Fraga; Emerson Tavares Pinto 4.1.1 Introdução Segundo dados do IBGE (2014) o Brasil produziu 35,17 bilhões de litros de leite em 2014, sendo que as maiores produtividades ocorreram no Sul do País (34,7%), destacando-se o Estado do Rio Grande do Sul como segundo maior produtor de leite nacional, mas o maior em produtividade litros/vaca/ano (3.034 litros/vaca/ano). O melhoramento genético e as melhorias das técnicas de manejo que ocorrem nos últimos anos promoveram um aumento da produção nas vacas leiteiras. Porém, esse aumento de produção está associado a uma redução na eficiência reprodutiva desses animais, onde uma das principais causas é a diminuição da expressão e detecção do estro (LOPEZ et al, 2004). Para tentar solucionar esse problema foram desenvolvidos protocolos hormonais para sincronização do aparecimento do estro e inseminação em tempo fixo, sem a observação do cio. A sincronização do estro permite controlar o ciclo estral através de estratégias farmacológicas hormonais que aplicados em uma sequência pré-definida, possibilitam que um grupo de vacas entre em estro durante um período pré-estabelecido (MORAES et al., 2006). Além de minimizar os impactos negativos associados à dificuldade de detecção do estro, a utilização da sincronização do estro em rebanhos visa reduzir o intervalo entre partos, viabilizar a eficácia da Inseminação Artificial (IA), aumentar a taxa de serviço e concentrar o trabalho em dias pré-determinados melhorando a eficiência reprodutiva e fornecendo maior rentabilidade ao sistema (PALHANO, 2008). As fêmeas bovinas são consideradas poliéstricas anuais, apresentando, normalmente ciclos estrais de 21 dias. O ciclo estral é dividido na fase luteínica que se inicia na ovulação até a luteólise por volta do 17º dia, e na fase folicular que compreende o período da luteólise até a ovulação (MORAES et al., 2006). Cada

25 ciclo estral promove de duas a três ondas de crescimento folicular consecutivas, sendo a última a onda ovulatória. As ondas de crescimento folicular são caracterizadas pelas fases de recrutamento, seleção e dominância, onde o Folículo Dominante (FD) regride/atresia na presença de Progesterona (P4) ou ovula na última onda de crescimento (BINELLI et al., 2006). Durante o ciclo estral essa cadeia de eventos se repetem até o impedimento da luteólise pela gestação (MORAES et al., 2006). Inicialmente foram desenvolvidos protocolos com o uso somente de prostaglandinas. Após desenvolveu-se o protocolo denominado Ovsynch, que inclui uma aplicação de prostaglandina e sete dias depois uma aplicação de Hormônio Liberador de Gonadotrofina (GnRH). E posteriormente, protocolos baseados na combinação de estrógenos e progestágenos, que possibilitam a sincronização da emergência da onda folicular, e juntamente com a aplicação de um indutor da ovulação, ao final do protocolo, podendo realizar assim a Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) (PALHANO, 2008). Diversos ensaios utilizando progesterona associados a estradiol tem sido desenvolvidos na última década, visando facilitar a identificação de estro ou resolver o problema do anestro anovulatório de vacas em lactação (MORAES et al., 2006). Segundo Colazo et al., (2003) baixas taxas de concepção estão relacionadas a baixa taxa de Estrógeno (E2) no pró-estro, afetando a fertilização de oócitos. Por isso, protocolos que utilizam estrógenos como indutores de ovulação, aumentam as concentrações séricas de estradiol no pró-estro, melhorando a fertilidade de vacas leiteiras (CERRI et al., 2004). Porém, uma das maiores dificuldades encontradas é a determinação do tempo para aplicação e o tipo de estrógeno utilizado. Desta forma este trabalho tem como objetivo avaliar a taxa de prenhez de um protocolo de inseminação em tempo fixo utilizando como indutor da ovulação o benzoato de estradiol, em vacas holandesas. 4.1.2 Metodologia Este estudo foi realizado em uma propriedade leiteira, durante o período de estágio no mês de agosto de 2016, no município de Augusto Pestana, Rio Grande do Sul, Brasil. Para isso foram utilizadas 10 vacas da raça holandesa, entre 70 e 120

26 dias pós-parto, entre duas até cinco lactações e com 1 até 3 inseminações realizadas (Serviços). A produção média dos animais era de 30 litros/vaca/dia. O calendário de vacinação é cumprido rigorosamente na propriedade. Seguindo as recomendações do Ministério da Agricultura, terneiras entre 3 a 8 meses são vacinadas para Brucelose e a vacinação para Febre Aftosa segue calendário do governo do estado. Já as vacinas para Rinotraqueíte Infecciosa Bovina (IBR) e Vírus da Diarreia Bovina (BVD) são realizadas anualmente. E para leptospirose, clostridioses são realizadas duas vezes ao ano. A vacina para mastite ambiental é realizada no período seco e no inicio da lactação. A alimentação dos animais era a base de ração 16% de proteína bruta (PB), na quantidade de 8kg/dia, silagem de milho na quantidade de 12kg/dia e pastagem a base de azevém (Lolium multiflorum) cultivar Barjumbo à vontade. Antes do início do protocolo as vacas foram selecionadas através de exame ginecológico para que a sincronização fosse feita somente naquelas consideradas aptas. A aplicação dos hormônios era realizada no mesmo horário, conforme os dias estabelecidos. O protocolo utilizado iniciava no dia zero (D0) com: 2ml de Sincrodiol a base de Benzoato de Estradiol (BE) na dose de 2mg/animal pela via intramuscular (IM) + Sincrogest - Dispositivo Intravaginal de Progesterona (DIP) de primeiro uso na dose de 1g/animal; em D8, retirou-se o DIP e aplicou-se 2ml de Sincrocio a base de cloprostenol (PGF2α) na dose de 0,526mg/animal, via IM; no D9, 1ml de BE e no D10 procedeu-se a IATF nos animais, 24 horas após a última aplicação de BE ou seja, 48 horas após a retirada do DIP ou aplicação de PGF2α, conforme detalhado na Figura 1. Figura 1 - Protocolo de Inseminação Artificial em Tempo Fixo

27 As inseminações foram todas realizadas pelo mesmo inseminador. O sêmen utilizado foi proveniente da Select Sires do Brasil Genética Ltda filiada à Associação Brasileira de Inseminação Artificial (ASBIA). A situação reprodutiva foi avaliada por ultrassonografia via transretal, aos 40 dias após a IATF para confirmar a gestação e posterior aos 70 dias por toque retal para reconfirmação da prenhez. 4.1.3 Resultados e Discussão As vacas foram selecionadas para serem protocoladas através de exame ginecológico, através de palpação retal e por análise de espéculo via vaginal. Somente fêmeas sadias, sem alteração de útero e de ovário foram consideradas aptas. Isso segue o proposto por Palhano (2008) que relata que para a inclusão das fêmeas em programas de IATF é necessário uma triagem dos animais e excluir do protocolo fêmeas com diagnóstico de infecções uterinas, doenças reprodutivas, defeitos anatômicos, além de avaliar o histórico dos animais referente ao retorno à ciclicidade, duração do cio e números de serviços realizados. O protocolo utilizado iniciou no D0, com as fêmeas recebendo o DIP + aplicação de BE. A ação dos estrógenos associados a progesterona é independente do estágio do ciclo estral ou da onda de crescimento folicular, pois promove, inicialmente, uma supressão na secreção do Hormônio Folículo Estimulante (FSH) e Hormônio Luteinizante (LH), levando à atresia dos folículos e, posteriormente, segue um pico de FSH e recrutamento de uma nova onda de crescimento folicular (BINELLI et al., 2006). Devido a isso, protocolos em que a progesterona associada ao estrógeno é utilizada, podem ser iniciados em qualquer fase do ciclo estral das fêmeas bovinas (PALHANO, 2008). Decorridos 8 dias (D8) o DIP foi removido para se reduzir a fonte de P4 exógena, seguido de uma aplicação de cloprostenol para induzir a luteólise e promover a queda da P4 endógena, corroborando com o descrito por Binelli et al., (2006) onde relata que as formas de se programar a ovulação incluem a indução farmacológica da luteólise utilizando-se a aplicação de cloprostenol ou a remoção de um dispositivo contendo P4. Palma (2008) relata que a remoção do DIP no sétimo dia ou no oitavo não promove alterações significativas na taxa de concepção.

28 No trabalho de Vieira et al., (2016) não verificaram alteração na taxa de concepção em protocolos utilizando DIP de 1g de P4; DIP de 1g de P4 mas que já havia sido utilizado previamente por 8 dias (segundo uso) e DIP de P4 de 0,6g. Sendo assim, a dose do DIP utilizado de 1g de P4 não possui influência na taxa de concepção deste protocolo. Palma (2008) relata também que os implantes novos ou previamente utilizados por 8 dias promovem taxa de concepção similares, não possuindo efeito nessa variável. Dessa forma, com a ausência de P4 ocorre aumento na frequência de pulsos de LH que estimula a liberação de quantidades crescentes de E2 pelo folículo dominante. O E2 exógeno induz a liberação de um pico pré-ovulatório de GnRH, seguido por um pico de liberação de LH que causa a ovulação do FD (BINELLI et al., 2006). Isso explica a aplicação do BE no D9, como indutor de ovulação. Além do benzoato de estradiol, outros agentes indutores da ovulação podem ser utilizados em protocolos de IATF, sendo eles: o cipionato de estradiol (ECP) e o 17β-estradiol (17β-E), sendo este último, o único biologicamente ativo. O ECP e o BE produzirão seus efeitos a partir da liberação de 17β-estradiol de suas moléculas através da enzima esterase no fígado. Sabendo-se disso, a porcentagem de estradiol biologicamente ativo, que determinará a ação farmacológica, difere quanto à utilização de BE ou ECP, ou seja, 1mg de BE produzirá 28% menos estradiol biodisponível, assim como o ECP que produzirá 32% menos comparado à aplicação de 1mg de estradiol-17b (DAXENBERGER et al., 2001). Neste sentido, Souza et al., (2005) observaram que o estradiol-17b apresentou maior pico e menor meia-vida em comparação ao ECP. Já o BE comportou-se de forma intermediária para essas duas variáveis. Dessa forma, o momento da ovulação pode ser determinado em função da aplicação de um tipo de indutor da ovulação ou outro. Sendo assim, o intervalo entre a aplicação do estrógeno e o recrutamento da nova onda depende da dose administrada e da natureza do estrógeno, sendo maior para o ECP e BE, respectivamente (BINELLI et al., 2006). Sendo assim, o ECP pode ser utilizado em vacas de corte, onde sua aplicação é realizada no momento da retirada do DIP, trabalhando assim com um protocolo de 3 manejos, reduzindo a mão-de-obra. Porém, como em vacas leiteiras o manejo é realizado diariamente, essa prática não se faz necessária. Portanto, optou-se nesse caso, pela utilização do BE como indutor da ovulação.

29 Além disso, o alto metabolismo hepático em vacas, principalmente as de alta produção, também afetam as concentrações de E2, assim como de P4, sendo o alto metabolismo hepático, a principal causa de menores concentrações séricas de P4, afetando a taxa de concepção dos animais (SANGSRITAVONG et al., 2002). Como o rebanho da propriedade estudada foi considerado de alta produção de leite, média de 30 litros/vaca/dia, o alto metabolismo hepático pode ser uma das causas de muitos dos animais terem até 3 Inseminações artificiais. Mann e Haresign (2001) relatam efeitos negativos para o estabelecimento da gestação, devido essas concentrações de P4 possuírem uma rápida metabolização. Uma alternativa para tentar reduzir esse problema é a utilização de Gonadotrofina Coriônica Equina (ECG) em protocolos de IATF, sendo muito utilizado em rebanhos bovinos (MANN e HARESIGN, 2001). Os autores verificaram aumento na taxa de concepção, relacionados a um aumento na taxa de ovulação de animais em anestro e maiores níveis de P4 circulante no diestro, reduzindo as falhas de reconhecimento gestacional. Souza (2008) trabalhando com vacas de alta produção notou que o uso de ECG em protocolos IATF aumentaram a taxa de concepção, exclusivamente em vacas com baixo escore corporal, melhorando a capacidade de produção de P4 pelo corpo lúteo. A IATF neste estudo foi realizada 24 horas após a administração de BE, promovendo uma taxa de concepção de 60% no animais. Segundo Palma (2008) o horário da aplicação do BE deve ser realizado 24 horas após a remoção do DIP ou aplicação do cloprostenol, o que está de acordo com a metodologia utilizada. Porém, para este autor a IATF deve ser realizada 50 a 56 horas após a remoção do DIP. Neste protocolo relatado a IA foi realizada em 48 horas. O autor relata ainda que o BE utilizado no dia da retirada do DIP promove redução da sincronização da ovulação e menores taxas de prenhez, comparada à sua aplicação 24 horas após a retirada do DIP, e portanto, contra indicado. Este protocolo também foi utilizado por Moraes et al., (2006) com porcentagem de gestação similar, de aproximadamente 60%, porém, em vacas de corte. Comparando este resultado a outros protocolos, consegue-se taxas de prenhez superiores, por exemplo, ao protocolo do Ovsynch, onde o autor obteve taxa de prenhez de 30-45%, caracterizando a problemática da fertilidade da vaca holandesa de alta produção relativo a detecção de estro e fecundação pós-parto.

30 Colazo et al., (2004) descrevem um aumento na taxa de concepção após a utilização de estrógenos no final do protocolo de IATF, devido a este aumento na fertilidade estar relacionada às maiores concentrações de estradiol antes da ovulação e consequentemente melhor transporte espermático. O presente protocolo foi o mesmo protocolo aplicado no estudo realizado por Almeida et al., (2016) onde sua taxa de prenhez foi de 42,6% utilizando vacas leiteiras mestiças Bos taurus taurus x Bos taurus indicus. Porém, difere em relação ao horário da IA, sendo esta realizada 52 horas após a retirada do DIP. Outro indutor de ovulação utilizado no trabalho de Almeida et al. (2016) foi a adição de GnRH (6 horas antes da IATF). O autor obteve 45,5% de taxa de prenhez com esse protocolo. Ainda, no mesmo protocolo, mas introduzindo o ECG na retirada do DIP, o autor conseguiu uma taxa de prenhez de 68,8%. Palma (2008) relata também como alternativa de indução da ovulação a aplicação de GnRH no momento da IATF no lugar do BE 24 horas após a retirada do DIP, onde a IATF é realizada 52 a 56 horas após a retirada do DIP, promovendo taxas de concepção equivalentes, 57,7% e 56,4%, respectivamente. Sendo assim, existem vários protocolos de IATF que podem ser utilizados, porém a utilização de um ou de outro difere-se principalmente em relação ao tipo de estrógeno utilizado e a realização da determinação do momento da IA. Enfatiza-se ainda, a importância de realizar uma triagem nos animais antes de inseri-los nos protocolos de IATF buscando reduzir prejuízos relacionados. 4.1.4 Conclusão A utilização desse protocolo de Inseminação Artificial em Tempo Fixo utilizando o Benzoato de Estradiol como indutor da ovulação, 48 horas após a retirada do implante vaginal de P4 promoveu uma taxa de concepção de 60%, sendo este protocolo recomendado para o uso em bovinos de leite de alta produção. Palavras-Chave: bovinos de leite; reprodução; estrógenos

31 4.1.5 Referências Bibliográficas BINELLI, M. et al. Bases fisiológicas, farmacológicas e endócrinas dos tratamentos de sincronização do crescimento folicular e da ovulação. Acta Scientiae Veterinariae, v. 34, n. 1, p. 1-7, 2006. CERRI, R. L. A. et al. Timed artificial insemination with estradiol cypionate or insemination at estrus in high-producing dairy cows. Journal of dairy science, v. 87, n. 11, p. 3704-3715, 2004. COLAZO, M. G. et al. Fertility following fixed-time AI in CIDR-treated beef heifers given GnRH or estradiol cypionate and fed diets supplemented with flax seed or sunflower seed. Theriogenology, v. 61, n. 6, p. 1115-1124, 2004. COLAZO, M. G.; KASTELIC, J. P.; MAPLETOFT, R. J. Effects of estradiol cypionate (ECP) on ovarian follicular dynamics, synchrony of ovulation, and fertility in CIDRbased, fixed-time AI programs in beef heifers. Theriogenology, v. 60, n. 5, p. 855-865, 2003. DAXENBERGER, A. et al. Possible health impact of animal o estrogens in food. Human Reproduction Update, v. 7, n. 3, p. 340-355, 2001. IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2014. Acesso em 31/10/2016. Disponível em: http://www.milkpoint.com.br/cadeia-do-leite/giro-lacteo/ibge- producao-de-leite-cresceu-27-em-2014-sul-tornouse-a-maior-regiao-produtora- 97326n.aspx. LOPEZ, H. et al. Relationship between level of milk production and estrous behavior of lactating dairy cows. Animal reproduction science, v. 81, n. 3, p. 209-223, 2004. MANN, G. E.; HARESIGN, W. Effect of oestradiol treatment during GnRH-induced ovulation on subsequent PGF 2α release and luteal life span in anoestrous ewes. Animal reproduction science, v. 67, n. 3, p. 245-252, 2001. MORAES, J. C. F. et al. Controle do estro e da ovulação em bovinos e ovinos. In: GONÇALVES, P. B.; FIGUEIREDO, J. R. D.; FREITAS, V. J. D. F. Biotécnicas aplicadas à reprodução animal. São Paulo: Varela, 2006. Cap3. p. 25-52. PALHANO, H. B. Reprodução em bovinos. 2. ed. Rio de Janeiro: L. F. Livros, 2008. 250 p.

32 PALMA, G. A. Biotecnologia de la reproducción. 2. ed. Mar del Prata: Repro Biotec, 2008. 669 p. SANGSRITAVONG, S. et al. High feed intake increases liver blood flow and metabolism of progesterone and estradiol-17β in dairy cattle. Journal of dairy science, v. 85, n. 11, p. 2831-2842, 2002. SOUZA, A. H. D. Inseminação artificial em tempo fixo em vacas holandesas de alta produção. 2008. 152 f. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008. SOUZA, A. H. et al. Profiles of circulating estradiol-17β after different estrogen treatments in lactating dairy cows. Anim. Reprod, v. 2, n. 4, p. 224-232, 2005. VIEIRA L. M. et al. Efeito de diferentes fontes e concentrações de progesterona na taxa de prenhez de vacas holandesas submetidas à IATF. In: XXX REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE TECNOLOGIA DE EMBRIÕES, 2016, Foz do Iguaçu. Anais... Foz do Iguaçu, 2016. p. 222. 5 CONCLUSÃO