APLICAÇÃO DA TERMODINÂMICA COMPUTACIONAL PARA DETERMINAÇÃO DE PROPRIEDADES TERMOFÍSICAS EM FUNÇÃO DA TEMPERATURA PARA A LIGA Al-6%pCu-1%pSi

Documentos relacionados
DETERMINAÇÃO DE PROPRIEDADES TERMOFÍSICAS DE LIGAS AL-CU-SI PELA APLICAÇÃO DA TERMODINÂMICA COMPUTACIONAL

USO DA TERMODINÂMICA COMPUTACIONAL PARA DETERMINAÇÃO DE PROPRIEDADES TERMOFÍSICAS PARA A LIGA Al-Cu-Si

ES 542 Tratamentos Térmicos. Professor: Felipe Bertelli Site :

Aula 01: Introdução à Metalurgia

Crescimento de Cristais - Diagrama de Fases

CALOR TOTAL EXTRAÍDO DE LIGAS Al-Sn APÓS PROCESSO EXPERIMENTAL DE SOLIDIFICAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE TECNOLOGIA FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA

Universidade Estadual de Ponta Grossa Curso: Engenharia de Materiais Disciplina: Ciência dos Materiais 1 Lista de Exercícios 6

Previsão Automática de Propriedades de Material para a Simulação de Processos de Fundição e Sua Influência nos Resultados Obtidos (1)

ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais DIAGRAMAS DE FASES

Sistemas Multicomponentes Heterogêneo. Profa. Daniela Becker

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE TECNOLOGIA FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA

Correlação entre Microestrutura, Resistência à Tração e Resistência à Corrosão. Campinas, 2010.

Análise numérica da transferência de calor durante a solidificação de ligas metálicas em moldes de areia

Capítulos 1 Introdução Capítulo 2 - Estrutura da Termodinâmica Capítulo 3 Leis da Termodinâmica Prof. Dr. José Pedro Donoso

MODELOS 3D DO DIAGRAMA DE FASES Fe-Cr-Ni

Metalurgia Física Prof. Dr. Guilherme Verran Crescimento da Fase Sólida

Diagramas de Fases. Universidade de São Paulo. Escola de Engenharia de São Carlos. Departamento de Engenharia de Materiais

CONSTITUIÇÃO E DIAGRAMAS DE FASES

4- RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 SIMULAÇÕES EM THERMOCALC

DETERMINAÇÃO EXPERIMENTAL DA COMPOSIÇÃO DE LIGAS BINÁRIAS À BASE DE ALUMÍNIO

AFERIÇÃO DE MODELO MATEMÁTICO EM 2D NO SOFTWARE MATLAB PARA A SOLIDIFICAÇÃO DAS LIGAS Al-4,5%Cu E Al-15%Cu.

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA DIAGRAMAS DE FASES

SOLIDIFICAÇÃO DOS FERROS FUNDIDOS CONFIDENCIAL. Diagrama de Fases Todos os direitos reservados

CSEM4011 Mecânica Geral I CSEM4010 Cálculo B. CSEM4014 Mecânica dos Sólidos I

Redistribuição de Soluto na Solidificação de Ligas. O diagrama de fases Cu-Ni

SFI 5769 Físico Química e Termodinâmica dos Sólidos. SCM 5702 Termodinâmica dos Materiais. Prof. José Pedro Donoso

Introdução à Ciência dos Materiais para Engenharia PMT 3110

Aula 04: Revisão de Conceitos Fundamentais da Termodinâmica dos Materiais

Disciplina: Fundição dos metais e suas ligas Professor: Guilherme O. Verran. Aula 07 Contração e Alimentação de Peças Fundidas

Equilíbrio de misturas gasosas

FÍSICA TÉRMICA TEMPERATURA, DILATAÇÃO TÉRMICA, CALORIMETRIA E TRANSMISSÃO DE CALOR

Utilização dos D.E. no entendimento dos diferentes tipos de solidificação de metais e/ou ligas

UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA Campus RECIFE. Curso: Engenharia de Produção Disciplina: Materiais para Produção Industrial

ESTUDO DA CORROSÃO DO Al RECICLADO DA INDÚSTRIA DE BEBIDAS

Curso de Graduação em Engenharia, Habilitação em Engenharia Mecânica... Estrutura Curricular: 1ª SÉRIE / 1º PERÍODO

TENSÕES RESIDUAIS TÉRMICAS OBTIDAS DA TÊMPERA A VÁCUO DO AÇO FERRAMENTA AISI H13

Matriz Curricular - Engenharia Metalúrgica

Curso de Graduação em Engenharia, Habilitação em Engenharia Mecânica... Estrutura Curricular: 1ª SÉRIE / 1º PERÍODO

8 Apêndice Propriedades termofisicas de soluções aquosas

ESTUDO E ANÁLISE DA MISTURA DE ÁGUA E ETANOL ATRAVÉS DE EQUAÇÕES DE ESTADO.

DIAGRAMAS DE EQUILÍBRIO DIAGRAMAS DE EQUILÍBRIO

ESTUDO DA VELOCIDADE DE CORROSÃO EM LIGAS DE Al-3%Cu E Al-5%Cu

EFEITOS DA DIFUSÃO MACROSCÓPICA NA FORMAÇÃO DA MACROSSEGREGAÇÃO DURANTE A SOLIDIFICAÇÃO DIRECIONAL 1

DIAGRAMAS DE FASES DIAGRAMAS DE FASES

2 Considerações teóricas

ANÁLISE TÉRMICA Sumário

1ª ETAPA - TURMA D e K

Unidade 8 DIAGRAMAS DE FASES. ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais

MATERIAIS ELÉTRICOS - MEL

Legislação: AUTORIZADO PELA PORTARIA Nº 788 DE 13 DE SETEMBRO DE 2007, PUBLICADA NO DOU DE 14 DE SETEMBRO OBRIGATÓRIA OBRIGATÓRIA OBRIGATÓRIA

Microestrutura (Fases) Parte 3

1ª ETAPA - TURMA D e K

Prova escrita de: 2º Exame de Ciência de Materiais. Lisboa, 14 de Julho de Resolução

3 MATERIAIS E MÉTODOS

A7 Termodinâmica das fases condensadas equilíbrios de fases e diagramas de fases

SUMÁRIO. 1 Introdução Obtenção dos Metais Apresentação do IBP... xiii. Apresentação da ABENDI... Apresentação da ABRACO...

TM343 Materiais de Engenharia

Processo de Soldagem MIG/MAG. Processo MIG / MAG Prof. Vilmar Senger

Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC)

ANÁLISE NUMÉRICA-EXPERIMENTAL DO CAMPO DE TEMPERATURA EM SOLDAGEM TIG DO AISI 304

DEFEITOS CRISTALINOS

Aula 11: Estruturas de Solidificação

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MINAS GERAIS IFMG

2. Diagramas de fases de materiais cerâmicos

DIAGRAMAS DE EQUILÍBRIO DIAGRAMAS DE EQUILÍBRIO

Processos Metalúrgicos

AVALIAÇÃO DO MODELO PRIGOGINE-FLORY- PATTERSON NA PREDIÇÃO DO VOLUME PARCIAL MOLAR DE SOLUÇÕES LÍQUIDAS BINÁRIAS

Física dos Materiais FMT0502 ( )

DIAGRAMAS DE FASES DIAGRAMAS DE FASES

SEQÜÊNCIA ACONSELHADA DISCIPLINAS POR SEMESTRE

Tecnologia dos Materiais Outras ligas metálicas não ferrosas

Difusão em Sólidos TM229 - DEMEC Prof Adriano Scheid

Matriz 1 - Engenharia Mecânica

Curso de ENGENHARIA METALÚRGICA

Frederico A.P. Fernandes

Fundamentos de Ciência e Engenharia de Materiais. DEFEITOS CRISTALINOS Prof. Dr. André Paulo Tschiptschin

Disciplina: Projetos de Ferramentais I Professor: Guilherme O. Verran. Aula 08_Projetos 01: Solidificação, Contração e Alimentação dos Metais

UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU

CURSO DE ENGENHARIA METALÚGICA HORÁRIO DE AULAS 2º SEMESTRE DE 2015

2 Características e propriedades termofísicas da pasta de gelo

Curso de ENGENHARIA METALÚRGICA

ICMAT Profa. Simone P. T. Borges Diagrama de fases 1

HEAT TRANSFER COEFFICIENT AT METAL/MOLD INTERFACE ABSTRACT AND THERMAL VARIABLES DURING HORIZONTAL SOLIDIFICATION OF Al-6WT.

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MINAS GERAIS IFMG

Técnicas de Análises Térmicas (Thermal Analysis - TA) de Materiais

PROPRIEDADES DOS METAIS LÍQUIDOS

CONSTRUÇÃO DE UM MODELO COMPUTACIONAL PARA SIMULAÇÃO E ANÁLISE DE TENSÕES RESIDUAIS EM CILINDROS

MODELAGEM MATEMÁTICA TRANSIENTE E TRIDIMENSIONAL DE SOLDAGEM A ARCO*

Processo de Soldagem Eletrodo Revestido

MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO AERONÁUTICA I SMM 0181

Universidade Federal de Sergipe, Departamento de Engenharia Química 2

SOLIDIFICAÇÃO DE METAL LÍQUIDO

UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MINAS GERAIS IFMG

Análise de Influência da Utilização de Propriedades Termodependentes na Simulação de Juntas Soldadas

AVALIAÇÃO DE ATRITO E INFLUÊNCIA DO LUBRIFICANTE POR MEIO DE ENSAIO DO ANEL EM AÇO MÉDIO CARBONO 1. Evandro Bertoldi 2.

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MINAS GERAIS IFMG

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MINAS GERAIS IFMG

Disciplina : Metalurgia Física- MFI Professores: Guilherme Ourique Verran - Dr. Eng. Metalúrgica. Aula 05 - Solidificação e Equilíbrio

Transcrição:

APLICAÇÃO DA TERMODINÂMICA COMPUTACIONAL PARA DETERMINAÇÃO DE PROPRIEDADES TERMOFÍSICAS EM FUNÇÃO DA TEMPERATURA PARA A LIGA Al-6%pCu-1%pSi F. C. NASCIMENTO 1, M.C.C.PARESQUE 2, L. F. LA SALVIA 2, I. L. FERREIRA 2 1 Universidade Federal Fluminense, Programa de Programação em Engenharia Metalúrgica 2 Universidade Federal Fluminense, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica E-mail para contato: ileao@puvr.uff.br RESUMO As ligas de alumínio baseadas no ternário Al-Cu-Si (ASTM 231.1) possuem considerável importância tecnológica devido a sua baixa densidade, relativamente baixo ponto de fusão e boa resistência mecânica específica comparadas ao aço. Essas ligas são empregadas na indústria automobilística e aeroespacial. No entanto, apesar de sua importância tecnológica, suas propriedades termofísicas, úteis aos processos de fabricação, que envolvam transferência de calor, como, soldagem, fundição e tratamentos termomecânicos, são escassas na literatura. Propõe-se nesse trabalho, um levantamento de algumas destas propriedades, como, massa especifica em função da temperatura, entalpia de transformação e calores específicos para a liga Al-6%pCu-1%pSi, através da termodinâmica computacional. Os resultados simulados para massa específica em função da temperatura com relação aos resultados experimentais obtidos na literatura para as ligas de alumínio A319 e 7075 validam de forma satisfatória o modelo proposto. 1. INTRODUÇÃO As ligas de alumínio vêm sendo muito utilizadas nas indústrias, como de aeronáuticas, que desde a década de 1930 substituiu muitas peças de metais por peças de alumínio, devido as suas propriedades peculiares como alta resistência mecânica especifica, boa resistência à corrosão e reciclabilidade dentre outras propriedades físico-químicas. As propriedades resultantes que serão úteis para cada aplicação específica, determinadas pelos metais e usadas pela quantidade de cada metal na liga, pela estrutura do arranjo cristalino das ligas, pelo tamanho e arrumação dos cristais e pelos tratamentos adicionais que podem se realizar. Desta forma, a determinação experimental das propriedades termofísicas deveria contemplar espectro muito amplo de combinações de elementos de liga, o que na prática torna-se inviável pelo elevado custo de equipamentos e consumíveis. Para determinação experimental da massa específica com a amostra nas formas solida, de pó, de pasta e líquida sob certas condições controladas de tempo e temperatura, a técnica mais empregada é a dilatometria (Blum e Henderson, 2000). O método de levitação eletromagnética de gota, geralmente utilizado para medir propriedades termofísicas a elevadas temperaturas, foi pela primeira vez aplicada para medida de massa específica de líquidos por Brooks e colaboradores (Brooks et al., 1997). Neste método, uma gota de metal de massa conhecida é aquecida e levitada, então imagens ópticas da gota são tomadas em três direções ortogonais que serão utilizadas para determinação do volume da gota. Recentes avanços desta técnica deram-se pelo rápido desenvolvimento das câmeras CCD e dos Área temática: Engenharia de Materiais e Nanotecnologia 1

métodos computacionais utilizados para analisar a geometria da gota (Quested e Brooks, 2010). Para as temperaturas de transformação, entalpias e calores específicos são utilizados equipamentos de análise térmica como o DTA (Differential Thermal Analisys) e o calorímetro diferencial DSC (Differential Scanning Calorimetry) (Burkes et al, 2010). Por outro lado, a termodinâmica computacional permite a simulação de propriedades termofísicas como, massa específica, calores específicos, calores de transformação em função da temperatura, pressão e composição, além da contribuição magnética, ordenação química/magnética, defeitos e estruturas cristalográficas, tensão superficial (Jácome et al, 2011), formação vítrea/amorfa, quantidades em equilíbrio ou em equilíbrio parcial/local, forças motrizes químicas, vários tipos de diagrama de fases estáveis e meta-estáveis, diagrama de propriedades de sistemas multicomponentes complexos para diversos tipos de materiais, deposições por CVD/PVD, simulação de solidificação Scheil-Gulliver, superfícies liquidus, diagramas Pourbaix, diagramas de Ellingham, coeficientes de partição, dentre outras (Ansara et al, 1997), a partir da combinação entre resultados experimentais de propriedades termodinâmicas como a energia livre de Gibbs para um conjunto de fases, associadas a certos elementos de liga. Utilizando-se do método de minimização de energia livre das fases presentes, permite a extrapolação matemática das propriedades para sistemas de ligas complexos multicomponentes com grande precisão. Um dos programas mais utilizados para este fim é o Thermo- Calc, suas bases de dados e a interface de comunicação entre um programa escrito em linguagem C e o Thermo-Calc denominado de TCAPI (Thermo-Calc Application Programming Interface). Este trabalho apresenta um modelo numérico, desenvolvido em linguagem C, o qual se conecta em tempo real de execução ao Thermo-Calc e a base de dados TTAL7 (ThermoTech Aluminum Thermal Database) para determinação de propriedades termofísicas, tais como, entalpia, energia interna, energia livre de Gibbs, calores específicos, calores de reação, composição de fases e frações de fases, dentre outras que se fizerem necessárias para o cálculo da massa específica de ligas multicomponentes em função da temperatura para as fases sólida e líquida. Finalmente, são apresentados o calor específico em função da temperatura e os calores de transformação para o ternário Al-9%pSi-3%pCu. 2. MODELO NUMÉRICO Uma vez que um sistema de ligas multicomponentes é definido, tal como o Al-Cu-Si, o banco de dados de termodinâmicos TTAL7 (ThermoTech Aluminum Thermal Database v.7) é inicializado pelo modelo numérico através da função Gen_Phase_Diagram_Data acessando a interface TCAPI. Em seguida, calores específicos, calores latentes, superfície liquidus, solidus e eutético, e coeficientes de partição são determinados para todo o sistema e armazenados em arquivo de dados algumas propriedades termofísicas. Para determinação da massa específica de ligas de alumínio em função da composição e da temperatura deve-se inicialmente fornecer ao modelo numérico as massas específicas dos elementos puros em função da temperatura para que sejam calculadas as massas específicas das fases presentes e suas respectivas frações volumétricas. O Thermo-Calc, a partir da seleção dos elementos que compõem a liga e das condições termodinâmicas de entrada como composição em massa dos elementos de liga, temperatura em Kelvin, pressão e número de moles da solução, fornece então as fases presentes, a composição destas fases e suas frações mássicas para as Área temática: Engenharia de Materiais e Nanotecnologia 2

dadas condições de entrada. O modelo numérico, através da interface TCAPI, solicita as seguintes informações ao Thermo-Calc: um vetor de caracteres contendo o nome de todas as fases presentes na base de dados, um vetor contendo somente as fases presentes no cálculo de equilíbrio para as condições dadas, um vetor para cada fase contendo a sua composição em fração mássica dos elementos de liga presente, e finalmente, um último vetor contendo as frações mássicas de todas as fases presentes na base de dados, na mesma ordem do vetor de caracteres com os nomes das fases para o equilíbrio nas condições de entrada. A Equação 1 apresenta a soma de todas as frações mássicas, i, fornecidas para todas as fases presentes na base de dados, 51 i1 1 (1) i A Equação 2 fornece a massa específica de cada fase, calculada a partir do vetor que contém sua composição em massa dos elementos de liga que compõe cada fase e da massa específica dos elementos de liga presentes na fase para uma dada temperatura de entrada. Para fins de automação do processo, esse cálculo é realizado para as 51 fases e 23 elementos presentes na base, valores nulos de fração mássica dos elementos de liga indicam que os mesmo não se encontram presentes numa determinada fase. Al Al 1 FCC _ A Cu Cu 1 Si Si 23 j1 1 j j (2) A Equação 3 permite calcular a fração volumétrica de todas as fases presentes na base de dados, a partir das massas específicas, conforme Equação 2 e o vetor contendo as frações mássicas de todas as fases presentes na base de dados. Desta forma, V LIQUID 51 FCC _ A1 LIQUID FCC _ A1 k k1 k (3) A massa específica da liga é calculada pelo emprego da Equação 4 por meio da combinação linear das frações volumétricas calculadas pela Equação 3 e das massas específicas obtidas pela aplicação da Equação 2 para todas as fases, logo 51 V (4) Liga k1 k k Área temática: Engenharia de Materiais e Nanotecnologia 3

O fluxograma do modelo é apresentado na Figura 1 Figura 1 Fluxograma do modelo termodinâmico para cálculo da massa específica em função da temperatura. Os calores específicos e os calores de reação são obtidos diretamente do Thermo-Calc através do acesso a base de dados TTAL7 a partir dos dados de entrada de composição e temperatura conforme descrito por Jácome e colaboradores (Jácome et al, 2011). 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES Para fins de validação do modelo termodinâmico utilizado para a previsão da massa específica de ligas multicomponentes em função da temperatura, foi realizado um confronto teóricoexperimental para duas ligas presentes na literatura (Mills, 2002) cujas composições encontram-se na Tabela 1. Nas Figuras 2 e 3, observa-se boa concordância entre as previsões numéricas e os valores experimentais para todas as temperaturas no sólido e no líquido. Área temática: Engenharia de Materiais e Nanotecnologia 4

Massa Específica [kg.m -3 ] Tabela 1 Composição química em [%p] das ligas. Liga Al Cu Mg Mn Ni Si Zn Outros A319 89.4 3.0 0.1 0.4 0.4 5.0 1.0 0.5 Al Cr Cu Fe Mg Mn Si Ti Zn 7075 88.7 0.2 1.6 0.5 2.5 0.4 0.4 0.2 5.6 2800 2760 Alloy A1-LM4 (A319) 2720 2680 2640 2600 2560 2520 2480 Numérico, Sólido Experimental, Sólido [Mills, 2002] Numérico, Líquido Experimental, Líquido [Mills, 2002] 2440 2400 0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 Temperatura [ o C] Figura 2 Confronto numérico-experimental para a massa específica em função da temperatura. Área temática: Engenharia de Materiais e Nanotecnologia 5

Massa Específica [kg.m -3 ] Massa Específica [kg.m -3 ] 2840 2800 Liga A1-7075-T6 2760 2720 2680 2640 2600 2560 Numérico, Sólido Experimental Sólido [Mills, 2002] Numérico, Líquido Experimental, Líquido [Mills, 2002] 2520 2480 2440 2400 0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 Temperatura [ o C] Figura 3 Confronto numérico-experimental para a massa específica em função da temperatura. A Figura 4 apresenta a previsão numérica da massa específica em função da temperatura para a liga do sistema ASTM 319.2 de composição Al-6%pCu-1%pSi. 2840 2800 Al-6t%Cu-1t%Si 2760 2720 2680 2640 2600 2560 Numérico, Sólido Numérico, Líquido 2520 2480 2440 2400 0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 Temperatura [ o C] Figura 4 Previsão numérica para a massa específica em função da temperatura. A Figura 5 apresenta os calores específicos em função da temperatura a liga Al-6%pCu-1%pSi. Área temática: Engenharia de Materiais e Nanotecnologia 6

Calor Específico [J.kg -1.K -1 ] 1200 1150 Al-6t%Cu-1t%Si 1100 1050 1000 950 900 Simulação numérica 850 800 0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 Temperatura [ o C] Figura 5 Previsão numérica para o calor específico em função da temperatura. A Tabela 2 apresenta os calores de transformação para as fases presentes com os respectivos intervalos de temperatura. Tabela 2 Temperaturas e calores de transformação da liga Al-6%pCu-1%pSi. Propriedades Símbolo Unidade Valores Temperatura liquidus T L C 638 Temperatura de Transformação do Silício T Si C 530,2 Temperatura Eutética Final T EE C 527,6 Temperatura de Fusão T F C 513,2 Calor Latente de Fusão de 638 a 530,2 C H1 J.kg -1 289600 Calor Latente de Fusão de 530.2 a 527,60 C H 2 J.kg -1 15800 Calor Latente de Fusão ate 513,20 C H 3 J.kg -1 57200 4. CONCLUSÕES A partir dos resultados numéricos e experimentais obtidos para a massa específica em função da temperatura para as ligas de alumínio A356 e 7075 pode-se afirmar que o modelo numérico desenvolvido através do acoplamento do programa Thermo-Calc e base de dados TTAL7 com um código numérico escrito em linguagem C que acessa e comanda o Thermo-Calc pelo emprego da interface TCAPI para a determinação numérica da massa específica de ligas multicomponentes é Área temática: Engenharia de Materiais e Nanotecnologia 7

bastante preciso em suas previsões. Para se calcular a massa especifica e a fração volumétrica das fases utilizou-se um conjunto de equações bastante simples, a determinação das fases presentes, suas frações e composições mássicas foram calculadas pelo Thermo-Calc considerando-se os termos de excesso de forma que os erros oriundos dos dados volumétricos calculados de forma simplificada pelo modelo numérico fossem minimizados. Uma das vantagens relativa ao presente modelo é que calores específicos e de reação podem ser obtidos diretamente pela variação da temperatura acima da curva liquidus até a temperatura ambiente. 5. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem ao apoio financeiro da Fundação Carlos Chagas de Amparo à Pesquisa FAPERJ, do Conselho Nacional de Pesquisa CNPq e da Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior CAPES. 6. BIBLIOGRAFIA BLUMM, J.; HENDERSON, H. B. Measurement of the volumetric expansion and bulk density of metals in the solid and molten regions. High Temp High Press, v. 32, 2000. FERREIRA, I. L.; VOLLER, V. R.; NESTLER, B.; GARCIA, A. To-dimensional numerical model for the analysis of macrosegregation during solidification. Comp Mater Sci, v. 46, p. 358-366, 2009. JÁCOME, P. A. D.; LANDIM, M. C.; GARCIA, A.; FURTADO, A. F.; FERREIRA, I. L. The application of computational thermodynamics and a numerical model for the determination of surface tension and Gibbs Thomson coefficient of aluminum based alloys. Thermochim Acta, v. 523, p. 142-149, 2011. MILLS, K. C.; Recommended Values of Thermophysical Properties for Selected Commercial Alloys. Cambridge. Woodhead Publishing. 2002. MOUTINHO, D. J.; GOMES, L. G.; ROCHA, O. L.; FERREIRA, I. L.; GARCIA, A. Thermal Parameters, Microstructure and Porosity During Transient Solidification of Ternary Al-Cu-Si Alloys. Mater Sci Forum, v. 730-732, p. 883-888, 2012. QUESTED, P.; BROOKS, R. Measurement of Thermophysical Properties at High Temperatures for Liquid, Smisolid, and Solid Commercial Alloys. ASM Handbook, Metals Process Simulation, v. 22B, 2010. FERREIRA, I. L.; MOUTINHO, D. J.; GOMES, L. G.; ROCHA, O. L.; GARCIA, A. Modeling and experimental analysis of macrosegregation during transient solidification of a ternary Al-6t%Cu- 1t%Si alloy. Philosophical Magazine Letters, v. 89, p. 769-777, 2009. Área temática: Engenharia de Materiais e Nanotecnologia 8