A evolução da televisão
As várias narrativas na TV Qual TV? A TV comercial aberta tem a programação definida principalmente pelos níveis de audiência e pela concorrência. Nesta televisão, o público é o consumidor de produtos do intervalo comercial, de conteúdo produzido num ritmo frenético. A TV pública (educativa, de caráter público) interage com um cidadão e não apenas com o consumidor. O objetivo é a construção de um espaço público de diálogo entre diversos atores sociais e de diferentes comunidades culturais, num ambiente de produção audiovisual com a articulação de culturas regionais e locais, para a criação de um televisão plural e fundamentada na diversidade, com espaço para diversos grupos e para os produtores independentes (Jesus Martín Barbero).
A história da TV A criação da televisão foi possível a partir das descobertas da modificação do selênio (elemento químico) com o uso de corrente elétrica (luz), a existência de ondas eletromagnéticas (hertz). 1920: o americano Charles Jenkins fabrica um disco perfurado para captação e transmissão de imagens. John Baird também conseguiu o mesmo feito na Europa. (PATERNOSTRO, 1987). 1923: Valdimir Zworykin criou e registrou a patente do tubo iconoscópico (tubo a vácuo que converte a imagem em sinais elétricos) - o olho da TV. Em 1927, Zworykin transmite imagens numa distância de 45 km. Na Inglaterra, Baird teve avanços e em janeiro de 1926 fez a primeira demonstração para 50 cientistas. Ele conseguiu um contrato com a BBC.
John Baird
Doodle homenageia em 2016 os 90 anos desde a primeira demonstração de TV
As primeira transmissões de TV começam nos anos 30: em 1936 a BBC faz a transmissão da coroação do rei Jorge VI. Em 1939, a NBC transmite a inauguração da Feira Mundial de NY. Mas ainda havia um problema: a imagem reproduzida era deficiente. A válvula (tubo de raios catódicos - elétrons projetados em tela fluorescente) resolveu isso.
Desde o início dos anos 20 a proliferação mundial de emissoras de rádio foi vital para o desenvolvimento do modo de vida contemporâneo. A partir dos anos 50 a grande expansão da TV em muitos países, consolidou o principal meio de comunicação de massa.
A TV no Brasil A mídia televisiva no Brasil tem vocação comercial e de entretenimento e nasceu num momento de crescimento dos centros urbanos. A estreia aconteceu em julho de 1950 na TV de Assis Chateubriand (Diário da Noite, Diário de São Paulo, revista O Cruzeiro, Rádio Tupi), com a apresentação do Frei José Mojica (suporte de técnicos da RCA) no canal que viria a ser a TV Tupi. O primeiro programa de TV foi transmitido em 1950: um show com direção de Cassiano Gabus Mendes para 200 televisores na cidade de São Paulo: TV na Taba, com 2 horas de duração e convidados famosos (PATERNOSTRO, 1987). O primeiro telejornal foi Imagens do Dia na Tv Tupi SP, no ano do nascimento da TV mas o primeiro sucesso foi Repórter Esso (1953) que ficou no ar 20 anos. O Jornal de Vanguarda (Excelsior Rio, em 1962-1965) inovou com vários locutores (entre eles Cid Moreira) abandonando o estilo radiofônico.
A programação da TV foi influenciada pelo rádio com debates, tele-teatros, humorísticos, música erudita na grade de programação e versões de programas já consagrados: Balança mas não cai, O Repórter Esso, Chacrinha. Foram criados programas de gêneros variados: Noite de Gala (Flávio Cavalcanti - TV Rio), Almoço com as Estrelas (Rio e São Paulo), O Céu é o Limite (Rio e SP): precursor de programas de perguntas e respostas e criador do bordão do J.Silvestre absolutamente certo!, Sítio do Picapau Amarelo, gincana Paulistas e Cariocas. A democratização do acesso aos aparelhos de televisão possibilitou a ampliação da TV e da audiência, com a criação de novas necessidades de consumo, impulsionadas pela publicidade e a briga pela audiência. Surgiam os programas com patrocínio: Grande Gincana Kibon, Teatro Walita...
A tv em cores A TV em cores foi viabilizada nos EUA em 1950. Padrões mais utilizados: Americano NTSC (National System Committee) Francês SECAM (Séquentiel en Couleurs et à Mémoire) Alemão PAL (Phase Alternative Line). No Brasil foi utilizado o PAL-M (compatibilizado com o padrão preto e branco norte-americano). Nos anos 60, os EUA tentavam alinhar toda a AL de acordo com seus interesses comerciais. Todo o continente americano aderiu à tecnologia NTSC com exceção do que viria a ser o Mercosul (Argentina, Paraguai, Uruguai utilizaram o PAL-N) e o Brasil (PAL-M). (ALBORNOZ, LEIVA, 2012). A 1ª transmissão em cores no Brasil foi na TV Difusora de Porto Alegre, na Festa da Uva, em 1972. Era das telecomunicações globais: A primeira transmissão via satélite entre os EUA e Europa foi em 1962. O lançamento do primeiro satélite comercial (INTELSAT I) foi em 1965. A Rússia criou o próprio sistema (INTERSPUTNIK) e no Ocidente foi formado consórcio com mais de 100 países (INTELSAT).
O primeiro programa em rede foi o Jornal Nacional, em 1º de setembro de 1969, transmitido ao vivo via Embratel para a rede, consolidando a liderança em um ambiente de repressão instaurado após o golpe militar em 1964 (censura prévia a todos os programas nos anos 70). A revolução do VT A utilização do videotape (VT) possibilitou a melhoria na eficiência da produção, economia de custo e tempo, melhor qualidade nos programas e mais investimento em novelas, com a produção de telenovelas diárias na TV Excelsior e TV Tupi (PATERNOSTRO, 1987). Na década de 60 surge a TV Globo, associada ao grupo americano Time Life, que implanta o esquema de rede (afiliadas espalhadas pelo país). Surge a Embratel (Empresa Brasileira de Telecomunicações) que interliga o Brasil através de linhas básicas de micro-ondas e adere ao consórcio Intelsat.
Incêndios, dívidas e os novos canais Nos anos 70, Record e Bandeirantes tiveram o acervo queimado em incêndios. A TV Excelsior teve a concessão cassada pelo regime militar. Em 1980 a concessão da TV Tupi foi cassada por problemas financeiros e as emissoras foram divididas entre Sílvio Santos e Adolfo Bloch. Em 1981 a TVS passou a integrar o SBT (Sistema Brasileiro de Televisão) com altos índices de audiência e programação popular. A Rede Manchete foi inaugurada em 1983 com documentários e programas criados por produtoras independentes, marcando a terceira fase da TV brasileira. No final dos anos 80 houve o desmonte da estrutura estatal de telecomunicações e o início do sucateamento das TVs educativas e públicas. Em 2007 a EBC (Empresa Brasileira de Comunicações) tentou resgatar o espírito da TV pública mas tem transmissão restrita a grandes centros.
A era da TV digital: O legado da criação do Sistema Brasileiro de Televisão Digital Terrestre rompeu com a hegemonia americana e europeia de produção da tecnologia do setor televisivo, consolidando uma liderança regional do Brasil na AL e em parte dos países da América Central. O fim do sinal analógico consolida o desafio de uma TV com melhor qualidade de imagem num país de grandes dimensões geográficas e que respondeu rapidamente à mudança com a popularização da venda de telas de alta definição através de crediários de longo prazo. Mas a interatividade do sistema Ginga é incipiente. As TVs comerciais interagem com o público na segunda tela (em mídias sociais e sites) em programas de entretenimento.
Conteúdo produzido pelo público Os telejornais têm exibido conteúdo produzido pelo conteúdo como um efeito da convergência das mídias (TVTem e edição regional da Record). Vídeos produzidos pela audiência e utilizados como fonte da informação aproximam o telejornal do público com um ênfase em assuntos de interesse da população (chuva, acidentes de trânsito, denúncias). Perfumaria: o apresentador do Jornal Nacional William Bonner começou no ano passado a postar selfies, a fazer vídeos direto da redação e a publicar fotos de bastidores. O JR começou também a publicar no FB vídeos da apresentadora Adriana Araújo com notícias de forma bastante descontraída. Os apresentadores gravaram vídeo com resposta ao internauta em vídeo sobre como é a vida deles fora das telas (5.727 views).
Selfie do Bonner durante a maquiagem em fevereiro: 31 mil curtidas
Entretenimento e jornalistas O jornalismo se dilui em entetenimento e os jornalistas que antes apresentavam as principais notícias do dia agora vão apenas entreter o público na fusão do gênero jornalístico com gêneros cultural.
Novas narrativas jornalísticas na internet e na tv O estúdio Fluxo (Bruno Torturra, Mídia Ninja) lançou em fevereiro o programa Cortex, passeios em conversas sem cortes (2 horas de gravação). Na estreia o professor Paulo Saldiva (Faculdade de Medicina da USP) falou de zica, medidas de urgência e da cidade como ecossistema e a necessidade de recompor a gestão pública da saúde. Felipe Sian no JN grava reportagem em 360 em Bento Rodrigues. https://vimeo.com/147967710