Sinergismo na combinação de glifosato e saflufenacil para o controle de buva 1

Documentos relacionados
ASSOCIAÇÃO DE GLIFOSATO E SAFLUFENACIL NO CONTROLE DE BUVA (Conyza bonariensis) EM PRÉ-EMERGÊNCIA DA SOJA 1

HERBICIDAS ALTERNATIVOS PARA O CONTROLE DE BUVA RESISTENTE AO GLYPHOSATE EM DIFERENTES ESTDIOS DE DESENVOLVIMENTO

ALTERNATIVAS PARA MANEJO OUTONAL DE BUVA (Conyza sp.)

DESSECAÇÃO TARDIA DE Ambrosia artemisiifolia L. NA PRÉ SEMEADURA DA SOJA. 1

Comissão de Controle de Plantas Daninhas Fitotoxicidade a Cultivares de Soja em Função da Aplicaçâo do Herbicida Imazapyr+Imazapic

MANEJO DE PLANTAS DANINHAS APRESENTANDO PERDA DE SENSIBILIDADE AO GLYPHOSATE NA CULTURA DO MILHO RR

ESALQ/USP Christoffoleti, P.J.

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 822

USO DE HERBICIDAS PÓS-EMERGENTES NO MANEJO DE PLANTAS DANINHAS EM MILHO PIPOCA

Avena fatua RESISTENTE AO HERBICIDA CLODINAFOPE-PROPARGIL: PRIMEIRO CASO NO BRASIL

Autores: considerado como não seletivo, atuando apenas em pósemergência

AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO HERBICIDA CLOMAZONE, APLICADO NA DESSECAÇÃO, NO CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS NA CULTURA DO ALGODÃO

Avaliação de dose resposta em biótipos de buva resistentes ao glifosato 1

Interação de coberturas de solo e herbicidas no manejo de Conyza bonariensis resistente ao glifosato

EFICÁCIA DO HERBICIDA CLOMAZONE, APLICADO NA DESSECAÇÃO, NO CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS NA CULTURA DO ALGODÃO

AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE CONTROLE RESIDUAL DE PLANTAS DANINHAS DO HERBICIDA CLOMAZONE, APLICADO NA DESSECAÇÃO, NA CULTURA DO ALGODÃO

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 577 INTRODUÇÃO

RESUMO:Avaliou-se a influência do controle químico e mecânico de diferentes

FITOTOXICIDADE DE ALTERNATIVAS HERBICIDAS PARA A CULTURA DO TOMATE PARA PROCESSAMENTO INDUSTRIAL

INTERFERÊNCIA DA INFESTAÇÃO DE PLANTAS VOLUNTÁRIAS NO SISTEMA DE PRODUÇÃO COM A SUCESSÃO SOJA E MILHO SAFRINHA

RESUMO: O valor adaptativo de uma espécie consiste na sua capacidade de

ESTRATÉGIAS DE MANEJO DE PLANTAS DANINHAS COM PERDA DE SENSIBILIDADE AO GLYPHOSATE NA CULTURA DO MILHO RR

Vitória da Conquista, 10 a 12 de Maio de 2017

ÉPOCAS DE APLICAÇÃO COMPLEMENTAR DE GRAMOCIL NO MANEJO QUIMICO DA BUVA (Conyza sp.)

RESISTÊNCIA AO GLYPHOSATE EM BIÓTIPOS DE Conyza bonariensis

Controle de Conyza bonariensis (L.) Cronquist

Objetivos da palestra

PULVERIZAÇÕES FOLIARES NA RECUPERAÇÃO DE MUDAS DE CAFÉ ARÁBICA INTOXICADAS POR GLIFOSATO 1 RESUMO

MANEJO DE AZEVÉM RESISTENTE AO GLYPHOSATE EM POMARES DE MAÇÃ COM HERBICIDA SELECT (CLETHODIM)

HERBICIDAS EM PÓS-EMERGÊNCIA EM CAMPO DE PRODUÇÃO DE SEMENTES DE BRAQUIÁRIA BRS PIATÃ

Manejo de Conyza bonariensis com glyphosate + 2,4-D e amônio-glufosinate em função do estádio de desenvolvimento 1

Revista Ciência Agronômica ISSN: Universidade Federal do Ceará Brasil

SISTEMAS DE MANEJO DE PLANTAS DANINHAS PARA SEMEADURA DIRETA DA CULTURA DA MAMONA

RESPOSTA DE BIÓTIPOS DE Borreria latifolia DO SUDOESTE DO PARANÁ E NORTE DE SANTA CATARINA AO HERBICIDA GLYPHOSATE

CONTROLE DE Macroptilium lathyroides COM HERBICIDAS APLICADOS EM PÓS-EMERGÊNCIA INICIAL

Identificação e controle de biótipos resistentes de Digitaria insularis (L.) Fedde ao glyphosate 1

DESSECAÇÃO DE PLANTAS DANINHAS E SELETIVIDADE DE HERBICIDAS PARA SOJA (RR) CULTIVADA NO SISTEMA DE PLANTIO DIRETO 1

Efeito da adição do 2,4-D ao glyphosate para o controle de espécies de plantas daninhas de difícil controle 1

POPULAÇÕES DE CORDA-DE-VIOLA (Ipomoea spp.) DA REGIÃO SUDOESTE DO PARANÁ: PRINCIPAIS ESPÉCIES E TOLERÂNCIA AO GLYPHOSATE

RESPOSTA DE Borreria latifólia E Richardia brasiliensis A DOSES DO HERBICIDA GLYPHOSATE EM PÓS-EMERGÊNCIA

INFLUÊNCIA DA APLICAÇÃO FOLIAR DE MANGANÊS NO DESENVOLVIMENTO DA SOJA GENETICAMENTE MODIFICADA SUBMETIDA A DOSES DE GLYPHOSATE

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 625

MATURAÇÃO ANTECIPADA DA CULTURA DE TRIGO: PRODUTIVIDADE DE GRÃOS E QUALIDADE DAS SEMENTES

SELETIVIDADE DOS HERBICIDAS BENTAZON E NICOSULFURON PARA Crotalaria juncea e Crotalaria spectabilis

EFEITO DE DIFERENTES SISTEMAS DE TRATAMENTO DE SEMENTES COM CLORETO DE MEPIQUAT, SOBRE O CRESCIMENTO DAS PLANTAS DE ALGODOEIRO

CONTROLE DE Euphorbia heterophylla E Ipomoea grandifolia COM A UTILIZAÇÃO DE GLYPHOSATE ISOLADO OU EM ASSOCIAÇÃO COM LATIFOLICIDAS 1

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 869

SELETIVIDADE DOS HERBICIDAS BENTAZON E NICOSULFURON PARA Crotalaria juncea e Crotalaria spectabilis

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 774

Modelos e inferência para um experimento em blocos casualizados para o número de vagens em soja RESUMO

Efeito de concentrações de carfentrazone-ethyl no solo no desenvolvimento de cultivares de sorgo 1

INTERFERÊNCIA E NÍVEL DE DANO ECONÔMICO DE PAPUÃ EM FEIJÃO DO TIPO PRETO EM FUNÇÃO DE DIFERENTES DENSIDADES DE SEMEADURA

Marque a opção do tipo de trabalho que está inscrevendo: ( X ) Resumo ( ) Relato de Caso EFEITO DO USO DE ADJUVANTES NA CULTURA DA SOJA

PROGRAMAS DE MANEJO DE PLANTAS DANINHAS NA CULTURA DO FEIJÃO-CAUPI EM SINOP-MT

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 971

Eficiência da aplicação da mistura de glyphosate com saflufenacil sobre plantas de Brachiaria decumbens 1

Resistência de Capim-Amargoso aos herbicidas haloxyfopmethyl e fenoxaprop-p-ehtyl em biótipos da região centrooeste.

CRESCIMENTO DO PINHÃO MANSO (Jatropha curcas L.) EM FUNÇÃO DE NÍVEIS DE ÁGUA E ADUBAÇÃO NITROGENADA

SOJA E MILHO RESISTENTES AO GLIFOSATO NOS SISTEMAS AGRÍCOLAS DE PRODUÇÃO SEMEANDO O FUTURO

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 829

RESUMO. Palavras-Chaves: Daucus carota, Lactuca sativa, eficiência agronômica.

CONTROLE DE CAPIM-AMARGOSO COM DIFERENTES MISTURAS

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 1189

Efeito de diferentes doses de glifosato na cultura da soja. Effect of different doses of glyphosate in soybean

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO SUL DE MINAS GERAIS CÂMPUS MACHADO. Jéssica Cursino Presoto

AVALIAÇÃO DAS DOSES RESPOSTAS DO GLIFOSATO ISOLADO E EM MISTURAS EM BIÓTIPOS RESISTENTE E SENSÍVEIS DA ESPÉCIE Conyza bonariensis.

MANEJO DE PLANTAS DANINHAS EUDICOTILEDÔNEAS NA ENTRESSAFRA

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 1196

UM PROGRAMA COMPLETO PARA CONTROLAR AS DANINHAS RESISTENTES.

CONTROLE QUÍMICO DE DIFERENTES POPULAÇÕES DE Digitaria insularis (CAPIM-AMARGOSO)

AVALIAÇÃO DA PRODUTIVIDADE DE MILHOS HÍBRIDOS CONSORCIADOS COM Brachiaria brizantha cv. MARANDÚ

MATERIAL E MÉTODOS RESULTADOS E DISCUSSÃO

ATIVIDADE RESIDUAL DE TRIFLURALIN PARA O CONTROLE DE QUATRO ESPÉCIES DE AMARANTHUS INTRODUÇÃO

Herbicidas de uso potencial no controle de buva e sua seletividade sobre aveia e azevém 1

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 1006

SELETIVIDADE DO HERBICIDA SAFLUFENACIL A Eucalyptus urograndis 1

Desenvolvimento e aperfeiçoamento de sistemas de produção de sorgo sacarino em área de reforma de canaviais¹

DESSECAÇÃO Preparando a semeadura. Mauro Antônio Rizzardi 1

SUPRESSÃO QUÍMICA DO CRESCIMENTO DE Panicum maximum CV. ARUANA CULTIVADO EM CONSÓRCIO COM A SOJA

APLICAÇÃO DE MESOTRIONE, MESOTRIONE MAIS ATRAZINE E GLYPHOSATE SOBRE PLANTAS DE LARANJA

MANEJO DO BIÓTIPO DA ESPÉCIE Conyza bonariensis RESISTENTE AO HERBICIDA GLYPHOSATE NO MUNICÍPIO DE CAMPO MOURÃO

Introdução. Soja e milho tolerantes ao glifosato em áreas com plantas daninhas resistentes

Resistência de plantas daninhas à herbicidas. no Brasil e no mundo

CONTROLE DE SOJA TIGUERA COM DIFERENTES DOSES DE ATRAZINE EM MILHO SAFRINHA CONSORCIADO COM Brachiaria ruziziensis

O que é resistência de plantas daninhas a herbicidas?

RESPOSTA DO ALGODOEIRO A CLORETO DE MEPIQUAT E CLORETO DE MEPIQUAT + CICLANILIDA (*)

MONITORAMENTO DA SUSCETIBILIDADE DO CAPIM-AMARGOSO AO HERBICIDA GLYPHOSATE NO SUL DE MINAS GERAIS

SELETIVIDADE DE HERBICIDAS AO SORGO SACARINO

INTERAÇÃO ENTRE HERBICIDAS INIBIDORES DA ACCASE E DIFERENTES FORMULAÇÕES DE GLYPHOSATE NO CONTROLE DE CAPIM-AMARGOSO 1

Análise do crescimento de plantas de cebola (Allium cepa L.) em função de doses de nitrogênio em semeadura direta.

RESISTÊNCIA AO GLYPHOSATE EM BIÓTIPOS DE BUVA (Conyza spp.) DAS REGIÕES OESTE E SUDOESTE DO PARANÁ 1

Palavras-chave - Sorghum bicolor, tolerância, controle químico, plantas daninhas.

EFICIÊNCIA DE DIFERENTES PRINCÍPIOS ATIVOS COMO HERBICIDAS NO CONTROLE DA BUVA E SUA VIABILIDADE ECONÔMICA

MANEJO DE BUVA (Conyza spp.) E DE AZEVÉM (Lolium multiflorum) RESISTENTES AO GLIFOSATO

EFEITO HORMESIS EM CAPIM-BRAQUIÁRIA (Brachiaria decumbens)

Tolerância de genótipos de sorgo biomassa a herbicidas préemergentes

Herbicidas alternativos no controle de Bidens pilosa e Euphorbia heterophylla resistentes a inibidores de ALS na cultura do algodão 1

Características e manejo de azevém resistente ao glyphosate

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 797

Transcrição:

Sinergismo na combinação de glifosato e saflufenacil para o controle de buva 1 Giliardi Dalazen 2, Nelson Diehl Kruse 3, Sérgio Luiz de Oliveira Machado 3, Andrisa Balbinot 3 ABSTRACT Synergism of the glyphosate and saflufenacil combination for controlling hairy fleabane In Brazil, hairy fleabane stands out among the main weeds of soybean crops, due to its aggressiveness and resistance to glyphosate. Thus, to avoid the selection of resistant populations to the glyphosate herbicide, the use of other herbicides has become critical to the management of this weed. This study aimed to evaluate the control efficiency of glyphosate and saflufenacil herbicides in hairy fleabane plants (Conyza bonariensis), as well as the type of interaction of the combination of those herbicides for controlling glyphosate-resistant hairy fleabane. A randomized blocks design, with four replications, was used. Treatments consisted of glyphosate doses ( g ha -1 ; 27 g ha -1 ; 5 g ha -1 ; 1, g ha -1 ; 2,1 g ha -1 ; 4,3 g ha -1 ; 8,6 g ha -1 ; 17,2 g ha -1 ) combined with saflufenacil ( g ha -1 ;.55 g ha -1 ; 1.9 g ha -1 ; 2.18 g ha -1 ; 4.37 g ha -1 ; 8.75 g ha -1 ; 17.5 g ha -1 ; 35 g ha -1 ), making six dose-response curves. A synergistic effect was observed between the glyphosate and saflufenacil herbicides for controlling the glyphosate-resistant hairy fleabane, being the mixture considered efficient for the biotype studied. Furthermore, the addition of glyphosate (5 g ha -1 ) to the saflufenacil herbicide (35 g ha -1 ) prevented the occurrence of regrowth and the dispersion of new hairy fleabane seeds, what does not occur in plants treated exclusively with saflufenacil. KEY-WORDS: Conyza bonariensis; synergistic effect; herbicide. RESUMO No Brasil, a buva destaca-se entre as principais plantas daninhas da cultura da soja, devido à sua agressividade e resistência ao glifosato. Dessa forma, para evitar a seleção de populações resistentes ao herbicida glifosato, o uso de outros herbicidas tornou-se fundamental para o manejo dessa planta daninha. Este estudo objetivou avaliar a eficiência de controle dos herbicidas glifosato e saflufenacil em plantas de buva (Conyza bonariensis), bem como o tipo de interação da combinação desses herbicidas no controle de buva resistente a glifosato. O delineamento utilizado foi o de blocos ao acaso, com quatro repetições. Os tratamentos foram compostos por combinações de doses de glifosato ( g ha -1 ; 27 g ha -1 ; 5 g ha -1 ; 1. g ha -1 ; 2.1 g ha -1 ; 4.3 g ha -1 ; 8.6 g ha -1 ; 17.2 g ha -1 ) e saflufenacil ( g ha -1 ;,55 g ha -1 ; 1,9 g ha -1 ; 2,18 g ha -1 ; 4,37 g ha -1 ; 8,75 g ha -1 ; 17,5 g ha -1 ; 35 g ha -1 ), formando seis curvas de dose-resposta. Houve efeito sinérgico entre os herbicidas glifosato e saflufenacil para o controle de buva resistente ao glifosato, sendo a mistura considerada eficiente para o biótipo estudado. Além disso, a adição de glifosato (5 g ha -1 ) ao herbicida saflufenacil (35 g ha -1 ) preveniu a ocorrência de rebrote e a dispersão de novas sementes de buva, o que não ocorre em plantas tratadas apenas com saflufenacil. PALAVRAS-CHAVE: Conyza bonariensis; efeito sinérgico; herbicida. INTRODUÇÃO Com o uso intensivo de glifosato, populações de buva resistentes a esse herbicida foram identificadas em lavouras de soja do Brasil, a partir do ano de 5 (Lamego & Vidal 8). Atualmente, a buva destaca-se como a planta daninha resistente ao glifosato com maior distribuição mundial (Heap 14). Devido à rápida seleção e dispersão da resistência, o controle dessa planta tornou-se ineficiente quando utilizado apenas o herbicida glifosato, demandando a adoção de novas estratégias de controle, tal como a combinação com outro herbicida (Culpepper 6, Wilson et al. 7). O glifosato é um herbicida não seletivo, que inibe a atividade da enzima 5- enolpiruvil-chiquimato-3-fosfato sintase (EPSPS), responsável pela síntese dos aminoácidos triptofano, fenilalanina e tirosina 1. Trabalho recebido em jan./15 e aceito para publicação em jun./15 (http://dx.doi.org/1.159/1983-6315v453378). 2. Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Faculdade de Agronomia, Departamento de Plantas de Lavoura, Porto Alegre, RS, Brasil. E-mail: giliardidalazen@gmail.com. 3. Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Departamento de Defesa Fitossanitária, Santa Maria, RS, Brasil. E-mails: nelsondkruse@gmail.com, slomachado@yahoo.com.br, andribalbinot@hotmail.com.

25 G. Dalazen et al. (15) (Zablotowicz & Reddy 7). Depois de aplicado, move-se prontamente através do floema, seguindo a rota dos produtos da fotossíntese (Rodrigues & Almeida 11). Como herbicida alternativo para ser misturado ao glifosato no controle de buva resistente a este herbicida encontra-se o saflufenacil, que é um novo herbicida inibidor da enzima protoporfirinogênio IX oxidase (PPO) (Grossmann et al. 1), que catalisa a conversão do protoporfirinogênio IX para protoporfirina IX. O bloqueio dessa rota metabólica previne a síntese de clorofila e citocromos no cloroplasto, além de gerar espécies reativas de oxigênio no citosol, com posterior estresse oxidativo nas membranas e extravasamento do conteúdo celular (Beale & Weistein 199). O saflufenacil foi comercialmente introduzido no Brasil em 13 e em outros países em 1, sendo recomendado para a dessecação de culturas, controle em pré-semeadura e como herbicida pré-emergente, para a maioria das plantas daninhas eudicotiledôneas (Grossmann et al. 11). Historicamente, a combinação de glifosato com herbicidas inibidores da enzima PPO, tais como o fomesafen e sulfentrazone, resulta em antagonismo, devido à rápida destruição dos tecidos causada por herbicidas de contato, reduzindo a eficiência de ambos os herbicidas (Starke & Oliver 1998, Shaw & Arnold 2). No entanto, ao contrário dos demais herbicidas inibidores da enzima PPO, o saflufenacil apresenta propriedades físico-químicas que permitem a sua mobilidade via floema (Ashigh & Hall 1) e, consequentemente, a combinação com glifosato, sem que haja prejuízo significativo em seu efeito. Este estudo objetivou avaliar a eficiência de controle dos herbicidas glifosato e saflufenacil em plantas de buva, bem como o tipo de interação da combinação de glifosato e saflufenacil no controle de buva resistente a glifosato. MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi realizado em área experimental do Departamento de Defesa Fitossanitária da Universidade Federal de Santa Maria (RS), no ano agrícola de 11/12. A população de plantas foi oriunda da estação experimental da Unicruz, em Cruz Alta (RS), em área com histórico de ocorrência de biótipos de Conyza bonariensis resistentes ao herbicida glifosato. O experimento foi conduzido em casa-de- -vegetação, em delineamento de blocos ao acaso, com quatro repetições, sendo os tratamentos organizados em seis curvas de dose-resposta, cada uma delas com oito doses dos herbicidas glifosato, saflufenacil e combinações de ambos. Os tratamentos (Tabela 1) foram organizados em esquema bifatorial, onde os fatores A e B correspondem aos herbicidas glifosato e saflufenacil, respectivamente. Foram avaliados o controle da buva, em percentagem, aos 7, 1, 14 e 21 dias após a aplicação (DAT), seguindo-se a escala de a descrita por Frans & Crowley (1986), e a massa de matéria seca da parte aérea (MMSPA), avaliada aos. Os tratamentos foram aplicados 45 dias após o transplante das mudas para os vasos, quando as plantas de buva encontravam-se em estágio de roseta, com média de 38 folhas e 1,77 cm de estatura. A aplicação dos tratamentos foi realizada com pulverizador costal pressurizado com gás carbônico, utilizando-se pontas do tipo leque XR 12, com pressão de kpa e volume de calda equivalente a L ha -1. As condições meteorológicas eram adequadas no momento da aplicação dos tratamentos (T: 24,6 ºC; UR: 78 %). Tabela 1. Tratamentos aplicados sobre plantas de buva (Conyza bonariensis), arranjados em seis curvas de doseresposta, com os herbicidas glifosato, saflufenacil e combinações de ambos (Santa Maria, RS, ano agrícola de 11/12). Curva de dose-resposta (CDR) CDR1 CDR2 CDR3 Saflufenacil (g ha -1 ),,55 1,9 27 27 27 5 5 5 Glifosato (g ha -1 ) I 1. 1. 1. 2.1 2.1 2.1 4.3 4.3 4.3 8.6 8.6 8.6 17.2 17.2 17.2 CDR4 CDR5 CDR6 Glifosato (g ha -1 ) 27 5,,,,55,55,55 1,9 1,9 1,9 Saflufenacil (g ha -1 ) 2,18 2,18 2,18 4,37 4,37 4,37 8,75 8,75 8,75 17,5 17,5 17,5 35, 35, 35, I Sal de isopropilamina de N-(fosfometil) glicina (3 g L -1 ).

Sinergismo na combinação de glifosato e saflufenacil para o controle de buva 251 Os resultados de controle e MMSPA das curvas de dose-resposta foram ajustados pelo modelo de regressão não linear log-logística (Seefeldt et al. 1995), utilizando-se o aplicativo computacional SAS. As regressões de avaliação visual de controle para os herbicidas glifosato e saflufenacil foram ajustadas pelos modelos não lineares logístico e sigmoidal, respectivamente. Para avaliar o tipo de interação da mistura de glifosato e saflufenacil (sinergismo, aditividade ou antagonismo), empregou-se o método 1 DAT CDR1 y=7253,8/(1+(x/23,1) -19585614,6 (R 2 =1,) y=66,3/(1+(x/79672,9) -,478 (R 2 =,97) y=11,9/(1+(x/17,1) -,748 (R 2 =,99) y=117,2/(1+(x/3785,2) -1,421 (R 2 =,97) 27 5 1 21 43 86 172 glyphosate (g ha -1 ) Figura 1. Avaliação visual de controle de buva (Conyza doses de glifosato, aos 7, 1, 14 e 21 dias após a aplicação dos tratamentos (DAT) (Santa Maria, RS, ano agrícola de 11/12). de Colby (1967). A significância estatística foi obtida pela comparação de dois tratamentos de amostras independentes, pelo teste t, a 5 %. RESULTADOS E DISCUSSÃO Em relação aos dados de avaliação visual de controle, aos, os sintomas de fitointoxicação foram pouco visíveis nas plantas em que as curvas de dose-resposta tiveram glifosato como o principal herbicida (CDR1, CDR2 e CDR3), apresentando cerca de 15 % de controle (Figuras 1, 2 e 3). Por outro lado, nessa mesma avaliação, nas plantas de buva que receberam os tratamentos em que saflufenacil foi o principal herbicida (CDR4, CDR5 e CDR6), os sintomas de fitointoxicação foram marcantes, sobretudo nas doses de 35 g ha -1 de saflufenacil, apresentando até % de controle (Figuras 4, 5 e 6). Aos 1 e aos, o comportamento foi semelhante ao observado na primeira avaliação, porém, houve incremento no controle em todas as combinações, possivelmente devido ao efeito do glifosato, sobretudo nas maiores doses. Da mesma forma, a adição de saflufenacil contribuiu significativamente para o controle de plantas de buva, sendo que a maior dose da combinação (1,9 g ha -1 de saflufenacil) apresentou maior injúria, em comparação à menor dose (,55 g ha -1 ) (Figuras 2 e 3). Aos, observou-se que as maiores doses de glifosato proporcionaram controle superior a 1 DAT CDR2 y=31/(1+(x/539,9) -,577 (R 2 =,97) y=88,3/(1+(x/8917,4) -,47 (R 2 =,98) y=426,9/(1+(x/921,4) -,396 (R 2 =,99) y=115,9/(1+(x/2187,9) -1,162 (R 2 =,93) 1 DAT CDR3 y=42,4/(1+(x/75,3) -,47 (R 2 =,97) y=163,2/(1+(x/316119) -,219 (R 2 =,98) y=91,9/(1+(x/894,2) -,917 (R 2 =,97) y=115,3/(1+(x/134,1) -,797 (R 2 =,98) 27 5 1 21 43 86 172 27 5 1 21 43 86 172 glyphosate (g ha -1 ) glyphosate (g ha -1 ) Figura 2. Avaliação visual de controle de buva (Conyza doses de glifosato +,55 g ha -1 de saflufenacil, aos 7, 1, 14 e 21 dias após a aplicação dos tratamentos (DAT) (Santa Maria, RS, ano agrícola de 11/12). Figura 3. Avaliação visual de controle de buva (Conyza doses de glifosato + 1,9 g ha -1 de saflufenacil, aos 7, 1, 14 e 21 dias após a aplicação dos tratamentos (DAT) (Santa Maria, RS, ano agrícola de 11/12).

252 G. Dalazen et al. (15) 9 %, na maioria dos tratamentos. Entretanto, cabe ressaltar que essas doses não apresentam significado agronômico, já que são superiores a 4.3 g ha -1 de glifosato, o que corresponde a 24 L ha -1 de produto comercial. Assim como nas demais avaliações, aos, a adição de saflufenacil ao glifosato (CDR2 e CDR3), em ambas as doses utilizadas (,55 g ha -1 e 1,9 g ha -1 ), proporcionou melhor controle, em relação à curva de dose-resposta composta apenas por glifosato (CDR1) (Figuras 1, 2 e 3). CDR4 1 DAT y=78,4/(1+exp(-(x-9,56)/4,26)) (R 2 =,98) y=76,6/(1+exp(-(x-6,31)/3,9)) (R 2 =,97) y=12,8/(1+exp(-(x-17,48)/8,31)) (R 2 =,94) y=87,27/(1+exp(-(x-18,4)/9,43)) (R 2 =,92),55 1,9 2,18 4,37 8,75 17,5 35 saflufenacil (g ha -1 ) Figura 4. Avaliação visual de controle de buva (Conyza doses de saflufenacil, aos 7, 1, 14 e 21 dias após a aplicação dos tratamentos (DAT) (Santa Maria, RS, ano agrícola de 11/12). A adição de saflufenacil ao glifosato no controle de espécies de buva tem se mostrado eficiente em alguns estudos. No caso de C. canadensis, a mistura de 9 g ha -1 de glifosato com 25 g ha -1 de saflufenacil proporcionou controle superior a 95 % das plantas (Byker et al. 13). Em outro trabalho, a adição de glifosato permitiu a redução da dose de saflufenacil, sem que o controle de C. canadensis fosse prejudicado. A aplicação de 25 g ha -1 de saflufenacil, juntamente com glifosato (8 g ha -1 ), proporcionou controle semelhante à aplicação de 5 g ha -1 de saflufenacil isoladamente (Mellendorf et al. 13). Além do controle da buva, é importante ressaltar a importância da combinação de glifosato ao saflufenacil na manutenção desse controle. Embora as doses de glifosato (27 g ha -1 e 5 g ha -1 ) combinadas ao saflufenacil nesses experimentos sejam inferiores àquelas utilizadas no campo (1.-2.1 g ha -1 ), elas foram suficientes para prevenir a ocorrência de rebrote das plantas de buva (Figuras 5 e 6). Portanto, as doses de saflufenacil que estão dentro do intervalo recomendado para o controle de buva (24,5-35 g ha -1 ) promoveram o controle das plantas até o período de duas semanas após a aplicação do herbicida, com ocorrência de rebrote a partir da terceira semana (Figura 4). Entretanto, com a associação de glifosato a essas doses de saflufenacil, não houve a ocorrência de rebrote (Figuras 5 e 6). Resultados semelhantes foram obtidos por Morichetti et al. (12), que, ao estudarem 1 DAT CDR5 y=69,2/(1+exp(-(x-7,26)/4,61)) (R 2 =,9) y=89,3/(1+exp(-(x-8,55)/5,31)) (R 2 =,95) y=89,2/(1+exp(-(x-6,23)/4,35) (R 2 =,92) y=146,5/(1+exp(-(x-26,57)/16,21)) (R 2 =,92) 1 DAT CDR6 y=73,7/(1+exp(-(x-2,85)/1,71)) (R 2 =,94) y=86,6/(1+exp(-(x-2,78)/1,87)) (R 2 =,95) y=88,4/(1+exp(-(x-1,78)/2,2)) (R 2 =,92) y=95,53/(1+exp(-(x-4,79)/7,2)) (R 2 =,95),55 1,9 2,18 4,37 8,75 17,5 35 saflufenacil (g ha -1 ),55 1,9 2,18 4,37 8,75 17,5 35 saflufenacil (g ha -1 ) Figura 5. Avaliação visual de controle de buva (Conyza doses de saflufenacil + 27 g ha -1 de glifosato, aos 7, 1, 14 e 21 dias após a aplicação dos tratamentos (DAT) (Santa Maria, RS, ano agrícola de 11/12). Figura 6. Avaliação visual de controle de buva (Conyza doses de saflufenacil + 5 g ha -1 de glifosato, aos 7, 1, 14 e 21 dias após a aplicação dos tratamentos (DAT) (Santa Maria, RS, ano agrícola de 11/12).

Sinergismo na combinação de glifosato e saflufenacil para o controle de buva 253 a eficiência de controle de saflufenacil aplicado em pós-emergência sobre Commelina benghalensis e Amaranthus palmeri, constataram que o controle foi melhor aos, com redução na eficiência aos 14 e 28 DAT, devido à recuperação das plantas. Da mesma forma, na figura 4 (doses de saflufenacil sem a adição de glifosato), pode-se observar que os melhores níveis de controle ocorrem aos 7 e 1 DAT, com redução do efeito aos 14 e, devido à recuperação das plantas. O aumento da dose de glifosato proporcionou redução na produção de massa de matéria seca da parte aérea (MMSPA) da buva avaliada aos (Figura 7). Para a CDR1, a dose de herbicida que proporcionou a redução de 5 % da MMSPA (GR 5 ) foi de 1.155,9 g ha -1 de glifosato. Na CDR2, com a adição de,55 g ha -1 de saflufenacil à curva de dose-resposta composta por glifosato (CDR1), ocorreu redução da MMSPA e, consequentemente, da GR 5 de glifosato, em relação à aplicação apenas de glifosato. Ao se adicionar saflufenacil, a GR 5 foi reduzida para 692 g ha -1 de glifosato. De forma semelhante, na CDR3, ao se adicionar 1,9 g ha -1 de saflufenacil às diferentes doses de glifosato, também ocorreu redução na GR 5, sendo de 788 g ha -1 de glifosato. Assim como na GR 5, com a adição de saflufenacil ao glifosato, também houve redução na MMSPA das plantas de buva. A alta GR 5 (1.155,9 g ha -1 de glifosato) indica que a população de buva utilizada neste estudo é resistente a este herbicida. Moreira et al. (7) encontraram valores de GR 5 em torno de 75 g ha -1 de glifosato, para a mesma variável (MMSPA), em população de C. bonariensis considerada resistente. Para as curvas de dose-resposta em que saflufenacil foi o principal herbicida (CDR4, CDR5 e CDR6) (Figura 8), as respostas foram semelhantes ao comportamento observado ao se utilizar glifosato como herbicida principal. Ou seja, a adição de glifosato às doses de saflufenacil proporcionou redução na produção de MMSPA e também nas GR 5. Na curva de dose-resposta formada apenas pela variação das doses de saflufenacil (-35 g ha -1 ) (CDR4), a GR 5 para este herbicida foi de 5,43 g ha -1. Nas duas demais curvas de dose-resposta em que saflufenacil foi o principal herbicida, ao se misturar 27 g ha -1 (CDR5) e 5 g ha -1 de glifosato (CDR6), as GR 5 foram reduzidas para 1,18 g ha -1 e,7 g ha -1 de saflufenacil, respectivamente, demonstrando a contribuição do glifosato ao saflufenacil no controle das plantas de buva. O aumento da dose de saflufenacil promoveu redução na MMSPA, assim como ocorreu para as curvas de dose-resposta em que se adicionou saflufenacil ao glifosato. Embora a maioria das doses de saflufenacil utilizadas neste trabalho possa ser considerada baixa, em relação àquelas recomendadas pelo fabricante para C. bonariensis (24,5-35 g ha -1 ), a visualização Massa de matéria seca da parte aérea (g pl -1 ) 2,6 2,4 2,2 2, 1,8 1,6 1,4 1,2 CDR1- glifosato CDR2- glifosato +,55 g de saflufenacil CDR3- glifosato + 1,9 g de saflufenacil y=,75+(2,44-,75)/[1+exp{,58(ln x - Ln 1.155,9})] (R 2 =,93) y=,81+(1,94-,81)/[1+exp{,68(ln x - Ln 692})] (R 2 =,78) y=,82+(1,78-,82)/[1+exp{,74(ln x - Ln 788,8})] (R 2 =,85) Massa de matéria seca da parte aérea (g pl -1 ) 2,6 2,4 2,2 2, 1,8 1,6 1,4 1,2 CDR4- saflufenacil CDR5- saflufenacil + 27 g de glifosato CDR6- saflufenacil + 5 g de glifosato y=,+(2,44-,)/[1+exp{,52(ln x - Ln 5,43})] (R 2 =,92) y=,95+(1,85-,95)/[1+exp{,89(ln x - Ln 1,18})] (R 2 =,82) y=,95+(1,85-,95)/[1+exp{1,85(ln x - Ln,7})] (R 2 =,81) 1, 1,,8 27 5 1 21 43 86 172,8,55 1,9 2,19 4,38 8,75 17,5 35 glifosato (g ha -1 ) saflufenacil (g ha -1 ) Figura 7. Massa de matéria seca da parte aérea (g planta -1 ) de buva (Conyza bonariensis), em resposta a aplicações de glifosato e saflufenacil, aos 21 dias após a aplicação dos tratamentos () (Santa Maria, RS, ano agrícola de 11/12). Figura 8. Massa de matéria seca da parte aérea (g planta -1 ) de buva (Conyza bonariensis), em resposta a aplicações de saflufenacil e glifosato, aos 21 dias após a aplicação dos tratamentos () (Santa Maria, RS, ano agrícola de 11/12).

254 G. Dalazen et al. (15) do efeito da mistura desse herbicida com glifosato poderia ser prejudicada, caso as doses fossem maiores. Os resultados obtidos podem ser associados a trabalhos realizados com outra espécie de buva (Conyza canadensis) e também com outras plantas daninhas. Geier et al. (9), estudando a eficiência de saflufenacil sobre Chorispora tenella, Descurainia sophia, Amaranthus palmeri, Amaranthus retroflexus e Amaranthus albus, verificaram que a aplicação de 9 g ha -1 proporcionou redução de biomassa superior a 9 %, para todas as espécies estudadas. Os resultados referentes à análise do efeito da interação dos herbicidas pelo método de Colby (1967) sobre a variável produção de MMSPA demonstram que todos os valores esperados para a mistura foram superiores aos valores observados (t <,5), independentemente das doses (Tabela 2). Para a avaliação visual de controle aos, o comportamento foi semelhante ao observado para a MMSPA, ou seja, os efeitos foram mais satisfatórios do que os valores esperados pelo método de Colby (1967). Desse modo, os resultados obtidos demonstram a ocorrência de sinergismo entre os herbicidas glifosato e saflufenacil, no controle de buva. O sinergismo observado neste trabalho concorda com os resultados observados por Waggonner et al. (11), em outra espécie de buva (C. canadensis), em que saflufenacil (25 g ha -1 ) e glifosato (1.61 g ha -1 ) obtiveram controles de 65 % e 46 %, respectivamente, aos 3 DAT, enquanto que, ao serem aplicados em mistura, o controle observado foi de 96 %. Aplicando- -se o método de Colby (1967) para esses resultados, o controle esperado seria de 81 %, indicando o efeito sinérgico da mistura. Cabe ressaltar que é recomendada a aplicação de saflufenacil juntamente com adjuvante específico (Grossmann et al. 11). Em trabalho realizado por Ashigh & Hall (1), constatou-se ocorrer maior absorção de saflufenacil, quando misturado com adjuvante e/ou glifosato sobre plantas de repolho. No entanto, observou-se reduzida translocação de glifosato. Segundo os autores, na presença de adjuvante, o herbicida saflufenacil apresenta rápida Tabela 2. Massa de matéria seca da parte aérea (MMSPA) relativa e controle de buva observados e interação esperada pelo método de Colby (1967), em resposta à combinação de glifosato com saflufenacil (Santa Maria, RS, ano agrícola de 11/12). Tratamentos MMSPA relativa (%) aos Glifosato + saflufenacil (g e.a. ha -1 + g i.a. ha -1 ) Esperado Observado Prob t I Esperado Observado Prob t 27 +,55 93,44 61,72 <,1 13,74 16, <,1 5 +,55 93,3 58,34 <,1 23,28 22,5,2 ns 1 +,55 9,47 57,73 <,1 24,44 34,5 <,1 21 +,55 89,2 45,14 <,1 31,65,,2 43 +,55 86,48,94 <,1 67,45 96,25 <,1 27 + 1,9 94,5 59,57 <,1 16,53 23,25 <,1 5 + 1,9 93,92 55,89 <,1 25,75,5 <,1 1 + 1,9 91,35 52, <,1 26,88 47,5 <,1 21 + 1,9 9,4 47,9 <,1 33,85 71,25 <,1 43 + 1,9 87,73 39,61 <,1 68,5 85, <,1 Tratamentos MMSPA relativa (%) Controle aos (%) Saflufenacil + glifosato (g i.a. ha -1 + g e.a. ha -1 ) Esperado Observado Prob t Esperado Observado Prob t 2,18 + 27 92,95 51,38 <,1 25, 3,,6 4,37 + 27 91,15 5,56 <,1 27,66 35,,3 8,75 + 27 87,58 5,67 <,1 33,92 43,75,2 17,5 + 27 87,36 47,59 <,1 42,3 48,,35 35, + 27 85,81 44,1 <,1 76,81 92,5 <,1 2,18 + 5 92, 48,11 <,1 34, 45, <,1 4,37 + 5 9,96 44,63 <,1 35,65 48,5 <,1 8,75 + 5 87,31 47,39 <,1 41,22 57,5 <,1 17,5 + 5 87,9 43, <,1 48,44,,5 35, + 5 85,5 39,3 <,1 79,38 97,5 <,1 I Teste t, com significância na probabilidade indicada; ns não significativo.

Sinergismo na combinação de glifosato e saflufenacil para o controle de buva 255 ação de contato, causando morte de células, o que resulta em menor translocação do glifosato. Da mesma forma, o herbicida saflufenacil, assim como o óleo vegetal concentrado utilizado como adjuvante, causaram aumento da absorção (6 %) e redução na translocação (6 %) do herbicida glifosato, em plantas de C. canadensis. Embora tenha causado redução na translocação, a presença de saflufenacil proporcionou aumento equivalente na absorção do glifosato, o que pode contribuir para a ocorrência de sinergismo (Eubank et al. 13). O tipo de interação resultante das misturas de glifosato com inibidores de PPO tem sido mais frequentemente de antagonismo. Herbicidas que apresentam como sintoma a rápida necrose podem causar a disrupção da membrana celular, inibindo a absorção e translocação de outros herbicidas, quando aplicados em mistura (Eubank et al. 13). No caso do saflufenacil, no entanto, mesmo pertencendo a esse mecanismo de ação, suas características físico- -químicas peculiares (pk a de 4,41 e log K ow de 2,6) lhe conferem caráter sistêmico, o que pode explicar o sinergismo observado. A sua distribuição sistêmica pode ser explicada pelo seu fraco caráter ácido e, também, pela estabilidade metabólica em plantas daninhas dicotiledôneas (Grossmann et al. 11). Essas características o colocam na região limítrofe da mobilidade no floema/ xilema e mobilidade apenas no xilema (Bromilow et al. 199). Embora a quantidade translocada seja similar à de outros herbicidas inibidores de PPO, a aplicação de saflufenacil em apenas uma folha de maria- -pretinha (Solanum americanum) causou a morte da planta, demonstrando a sua translocação, o que não ocorreu com a aplicação de flumioxazin e butafenacil (Grossmann et al. 11). Dessa forma, além de aumentar a quantidade de glifosato absorvida, sem exercer a ação tópica imediata de seus pares inibidores de PPO, o saflufenacil deve permitir a mobilidade de grande parte do glifosato absorvido, resultando, assim, na possível interação sinérgica observada, ao contrário do que ocorre com outros herbicidas inibidores da enzima PPO, quando aplicados juntamente com glifosato. CONCLUSÕES 1. Existe relação sinérgica entre os herbicidas glifosato e saflufenacil no controle de plantas de buva. 2. A aplicação isolada de saflufenacil não é a melhor estratégia de controle de buva, uma vez que as plantas apresentam rebrote a partir da segunda semana após o tratamento. Portanto, a adição de glifosato (5 g ha -1 ) ao herbicida saflufenacil (35 g ha -1 ), além de melhorar o controle da buva, também previne o rebrote das plantas. REFERÊNCIAS ASHIGH, J. J.; HALL, C. Bases for interactions between saflufenacil and glyphosate in plants. Journal of Agricultural and Food Chemistry, Davis, v. 58, n. 12, p. 7335-7343, 1. BEALE, S. I.; WEINSTEIN, J. D. Tetrapyrrole metabolism in photosynthetic organisms. In: DAILEY, H. A. (Ed.). Biosynthesis of heme and chlorophyll. New York: McGraw-Hill, 199. p. 287-391. BROMILOW, R. H. K. et al. Physico-chemical aspects of phloem translocation of herbicides. Weed Science, Champaign, v. 38, n. 3, p. 35-314, 199. BYKER, H. P. et al. Control of glyphosate-resistant Canada fleabane [Conyza canadensis (L.) Cronq.] with preplant herbicide tankmixes in soybean [Glycine max (L). Merr.]. Canadian Journal of Plant Science, Ottawa, v. 93, n. 4, p. 659-667, 13. COLBY, S. R. Calculating synergistic and antagonistic responses of herbicide combinations. Weeds, Urbana, v. 15, n. 1, p. -22, 1967. CULPEPPER, A. S. Glyphosate-induced weed shifts. Weed Technology, Champaign, v., n. 2, p. 277-281, 6. EUBANK, T. W. et al. Saflufenacil efficacy on horseweed and its interaction with glyphosate. Weed Biology and Management, Malden, v. 13, n. 4, p. 135-143, 13. FRANS, R.; CROWLEY, H. Experimental design and techniques for measuring and analyzing plant responses to weed control practices. In: CAMPER, D. (Ed.). Research methods in weed science. 3. ed. Champaign: Southern Weed Science Society, 1986. p. 29-45. GEIER, P. W. et al. Dose responses of five broadleaf weeds to saflufenacil. Weed Technology, Champaign, v. 23, n. 2, p. 313-316, 9. GROSSMANN, K. et al. Saflufenacil (Kixor TM ): biokinetic properties and mechanism of selectivity of a new protoporphyrinogen IX oxidase inhibiting herbicide. Weed Science, Champaign, v. 59, n. 3, p. 29-298, 11. GROSSMANN, K. et al. The herbicide saflufenacil (Kixor TM ) is a new inhibitor of protoporphyrinogen IX oxidase activity. Weed Science, Champaign, v. 58, n. 1, p. 1-9, 1.

256 G. Dalazen et al. (15) HEAP, I. Global perspective of herbicide-resistant weeds. Pest Management Science, Oxford, v. 7, n. 9, p. 136-1315, 14. LAMEGO, F. P.; VIDAL, R. A. Resistência ao glyphosate em biótipos de Conyza bonariensis e Conyza canadensis no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Planta Daninha, Viçosa, v. 26, n. 2, p. 467-471, 8. MELLENDORF, T. G. et al. Influence of plant height and glyphosate on saflufenacil efficacy on glyphosate-resistant horseweed (Conyza canadensis). Weed Technology, Champaign, v. 27, n. 3, p. 463-467, 13. MOREIRA, M. S. et al. Resistência de Conyza canadensis e Conyza bonariensis ao herbicida glyphosate. Planta Daninha, Viçosa, v. 25, n. 1, p. 157-164, 7. MORICHETTI, S. et al. Weed management and peanut response from applications of saflufenacil. Weed Technology, Champaign, v. 26, n. 2, p. 261-266, 12. RODRIGUES, B. N.; ALMEIDA, F. S. Guia de herbicidas. 5. ed. Londrina: Ed. dos Autores, 11. SEEFELDT, S. S. et al. Log-logistic analysis of herbicide dose-response relationships. Weed Technology, Champaign, v. 9, n. 1, p. 218-225, 1995. SHAW, D. R.; ARNOLD, J. C. Weed control from herbicide combinations with glyphosate. Weed Technology, Champaign, v. 16, n. 1, p. 1-6, 2. STARKE, R. J.; OLIVER, L. R. Interaction of glyphosate with chlorimuron, fomesafen, imazetaphyr, and sulfentrazone. Weed Science, Champaign, v. 46, n. 6, p. 652-6, 1998. WAGGONER, B. S. et al. Control of glyphosate-resistant horseweed (Conyza canadensis) with saflufenacil tank mixtures in no-till cotton. Weed Technology, Champaign, v. 25, n. 3, p. 31-315, 11. WILSON, R. G. et al. Glyphosate-induced weed shifts in glyphosate-resistant corn or a rotation of glyphosate-resistant corn, sugarbeet, and spring wheat. Weed Technology, Champaign, v. 21, n. 4, p. 9-99, 7. ZABLOTOWICZ, R. M.; REDDY, K. N. Nitrogenase activity, nitrogen content, and yield responses to glyphosate in glyphosate-resistant soybean. Crop Protection, Guildford, v. 26, n. 3, p. 37-376, 7.