Comunicação Científica Metazoários parasitos de Pterygoplichthys pardalis (Castelnau, 1855) (Siluriformes: Loricariidae) da Amazônia central, Brasil.

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ISSN 1517-6770 Comunicação Científica Metazoários parasitos de Pterygoplichthys pardalis (Castelnau, 1855) (Siluriformes: Loricariidae) da Amazônia central, Brasil. Daniel Brito Porto 1 ; José Francalino Vital 1 ; Amanda Karen Souza dos Santos 2 ; Aprígio Mota de Morais 3 ; Angela Maria Bezerra Varella 4 & José Celso de Oliveira Malta 4 1 Bolsista PCI/INPA do Laboratório de Parasitologia de Peixes do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA. Email: leined@ ig.com.br/ jfvital@yahoo.com.br; 2 Graduanda de Ciências Biológicas do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas - IFAM. Email: atjsouza@hotmail.com; 3 Doutorando em Biologia de Água Doce e Pesca Interior. Email: aprigiomota@yahoo.com.br; 4 Pesquisador do Laboratório de Parasitologia de Peixes do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA. Email: jcmalta@inpa. gov.br/ avarella@inpa.gov.br Abstract. Metazoan parasites of Pterygoplichthys pardalis (Castelnau, 1855) (Siluriformes: Loricariidae) from the Central Amazon, Brazil. We studied the metazoan parasites of Pterygoplichthys pardalis captured in the Amazon River acquired in trade fairs and the city of Manaus from August 2006 to May of 2007. Five helminthes species were found: two of Monogenoidea, Unilatus sp. and Heteropriapulus sp.; two of Digenea, metacercariae of Austrodiplostomum compactum in the eyes, stomach and gonads and Megacoelium spinicavum in the stomach; one of Acanthocephala, Gorytocephalus sp. in the intestine. Keywords: Fish parasites; Helminthes; Hypostominae; Amazon River. Resumo. Foi estudada a fauna de metazoários parasitos de Pterygoplichthys pardalis capturados no rio Amazonas e adquiridos em feiras da cidade de Manaus durante o período de agosto de 2006 a maio de 2007. Cinco espécies de helmintos foram encontradas: duas de Monogenoidea, Unilatus sp. e Heteropriapulus sp.; duas de Digenea, uma de metacercária de Austrodiplostomum compactum nos olhos, estômago e gônadas, uma de Megacoelium spinicavum no estômago; uma de Acanthocephala Gorytocephalus sp. no intestino. Palavras - chave: Parasitos de peixe; Helmintos; Hypostominae; rio Amazonas. Pterygoplichthys pardalis (Castelnau, 1855) é um peixe da família Loricariidae e ordem Siluriformes. É endêmico à bacia Amazônica ocorrendo ao longo do rio Amazonas (Reis et al., 2003). É considerada uma espécie de grande porte, pode atingir até 50 cm de comprimento total. Comercialmente é a espécie mais importante da família (Batista & Petrere, 2003). É um peixe detritívoro, que se alimenta de matéria orgânica particulada e microorganismos associados, como protozoários fungos e bactérias. Detrito é a mais importante fonte de alimentos da planície inundada da Amazônia e cerca de 40% da ictiomassa utiliza esse recurso (Yossa & Araujo-Lima, 1998). Ocorre em áreas de várzea, lagos e margem de rios de águas brancas. Nos locais onde as concentrações de oxigênio são altas, a respiração é totalmente aquática. Mas quando os ambientes aquáticos ficam pobres em oxigênio P. pardalis utiliza a respiração aérea acessória (Santos et al., 2006).

36. Porto et al. Quando a água torna-se deficiente em oxigênio, o estômago extremamente vascularizado funciona como órgão de respiração acessória. Por causa desta função, o alimento não fica retido no estômago e vai direto para o intestino (Almeida-Val et al., 1999; Santos et al., 2006). Possui um intestino extremamente longo e enovelado, com cerca de 18 vezes o seu comprimento total o que auxilia na digestão da matéria orgânica ingerida (Brito, 1981). Somente duas espécies de parasitos são citadas para P. pardalis ambas da classe Digenea: metacercária de Diplostomum sp. parasito dos olhos e Megacoelium spinicavum (Thatcher & Varella, 1981) parasito do estômago (Thatcher & Varella, 1981). O objetivo deste trabalho foi conhecer os metazoários parasitos de P. pardalis capturados na Amazônia Central e vendidos nas principais feiras de peixes de Manaus. Durante o período de agosto de 2006 a maio de 2007 foram adquiridos e analisados 38 espécimes de P. pardalis adquiridos nas feiras da Manaus Moderna e Panair, na cidade de Manaus. O comprimento total dos peixes variou de 22,5 a 36,0cm e o peso de 217,0 a 607,0g. Como P. pardalis só é comercializado vivo, eles foram transportados para o Laboratório de Parasitologia de Peixes (LPP) do INPA, onde foram mantidos vivos em tanques com água e aeração e posteriormente necropsiados e analisados, segundo a metodologia do laboratório (Moraes et al., 2009). As espécies de parasita encontradas foram fixadas e conservadas segundo a metodologia específica para cada grupo proposta por Amato et al. (1991). Para identificação das espécies foram utilizados os trabalhos de Mizelle & Kritsky (1967), Travassos (1969), Thatcher (1979, 1993, 2006) e Thatcher & Varella (1981). Os índices parasitários de prevalência, intensidade média e abundância média foram determinados segundo (Bush et al., 1997). Foram coletados 1.704 espécimes de helmintos, de cinco espécies, parasitando P. pardalis. Duas espécies de Monogenoidea: Unilatus sp. e Heteropriapulus sp. parasitando as brânquias. Duas espécies de Digenea: uma de metacercária de Austrodiplostomum compactum (Lutz, 1928) parasitando olhos, estômago e gônadas e adultos de Megacoelium spinicavum (Thatcher & Varela, 1981) parasitando o estômago. Uma de Acanthocephala, Gorytocephalus sp. parasitando o intestino. Todas as espécies parasitas utilizaram P. pardalis como hospedeiro definitivo, exceto A. compactum que o utilizou como hospedeiro intermediário. Das cinco espécies de metazoários parasitos de P. pardalis duas eram ectoparasitas e três endoparasitas. A maior prevalência geral foi das espécies de Monogenoidea com 65,61%, seguida por Digenea com 31,66% e Acanthocephala com 0,76%. Os maiores índices parasitários foram das espécies de Monogenoidea. Os maiores de Unilatus sp.: prevalência 78,9%; intensidade média 29,7± 30,5; abundância média 21,6 e amplitude da intensidade variou de 1-147. Seguido por Heteropriapulus sp.: prevalência 78,9%; intensidade média 7,5 ±10; abundância média 5,9 e a amplitude de variação da intensidade variou de 1 58 (Tabela 1). Nas brânquias foram encontradas duas espécies de Monogenoidea da família Dactylogyridae, 891 indivíduos do gênero Unilatus (Mizelle & Kritsky, 1967) e 221 do Heteropriapulus (Jogunoori, Kritsky & Venkatanarasaiah, 2004).

Metazoários parasitos de Pterygoplichthys pardalis.37 Tabela 1: Índices parasitários de Pterygoplichthys pardalis adquiridos nas feiras da Manaus Moderna e da Panair na cidade de Manaus, Estado do Amazonas Táxon PE/PP P(%) IM AM (AV) Unilatus sp. 38/30 78,9 29,7± 30,5 21, 6(1 147) Heteropriapulus sp. 38/30 78,9 7,5 ±10,5 5,9(1 58) Austrodiplostomum compactum (O) 38/10 26,3 2,3± 1,3 0,6(1 5) Austrodiplostomum compactum (E) 38/20 52,6 9,4± 10,9 5(1 49) Austrodiplostomum compactum (G) 38/21 55,2 15,7± 15,7 8,6(1 70) Megacoelium spinicavum 38/2 5,2 0,05± 0,2 0,05(1) Gorytocephalus sp. 38/6 15,7 2,1± 1 0,34(1 5) O = olhos; E = estômago; G = gônadas; NP = número total de parasitas; PE = peixes examinados; PP = peixes parasitados; P = prevalência; I = intensidade; IM = intensidade média; AM = abundância média; AM = amplitude de variação da intensidade. Vinte e três exemplares de metacercárias de A. compactum foram coletadas parasitando os olhos, 188 o estômago e 330 as gônadas. O estômago também estava parasitado por dois exemplares adultos de M. spinicavum. As metacercárias de A. compactum das gônadas foram as que apresentaram a maior prevalência, 52,6%. Somente as fêmeas de P. pardalis estavam parasitadas por A. compactum. Foram encontrados parasitando o intestino treze exemplares do Acanthocephala Gorytocephalus sp. Duas espécies de Monogenoidea U. brevispinis (Suriano, 1985) e U. longispinis (Suriano, 1985) foram descritas para uma outra espécie de peixe do mesmo gênero, P. multiradiatus (Hancock, 1821) (Thatcher, 2006). Até o momento nenhuma espécie de Monogenoidea havia sido registrada parasitando P. pardalis. Neste trabalho é feito o primeiro registro de uma espécie de Unilatus sp. parasitando as brânquias de P. pardalis. Nas brânquias de Hypostomus sp. criados em aquários na Índia, foi coletado o Monogenoidea Heteropriapulus heterotylus (Jogunoori, Kritsky e Venkatanarasaiah, 2004). Neste trabalho é feito o primeiro registro de uma espécie de Heteropriapulus sp. parasitando as brânquias de P. pardalis e o primeiro registro de ocorrência de uma espécie desse gênero na América do Sul. Mais de 125 espécies de peixes da Ásia, Europa, América do Norte e da América do Sul são hospedeiras de metacercárias de Diplostomidae. As metacercárias livres de A. compactum ocorrem no humor vítreo, cérebro, nervo óptico de poucos peixes (Bullard & Overstreet, 2008). No Brasil A. compactum foi citado parasitando: Serrasalmus maculatus (Kner, 1858); Hypostomus regani (Ihering, 1905); Schizodon borellii (Boulenger, 1900) e Auchenipterus osteomystax (Miranda-Ribeiro, 1918) (Yamada et al., 2008); Metynnis maculatus (Kner, 1858) (Paes et al., 2010); Cichla ocellaris (Blo-

38. Porto et al. ck & Schneider), 1801 (Martins et al., 2002); Hoplias malabaricus (Bloch, 1794); Sattanoperca papaterra (Heckel, 1840); Plagioscion squamosissimus (Heckel, 1840) Cichla monoculus (Spix & Agassiz, 1831); Crenicichla britskii (Kullander, 1982); Cichlasoma paranaensis (Kullander, 1983) (Machado et al., 2005); Geophagus brasiliensis (Quoi & Guaimard, 1824) (Novaes et al., 2006); P. squamosissimus (Kohn et al., 1995; Santos et al., 2002; Martins et al., 1999; 2002; Paes et al., 2010); Geophagus proximus (Castelnau, 1855) (Zica et al., 2010); C. ocellaris (Santos et al., 2002). Este é o primeiro registro de A. compactum ocorrendo na Amazônia brasileira e parasitando P. pardalis. Duas espécies de Digenea M. spinispecum (Thatcher & Varella, 1981) e M. spinicavum foram descritas parasitando o estômago de duas espécies de Loricariidae, Pterygoplichthys sp. e P. pardalis (Thatcher & Varella, 1981). Nesse trabalho somente M. spinicavum foi encontrada parasitando o estômago de P. pardalis. Plecostomus carinatus (Steindachner, 1881) é hospedeiro do acantocéfalo Gorytocephalus elongorchis (Thatcher, 1971) (Thatcher, 1979). Neste trabalho é feito o primeiro registro de uma espécie de Gorytocephalus (Nickol & Thatcher, 1971) parasitando o intestino de P. pardalis. Pterygoplichthys pardalis é um peixe detritívoro e através da cadeia alimentar nele completa-se o ciclo de vida de quatro espécies parasitas duas heteroxenas e duas monoxenas como hospedeiro definitivo. Para somente uma espécie, A. compactum, que é heteroxena é o hospedeiro intermediário e o ciclo deve se completar ao ser predado por répteis ou aves. Dessa forma P. pardalis é responsável por garantir a preservação da vida de cinco espécies que compõem a biodiversidade amazônica. Agradecimentos Agradecemos a Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Amazonas FAPEAM pelo apoio. Referências Bibliográficas Almeida-Val, V.M.F.; Val, A.L. & Walker, I. 1999. Long e shortterm adaptation of Amazon fishes to varying oxygen levels: intra-specific phenotypic plasticity and interspecific variation. In: Val, A.L.; Almeida-Val, V.M.F (Ed.). 1999. Biology of tropical fishes. INPA, Manaus, Brasil. P. 185-206. Amato, J.F.R.; Boeger, W.A & Amato, S.B. 1991. Protocolos para laboratório: coleta e processamento de parasitos de pescado. Rio de Janeiro. Imprensa Universitária, 77p. Batista, V.S & Petrere, JR., M. 2003. Characterization of the commercial fish production landed at Manaus, Amazonas State, Brazil, Acta Amazonica 33(1): 53-66. Brito, A.L. 1981. Aspectos anatômicos e considerações sobre os hábitos de Pterygoplichthys multiradiatus Hancock, 1828 do bolsão do Janauacá Amazonas, Brasil (Osteichthyes, Siluriformes, Loricariidae). Dissertação de mestrado, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia/Fundação Universidade do Amazonas, Manaus, Amazonas, Brasil. 102p. Bullard, S.A. & Overstreet, R.M. 2008. Digeneans as enemies of fishes, pp. 817-976. Bush, A.O., Lafferty, K. D., Lotz, J.M. & Shostak, A.W. 1997. Parasitology meets ecology on its own terms: Margolis et al. Revisited. Journal of Parasitology 83(4): 575-583.

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