Fábio Luiz Mialhe 1 ; Fabíola Cavalcanti Frank 2 ; Pollyana Zution 2 ; Pricila Raquel Balbinot Policeno 2



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R. Periodontia - Junho 2008 - Volume 18 - Número 02 UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS E PRÁTICAS DE HIGIENE BUCAL DE ACADÊMICOS DE UM CURSO DE ODONTOLOGIA Use of products and practices of oral hygiene of dental students of a Dental School Fábio Luiz Mialhe 1 ; Fabíola Cavalcanti Frank 2 ; Pollyana Zution 2 ; Pricila Raquel Balbinot Policeno 2 RESUMO O objetivo do presente estudo foi avaliar utilização de produtos e práticas de higiene bucal dos acadêmicos do curso de Odontologia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste). O instrumento de coleta de dados foi um questionário estruturado aplicado a todos os acadêmicos do 1º ao 5º ano do curso. Obteve-se uma taxa de resposta de 86%. Observou-se que a marca Oral B era a mais utilizada pelos acadêmicos (40,5%), sendo que a maioria (50,6%) afirmou utilizar o critério qualidade para adquirir uma escova de dentes e 27,9%, o critério preço. Em relação às práticas de higienização, 52,3% dos entrevistados afirmaram escovar os dentes quatro vezes ao dia e 46,4% utilizavam o fio dental uma vez ao dia, apesar de 14,5% atestarem dificuldades em sua utilização. Concluiuse que a maioria dos acadêmicos apresenta bons hábitos de higienização, o que pode facilitar sua ação como multiplicadores destas práticas de saúde na população. UNITERMOS: Higiene oral, escova de dentes, estudantes de odontologia. R Periodontia 2008; 18:60-65. 1 Doutor em Cariologia FOP/Unicamp 2 Acadêmicas do curso de Odontologia da Unioeste, PR Recebimento:07/03/08 - Correção:25/04/08 - Aceite:16/05/08 INTRODUÇÃO O biofilme bacteriano, associado a fatores determinantes e modificadores, é considerado o principal fator etiológico da cárie dentária e doenças periodontais (LÖE et al, 1965, LOESCHE, 1986, KORNMAN & LOE, 1993). Desta forma, a remoção regular do biofilme supragengival por meio de instrumentos e produtos apropriados é requisito essencial para a manutenção da saúde bucal. O mercado nacional apresenta várias marcas e produtos para a higiene bucal e, muitas vezes, as tendências de consumo são motivadas por orientações dos profissionais que atuam na área (ESTEVES et al, 2001, MILANEZI, 2003). Estes, por sua vez, adquirem grande parte de seus conhecimentos, hábitos e bases científicas relativas à saúde bucal durante a graduação (ANDRADE, 2004). ESTEVES et al (2002) avaliaram alunos ingressantes do curso de ciências odontológicas da Unimar, SP, nos anos de 1997 e 1998, em relação aos conhecimentos, atitudes e práticas de higienização dos dentes. Verificou-se que não existiu consenso entre os alunos participantes quanto a uma marca de escova dentária, sendo bastante diversificadas suas preferências. O tempo de 60

utilização das escovas dentárias variou de 1 até mais de 6 meses, contudo, a maioria, informou que as utilizava por até 3 meses, sendo a freqüência diária bastante diversificada. ANDRADE et al (2004) pesquisaram os hábitos e atitudes dos alunos do 1 ao 9 período do curso de Odontologia da Universidade Federal do Espírito Santo. Os resultados demonstraram que 40,4% escovavam seus dentes quatro vezes ao dia, 94,2% utilizavam fio dental pelo menos uma vez ao dia e 22,9% dos alunos afirmaram haver uma melhoria de seus hábitos em relação à higiene bucal após ingresso no curso. Apesar de estarem dentro do meio acadêmico, recebendo informações importantes para sua formação, são poucos os estudos avaliando quais os produtos e instrumentos de higiene bucal, preferências de aquisição e hábitos de higienização dos acadêmicos dos cursos de Odontologia. Visto que eles serão os futuros profissionais de saúde bucal, educando e orientando seus pacientes, é importante conhecer esta realidade. Desta forma, o objetivo do presente estudo foi avaliar o uso de produtos e práticas de higiene bucal dos acadêmicos do curso de Odontologia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste). MATERIAL E MÉTODOS O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética da Unioeste, protocolo n. 014613/2005. Os pesquisadores aplicaram um questionário de múltipla escolha contendo dez questões sobre utilização e preferência de produtos de higiene bucal, aos acadêmicos do 1º ao 5º período do curso de Odontologia da Unioeste, PR. Gráfico 1 MARCAS DAS ESCOVAS DENTAIS UTILIZADAS PELOS ACADÊMICOS Os questionários foram aplicados antes do início ou então, no final das aulas teórico-práticas, a fim de não atrapalhar o andamento das atividades acadêmicas, por dois pesquisadores. Antes da aplicação dos mesmos, houve uma explanação aos acadêmicos sobre os objetivos e metodologia do estudo. Aqueles que aceitaram participar da pesquisa assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido. O questionário continha questões referentes à freqüência de utilização, tempo de aquisição, preferência quanto a marcas e critérios utilizados pelo acadêmico para adquirir cremes dentais, fio/fita dental e escova de dentes. Os dados foram tabulados em planilha excel e analisados por estatística descritiva. RESULTADOS O índice de retorno dos questionários foi de 86,1%, ou seja, dos 201 acadêmicos do curso de Odontologia da Unioeste do 1º ao 5º período, 173 devolveram os questionários devidamente preenchidos. Os resultados revelaram que, em relação à marca da escova dental utilizada pelos acadêmicos, 40,5% utilizavam a escova dental da marca Oral B enquanto 15,5% utilizavam da marca Colgate e 14,5% da marca Condor, como apresentado no gráfico 1. Poucos acadêmicos (16,3%) afirmaram utilizar a marca da escova como critério importante para a aquisição deste instrumento. A maioria (50,6%) afirmou utilizar o critério qualidade para adquirir uma escova de dentes e 27,9% o critério preço. Em relação ao tempo de aquisição da escova, observouse que a maioria (67,6%) afirmou ter adquirido a escova de dentes há 2 meses enquanto 11% há um mês e 21,4% há 3 meses ou mais, dados estes expressos na tabela 1. Quanto ao estadoquanto ao atual estado das cerdas de suas escovas dentais, apenas uma pequena parcela dos Tabela 1 TEMPO DE AQUISIÇÃO DAS ESCOVAS DENTAIS PELOS ACADÊMICOS Tempo de aquisição Acadêmicos n % 1 mês 19 11 2 meses 117 67,6 3 meses 31 17,9 4 meses 1 0,6 5 meses 5 2,9 6 meses ou mais 0 0 61

Gráfico 2 TÉCNICAS DE ESCOVAÇÃO UTILIZADAS PELOS ACADÊMICOS Tabela 2 TEMPO DE AQUISIÇÃO DAS ESCOVAS DENTAIS PELOS ACADÊMICOS Dificuldades Ano de graduação Total na utilização? 1 2 3 4 5 n % Sim 6 4 6 3 6 25 14,5 Não 32 30 29 30 27 148 85,5 estudantes (2,9%) atestou que elas apresentavam curvadas e com tufos separados, indicando que as mesmas deveriam ser trocadas. Questionados sobre a freqüência de escovação, mais da metade dos entrevistados (52,3%) afirmou escovar os dentes quatro vezes ao dia, enquanto 46,5% declarou escovar três vezes ao dia. Sobre a técnica utilizada para a escovação, quase metade dos entrevistados afirmou utilizar a associação de técnicas, como pode ser observado no gráfico 2. As marcas de dentifrício mais usadas pelos alunos foram Close-Up (34,1%), Colgate (30,7%) e Sorriso (17,9%), como apresentado no Gráfico 3. A quantidade de dentifrício que utilizam na cabeça da escova também foi questionada. Cerca de 46,2% dos entrevistados afirmaram colocar até a metade do comprimento da escova enquanto 26% dos entrevistados afirmaram colocar dentifrício em toda a extensão longitudinal da cabeça da escova e 27,7% coloca até um terço da sua extensão. Em relação ao uso de fio/fita dental, 97,1% dos acadêmicos afirmaram utilizar o fio dental e, sobre a freqüência, 46,4% fazia uso uma vez ao dia, 35,1% duas vezes ao dia, 13,1% três vezes ao dia e 5,4% quatro vezes Gráfico 3 DISTRIBUIÇÃO DA AMOSTRA SEGUNDO AS MARCAS DE DENTIFRÍCIOS CONSUMIDAS PELOS ACADÊMICOS ou mais. Apenas 2,3% dos pesquisados afirmaram não utilizar o fio dental, justificando que não achavam necessário, sendo que esses acadêmicos pertenciam ao 1º período. Dentre os respondentes, 76% atestaram utilizar o fio/ fita dental com a finalidade de reforçar a escovação, ou seja, retirar a placa bacteriana interproximal, enquanto 26,3% utilizam para retirar alguma coisa entre os dentes e os outros, por indicação do dentista. Cerca de 85,5% dos respondentes não achavam difícil a utilização desse método de limpeza interproximal enquanto 14,5% achavam difícil. Sobre a preferência por fio ou fita dental, 80,8% preferiam utilizar o fio dental enquanto que 19,2% preferiam a fita dental. DISCUSSÃO O presente estudo avaliou a utilização de produtos e práticas de higiene bucal dos acadêmicos de um curso de Odontologia. Observou-se que a maioria da amostra (40,5%) utilizava escovas dentais da marca Oral B. Este dado é próximo ao verificado por ESTEVES et al (2002) que também verificaram que a marca de escova mais utilizada pelos acadêmicos era a Oral-B, perfazendo 31,1% da preferência da amostra avaliada. Apesar de não ser levantado por esta pesquisa as fontes de recomendação do uso deste produto, sabe-se que o apelo publicitário desta marca é bem forte nos dias atuais e, inclusive, seu slogan comercial é a marca mais recomendada pelos dentistas, o qual pode ter exercido algum tipo de influência sobre a preferência dos acadêmicos. Em outras épocas, quando o apelo comercial não era tão forte, a preferência era diferente, como se observa pelo estudo de DIB & BARROS (1990), onde a escova Oral-B alcançava o 4º lugar de utilização e a escova Johnson s era a mais utilizada pela população de acadêmicos avaliada. Independente da marca da escova, a recomendação mais geral é que se utilize uma escova de cerdas macias e tamanho ativo da cabeça compatível com o tamanho da cavidade bucal do indivíduo, a fim de que as cerdas consigam remover o biofilme de todas as superfícies dentais livres e 62

oclusais (LASCALA, 1997). Ainda, segundo PERRY (2004), as pesquisas até agora realizadas não demonstraram diferenças significativas entre escovas de diferentes tipos e desenhos nos índices de gengivite e sangramento, mensurações estas, consideradas as mais importantes para se avaliar clinicamente a melhora de saúde gengival. Portanto, parece ser adequado seguir os conselhos de LASCALA (1997) de que o profissional deveria prescrever a escova mais adequada às condições bucais e habilidade do paciente baseando-se, para tanto, em suas observações clínicas, procurando não submeter esta escolha às suas predileções próprias, baseadas em fatores subjetivos. Com relação aos critérios adotados para aquisição da escova, observou-se que a maioria (50,6%) utilizou o critério qualidade. Este fato é positivo, pois indica que os acadêmicos estão preocupados em adquirir bons produtos para sua saúde bucal. Entretanto, é lícito ressaltar que as condições socioeconômicas dos indivíduos podem influenciar esta característica. No estudo de LOPES & NASCIMENTO (1993), com uma amostra com maioria de pessoas provenientes da periferia e com renda familiar inferior a um salário mínimo, os autores verificaram que as pessoas escolhiam suas escovas dentais pelo preço. Portanto, verifica-se que o nível socioeconômico da população pode influenciar o acesso e os critérios utilizados para aquisição de produtos de higienização bucal. No caso dos acadêmicos de Odontologia, observa-se que a grande maioria provém de famílias de classe média e média-alta (LOFFREDO et al, 2004, MARTINEZ et al, 2004). Assim sendo, é importante que os futuros profissionais levem em consideração este aspecto quando recomendarem produtos de higiene bucal aos pacientes atendidos por eles. Em relação ao tempo de aquisição da escova, a maioria, ou seja, 67,6% afirmou ter adquirido a escova de dentes há 2-3 meses e apenas 2,9% da amostra declarou que a maioria dos tufos está separada. Alguns autores atestam que o estado de uso da escova não pode ser considerado crítico para assegurar um ótimo controle de placa (DALY et al, 1996, TAN & DALY, 2002). Outros autores consideram que as escovas devem ser descartadas dentro de 2-3 meses devido ao grau de contaminação de microrganismos adquiridos durante seu uso (PETRY, 2004; MIALHE et al, 2007). Cerca de 99,8% dos entrevistados afirmaram escovar seus dentes pelo menos três vezes ao dia, corroborando achados de outros estudos (SILVA-NETO et al, 1990, ANDRADE et al, 2004). Apesar deste dado ser positivo, não se pode confundir quantidade com qualidade da escovação. Este dado isolado, portanto, deve ser avaliado com cautela em relação à qualidade do controle de placa pelos acadêmicos. No que diz respeito à técnica de escovação utilizada, não houve consenso e 46% dos entrevistados afirmaram utilizar associação de técnicas. Segundo LASCALA (1997), nenhuma técnica, até o momento demostrou, ser superior a outra. Mais importante que a seleção de um determinado método é a disposição e, até certo ponto, a capacidade do próprio paciente em remover o biofilme de seus dentes de maneira adequada. As marcas de dentifrício mais utilizadas pelos alunos foram Close-Up (34,1%), Colgate (30,7%) e Sorriso (17,9%). Independente da marca do produto, o importante é que a maioria deles no Brasil apresenta baixo potencial abrasivo e flúor em sua composição, servindo como agentes preventivos da cárie dentária (CURY, 1996, DUARTE & CURY, 1999) Verificou-se que cerca de 1/3 dos acadêmicos afirmou colocar dentifrício em toda a extensão longitudinal da cabeça da escova, conduta esta não considerada adequada. Segundo CARVALHO et al (1987), uma quantidade excessiva de dentifrício na escova, dificulta a escovação, principalmente pela formação exagerada de espuma. Em relação ao uso de fio/fita dental, 97,1% dos acadêmicos afirmaram utilizar o fio dental e, em relação a freqüência de utilização, 46,4% utilizam pelo menos uma vez ao dia. Com base nos dados coletados, infere-se que o hábito de utilizar o fio dental foi incorporado pelos acadêmicos, o que é muito positivo. Um dado interessante foi o fato de que cerca de 15% dos acadêmicos, independente do ano que estavam cursando, afirmaram encontrar dificuldades no uso deste instrumento de limpeza. Este dado é relevante, pois os mesmos podem ter dificuldades futuras em ensinar o manejo deste instrumento de limpeza do biofilme interproximal aos seus futuros pacientes. CONCLUSÃO Concluiu-se que a maioria dos acadêmicos apresentou bons hábitos de higienização, fato este que pode colaborar para os mesmos atuarem como multiplicadores destas práticas de saúde na população. ABSTRACT The objective of the present study was to evaluate the use of products and practices of oral hygiene of dental students studying at Unioeste Dental School. The instrument used to collect the data was a questionnaire applied to all dental students of the course. A rate of answer of 86% was obtained. It was observed that the Oral B mark was the most 63

used by the dental students (40.5%), and most of them (50.6%) affirmed to use the criterion of quality and 27.9% the criterion price to acquire a toothbrush. In relation to the higienization practices, 52.3% of the interviewees affirmed to brush their teeth four times a day and 46.4% use once daily a day the dental floss, in spite of 14.5% of them attest difficulties in their use. In conclusion, most of the dental students present good oral hygiene habits and this fact can be a positive factor to facilitate their action as multipliers of these practices of health in the population. UNITERMS: Oral hygiene, toothbrush, dental students REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1- Abraham N, Cirincione U, Glass R. Dentists and general hygienists attitudes toward toothbrush replacement and maintenaince. Clin Prev Dent 1990; 12: 28-33. 2- Andrade FB, Martinez CS, Miotto MHMB. Perfil dos estudantes de odontologia da UFES com relação a hábitos e atitudes. UFES Rev Odont 2004; 6:6-12. 3- Axelsson P, Lindhe J, Nystrom B. On the prevention of caries and periodontal disease. J Clin Periodontol 1991; 18: 182-189. 4- Carter-Hanson C, Gadbury-Amyot C, Killow W. Comparison of the plaque removal efficacy of a new flossing aid (Quik Floss) to finger flossing. J Clin Periodontol 1996; 23: 873-878. 5- Carvalho AA, Correa AP, Amberger MI, Pinto MLC. O custo da higiene oral na cidade de Salvador. Rev Fac Odontol Univ Fed Bahia 1987; 7: 75-85. 6- Cury JA. Avaliação de Dentifrícios Fluoretados. Rev. Gaucha Odont 1996; 44: 17-21. 7- Daly C, Marshall R, Lazarus R. Australian s dentists views on toothbrush wear and renewal. Australian Dent J 2000; 45: 254-256. 8- Daly CG, Chapple CC, Cameron AC. Effect of toothbrush wear on plaque control. J Clin Periodontol 1996; 23: 45-49. 9- Duarte FF, CURY JA. Avaliação do flúor dos dentifrícios mais consumidos no Brasil e comercializados nas cinco regiões do país. Revista da ABOPREV 1999; 2: 3-10. 10- Esteves SRR, Milanezi LA, Carvalho LB, Garcia VG. Avaliação das marcas das escovas dentárias, do seu tempo de uso e da freqüência de escovação diária dos alunos ingressantes em 1998, no curso de Ciências Odontológicas da Unimar 2002; 5: 43-47. 11- Loffredo LCM, Pinelli C, Garcia PPNS, Scaf G. Característica socioeconômica, cultural e familiar de estudantes de odontologia. Rev Odontol UNESP 2004; 33: 175-182. 12- Kornman KS, Loe H. The role of local factors in the etiology of periodontal diseases. Periodontology 2000 199; 2:83-97. 13- Lascala NT. Prevenção na clínica odontológica. In: Promoção de saúde bucal. Lascala NT. São Paulo: Artes Médicas; 1997. p120-145. 14- Löe H, Theilade E, Jensen SB. Experimental gingivitis in man. J Periodontol 1965; 36:5-15. 15- Loesche WJ. Role of Streptococus mutans in human dental decay. Microbiol Rev 1986; 50: 353-380. 16- Lopes WC, Nascimento ZCP. Avaliação da preferência, uso e substituição de escovas dentais. ROBRAC 1993; 2: 4-10. 17- Martinez CS, Andrade FB, Miotto MHM. Perfil socioeconômico dos estudantes de odontologia da Universidade Federal do Espírito Santo UFES. UFES Rev Odontol 2004; 6:51-58. 18- Mialhe FL, Silva DD, Possobon RF. Avaliação dos cuidados relativos ao armazenamento e desinfecção das escovas dentais por acadêmicos de Odontologia. Rev Odontol UNESP 2007; 36:231-35. 64

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