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Transcrição:

MALLET, PATRONO DA ARTILHARIA Reportagem de Cláudio Moreira Bento Órgãos dos Diários Associados. Londres, 1808, Hipólito José da Costa. Brasília, 1960, Assis Chateaubriand Brasília, domingo, 11 de junho de 1972 A Arma de Artilharia do Exército festeja sua data mágns, o 171 aniversário de aniversário de nascimento de seu patrono, o Marechal Luiz Emílio Mallet, Barão de Itapevi. O jovem francês, aos 17 anos, atravessou o Atlântico e veio emprestar toda sua inteligência e energia para a construção de uma grande Pátria: o Brasil. Seu esforço nesse sentido foi tão grande que poucos brasileiros natos, seus contemporâneos, tiveram a ventura de superá-lo ou igualá-lo. Há 171 anos nascia, em Duquerme, na França, o Marechal Emílio Luiz Mallet, Barão de Itapevi, um dos maiores nomes da História do Exército Brasileiro e vulto exponencial da Armas da Artilharia. O fato redobra de significação por coincidir com o Sesquicentenário da Independência, oportunidade para um reencontro espiritual de todas as gerações de brasileiros e para homenagear e reverenciar os que se distinguiram na

paz e ma guerra, na construção de nossa Pátria. B. Mallet merece figurar com destaque nesta galeria de brasileiros ilustres, apesar de nascido em território estrangeiro, pela imensa contribuição que emprestou principalmente na guerra, para a preservação da Independência, unidade e integridade do Brasil, em 69 anos que aqui viveu, cinquenta e quatro dos quais em atividade militar efetiva e vindo na guerra. Com 81 anos ingressou no Exército da Independência, como cadete, a convite de D. Pedro I (seu companheiro de mocidade no Rio), dois meses após o 7 de Setembro de 1882. Em 1824, como 2º Tenente, jurou a Constituição e tornou-se brasileiro de direito, pois já se considerou de fato como tal. Viera para ficar. Em 1825, rumou para o Sul no comando de uma bateria de artilharia e cavalo, para lutar na Guerra da Cisplatina (1825-28). Em Passo do Rosário teve seu batismo de fogo. Por ter se revelado bravo, intrépido e eficiente foi promovido a capitão. Ao término do conflito, com 27 anos, casou se em Bagé, com a filha de um abastado e prestigioso estancieiro, e parente próxima do mais tarde General Osório, de quem foi fiel amigo e admirador durante 50 anos e padrinho de casamento. Com a abdicação de D. Pedro I sua vida de soldado mudou de curso. Leal a D. Pedro I e a seu comandante, recusou-se a marchar contra eles para o Campo de Santana, da mesma forma que o mais tarde Duque de Caxias. Apesar dos serviços prestados ao Brasil durante 9 anos, foi compelido a demitir-se do Exército, por não ser brasileiro nato ou, estrangeiro ferido a serviço do Brasil ou que tivesse lutado pela Independência. Ele participara do esquema de Segurança da Independência. Injustiçado não por sua nova Pátria e pelo Exército, mas por governantes efêmeros tomados de um nacionalismo passional, retornou com a esposa para Bagé, para reiniciar a vida aos 30 anos. ESTANCIEIRO Tornou-se estancieiro no Quebrado-Bagé, onde nasceram seis filhos: Emília, Pedro, Félix, Antonio Julio e João Nepomuceno. O último viria a ser Ministro do exército criador do Estado Maior do Exército em 1889. Os dois primeiros acompanharam o pai como cadetes na Guerra contra Oribe e Rosas e, os três, durante toda a campanha da Tríplice Aliança. Isto diz todo do seu amor ao Brasil do que qualquer tentativa de demonstra-lo com palavras.

Tão logo eclodiu a Revolução Farroupilha, incorporou-se junto com seu sogro a coluna legalista ao comando do general Bento Manoel, destacando-se na sua organização, junto com seu amigo, o Tem. Osório, que a ela veio juntar-se mais tarde. Em 1897 coube-lhe fortificar a vila do Rio Grande, objetivo estratégico dos farroupilhas. Por este assinalado feito nomeado major da Guarda Nacional, função privativa de brasileiros natos. Mas não era a realização do seu sonho reintegração do Exército. Após a Paz de Ponche Verde, onde segundo o General Osório os farroupilhas que se batiam com valor transigiram com dignidade e os imperiais que os combateram com pertinácia os receberam com amor", Mallet retornou para sua estância, com a consciência de haver prestado um grande serviço á Unidade do Brasil. Em 1861, após 20 anos de curtir saudada do Exército e de suas poças, a Pátria a o Exército reclamaram seus serviços na Guerra contra Rosas e Oribe. Com 50 anos não resistiu ao chamamento. Atendeu, prontamente, dentro da filosofia que tem inspirado os artilheiros do Brasil ao longo de seu processo histórico e dos quais ele veio a se construir um símbolo. Se for mister um esforço derradeiro E fazer do seu carpo uma trincheira Abraçai ao canhão morre o artilheiro Em defesa da Brasil e da Bandeira". BOI DE BOTAS E seguiu para a campanha ao comando do legendário Regimento de Artilharia a Cavalo. Mas o que é edificante e comovente, acompanharam-lhe como cadetes, dois filhos, com 16 e 18 anos respectivamente. Nesta campanha Mallet escreveu uma bela página de nossa artilharia, no comando de seu regimento apelidado Boi de Botes", em razão dos bois que tracionavam suas peças, aposentarem as pernas recobertas de barro, como se calçassem botas, resultado das frequentes travessias de banhados e atoleiros e, por teus soldados calçaram longos e pesadas botas guarnecidas de metal. A espiritualidade brasileira logo funcionou e o apelido pegou e transferiu-se aos soldados da vaidade, Incorporando-se à tradição. Em 1651. o Poder Legislativo atendendo à Exposição do Ministro de Guerra concordou com a reintegração da Mallet no Exército quando de já se encontrava há mais de um mês em campanha. Somente em 1853, foi-lhe feita, justiça parcial. Por decreto de 9 out 1855 foi reintegrado no mesmo posto de capitão que ocupava quando fora demitido 24 anos antes. Foi-lhe concedido que recebesse os atrasados e que computasse o tempo em que esteve demitido como efetivo serviço, o que lhe permitiria quebrar um record nacional dc tempo para a inatividade 63 anos. Como capitão, aso 54 anos, ao tempo em que muitos do seus colegas de escola eram generais, reiniciou sua carreira. Não esmoreceu, aplicou todas as energias para recuperar o tempo perdido. Atingiu o generalato com 70 anos, e foi aposentado como

Marechal de Exército com 84 anos, após haver sido Comandante da Fronteira de Bagé, Comandante das Armas de Pernambuco (onde se encontrava há um século atrás) e do Rio Grande do Sul e Inapetor dos Corpos de Cavalaria e de regimento em São Gabriel - o legendário 1º Regimento de Artilharia a Cavalo. Mallet como tenente coronel seguiu com seus três filhos e seu regimento para a Guerra da Tríplice Aliança. Esteve em campanha durante seis longos e sofridos anos junto de sua unidade, tem faltar um só dia, enquanto duraram as campanhas do Uruguai e Paraguai. Brilhou era Paissandu e no cerco de Montevidéu. Algumas peças de sua unidade, embarcadas na corveta Belmont, participaram da Batalha do Riachuelo cujo aniversario transcorre amanhã. Uma bateria, se comando de seu filho João Nepomuceno e sob sua supervisão direta, foi a Primeira artilharia a desembarcar em solo inimigo junto com o Marechal Osório. Foi colocada em posição a punho era razão das muares que as tradicionavam terem empacado na prancha de desembarque. Na Batalha do Tuiutí teve atuação decisiva à frente de seus bravos. Mandado ocupar terreno difícil e inadequado para colocar sua Artilharia, tratou de superar esta deficiência com um artifício tático. Auxiliado pelo Batalhão de Engenheiros e por outras tropas, cavou enorme fosso à noite, para que o não percebesse, atrás do qual colocou seus 29 canhões, entre os eles seus célebres La Hitte raiados. Ao ver lançar-se sobre sua petição com todo o ímpeto, a valorosa e intrépida cavalaria inimiga, Mallet qual regente de uma afinada orquestra, ordenou a seus bravos. Granadas e metralha espoleta 6 segundos. Eles que venham! Por aqui não passam! E sua artilharia disparou numa cadencia e sintonização impressionante, lembrando tiros de revólver. O Marechal Osório impressionado e surpreso com tamanha perfeição a batizou de Artilharia Revólver. Pela eficiência, bravura e sangue frio revelados em Tuiutí, Mallet virou legenda e foi promovido a coronel. Osório sintetizou, em 1879, tudo o que poderíamos dizer deste bravo que sessenta anos antes desembarcar no Brasil para ficar, para dele fazer sua pátria e auxiliar na sua construção "Nenhum oficial do Exército prestou mais assinalados e ascídios serviços na Guerra da Tríplice Aliança. Do que o valente comandante de nossa Artilharia. O Congresso Nacional reuniu-se, em 5 de junho da 1869,em sessão especial, para demonstrar a Mallet gratidão nacional aqueles que tão alto souberam elevar o nome da Pátria na guerra de honra em que o Brasil se achava empenhado. O Marechal Mallet faleceu, aos 84 anos, no Rio, no dia 3 de janeiro de 1885. Fazia seis meses que deixara o serviço ativo do Exército, por motivo de saúde. Os seis anos de campanha de que participou, dos 63 aos 68 anos de idade, haviam-se minado a saúde. Vivia então sozinho. Estava viúvo há bastante tempo. Impossibilitado de sair de casa, fardava-se com toda pompa, nas datas festivas nacionais, para, na intimidade do lar de

seu filho João Nepomuceno, compartilhar da alegria do povo de sua pátria, da pátria que vira crescer e ajudara a construir em 63 anos de relevantes serviços. Dizem que ao ouvir troar os canhões nas salvas festivas, viam-se rolar sobre sua face lágrimas discretas de saudade, do Exército e da equipe que liderara com firmeza durante tantas lutas. Seus restos mortais descansam no Cemitério São Francisco Xavier, em jazigo perpetuo da família. O estandarte, do Regimento, o legendário "Boi da Botas", com que se cobriu de glórias na campanha de 1351/52, encontra-as no Museu Histórico Nacional, no Rio.

PARQUE Em 1932, foi dado o nome da Mallet ao 5 RA (atual 3 RO 105 de Santa Maria), a primeira unidade do Exército a receber denominação histórica. É também a única a possuir, juntas, a ordem do mérito militar, naval, aeronáutico e a ordem de Rio Branco. Mallet é também nome de um estabelecimento militar e de uma medalha destinada aos vencedores de concursos de tiro no Exército, todas homenagens no âmbito nacional. Renovamos, aqui, uma sugestão: que se erija no local onde foi sua estância, no Quebracho em Bagé, o Parque Histórico Marechal Emílio Luís Mallet. Foi na estância do Quebracho que nasceram a se criaram seus filhos que lutariam bravamente em duas campanhas ao lado do pai, pela preservação das aspirações do povo brasileiro de soberania e integridade. Foi na estância do Quebracho que de curtiu, durante vinte anos, com humildade e nobreza, uma grande injustiça, somente amenizada pelo carinho da família. Injustiça, não da Pátria ou do Exercito, mas de regentes efêmeros, assaltados por nacionalismo passional. Finalmente, Quebracho foi sua querência, seu refúgio encantado e alvo de suas atenções em campanha e o local onde deixou, sozinha, sua esposa durante mais da dez anos em que esteve na guerra, pois todos os homens da casa partiram para o campo da honra, em defesa da Pátria. O ano do sesquicentenário e oportuno para o povo brasileiro tributar-lhe foi tributada pelo Congresso de 1869.