EXPERIÊNCIA 4 PEA2502 LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA DE POTÊNCIA RETIFICADOR TRIFÁSICO EM PONTE CONTROLADO W. KAISER 02/2009 1. OBJETIVOS Estudo do funcionamento de uma ponte trifásica a tiristores controlada e semicontrolada. 2. INTRODUÇÃO Os retificadores trifásicos de uma forma geral são utilizados para médias e altas potências, sendo a ponte a configuração mais importante pelas vantagens que oferece quanto ao aproveitamento de transformadores, simetria e modularidade. Um retificador controlado, como conjunto, é um conversor a tiristores que transforma corrente alternada em corrente unidirecional, cujo nível é controlado através de um comando manual (malha aberta) ou automático, utilizando um ou mais elos de realimentação. Fig. 1 - Diagrama de blocos de um retificador controlado No equacionamento dos retificadores será utilizada a simbologia apresentada na seqüência: - ângulo de disparo; Eo - tensão CC média em vazio com ângulo = 0 o ; Ecc - tensão CC média em carga; E - tensão média normalizada (E=Ecc/Eo); Em - valor de pico da tensão fase-neutro em vazio; Em linha - valor de pico da tensão fase-fase (de linha) em vazio E Xc Icc Is I mlinha E ; - impedância da fonte por fase (reatância de comutação); - corrente CC média na carga; - valor de pico da corrente CA de curto circuito entre 2 fases (Is=Em linha /2Xc); - valor médio da corrente CC normalizada (I=Icc/Is); - ângulo de comutação; m 1
.1. PONTE TRIFÁSICA TOTALMENTE CONTROLADA Admitindo-se semicondutores ideais, corrente CC constante (indutância de filtro elevada) e o retificador operando na região de comutação simples (condução simultânea de no máximo três dispositivos) pela teoria idealizada valem as seguintes relações: Ecc Eo F C cos Xc 2 Icc e EoF2C Em linha (1) Em linha Adotando-se Eo F 2 C e Is como valores de base para a tensão e a corrente CC 2 Xc respectivamente, os valores normalizados para E Ecc / EoF2C e I Icc / Is obedecem as seguintes relações: E cos 0, 5 I (2) cos cos( ) E () 2 As equações (1),(2) e () são válidas somente no intervalo 0 /, no qual ocorre comutação simples. Para / as comutações passam a ser múltiplas e o seu equacionamento é complexo. Substituindo-se (2) em () obtém-se uma relação entre, e I, expressa pela equação (4), cuja representação gráfica é apresentada na fig. 2. I cos cos( ) (4) Fig. 2 - Curva = (,I) O fator de potência de uma ponte pode ser aproximado pela expressão: 2
I FP I RMS fund RMS total cos 6 2 Icc cos cos( ) cos cos( ) Icc 2 2 (5).2. PONTE TRIFÁSICA SEMICONTROLADA A ponte trifásica híbrida é constituída por três tiristores com ânodo (catodo) comum e três diodos com catodo (ânodo) comum, incluindo-se um diodo de continuidade para evitar problemas com perda de controle no caso de cargas fortemente indutivas. A tensão em vazio na saída do retificador em função do ângulo de disparo, é dada por: E Em linha [ 1 cos] (6) 2 Os fenômenos de comutação na ponte híbrida são complexos devido a assimetria resultante do controle em apenas um semi-ciclo (positivo ou negativo) das tensões da rede. 4. CIRCUITO DE POTÊNCIA A fig. apresenta o arranjo didático onde serão realizadas as medições das características dos retificadores. O arranjo é constituído de uma fonte de alimentação utilizando três transformadores monofásicos ligados convenientemente para se obter, na sua saída, uma tensão trifásica com valor eficaz de linha igual a 1 V. Fig. - Esquema básico do arranjo experimental O bloco fonte representa um sistema CA com corrente de curto-circuito limitada pela reatância dos indutores, para permitir a visualização dos efeitos de comutação. A fonte de alimentação é conectada, através de fios de ligação, a uma ponte trifásica a tiristores controlada. O controle foi implementado utilizando-se três CIs TCA 785, com inclinação de rampa fixa e controle de nível através de um único potenciômetro (figura 4). Cada tiristor recebe dois pulsos de gatilhamento: i) o primeiro no instante previsto, determinado pelo ângulo e ii) o segundo, denominado de confirmação, encontra-se defasado de 60o do primeiro e corresponde ao início da comutação subseqüente que ocorre no semi-ciclo oposto e envolve as outras duas fases da alimentação. Para realização do sincronismo, foram utilizados transformadores de sincronismo, cujo primário é alimentado pelas tensões de linha (antes da reatância de comutação), adequadamente escolhidas para permitir uma variação do ângulo de disparo de = 0o a = 180o.
Fig. 4. - Diagrama esquemático dos circuitos de potência e controle 4
EXPERIÊNCIA 4 Como carga deve ser utilizado apenas o módulo disponível que permite a implementação de cargas resistivas e resistivo-indutivas e um reostato de fio de 50 W. As medições de corrente são efetuadas sobre shunts, sendo neste caso recomendada a utilização de uma ponta de prova de osciloscópio sem atenuação (x1), ou um multímetro digital para medições de valores médios ou eficazes. 5. PARTE PRÁTICA A parte prática é dividida em duas partes: a) análise do retificador trifásico em ponte totalmente controlado e b) análise do retificador trifásico em ponte semicontrolado. 5.1. Determinação da reatância interna por fase da fonte. Ligar o arranjo didático na rede, observando a seqüência de fase correta conforme indicações no cabo de ligação. Obter o espectro e medir o valor de pico da forma de onda da tensão de linha entre as fases R e S com a fonte em vazio. Em seguida colocar em curto circuito as duas fases da fonte e, utilizando uma ponta de prova de ganho unitário (atenuação x1), medir o valor de pico da corrente no shunt. Calcular o valor da reatância de comutação por fase e comparar com o valor nominal. (A indutância do reator externo ligado a cada fase é de 11.7 mh). 5.2. Ponte trifásica totalmente controlada 5.2.1. Carga resistivo-indutiva (RL). Desligar a fonte da rede através da botoeira da bancada. Colocar a chave, localizada na base do arranjo experimental ao lado do potenciômetro, na posição "trifásico". Interligar as fases R, S e T dos módulos da fonte e do retificador. Mantendo o diodo de retorno DR fora do circuito (chave na posição D), ligar uma carga RL (R=0, L=10 mh) entre as saídas + e -b do retificador e ajustar o ângulo de disparo em aproximadamente =60o (Lembre-se que o ângulo de disparo é medido a partir da passagem por zero da tensão de linha. Portanto basta medir simultaneamente as tensões de linha V TR e a tensão sobre o tiristor T1 ou a corrente de linha). Registrar as formas de onda abaixo. Utilize o cursor do osciloscópio para medir os ângulos de disparo e comutação. Ponta de prova canal 1 Ponta de prova canal 2 Corrente na fase R e espectro Tensão de linha V TR Tensão sobre T1 Tensão de linha V TR Tensão sobre T1 Corrente em T1 Corrente de carga. Tensão CC na saída do retificador (tensão sobre o resistor de carga) B) Medir com multímetro: b1) o valor médio da tensão na carga; b2) o valor médio da corrente na carga (tensão sobre o resistor); C) Análise das medições: c1) Indicar os ângulos de disparo e comutação em cada um dos registros efetuados. Comparar o ângulo de comutação com o valor calculado. Justificar eventuais desvios; c2) Explicar trecho a trecho as deformações da tensão de linha na entrada do retificador; c) Confrontar o valor médio da tensão na carga medido com o valor teórico calculado. 5
c4) Medir o fator de potência e confrontar com o valor obtido pela expressão (5). Justificar eventuais desvios. 5.2.2. Carga resistiva. Mantendo o mesmo ângulo de disparo, colocar a indutância da carga em curto-circuito tornando a carga resistiva (R=0 ). Registrar as formas de onda de corrente e tensão de linha e comparar com as medições do item anterior. Comentar diferenças. 5.2.. Característica E x I com carga RL. Mantendo o ângulo de disparo em =60o inserir novamente o indutor na carga e substituir a resistência por 10. Medir com um multímetro os valores médios de corrente e tensão CC, bem como sua resistência total de carga. Com osciloscópio medir o ângulo. Calcular os valores de E, I e e comparar com os valores teóricos. Comentar e justificar eventuais desvios. Repita o procedimento para um resistor de 5 5.2.4. Característica = (). Levantar a curva = () para 0 90o mantendo a corrente de carga fixa em Icc = 600 ma. Para medir a corrente, utilize um multímetro digital medindo a tensão sobre o shunt do módulo de carga. Para ajustar a corrente em cada ponto, varia-se a resistência de carga inserindo o reostato de 50 fornecido em série com uma associação conveniente dos resistores discretos do módulo de carga. Comparar a curva experimental com os valores teóricos obtidos a partir da expressão (4) (figura 2), comentando eventuais desvios. Explicar o aspecto da curva obtida. 5.. Ponte trifásica semicontrolada Desligar a fonte da rede através da botoeira da bancada. Inserir o diodo de retorno DR no circuito (chave na posição L1) e ligar uma carga RL (R=0, L=10 mh) entre as saídas + e - a do retificador. 5..1. Registro de formas de onda. A) Registrar as formas de onda da tensão e corrente na carga para = 0o, 60o, 90o e 120o. Em cada registro indique os ângulos de disparo e comutação. B) Mantendo a carga do item anterior, ajustar o ângulo de disparo em =120o e registrar as formas de onda abaixo: Ponta de prova canal 1 Ponta de prova canal 2 Corrente na fase R e espectro Tensão de linha V SR Corrente na fase R Tensão sobre D4 Corrente na fase R Tensão sobre T1 Corrente em DR Tensão sobre DR C) Análise das medições: c1) Indicar os ângulos de disparo e comutação em cada um dos registros efetuados. Identifique associe a cada ângulo de comutação quais semicondutores conduzem simultaneamente.; c2) A partir da corrente no diodo de retorno calcular o valor da indutância de carga e comparar com o valor nominal (L= 10 mh) fornecido. Qual a função do diodo de retorno na ponte híbrida e quais situações podem ser críticas? c) Explicar trecho a trecho as deformações da tensão de linha na entrada do retificador; c4) Comparar os espectros da corrente de linha das pontes controlada e semicontrolada. 6
5..2. Registrar as formas de onda da corrente e tensão de linha CA para =50o e =70o. Variar o ângulo numa faixa de 55 até 65 graus e comentar o fenômeno observado. 6. RELATÓRIO O relatório deverá conter as formas de onda e gráficos acompanhados de uma análise da consistência dos dados experimentais baseada nas previsões teóricas. As explicações solicitadas devem acompanhar os registro de forma de onda correspondente, facilitando a leitura e a utilização do relatório como material de estudo. 6.1 Análise teórica Elaborar um diagrama, que relacione os pulsos de disparo (inclusive o pulso de confirmação) de cada um dos tiristores para = 0o, com as suas respectivas tensões de sincronismo. Desenhar as formas de onda das tensões de fase e linha que achar convenientes, admitindo seqüência de fase positiva. Indicar quais as tensões de sincronismo necessárias para cada um dos CIs TCA 785 Para que serve o pulso de confirmação? (Sugestão: Analise o caso de uma carga resistiva). 7