COMPARAÇÃO DO EFEITO CRIOPROTETOR DA LIPOPROTEÍNA DE BAIXA DENSIDADE E DA GEMA DE OVO NO CONGELAMENTO DE SÊMEN CANINO.

Documentos relacionados
EFEITO DO TEMPO NA INCLUSÃO DA LIPOPROTEÍNA DE BAIXA DENSIDADE SOBRE A QUALIDADE DO SÊMEN CANINO CRIOPRESERVADO

COMPARAÇÃO DE CRIOPROTETORES EXTRACELULARES NA CRIOPRESERVAÇÃO DE SÊMEN SUÍNO 1. INTRODUÇÃO

Effect of pigpel extender on the boar semen quality stored at different temperatures

Métodos de congelamento One Step e Two Steps do sêmen de cães, diluído em solução de água de coco e etilenoglicol

COLESTANOL CARREGADO POR CICLODEXTRINA NO SÊMEN DE CARNEIROS SOBRE A MOTILIDADE TOTAL E INTEGRIDADE DA MEMBRANA PLASMÁTICA APÓS CRIOPRESERVAÇÃO¹

INTEGRIDADE DAS MEMBRANAS PLASMÁTICA E ACROSSOMAL DE CÉLULAS ESPERMÁTICAS SUBMETIDAS A ESTRESSE TÉRMICO

Tolerância ao congelamento e composição de ácidos graxos da membrana espermática de suínos de diferentes raças

INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL PÓS-CERVICAL DE LEITOAS COM SÊMEN SUÍNO CRIOPRESERVADO UTILIZANDO DIMETILACETAMIDA E GLICEROL

UTILIZAÇÃO DA GEMA DE OVO DE CODORNA EM DILUIDOR DO SÊMEN CAPRINO¹

42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de Curitiba - PR 1

Criopreservação de sêmen bovino utilizando diluente à base de PBS com três diferentes percentuais de gema de ovo

EFEITOS DE DILUENTES NO SÊMEN SUÍNO ARMAZENADO EM DIFERENTES TEMPERATURAS

ALTEAÇÕES DA INTEGRIDADE DO DNA DO ESPERMA DURANTE O PROCESSO DE CRIOPRESERVAÇÃO E INCUBAÇÃO IN VITRO DE SEMÊM DE TOUROS

AVALIAÇÃO DE SÊMEN CONGELADO DE SUÍNOS ATRAVÉS DO TESTE DE PENETRAÇÃO ESPERMÁTICA IN VITRO

EFEITO DO COLESTANOL CARREGADO POR CICLODEXTRINA NO SÊMEN DE CARNEIROS SOBRE APÓS A CRIOPRESERVAÇÃO

Criopreservação do Sêmen de Tambaqui em Criotubos: Influência da Velocidade de Descongelamento

Avaliação de diferentes crioprotetores intra e extracelulares na criopreservação de sêmen de touros

126 BARCELLOS, B. P. et al.

Diferentes concentrações de gema de ovo na qualidade do sêmen canino diluído em ACP -106 e resfriado a 4 C

EFEITO DO PROCESSO DE DESCONGELAÇÃO SOBRE A VIABILIDADE DO SÊMEN CANINO IN VITRO

Ejaculados individuais e pools de sêmen: diferenças em condições experimentais

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Efeito do álcool polivinílico na criopreservação de espermatozóides de ovinos

EFEITO DA DILUIÇÃO ESPERMÁTICA NA CONGELAÇÃO DE SÊMEN CANINO UTILIZANDO-SE A ÁGUA DE COCO EM PÓ (ACP 106) COMO DILUIDOR

Rev. Bras. Reprod. Anim., Belo Horizonte, v.37, n.3, p , jul./set Disponível em

VIABILIDADE IN VITRO DE ESPERMATOZOIDES OVINOS CRIOPRESERVADOS EM MEIOS CONTENDO LIPOPROTEÍNA DE BAIXA DENSIDADE NAS FORMAS NATURAL E LIOFILIZADA

EFEITO DA ADIÇÃO DOS ANTIOXIDANTES TROLOX C E ÁCIDO ASCÓRBICO SOBRE A INTEGRIDADE DA MEMBRANA PLASMÁTICA DE ESPERMATOZOIDES DE OVINOS 1

ESTUDO PRELIMINAR DE ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DO SÊMEN CANINO CONGELADO (Preliminary study on some properties of canine frozen semen)

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia Agrícola

Processamento e preservação de sêmen de peixes nativos

Criopreservação do Sêmen Ovino com Adição de Gelatina ao Meio Diluidor

USO DE DIMETIL-FORMAMIDA E ÁGUA DE COCO NA CRIOPRESERVAÇÃO DE SÊMEN CANINO

Morfologia Espermática do Sêmen de Tambaqui Criopreservado em Criotubos e Submetido a Diferentes Velocidades de Descongelamento

USO DA COLORAÇÃO EOSINA-NIGROSINA NA AVALIAÇÃO DA INTEGRIDADE DA MEMBRANA PLASMÁTICA DE ESPERMATOZOIDES DE CARNEIROS SUPLEMENTADOS COM MELATONINA 1

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Colegiado do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal

iamento sobre a qualidade do sêmen suíno criopreservado

Efeitos do volume de Percoll, duração e força de centrifugação na produção in vitro e proporção de sexos de embriões bovinos.

INFLUENCIA DO TEMPO DA COLETA À DILUIÇÃO SOBRE A VIABILIDADE DO SÊMEN OVINO DESCONGELADO

INFLUÊNCIA DOS MESES DO ANO SOBRE A MOTILIDADE DO SÊMEN BOVINO FRESCO NO CERRADO MINEIRO

Comparação entre a água de coco em pó (ACP ) e o Tris como diluidores na criopreservação do sêmen de cães

CONGELAÇÃO DE SÊMEN CANINO COM DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE GEMA DE OVO E GLICEROL EM DILUIDORES À BASE DE TRIS E ÁGUA DE COCO

Diferentes diluentes sobre a motilidade e integridade de membrana plasmática após o congelamento e descongelamento de sêmen ovino

MEDICINA VETERINÁRIA

TRABALHO CIENTÍFICO (MÉTODO DE AUXÍLIO DIAGNÓSTICO PATOLOGIA CLÍNICA)

Adição da Gelatina no Meio Diluidor para Congelação de Sêmen Ovino

CARACTERÍSTICAS MORFOFUNCIONAIS DO SÊMEN CANINO REFRIGERADO E CONGELADO, USANDO DOIS DIFERENTES MEIOS DILUENTES

Tatiane Guedes Bueno*, Laiza Sartori de Camargo, Karym Christine de Freitas Cardoso, Anelise Ribeiro Peres, Fabiana Ferreira de Souza

EXTRAÇÃO DAS LIPOPROTEÍNAS DE BAIXA DENSIDADE

VITRIFICAÇÃO DE SÊMEN SUÍNO

Efeito de diferentes tempos de equilíbrio na criopreservação de sêmen de garanhões

EFEITO DA REMOÇÃO DE PLASMA SEMINAL NA CRIOPRESERVAÇÃO DE SÊMEN DE TOUROS BOS INDICUS

DIFERENÇA ENTRE MACHOS SUÍNOS NA MANUTENÇÃO DA VIABILIDADE ESPERMÁTICA A 17ºC

Processamento de Sêmen Bovino Refrigerado

CONSERVAÇÃO DO SÊMEN CANINO A 37 o C EM DILUENTES À BASE DE ÁGUA DE COCO

Colheita e Avaliação Seminal

Viviane Rohrig Rabassa Prof a. Assist., Doutoranda em Veterinária, UFPel. Marcio Nunes Corrêa Prof. Adjunto, FV-UFPel

Efeito da centrifugação e do líquido prostático homólogo na criopreservação de espermatozoides epididimários caninos

Influência da adição de vitamina E em meios diluentes na qualidade do sêmen fresco diluído, refrigerado e congelado em cães da raça Bulldog Francês

AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DE CRIOPROTETORES PERMEANTES E NÃO PERMEANTES NO DESCONGELAMENTO RÁPIDO E LENTO DO SÊMEN CANINO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS TESE

CINÉTICA ESPERMÁTICA PÓS-DESCONGELAÇÃO DE SÊMEN BOVINO CRIOPRESERVADO EM DILUIDOR CONTENDO LECITINA DE SOJA

VIABILIDADE DO SÊMEN OVINO REFRIGERADO EM DIFERENTES DILUENTES (Viability of ovine semen cooled in different extenders)

Estudo da viabilidade de um novo diluidor para a refrigeração do sêmen canino Study of new extender viability to canine chilled sperm

Revista Agrarian ISSN:

Efeito de três diferentes diluidores sobre o sêmen canino submetido a dois protocolos de descongelamento

Doutorando em Reprodução Animal UNESP Jaboticabal, SP, 2

Criopreservação de sêmen canino com um diluidor à base de água de coco na forma

CARACTERÍSTICAS DO SÊMEN CAPRINO DESCONGELADO APÓS A ADIÇÃO DE RINGER LACTATO, CITRATO DE SÓDIO E SOLUÇÃO TRIS

Avaliação da taxa de fertilidade in vivo de espermatozoides frescos e congelados

CONGELABILIDADE DO SÊMEN SUÍNO DE ACORDO COM O PERÍODO DE EQUILÍBRIO PRÉ-CONGELAMENTO E DA SENSIBILIDADE AO RESFRIAMENTO

Uso de dimetil-formamida associada ou não ao glicerol na criopreservação de sêmen caprino

Pág Lista de Tabelas... 9 Lista de Figuras Prefácio à 3ª Edição... 12

Rev. Bras. Reprod. Anim., Belo Horizonte, v.37, n.1, p.53-58, jan./mar Disponível em

Efeito de um quelante de cálcio, um detergente e da lecitina de soja sobre a qualidade do sêmen caprino congelado-descongelado

CORRELAÇÕES ENTRE O TESTE HIPOSMÓTICO E A AVALIAÇÃO CLÁSSICA DO SÊMEN DE CAPRINOS

ISSN Acta Veterinaria Brasilica, v.7, n.4, p , 2013

Viabilidade de sêmen suíno armazenado a 5ºC de acordo com a taxa de resfriamento e incubação prévia

Ricardo TONIOLLI 1* ; Gilson Hélio TONIOLLO 2 ; Paulo Henrique FRANCESCHINI 2 ; Fernanda Maria de Almeida Celestino MORATO 2 RESUMO ABSTRACT

USO DE FLUOROCROMOS PARA AVALIAÇÃO DO SEMÊN SEXADO DE BOVINOS GIROLANDO Use of fluorochromes for the assessment of sexed semen of Girolando cattle

Criopreservação de espermatozóides eqüinos comparando duas curvas de congelamento combinadas com diluentes comerciais: uma análise laboratorial

Avaliação de diferentes osmolaridades de soluções hiposmóticas e tempos de incubação no teste hiposmótico do sêmen de touros Nelore

42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de Curitiba - PR 1

Criopreservação de Embriões

Archives of Veterinary Science ISSN X COMPARAÇÃO DE TRÊS MÉTODOS DE REFRIGERAÇÃO DO SÊMEN OVINO PELO PERÍODO DE 24 E 48 HORAS

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS ESCOLA DE VETERINÁRIA. Colegiado dos Cursos de Pós-Graduação

Taxa de Diluição e Tipo de Recipiente de Envase na Criopreservação do Sêmen de Tambaqui

Criopreservação de Embriões

Doutoranda Ciências Veterinária UFRGS 4. Biotério Central - UFPel Campus Universitário, Caixa postal 354,CEP ,

Uso do Sêmen Criopreservado de Tambaqui no Processo de Reprodução Artificial

Diferentes concentrações de benzilpenicilina benzatina no sêmen canino criopreservado em diluidor à base de água de coco na forma de pó (ACP-106 )

ADIÇÃO DE EXTRATO DE AÇAÍ AO DILUENTE DE CRIOPRESERVAÇÃO DO SÊMEN DE TOUROS

10ºCongresso Interinstitucional de Iniciação Científica CIIC a 04 de agosto de 2016 Campinas, São Paulo ISBN

Efeito da centrifugação sobre a qualidade do sêmen canino

Efeito da porção do ejaculado e do método de resfriamento sobre as características físicas do sêmen suíno

Teste hiposmótico para avaliação da viabilidade do sêmen eqüino resfriado com diferentes diluidores

AVALIAÇÃO IN VITRO DO SÊMEN CAPRINO RESFRIADO, COM OU SEM CENTRIFUGAÇÃO DO PLASMA SEMINAL E DILUÍDO EM LEITE DESNATADO-GLICOSE E TRIS-GEMA DE OVO

REVISTA CIENTÍFICA DE MEDICINA VETERINÁRIA - ISSN Ano XIV - Número 29 Julho de 2017 Periódico Semestral

SÊMEN DE PACU Piaractus mesopotamicus CONGELADO COM DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE GELÉIA REAL

DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE GEMA DE OVO EM PÓ ADICIONADA AO DILUENTE ACP-103 NA CONSERVAÇÃO DO SÊMEN SUÍNO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA LIDIANNE FABRÍCIA DOS SANTOS MARTINS MÉTODOS DE CRIOPRESERVAÇÃO DO SÊMEN CANINO

Transcrição:

COMPARAÇÃO DO EFEITO CRIOPROTETOR DA LIPOPROTEÍNA DE BAIXA DENSIDADE E DA GEMA DE OVO NO CONGELAMENTO DE SÊMEN CANINO. Varela Junior, A. S. 1* ; Ulguin R.R. 1 ; Corcini, C.D. 1 ; Bianchi, I. 1 ; Serret, C. G. 1 ; Perondi, A. 1 ; Albiero, I. 1 ; Lucia, T.Jr. 1, 2 ; Corrêa, M.N. 1, 3 ; Deschamps, J.C. 1, 2 1 PIGPEL Centro de Biotecnologia, Faculdade de Veterinária 2 Departamento de Patologia Animal, Faculdade de Veterinária 3 Departamento de Clínicas Veterinária, Faculdade de Veterinária Campus Universitário s/n Caixa Postal 354 CEP 96010-900 Universidade Federal de Pelotas, Pelotas/RS. * varela@ufpel.edu.br www.ufpel.edu.br/pigpel 1. INTRODUÇÃO Existe um crescente interesse no congelamento de sêmen canino, devido à facilidade de troca e preservação de material genético e controle sanitário. Entretanto, as células espermáticas quando submetidas a processos de congelamento e descongelamento, são expostas a variações de temperatura que levam ao choque térmico, resultando em alterações na estrutura e funcionalidade da membrana plasmática [3], o que leva a prejuízos para a motilidade e morfologia espermática, principalmente do acrossoma [9]. Assim, é necessária a adição aos diluentes de substâncias crioprotetoras, como a gema de ovo ou lipoproteína de baixa densidade (LDL) [5]. Estes são agentes eficientes na proteção dos espermatozóides contra danos de choque térmico, preservando a fertilidade espermática após congelamento [15, 18], possibilitando a manutenção da capacidade fecundante da célula espermática, para minimizar os efeitos negativos do resfriamento ou criopreservação de sêmen canino, bem como de substâncias com atividade tamponante que evitem variações de ph, propiciando pressão osmótica e concentrações de eletrólitos dentro dos parâmetros fisiológicos do sêmen canino [3, 8].. No entanto, a gema de ovo representa um risco em potencial de contaminação do diluente por microorganismos ou outras substâncias presentes, além desta diminuir a motilidade espermática [14] e dificultar a respiração celular [20]. A lipoproteína de baixa densidade (LDL) representa 68% da gema do ovo, sendo constituída de triglicerídeos, colesterol, fosfolipídeos e proteínas, o que lhe confere a propriedade de ser um protetor das membranas celulares, podendo ser purificada e incluída nos diluentes para conservação de sêmen [1]. Estudos realizados mostraram que a LDL é a responsável pelo efeito crioprotetor da gema do ovo e pela manutenção da motilidade espermática após o armazenamento [4, 12, 14, 16, 21] prevenindo a perda de fosfolipídios pela membrana e aumentando a tolerância ao choque térmico, além de interagir com as proteínas BSP A1 e A2 presente no plasma seminal evitando a saída de lipídios da membrana espermática. Este trabalho teve como objetivo avaliar a eficiência da substituição da gema do ovo por diferentes concentrações de LDL, adicionadas ao diluente TRIS-Glicose, como um crioprotetor das células espermáticas no processo de congelamento e descongelamento de sêmen canino.

2. MATERIAL E MÉTODOS Foram utilizados dois cães da raça Pastor Alemão, pertencentes ao Canil da Brigada Militar da cidade de Pelotas, sendo que os animais mantiveram sua dieta e rotina normal. Para a extração da LDL, os ovos, previamente desinfetados com álcool, foram quebrados manualmente e a gema separada da clara. Após a separação, cada gema era rolada sobre um papel filtro para a remoção da chalaza e de restos de clara aderidos à membrana da gema. Esta então, era rompida com uma agulha e coletada em um becker imerso no gelo. Posteriormente, realizava-se a diluição da gema em solução salina isotônica (0,17M NaCl) homogeneizando a mistura durante 1 h. Logo após, centrifugava-se à 10000 g por 45 min a 4ºC. Após coletado o sobrenadante, repetia-se a operação para a completa remoção dos grânulos. O sobrenadante oriundo da segunda centrifugação foi fixado e controlado o ph em 8,7 sendo misturado com 40% de sulfato de amônia durante 1 h à 4ºC. Após, realizavase outra centrifugação a 10000g a 4ºC por 45 min separando o sobrenadante do sedimento. O sobrenadante desta centrifugação foi dializado por um período mínimo de 6 h em água destilada, para a eliminação do sulfato de amônia. A solução obtida era centrifugada e o sobrenadante rico em LDL era coletado. Então foi realizada a análise de matéria seca para determinar a quantidade a ser adicionada ao diluente.as coletas de sêmen foram realizadas através da técnica de manipulação digital [2], sendo coletados quatro ejaculados de cada animal num intervalo de 72 h. Imediatamente após a coleta, foram avaliados motilidade e vigor espermáticos. Foram utilizados no processo de congelamento somente os ejaculados com motilidade? 80 e vigor? 4 e freqüência de anormalidades inferior a 20%. O sêmen fresco foi diluído em Tris-glucose na proporção 1:2 a temperatura de 30 C e resfriado até a temperatura de 20 C, sendo centrifugado a 800 xg por 5 m, sem variações na temperatura. O sobrenadante foi retirado e o pellet de sêmen ressuspendindo em 1 ml de Tris-glucose, e dividido em quatro alíquotas (0,25 ml) e adicionados a 0,25 ml dos diferentes tratamentos: tris glucose com gema de ovo 40% (T1), Tris-glucose com LDL 12% (T2), 16% (T3) e 20% (T4), ficando estes tratamentos na concentração final de 20%, 6%, 8% e 10%, respectivamente. As amostras foram submetidas a resfriamento lento durante 2 h, imersas em água, até chegar à temperatura de 5 C. Após atingir 5ºC, era adicionado o diluente de congelamento específico para cada tratamento, suplementados com 10% de glicerol, ficando ao final na concentração de 5%. Passado 10 minutos era envasado em palhetas de 0,25 ml e estas colocadas no vapor de Nitrogênio líquido (N 2 l), a 5 cm de distância, durante 10 min e, logo em seguida, armazenadas em botijões com N 2 l. O descongelamento era realizado, no mínimo dois dias após o congelamento, em banho-maria à 70 C por 6 segundos e diluído 1:4 em Tris-Glucose à 37 C, sendo avaliados motilidade e morfologia espermáticas e funcionalidade da membrana através do choque hiposmótico (Chipo). A avaliação do efeito dos tratamentos foi realizada através de análise de variância com medidas repetidas, com comparação das médias pelo método LSD (Statistix? ). 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Não foi observada diferença significativa entre os tratamentos, no sêmen fresco e pós-diluíção, nos parâmetros de motilidade e morfologia. Após o

descongelamento, observou-se que a motilidade no T1 foi inferior (P<0,01) aos demais tratamentos e que estes não diferiram entre si. Apesar da motilidade estar reduzida no T1, T2, T3 e T4 (Tabela 1), ao descongelamento, esta se manteve na faixa aceitável para a realização da Inseminação Artificial [3], assemelhando-se aos resultados obtidos em outros protocolos [6, 13, 19]. O decréscimo na motilidade deve-se a uma soma de fatores como o choque térmico provocado pela queda da temperatura [7], a ação do glicerol, devido ao limite estreito entre seus efeitos tóxicos e protetores sobre a célula [5], ou seja, devido aos danos oriundos dos próprios processos de congelamento e descongelamento. Tabela 1 Média da motilidade (%) do sêmen canino fresco, pré-congelamento e descongelamento. Tratamento Sêmen Fresco Pré congelamento Descongelamento T1 85 a 76,25 a 45,00 a T2 85 a 77,50 a 60,00 b T3 85 a 78,75 a 62,50 b T4 85 a 80,00 a 60,00 b Letras diferentes em uma mesma coluna indicam diferença estatística (P<0,01) Na avaliação de integridade de membrana (Fig. 1), T2, T3 e T4 não diferiram (P>0,05) entre si e foram superiores (P<0,05) ao T1. Esta avaliação demonstra que a membrana ficou intacta nestes espermatozóides, após o descongelamento, pois, em caso de alterações, a mesma não responderia ao Chipo [17], o que apresenta impacto na eficiência do processamento seminal, pois a célula espermática necessita estar com sua membrana funcional para viabilizar o sêmen garantido assim o sucesso da fertilização [10, 11]. Médias da Integridade de Membrana 40 30 20 10 0 b b b a T1 T2 T3 T4 Tratamentos Figura 1 - Medias da integridade de membrana (%) após o descongelamento do sêmen canino conservado nos quatro tratamentos. 4. CONCLUSÕES Os resultados deste experimento demonstram que a utilização do LDL melhora o efeito crioprotetor em relação à gema de ovo, no congelamento do sêmen canino, pois a motilidade e a funcionalidade da membrana pós-descongelamento foram superiores nos tratamentos com LDL.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] ANTON, M.; MARTINET, M.; DALGALARRONDO, V.; BEAUMAL, V.; DAVID- BRIAND, E.; RABESONA, H. Chemical and structural characterisation of low-density lipoproteins purified from hen egg yolk. Food Chemistry. 2003. [2] CHRISTIANSEN, I. J. Reprodução no cão e no gato. SP. ed. Manole, 1986. p.363. [3] CONACANNON, P.W., BATISTA, M. Canine semen freezing and artificial insemination. In: CURRETENT veterinary terapy, 10. Philadelphia W. B. Mosby, 1989, p.1247-1259. [4] DEMANIOWICZ, W.; STRZEZEK, J. The effect of lipoprotein fraction from egg yolk on some of the biological properties of boar spermatozoa during storage of the semen in liquid state. Reprod. Dom. Anim., 1996. v.31, p.279-80,. [5] ENGLAND, G. C. W., Cryopreservation of dog semen: a review. J. Reprod. Fertil. 1993. v.47, p.243-255. [6] FARSTAD, W; ANDERSEN-BERG, K.; Factors influencing the success rate of artificial insemination with frozen semen in the dog. J. Reprod. Fertil. 1989.v.39, p.289-292,. [7] FARSTAD, W. Semen criopreservation in dogs and foxes. Anim. Reprod. Sci. 1996. v.42, p. 251-260. [8] FONTBONNE, A. L. insemination artificielle dans l espece canine. Assosiation pour l etude de la reproduction animale. 1993. v.16. [9] HOLT, W.V. Fundamental aspects of sperm cryobiology: the importance of species and individual differences. Theriogenology, 2000. v.53, p.47-58. [10] JEYENDRAN R.S., VAN DER VEN H.H., PEREZ-PAEZ M, CRABO B.G. AND ZANEVELD, L.J.D. Development of an assay to assess the functional integrity of the human sperm membrane and its relationship to other semen characteristics. J. Reprod. Fertil. 1984. v.70. p.219-225. [11] KUMI-DIAKA, J. Subjecting canine semen to the hypo-osmotic test Theriogenology. 1993. v.39. p.1279-1289, [12] MOUSSA, M.; MARINET, V.; TRIMECHE, A.; TAINTURIER, D.; ANTON, M. Low density lipoproteins extracted from hen egg yolk by an easy method: cryoprotective effect on frozen-thawed bull semen. Theriogenology. 2002. v.57, p.1695-1706. [13] MORTON, D.B.; BRUCE, S.G. Semen evaluation, cryopreservation and factors relevant to the use of frozen semen in dogs. J. Reprod. Fertil. 1989. v.39, p.311-316. [14] PACE, M.M., GRAHAM, E. F. Components in egg yolk which protect bovine spermatozoa during freezing. J. Anim. Sci. 1974. v.39, p.1144-9. [15] PHILLIPS P, LARDY AL. A yolk-buffer pabulum for the preservation of bull semen. J Dairy Sci. 1940. v.23. p.399 40. [16] QUINN, P.J.; CHOW, P.Y.W. Evidence that phospholipids protectors spermatozoa from could shock at a plasma membrane site. J. Reprod. Fertil. 1980. v.60. p. 403-7. [17] SAACKE R.G. AND ALMQUIST J.O. Freezing-drying of bovine spermatozoa. Nature 1961. p.995-998. [18] SHANNON, P.; CURSON, B. Effect of egg yolk levels on the fertility of diluted bovine sperm stored at ambient temperatures. N Z J Agric Res 1983. v.26. p.187 189.

[19] SILVA, L.D.M.; VERSTEGEN, J.P. Comparisons between three different extenders for canine intrauterine insemination whitc frozen-thawed spermatozoa. Theriogenology, 1995. v.44, p.571-579,. [20] TOSIC, P.H.; WALTON, A. Effects of egg yolk and its contituents on the respiration and fertilizing capacity of spermatozoa. J. Agric. Sci. 1946. v.37 p.69-76. [21] WATSON, P. F. The roles of lipid and protein in the protection of ram spermatozoa at 5 degrees C by egg-yolk lipoprotein. J.Reprod.Fertil.1981. v.62. p.483-492