DOCUMENTO 106 O DÍZIMO NA COMUNIDADE DE FÉ: ORIENTAÇÕES E PROPOSTAS

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Transcrição:

DOCUMENTO 106 O DÍZIMO NA COMUNIDADE DE FÉ: ORIENTAÇÕES E PROPOSTAS Conferência Nacional dos Bispos do Brasil CNBB. 2016 Documento 106

APRESENTAÇÃO: O DÍZIMO EXPRESSA A PARTICIPAÇÃO DA PESSOA BATIZADA NA MISSÃO DE ANUNCIAR O EVANGELHO DA ALEGRIA.

INTRODUÇÃO: Estas orientações e propostas dão continuidade as indicações que tem sido feitas pela CNBB a respeito do dízimo, desde a década de 50 do século passado. O dízimo é aqui apresentado na perspectiva da evangelização, como um dos elementos da conversão pastoral que foi assumida pela Conferência de Aparecida (2007). Indica elementos, esclarece conceitos e oferece orientações.

C A P Í T U L O I

A compreensão do Dízimo A contribuição com o dízimo e sua correspondente pastoral precisam estar baseadas em uma correta compreensão. Quais são os fundamentos bíblicos e eclesiais quais suas dimensões e finalidades. Isto garante que o dízimo se situe no âmbito da fé cristã e na ação evangelizadora.

1. O que o dízimo? É contribuição sistemática e periódica dos fiéis, por meio da qual cada comunidade assume corresponsavelmente sua sustentação e a da Igreja. É um compromisso de fé pois está relacionado com a experiência de Deus. Exprime a pertença efetiva à Igreja vivida em uma comunidade concreta. Manifesta a amizade que circula entre os membros da comunidade. Diferencia-se do cumprimento de uma lei, por provir de uma decisão pessoal. É compromisso moral.

. A contribuição do dízimo é sistemática. Isso significa que ela é estável, assumida de modo permanente.. É periódico: mensal (ligado ao salário ou outros tipos de ganho); ou anual (ligado a colheitas ou à venda de produtos).. O dízimo não pode ser assumido unicamente como forma de captação dos recursos para as outras pastorais. Esta compreensão não expressa toda riqueza de seu significado.

O sistema da contribuição do dízimo tem quatro características: a) É relacionado com a experiência de Deus e com o amor fraterno; b) É um compromisso moral dos fiéis com a Igreja; c) É fixado de acordo com a consciência retamente formada; e d) É sistemático e periódico. É importante lembrar que a escolha da quantia de dinheiro destinada para o dízimo é decisão de consciência, iluminada pela Palavra de Deus, sensível às necessidades da Igreja e do próximo.

2. Os fundamentos bíblicos do dízimo A principal fundamentação do dízimo encontra-se na Sagrada Escritura. E antes de tudo, é preciso recordar que a Revelação divina é progressiva e orientada para Cristo. A decisão de contribuir com o dízimo nasce de um coração agradecido por ter encontrado o Deus da vida e experimentado a beleza de sua presença amorosa no dia a dia. Deus é o Senhor de tudo, o proprietário da terra de onde provém o alimento e a fonte de toda bênção (Lv 25,23; Sl 24,1).

Revelação Progressiva: Jesus e as 1 as Comunidades Profetas Moisés Patriarcas

Patriarcas: dízimo é gratidão Gn 14,17-20: Abrão decide dar a Melquisedec o dízimo de todos os despojos oriundos de sua vitória. Gn 28,18-22: Jacó se dispõe a oferecer o dízimo como resultado de sua experiência com Deus em Betel. O dízimo é oferecido como reconhecimento e gratidão pela dádiva de Deus que abençoa e acompanha aquele que a Ele se confia.

Moisés: o dízimo como preceito Todo dízimo do país tirado das sementes da terra e dos frutos das árvores pertence ao Senhor como coisa consagrada (Lv 27,30). Assim decorrem alguns elementos significativos: 1. Sustenta os levitas pelos serviços litúrgicos prestados e por não terem parte ou outra herança entre os filhos de Israel (Nm 18,21-32; Dt 12,12; 14,27). Os levitas davam o dízimo ao sacerdote Nm 18,26

2. Auxilia os necessitados: estrangeiro, órfão e viúva (Dt 14,28-29; 26,12-13). 3. Pedagógico: caminho para se aprender e exercitar o temor do Senhor (Dt 14,22-23). Anual: levado ao lugar do culto (Dt 12,5.11; 14,22-23); e trienal: entregue aos levitas, para o sustento dos mais pobres e necessitados (Dt 14,28-29; 26,12-15)

Profetas: evitar o formalismo cultual Amós (4,4-5) condena o culto sem o arrependimento e a conversão, e a oferta de sacrifícios e dízimos descompromissados. Síntese: os profetas, como Malaquias, releem o preceito do dízimo sob um prisma mais profundo: o da fidelidade à Aliança.

Nos Evangelhos: As menções se referem à prática da religião judaica no tempo de Jesus. Na linha profética, Jesus opõe-se ao comportamento dos fariseus e escribas por se preocuparem em dar o dízimo da hortelã, do coentro e do cominho mas, negligenciavam a justiça, a misericórdia e a fé (Mt 23,23; Lc 11,42). Os discípulos o ajudavam com seus bens (Lc 8,1-3). Os discípulos tinham uma bolsa comum (Jo 13,29).

Nas 1 as comunidades cristãs: O que cada um possuía era posto a serviço dos outros. Eram perseverantes: em ouvir o ensinamento dos Apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e nas orações. (cf At. 2,44-47) Por livre decisão: a partilha não era imposta pelos apóstolos, mas expressão natural do amor a Cristo e aos irmãos (CNBB Doc. 100 n. 84)

Coletas feitas para ajudar os que, na Judeia, sofriam durante a grande fome, eram modelos de uma prática que se tornou recorrente entre as comunidades cristãs (At 11,29; Rm 15,26-27; 1Cor 16,1-4; 2Cor 8-9; Gl 2,10). Essas coletas são uma das formas que a partilha de bens assumiu e inspiram a dimensão caritativa do dízimo. O apóstolo Paulo ensina que cada fiel deve dar como dispôs em seu coração pois Deus ama a quem dá com alegria (2Cor 9,7). O cristão é chamado a contribuir pela consciência que tem de ser servo de Cristo (1Cor 7,22) e por saber que ele não pertence a si mesmo (1Cor 6,19).

No conjunto do Novo Testamento, se torna clara a continuidade das três finalidades que o dízimo tinha na legislação mosaica (sustento dos levitas e sacerdotes, socorro aos necessitados, manifestação do temor de Deus. A diferença principal está na motivação (não é mais por força da lei, mas pela decisão livre de consciência.) Este percurso bíblico leva a perceber que a consciência do dízimo parte do reconhecimento a Deus e da gratidão a ele. Assim, tanto a décima parte prescrita no Antigo Testamento -, como a partilha dos bens praticada pela primeira comunidade cristã -, são formas diferentes da mesma atitude que brota da fé.

Precisamos rever uma forma atualmente muito difundida de propor o dízimo baseada na assim chamada teologia da prosperidade. Essa interpretação indica como fundamento alguns textos do Antigo Testamento que relacionam a obediência a Deus e o dízimo com a multiplicação dos bens materiais e com a prosperidade pessoal. Essa interpretação isola os textos bíblicos do seu contexto e do conjunto da Sagrada Escritura. Quando o dízimo é proposto com essa fundamentação, se falsifica o rosto paterno e amoroso de Deus revelado por Jesus Cristo, se distorce a relação com Ele, e se priva do dízimo seu autêntico significado.

3. As dimensões do dízimo O dízimo está profundamente relacionado à vivência da fé e à pertença a uma comunidade eclesial. Dimensão religiosa: a vivência da fé e pertença a uma comunidade eclesial. cristão com Deus. Tem a ver com a relação do Dimensão eclesial: a consciência de ser membro da Igreja e corresponsável, para que a comunidade disponha do necessário para a realização do culto divino e para o desenvolvimento de sua missão.

Dimensão missionária: permite a partilha de recursos entre as paróquias de uma Diocese e entre dioceses, manifestando a comunhão que há entre elas. (Igrejasirmãs) Dimensão caritativa: é uma dimensão constitutiva da missão da Igreja e expressão irrenunciável da sua própria essência.

4. As finalidades do dízimo:. Colaborar para a realização do culto divino e da evangelização,. Prover o sustento do clero e de outros ministros,. Participar da manutenção das obras de caridade e da concretização da missão da Igreja.. O Direito Canônico diz: Os fiéis tem obrigação de socorrer as necessidades da Igreja

C A P Í T U L O II

Orientações para a pastoral do dízimo A Pastoral do Dízimo é a ação eclesial que tem por finalidade motivar, planejar, organizar e executar iniciativas para a implantação e o funcionamento do dízimo e acompanhar os membros da comunidade no que diz respeito a sua colaboração em sintonia com a Pastoral de Conjunto na Diocese.

1. Implantação do dízimo É útil que a implantação do dízimo seja precedida por um adequado período de sensibilização e conscientização de todos os membros da Igreja particular e de formação dos agentes para a Pastoral. Precisa resultar de um amplo processo participativo. Em assembleias pastorais diocesanas, paroquiais e comunitárias; que tem sido o meio mais eficaz para promover o diálogo, a participação e a corresponsabilidade necessários.

Quando uma Diocese opta pelo dízimo, é preciso que ele não apareça apenas como uma das formas de captação de recursos, mas como a forma habitual de colaboração. Durante este período, é necessário fazer uma reflexão sobre a conveniência de se continuar com as taxas, espórtulas, festas, campanhas, promoções.

As festas não precisam ser abolidas, mas devem estar inseridas no conjunto da ação evangelizadora e claramente relacionadas com a dimensão de convivência fraterna e de comemoração. Podem também ser promovidas tendo em vista a arrecadação de recursos para cobrirem despesas extraordinárias, ou com finalidades específicas, de contribuição missionária ou de solidariedade.

Campanhas e Coletas com finalidades específicas, quando realmente necessárias, precisam ser motivadas de modo a não afetar a consciência da contribuição com o dízimo e a não pesar sobre as famílias mais pobres. As coletas especiais se distinguem do dízimo por sua natureza e por sua finalidade, uma vez que normalmente são feitas durante as celebrações litúrgicas e têm motivação específica. Considerando que tais coletas são estabelecidas pela Sé Apostólica ou pela CNBB, é preciso cuidar para que as coletas diocesanas não sejam em número excessivo, para que não venham a prejudicar o dízimo.

2. A Organização e o funcionamento da Pastoral do dízimo a. A Pastoral do dízimo necessita de equipes que assumam a responsabilidade da coordenação dos vários aspectos de seu funcionamento; b. Precisa de equipe de coordenação a nível diocesano, com responsabilidades em oferecer campanhas e encontros de formação;

c. O dízimo é paroquial. Sua contribuição se faz na sede da paróquia, na comunidade ou setor da paróquia em que o fiel participa. O dízimo se distingue de doações feitas a outros tipos de comunidade, associações, meios de comunicação; d. As modalidades concretas de funcionamento da Pastoral do Dízimo são diversas principalmente quanto ao lugar e ao momento da entrega e quanto ao registro. Importante é unificar na Diocese. e. Onde se opta por fazer o recolhimento da contribuição com o dízimo durante a Missa, evitar de confundi-lo com as ofertas.

f. Do ponto de vista da legislação, o dízimo se caracteriza como doação. Por isso recomenda-se:. Registrar o valor de cada contribuição;. Dê-se, a cada dizimista que solicitar, o recibo da contribuição;. Respeitar o direito a privacidade referente à quantia com que cada dizimista contribui. g. A divulgação periódica dos resultados e da sua aplicação é necessária não apenas para motivar os dizimistas à perseverança, mas principalmente para aprofundar a experiência comunitária e a corresponsabilidade missionária.

h. Cuidado com a linguagem: é necessário haver consciência dos significados associados às palavras utilizadas para expressar a colaboração com o dízimo. Contribuir (é a opção mais adequada), Contribuindo com o dízimo, os fiéis dão de si mesmos e de seu trabalho, por meio de parte de seus rendimentos ou bens, postos à disposição do objetivo comum que é a evangelização. (portanto, abolir expressões como Pagar, Ofertar, Doar, Devolver, Consagrar, Entregar, Recolher, Arrecadar...). Partilhar é outro termo apropriado. i. Boa relação entre a Pastoral do Dízimo e o Conselho Econômico e o Conselho Pastoral Paroquial e Diocesano,

3. Os agentes da pastoral do dízimo a. Uma vez que se espera que todos os agentes da pastoral contribuam com o dízimo, o testemunho é o mais importante. b. Os ministros ordenados, além de serem dizimistas, são também agentes e tem grande responsabilidade. c. Boa formação dos agentes da pastoral do dízimo e material de boa qualidade. Investir com ousadia.

4. O dízimo na pastoral de conjunto a. O dízimo contribui para concretizar a comunhão eclesial e a organicidade de sua ação evangelizadora. b. A solidariedade que o dízimo promove, é vivência concreta de catolicidade da Igreja e de sua missionariedade. c. A consolidação do dízimo, como meio ordinário de manutenção eclesial, reforça o sentido de pertença a uma Igreja particular concreta.

e. Quando uma Igreja particular assume o dízimo como meio ordinário de sua manutenção, significa que não apenas cada paroquia ou comunidade será atendida, mas também as estruturas supraparoquiais, como seminários, a cúria, o bispo etc.. f. Recomenda-se que a conscientização sobre o dízimo faça parte da iniciação à vida cristã, para que a todos seja dada a oportunidade de compreendê-lo bem e de contribuir generosamente. g. Também é conveniente que, na formação dos futuros ministros ordenados, sejam reforçados o conhecimento e a prática do dízimo.

5. Motivação permanente a. Promove-se o dízimo cultivando a fé. b. Que as pessoas compreendam o quanto são importantes para a vida da comunidade. c. Visitas missionárias, cadastro, escolha de um domingo fixo por mês, Oração do dizimista... d. A correta administração do dízimo, com transparência e sensibilidade evangelizadora.

Conclusão:. Estas orientações e propostas são oferecidas às nossas comunidades como uma referência em seu empenho de conversão pastoral e de renovação comunitária. Nesta hora missionária, a Igreja no Brasil renova vigorosamente sua opção pelo dízimo, como forma habitual de manutenção das comunidades e da ação evangelizadora.. Estas orientações querem contribuir para a consolidação da Pastoral do dízimo onde já existe e estimular todas as comunidades a fazerem, com coragem, a opção pelo dízimo.. Confiamos a opção pelo dízimo à Santa Virgem Maria, invocada em todo o Brasil com o título de Nossa Senhora Aparecida.

ORAÇÃO DO DÍZIMO: Pai santo, contemplando Jesus Cristo, vosso Filho bem amado que se entregou por nós na cruz, e tocado pelo amor que o Espírito Santo derrama em nós, manifesto, com esta contribuição, minha pertença à Igreja, solidário com sua missão e com os mais necessitados. De