HOMILIA DO SENHOR D. ANTÓNIO NA SOLENIDADE DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

Transcrição

1 1.É de alegria vivida à volta do altar a razão que nos traz a esta Igreja do Bom Pastor, em Ermesinde. Reunimo-nos para celebrar Eucaristia na Solenidade do Sagrado Coração de Jesus. Queremos celebrar e viver este dia como Jornada mundial de oração pela santificação dos Sacerdotes. Recordamos aqui os bispos e presbíteros da nossa Diocese, já falecidos. Temos presente na nossa oração e no nosso afeto todos e cada um dos sacerdotes, particularmente os que estão doentes. Rezamos, neste dia vivido em Presbitério diocesano, pelos diáconos que vão ser ordenados presbíteros, no próximo dia 13 de julho, e pelos nossos Seminários, sempre necessários e imprescindíveis na formação dos sacerdotes e no seu acompanhamento ao longo da vida. Saúdo-vos, irmãos e irmãs, com estes acrescidos motivos de alegria que unimos nesta Eucaristia. A Eucaristia é sempre mistério de graça que de Jesus Cristo recebemos e momento e memorial de ação de graças que a Deus devemos. Celebro esta Jornada Sacerdotal com ânimo renovado e acrescentada alegria, agradecendo o dom e a bênção que cada um de nós sacerdotes constitui para a Diocese do Porto e para a Igreja. Saúdo, com particular afeto, neste Dia Diocesano do Apostolado da Oração, todos os seus Zeladores e Membros na pessoa do seu Promotor Diocesano, Cónego João da Silva Peixoto. Conheço o bem que realizais e eu próprio experienciei desde criança o bem recebido da minha família muito ligada a este Movimento apostólico, particularmente através da minha Mãe, que foi Zeladora e Presidente da Associação do Apostolado de Oração, na minha paróquia de origem. 1 / 5

2 Nesta Igreja das Irmãs da Congregação de Nossa Senhora da Caridade do Bom Pastor, a quem saúdo, repousa a Irmã Beata Maria do Divino Coração, que ofereceu a vida e o sofrimento da sua doença pela santificação dos Sacerdotes da Diocese do Porto. Ela foi verdadeiro modelo de santidade, em vida dada ao serviço desta Igreja do Porto, e exemplar testemunho de amor e de devoção ao Sagrado Coração de Jesus. Rezemos, também, por todos os consagrados (as) que na nossa Diocese nos revelam a beleza da consagração, assumida na diversidade dos seus carismas. Esta celebração diz-nos que todos nós cristãos e muito concretamente todos nós Associados ou Zeladores do Apostolado da Oração somos chamados a levar o amor de Deus a todas as periferias da missão. Quero, com a minha presença, dizer-vos que a oração pelos sacerdotes é oração permanente e testemunha a gratidão sentida da Igreja do Porto. 2. Hoje, a Palavra de Deus diz-nos que os mandamentos de Deus são provas do seu amor. Guardá-los é a nossa maneira de reconhecer que Deus nos ama e de Lhe manifestar a adesão do nosso coração. A nossa história humana escreve-se com as letras do amor de Deus que nos ama e que se decidiu a vir ao nosso encontro, a escolher-nos, a ungir-nos e a enviar-nos em missão. Isto mesmo diz Moisés ao Povo de Israel. Isto afirma, com manifesto encanto e impressionante beleza, o apóstolo S. João na sua primeira Carta, segundo a leitura que acabamos de escutar. Este amor de Deus revelado aos simples e aos pequeninos, como nos diz o Evangelho de hoje, tem em Cristo o seu pleno cumprimento. São de Cristo estas palavras a manifestar outros tantos e divinos sentimentos: Vinde a mim todos vós que andais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei (Mt 11, 25-30). 3. A vocação de todo o discípulo de Jesus radica-se nesta confiança no amor compassivo e misericordioso de Deus, que de nós faz mensageiros e ministros da sua graça. Deve ser de humildade e de confiança o testemunho sacerdotal de cada um de nós, desde o momento primeiro da nossa ordenação presbiteral pela imposição das mãos do bispo ordenante, na sucessão ininterrupta dos Apóstolos, e pela graça e dom do Espírito Santo, nesse momento recebidos. Sei quanto este testemunho dedicado e generoso de cada um é 2 / 5

3 essencial e imprescindível no nosso ministério de sacerdotes, vivido em comunhão, ao serviço da Igreja! Ao percorrer a Diocese vou experimentando, dia a dia, a generosidade e a dedicação dos nossos sacerdotes à Igreja de Porto. Só o Coração de Deus conhece todos os sinais e gestos desta doação, de que todos beneficiamos. Caríssimos sacerdotes, gostaria de trazer aqui hoje, mesmo que seja de forma sintética e em jeito telegráfico, as principais ideias da bela e tão oportuna homilia do Papa Francisco na Missa Crismal deste ano. Os sacerdotes, diz o Papa Francisco, são ungidos com o óleo de alegria para ungir com o óleo de alegria O sacerdote é o mais pobre dos homens, se Jesus não o enriquece com a sua pobreza; é o servo mais inútil, se Jesus não o trata como amigo; é o mais louco dos homens, se Jesus não o instrui pacientemente como fez com Pedro; o mais indefeso dos cristãos, se o Bom Pastor não o fortifica no meio do rebanho. Não há ninguém menor que um sacerdote deixado meramente às suas forças; por isso a nossa oração de defesa contra toda a cilada do Mal é a oração da nossa Mãe: sou sacerdote, porque Ele olhou com bondade para a minha pequenez (cf. Lc 1, 48). E a partir desta pequenez, recebemos a nossa alegria: uma alegria que nos unge, uma alegria incorruptível, uma alegria missionária A alegria do sacerdote é uma alegria que tem como irmãs a pobreza, a fidelidade e a obediência ( Da Homilia do Papa Francisco, na Missa Crismal, 17 de Abril de 2014). A messe é cada vez maior e pertence-nos a cada um de nós tudo fazer em oração, confiança e missão para que haja trabalhadores para a messe, segundo este paradigma, que o Papa Francisco nos propõe. Celebrar esta Jornada sacerdotal, instituída pelo Papa S. João Paulo II, em 1995, é uma abençoada oportunidade para fazermos do Evangelho da vocação, em que Jesus continua a dizer «Vinde ver» o paradigma, a força e o impulso da nossa pastoral vocacional. Só pode ser este o lema que desde sempre nos orienta e anima: Não fostes vós que me escolhestes; fui eu que vos escolhi e enviei para que deis muito fruto (Jo 15, 16). Urge encontrar no belo e fecundo testemunho da vida sacerdotal de cada um de nós e no espírito cristão das famílias e das comunidades, que tantos sacerdotes viram nascer noutros tempos, a força mobilizadora e o fascínio do chamamento de Deus para que surjam hoje novas e generosas vocações para a vida sacerdotal. 3 / 5

4 Confio aos Membros e Zeladores da Associação do Apostolado da Oração e às Comunidades cristãs este pedido insistente de oração, de dedicação e de comunhão com os sacerdotes, vivido como serviço maior da missão de apostolado que realizais. Rezai, também, para que, no terreno fecundo da nossa Diocese, continuem a surgir vocações para a vida sacerdotal, religiosa e missionária. Que Jesus, o Bom Pastor, nos dê, caríssimos sacerdotes, a sua bênção e o seu amor de Pastor, segundo o seu Coração! Rezo ao Coração de Jesus por cada um de vós, irmãos sacerdotes, com as palavras de uma antiga oração. Contigo esteja o Senhor Que tem mãos de Pai e rosto de Mãe. O Senhor esteja diante de ti, para te mostrar o reto caminho. O Senhor esteja ao teu lado, para te dar o braço e apoiar-te. O Senhor esteja em ti, para te consolar quando estiveres triste. O Senhor esteja sobre ti, para te abençoar. Que o bom Deus te abençoe! ( Sedulius Caelius, monge e poeta, séc. III) 4 / 5

5 Igreja do Bom Pastor, Ermesinde, 27 de junho de António, Bispo do Porto 5 / 5