Homilia do senhor D. António na Festa de Santa Rita

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Washington Anjos
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1 1.Reunimo-nos em dia de Festa litúrgica de Santa Rita, nesta Igreja que foi declarada Santuário Diocesano, em 26 de novembro de 1958, pelo senhor D. António Ferreira Gomes, nosso Bispo de grata e ilustre memória. Esta Festa vivida em espírito de peregrinação, como devem ser vividas todas as festas cristãs nos Santuários, interpela-nos e abre-nos caminhos para que as famílias encontrem neste lugar uma escola de graças e de bênçãos. Saúdo todos os peregrinos que hoje aqui se reúnem e lembro a imagem de fé que encontrei sempre que aqui entrei e rezei. Faço extensiva às vossas famílias e a todas as famílias da Diocese esta saudação. Os Santuários são procurados como lugares de acolhimento, oásis de silêncio, oportunidades de oração, espaços de contemplação e laboratórios de transformação interior, onde se reacende a luz da fé e se encontra a força da esperança. 1 / 6

2 Os Santuários devem oferecer, cada vez mais, momentos privilegiados para a evangelização e iniciativas criativas em ordem à construção de uma cultura de paz, de esperança e de amor abençoado nas famílias. Aí se acalentam os sonhos de um mundo melhor, mais justo e mais fraterno. Os Santuários são lâmpadas acesas a iluminar o coração dos que procuram Deus, jardins onde se cultivam as flores da alegria do evangelho e faróis de verdade neste mar imenso da cultura do nosso tempo. Os Santuários não são parques onde se paralisa e estaciona a vida mas sim etapas de novos e renovados caminhos que se retomam com acrescida alegria e reavivada esperança. Por isso e para isso aqui vimos hoje com súplicas a fazer, com projetos e planos de futuro a decidir, com promessas a cumprir e com gestos de gratidão pelo bem recebido de Deus por intercessão de Santa Rita de Cássia. 2.As razões da nossa peregrinação que são as razões de fé que aqui nos traz só as poderemos compreender a partir da santidade que fez de Santa Rita uma presença de Deus para o seu marido, para os seus filhos e para a sua família. Santa Rita viveu nos séculos XIV e XV. Há sete séculos que a vida desta mulher, a beleza do seu testemunho de esposa e mãe, a sua vida de família, a firmeza da sua fé, a força da sua oração a favor do marido, dos filhos e dos seus vizinhos afirmam o valor perene da santidade em formas de vida que são hoje tão atuais. Diante das dificuldades e dos sacrifícios que teve de viver e vencer, Santa Rita nunca desistiu de rezar, de amar, de perdoar e de servir. É nesta força da vida, neste amor da família e nesta firmeza da fé que reside o segredo da sua santidade. E foi para ser escola de santidade e de bênção a favor das famílias que se ergueu neste lugar da Mão Poderosa este Santuário, para que também aqui se transforme o nosso coração e o ambiente das nossas famílias. Aqui 2 / 6

3 invocamos Santa Rita como advogada das nossas preces e intercessora de tantas causas, que humanamente nos parecem impossíveis ou perdidas e que, ajudados por Deus, vemos resolvidas. 3.Celebrámos também hoje neste Santuário a bênção da imagem do Papa João Paulo II, que visitou a nossa Cidade e Diocese do Porto, em 15 de maio de Ele foi canonizado no passado dia 27 de abril, pelo Papa Francisco, em Roma. Não esqueço que foi ele que me chamou a ser bispo da Igreja. Também nós, desde os jovens aos idosos, que vivemos próximos dele no tempo, ouvimos a sua palavra, recebemos a sua bênção e conhecemos o seu testemunho de missão, podemos hoje dizer: vivemos com um santo. Sabemos todos que o anúncio incessante do evangelho de que S. João Paulo II foi corajoso mensageiro, vivifica a Igreja, renova a missão, revigora a fé e dá novo encanto e entusiasmo à vida dos cristãos. A nova evangelização encontrou no Papa João Paulo II uma permanente inspiração e um exemplar testemunho. A tarefa de evangelizar não perdeu a sua urgência. Evangelizar é a graça e a missão da própria Igreja. A Igreja não pode fechar-se sobre si mesma. E esta missão empenha todos, tudo e sempre. O evangelho não é um bem exclusivo de quem o recebeu, mas constitui uma dádiva a partilhar, uma boa notícia a comunicar. No dia da canonização, o Papa Francisco apresentou-nos S. João Paulo II como o Papa da 3 / 6

4 Família. Ele mesmo disse uma vez que assim gostaria de ser lembrado: como o Papa da família. É também assim que aqui o desejamos invocar, a partir de hoje. Esta nossa peregrinação deve ter este horizonte e beber da fonte inspiradora da vida cristã das nossas famílias. 4.Vem ao encontro desta urgência e desta pedagogia de um permanente serviço à família o testemunho de santidade de Santa Rita a quem tantas pessoas e famílias diariamente acorrem e o exemplo de S. João Paulo II a quem o Papa Francisco pediu que acompanhe e sustente do Céu as famílias. A boa nova de Jesus está expressa neste belo texto do evangelho de hoje. Também nós aqui rezamos com Jesus: Eu te bendigo, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondestes estas verdades aos sábios e inteligentes e as revelastes aos pequeninos. E de Jesus continuamos a ouvir a sua voz, que nos diz: Vinde a Mim, todos os que andais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. À luz desta mensagem de Jesus compreendemos ainda melhor o texto da primeira leitura em que a palavra do Senhor nos interroga e interpela sobre o nosso modo de cuidar com amor igual dos mais frágeis, dos mais pobres e dos mais humildes. 4 / 6

5 Do amor primeiro para com Deus nasce este amor igual para com os irmãos, que nos leva a fazer do anúncio do evangelho uma missão e do amor aos irmãos uma urgência e um serviço. É um amor de doação de todos, em tudo e sempre, que faz de cada gesto um reforço do crescimento pessoal, uma bênção para a família e uma expressão de solidariedade fraterna no nosso mundo. Este amor impresso na oração de Jesus que ouvíamos no evangelho de hoje é a força da missão, que nesta nossa Peregrinação celebro com especial atenção e solicitude voltado para as famílias da nossa Diocese. Neste santuário diocesano, que agora visito, gostaria de deixar um convite para que ele seja cada vez mais Santuário da Família na nossa Diocese. Que aqui se sinta e se descubra o amor de Deus pelas famílias. Precisamos de escolas de amor matrimonial, de espaços de unidade e de fidelidade, para que os filhos, os pais e os avós se encontrem no amor, na ternura, no carinho e no perdão, que é tantas vezes a forma sublime do amor. Deste Santuário se espraia o olhar e se amplia o pensamento e a oração para o nosso Colégio de Ermesinde, que aqui vive paredes meias, para que seja cada vez mais escola católica, firmada nos valores da fé e no contributo essencial dado às Famílias na educação dos seus filhos. Rezo igualmente pelo nosso Seminário do Bom Pastor, a viver aqui em frente, para que as Famílias e o Seminário cruzem os seus caminhos e acolham como bênção e como dom o chamamento de Deus aos seus filhos, para surjam novas vocações para o ministério sacerdotal e para a vida consagrada. 5 / 6

6 5- Que Santa Rita e S. João Paulo II, que aqui nos acolhem hoje como exemplos de fé e intercessores das graças de Deus, iluminem as famílias da nossa Diocese, para que encontrem forças para se tornarem cada vez mais santuário de amor e igreja doméstica e as abençoe neste caminho de missão, de fidelidade, de alegria e de esperança cristã. Santuário de Santa Rita, 22 maio 2014 António, Bispo do Porto 6 / 6

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