As exportações de bens podem ocorrer, basicamente, de duas formas: direta ou indiretamente.



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Transcrição:

Capitulo 10: Tipos de exportação As exportações de bens podem ocorrer, basicamente, de duas formas: direta ou indiretamente. Diretamente: quando o exportador fatura e remete o produto ao importador, mesmo que a venda tenha sido realizada por algum intermediário ou representante. Nesse tipo de exportação cabe ao exportador conhecer todo o processo de exportação e trâmite legal. Geralmente, é necessário que a empresa tenha um departamento específico com pessoal qualificado para esta atividade. Vale ressaltar, que o produto exportado, sob essa condição, é isento do IPI e não ocorre a incidência do ICMS, além de se beneficiar dos créditos fiscais (ICMS) que incidem sobre os insumos utilizados no processo produtivo. As trading companies, são empresas comerciais exportadoras que gozam de um tratamento tributário individual. As vendas faturadas por exportadores para elas assumem caráter de exportação direta. Logo, o exportador conta com a isenção de impostos, previsto em lei para a exportação direta, e se exime das responsabilidades sobre a continuidade da transação. Estas empresas foram criadas pelo decreto-lei 1.248 de 1972, e têm seus registros concedidos pelo Departamento de Operações em Comércio Exterior (Decex) e pela Secretaria da Receita Federal (SRF). Indiretamente: o produtor vende o produto a um intermediário, estabelecido no mesmo país do produtor, com o objetivo de exportá-lo. É necessário que a transação seja discriminada em Nota Fiscal. Os impostos não incidirão sobre a venda, desde que ela seja efetivamente realizada, caso contrário, o produtor deverá recolhê-los. O intermediário pode ser: o Uma empresa comercial exclusivamente exportadora; o Uma empresa que atua com exportação e importação; o Uma cooperativa ou consórcio de exportadores. Apesar dos consórcios de exportação serem bem sucedidos em muitos países, no Brasil eles se encontram em fase de desenvolvimento. Trata-se de empresas exportadoras que se associaram para reduzirem seus custos e aumentarem a oferta de seus produtos aos mercados externos, ampliando suas exportações. Estes consórcios são constituídos por empresas que desejem exportar e que seus produtos sejam complementares ou até mesmo concorrentes. Modalidades de pagamento Para evitar os riscos inerentes a qualquer transação comercial as partes envolvidas (vendedor e comprador) devem tomar certas precauções quanto ao pagamento e ao recebimento da mercadoria. A mesma precaução deve ser tomada no comércio internacional. O exportador, ao remeter a mercadoria ao exterior, deve ter garantido o pagamento.

Enquanto que o importador deve estar seguro quanto ao recebimento da mercadoria, de acordo como foi negociado com o exportador. É extremamente relevante em uma transação internacional que a forma de pagamento e as condições de recebimento da mercadoria estejam definidas com clareza entre as partes. Logo, a modalidade de pagamento escolhida deve englobar os interesses dos envolvidos, em particular, nas áreas: comercial, financeira e de segurança. Então, as partes podem optar por: a) Pagamento Antecipado: Na modalidade Pagamento Antecipado, o importador paga ao exportador antes do embarque do produto. Esta modalidade é utilizada nos seguintes casos: o Quando o importador não transmite credibilidade ou quando o exportador é inexperiente e não conhece seus parceiros; o Quando é necessário o financiamento para iniciar a produção ou para reforçar o capital de giro do exportador; o Quando o valor da transação é baixo; o Quando o importador quer garantir-se de oscilações de preço; o Quando o produto a ser exportado é de alta tecnologia ou produzido sob encomenda, o pagamento antecipado servirá como uma garantia, para o exportador, contra o risco do cancelamento do pedido. Ao exportador cabe encaminhar os documentos originais de exportação ao importador no momento que embarcar a mercadoria, para que este consiga desembaraçá-la no seu destino. Cópias dos documentos de exportação devem ser remetidas, pelo exportador, ao banco responsável pela contratação do câmbio. Esta é a opção mais interessante para o exportador, que recebe o pagamento antes do envio da mercadoria; e mais arriscada para o importador, que pode não receber a mercadoria ou, até mesmo, recebê-la em condições que não foram acordadas com o exportador. b) Remessa direta (ou Remessa sem saque): Nesta modalidade o importador paga somente após o produto ser embarcado e haver recebido a documentação para o desembaraço aduaneiro. A Remessa direta ou Sem saque pode ser utilizada sob as seguintes circunstâncias: o Quando se deseja evitar o custo com a intermediação bancária da operação; o Quando se trata do envio para empresas interligadas (matriz e filial). O risco representado para o exportador é muito elevado, pois toda a transação é baseada somente na confiança no importador. Logo, esta modalidade é recomendada para transações entre clientes tradicionais. c) Cobrança Documentária: Nesta modalidade, após o embarque da mercadoria, o exportador emite a letra de câmbio (ou saque ou cambial ), que é encaminhada ao banco negociador do câmbio (banco remetente), juntamente com os documentos de embarque. Este encaminha a letra de câmbio e os documentos para o desembaraço da mercadoria

ao seu banco correspondente no país do importador (banco cobrador), via cartacobrança. Ao receber toda a documentação, o banco cobrador remete-os ao importador, mediante o pagamento (se a transação for com pagamento à vista) ou o aceite do saque na letra de câmbio (se a transação for com pagamento a prazo). Já com os documentos em mãos, o importador desembaraça e retira a mercadoria no ponto de destino acordado com o exportador. Há casos em que o exportador pode enviar diretamente ao importador os documentos para a retirada da mercadoria. Dessa forma, o banco cobrador deve apresentar a letra de câmbio ao importador para receber o pagamento ou o aceite. Nesse caso, se, na letra de câmbio, o importador se recusar a pôr o seu "aceite", o exportador ficará incapacitado legalmente para acioná-lo judicialmente, uma vez que o importador já está de posse dos documentos para retirar a mercadoria. Logo, dentro do procedimento normal, se a operação for acordada à vista, o risco do exportador é limitado, pois os documentos que irão desembaraçar a mercadoria serão liberados somente após o pagamento. Mas, no caso de ter sido acordado a cobrança a prazo, o importador poderá retirar os documentos do banco cobrador para desembaraçar a mercadoria somente após dar o seu aceite na letra de câmbio, que lhe será apresentada para pagamento após o prazo acordado ter decorrido. As regras para esta modalidade de pagamento foram estabelecidas pela Câmara Internacional de Comércio (CIC) através da Publicação nº 552, que definem todas as obrigações das partes. d) Carta de Crédito: A Carta de Crédito é uma ordem de pagamento, emitida por um banco (banco emissor) na praça do importador (tomador de crédito) a seu pedido, em favor de um exportador (beneficiário), que somente receberá o pagamento se atender a todas as exigências nela descritas, como: valor da transação, beneficiário, documentação exigida, prazo, local de embarque e desembarque, descrição da mercadoria, quantidade e outros dados necessários para a exportação. Após a mercadoria ter sido embarcada, o exportador deve entregar os documentos para desembaraçá-la a um banco (banco avisador) de sua praça, que, geralmente, é o mesmo banco negociador do câmbio. Este, após conferir os documentos estabelecidos na carta de crédito, paga o exportador e remete os documentos ao banco emissor, que entrega os documentos ao importador para desembaraçar a mercadoria. Vale ressaltar que o pagamento ao exportador depende somente dele, isto é, que cumpra o que está descrito na Carta de Crédito (prazo, seguro, transporte etc). A Carta de Crédito é válida para operações com pagamento à vista ou a prazo e, por ser uma garantia bancária, acarreta custos ao importador, como: taxas e comissões. Estes custos variam em função da análise cadastral do importador, da sua capacidade financeira, das garantias oferecidas, do prazo de pagamento, das condições internas do país etc.

Portanto, esta modalidade é uma alternativa ao exportador que não quer assumir riscos comerciais, uma vez que o responsável pelo pagamento é o banco emissor da Carta de Crédito no país do importador. A Carta de Crédito, quanto à sua classificação, pode ser: o Irrevogável: não permite o seu cancelamento unilateralmente, salvo se houver concordância expressa entre o banco emissor e o exportador. Beneficia o exportador. o Intransferível: não permite que o beneficiário (exportador) transfira seu valor a terceiros. Beneficia o importador. o Confirmada: beneficia o exportador ao garantir o seu pagamento, por um terceiro banco, que remeterá divisas ao país onde o exportador mantém suas atividades, em caso de inadimplemento do banco emissor. Qualquer alteração destas três características deve estar expressamente acordada entre as partes. A Câmara Internacional de Comércio (CIC) estabeleceu as normas para emissão e utilização dessa modalidade através da Publicação nº 500, que são aceitas mundialmente. Fluxograma da exportação