Monitoramento Geotécnico de Aterros Sanitários A Experiência da Central de Tratamento de Resíduos Sólidos da BR-040 em Belo Horizonte MG

Documentos relacionados
III-054 RECALQUES EM RESÍDUOS SÓLIDOS DISPOSTOS NO ATERRO SANITÁRIO DE BELO HORIZONTE

MONITORAMENTO AMBIENTAL E GEOTÉCNICO DE ATERROS SANITÁRIOS

DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS NO SOLO ATERROS DE RESÍDUOS

Programa de Monitoramento Geotécnico

III UMA ANÁLISE COMPARATIVA DE RECALQUES SUPERFICIAIS E EM PROFUNDIDADE NO ATERRO DA MURIBECA

Níveis de Alerta para Monitoramento de Aterros Sanitários Encerrados

III-227 ATERRO EXPERIMENTAL PARA DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS: CASO DE BELO HORIZONTE, MG

Planejamento, Implantação e Operação de Aterros Sanitários

Antigo Empreendimento Imobiliário em Camboinhas, Niterói (RJ)

22º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

PARÂMETROS DE COMPRESSIBILIDADE DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

RECALQUES E DECOMPOSIÇÃO DA MATÉRIA ORGÂNICA EM ATERROS DE RESÍDUOS SÓLIDOS NA REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE

III-124 MONITORAMENTO AMBIENTAL DE GASES EM ATERROS DE RESÍDUOS SÓLIDOS

GESTÃO AMBIENTAL NO PROCESSO DE RECUPERAÇÃO DA ÁREA DO ATERRO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DA MURIBECA

CÉLULA EXPERIMENTAL DE GRANDES DIMENSÕES PARA DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES: IMPLANTAÇÃO, RESULTADOS PRELIMINARES E PROPOSTAS

GUIA PARA MONITORAMENTO AMBIENTAL EM ATERROS SANITÁRIOS

Implantação e Operação de Aterros para Pequenas Comunidades A Experiência de Catas Altas - MG

Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental. Planejamento e Gestão de RSU Destino Final RSU Parte 2

PROJETO E IMPLANTAÇÃO DE UM LISÍMETRO EM ESCALA EXPERIMENTAL PARA ESTUDOS DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS RESUMO

ESTUDOS PARA O DIMENSIONAMENTO DE UMA CORTINA DE ARGILA PARA CONTENÇÃO DE CONTAMINANTES

Disciplina: Poluição do Solo Aterro Sanitário - Conceito e infraestrutura Métodos de disposição no solo

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP FACULDADE DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGIAS CURSO DE ENGENHARIA CIVIL GEOTECNIA III

EXECUÇÃO DE PROJETO PIONEIRO DE DISPOSIÇÃO FINAL DE RSU REMOVIDOS DE ÁREAS DEGRADAS POR OCUPAÇÃO IRREGULAR NA FAIXA DE DOMÍNIO DA RODOVIA BR-448/RS

GESTÃO AMBIENTAL E GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS

Workshop Cavas de Mina: uso para disposição de resíduos Possibilidades e Restrições

Laboratório de Mecânica dos Solos. Primeiro Semestre de 2017

RESÍDUOS SÓLIDOS ESTUDO DE RECALQUES EM LISÍMETRO EXPERIMENTAL.

III ANÁLISES PARA CONTROLE AMBIENTAL DOS GASES PRODUZIDOS NO ATERRO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DE MURIBECA

A EMISSÃO DE BIOGÁS ATRAVÉS DA CAMADA DE COBERTURA FINAL DO ATERRO DA CTR NOVA IGUAÇU E DO LIXÃO DE SEROPÉDICA - RIO DE JANEIRO

VI Simpósio Ítalo Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

Lista de Exercícios de Adensamento

BARRAGENS DE TERRA E DE ENROCAMENTO AULA 3. Prof. Romero César Gomes - Departamento de Engenharia Civil / UFOP

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP FACULDADE DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGIAS CURSO DE ENGENHARIA CIVIL GEOTECNIA I

Fatores Operacionais que interferem na coleta de biogas.

Disciplina: Manejo de Resíduos Sólidos. 8 Dimensionamento de Aterros Sanitários. Professor: Sandro Donnini Mancini. Sorocaba, Setembro de 2016.

Como uma solução engenhosa pode mudar o destino de obras de estradas?

IT-1302.R-1 - INSTRUÇÃO TÉCNICA PARA REQUERIMENTO DE LICENÇAS PARA ATERROS SANITÁRIOS

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP FACULDADE DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGIAS CURSO DE ENGENHARIA CIVIL GEOTECNIA III

- TP01/1 - TP01/2 - TP01/3 - TP01/4 - TP01/5. FIGURA 7.27: Teor de Sólidos com a Profundidade da LAMA DE LAVAGEM DE BAUXITA.

Geotécnica Ambiental. Aula 1 : Introdução a Geotecnia

Aterros Sanitários Aprendendo com Desastres. Eng. MSc. Francisco J. P. de Oliveira

IMPERMEABILIZAÇÃO DE BASE E TALUDES DE ATERRO INDUSTRIAL COM GEOMEMBRANA DE PEAD NEOPLASTIC MAUÁ - SP

Avaliação de deformações de um aterro experimental a partir de análises numéricas

Mecânica dos Solos TC 035

DESENVOLVIMENTO DE DIRETRIZES PARA MONITORAMENTO GEOTÉCNICO E PLANO DE CONTINGÊNCIA/EMERGÊNCIA EM ATERROS SANITÁRIOS

CICLUS. Logística de Transporte de Resíduos

Figura 34: Marco superficial, aterro Bandeirantes, São Paulo SP. Fonte: A autora, 2009.

CONTAMINAÇÃO NA ÁGUA SUBTERRÂNEA PROVOCADA PELO LIXIVIADO DE ATERRO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

Considerações sobre aproveitamento do Biogás em Aterro Sanitário

CAVAS DE MINA Uso Para Disposição de Resíduos

V Catapreta-Brasil-1 AVALIAÇÃO DA DENSIDADE DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS DISPOSTOS EM UM ATERRO EXPERIMENTAL

Planejamento de Instrumentação para Avaliação das Condições de Fluxo de Água Subterrânea

ESTACAS HELICOIDAIS. (21)

INSTRUMENTAÇÃO GEOTÉCNICA. Introdução à Geotecnia 2015

III-200 DESENVOLVIMENTO DE UMA FERRAMENTA COMPUTACIONAL PARA AVALIAÇÃO DE RECALQUES EM ATERROS DE DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

Métodos de disposição final de resíduos sólidos no solo. Disposição final AVALIAÇÃO. Impactos ambientais. Lixão. Aterro Sanitário DOMICILIAR

Faculdade de Engenharia Departamento de Estruturas e Fundações. Lista de Exercicios

SANEAMENTO E AMBIENTE: 3º ENCONTRO DA ENGENHARIA. Confinamento de Resíduos Industriais: técnicas e materiais

Disposição Final de Resíduos Sólidos Urbanos

MECÂNICA DOS SOLOS. Márcio Marangon. Professor Titular - UFJF

O que é compatação? Por que? Técnica de melhoria do terreno, onde o solo é densificado através de um esforço de compactação externo.

Capítulo 3 - COMPRESSIBILIDADE E ADENSAMENTO DOS SOLOS

Aterros Sanitários - Normas Técnicas

Aterros Sanitários 2

APLICAÇÃO DO GEOTÊXTIL BIDIM COMO CAMADA DE PROTEÇÃO DE GEOMEMBRANA EM ATERRO SANITÁRIO PORTO ALEGRE

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICA (1992) NBR 8419 Apresentação de Projetos de Aterros Sanitários de Resíduos Sólidos Urbanos.

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP FACULDADE DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGIAS CURSO DE ENGENHARIA CIVIL GEOTECNIA III

ESTRUTURAS GEOTÉCNIAS NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

DE BARRAGENS DE ENROCAMENTO

Minimização e Coleta de Chorume

TRANSFORMAÇÃO DE LIXÃO EM ATERRO SANITÁRIO O CASO DE CRUZEIRO (SP).

REINTRUMENTAÇÃO DE BARRAGENS ASPECTOS RELEVANTES. João Francisco Alves Silveira SBB Engenharia

3 Provas de Carga Instrumentadas

III-167 ESTUDO DA COMPRESSIBILIDADE DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS DA REGIÃO METROPOLITANA DE SALVADOR -BA

MÓDULO 3 MELHORES PRÁTICAS, INOVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO NA GESTÃO E REMEDIAÇÃO

LABORATÓRIO de MECÂNICA dos SOLOS Permeabilidade do Solo SUMÁRIO

MONITORIZAÇÃO DE INSTALAÇÕES DE RESÍDUOS MINEIROS

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP FACULDADE DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGIAS CURSO DE ENGENHARIA CIVIL GEOTECNIA III

PROTEÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS NA IMPLANTAÇÃO DE ATERRO SANITÁRIO

XVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS VIII FENÁGUA - Feira Nacional da Água XIX Encontro Nacional de Perfuradores de Poços

MEMORIAL DESCRITIVO E QUANTITATIVO DE MATERIAIS PROJETO DE TERRAPLENAGEM

[DESTINAÇÃO FINAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS]

1 Introdução Generalidades

Aterros de resíduos sólidos urbanos

ESTABILIZAÇÃO DE SOLOS MOLES. Ação contínua de forças dinâmicas provocadas ou não pelo homem

III A INFLUÊNCIA DA IDADE E DA COLETA SELETIVA NA EVOLUÇÃO DO PESO ESPECÍFICO DO RESÍDUO NO ATERRO SANITÁRIO DE SANTO ANDRÉ

RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES EM GRANDES CENTROS: ASPECTOS DE PROJETO

AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS POR MEIO DE ENSAIOS DE CISALHAMENTO DIRETO EM EQUIPAMENTO DE GRANDES DIMENSÕES

PROVISÓRIO. Aterro de sobrecarga

Reabilitação de Áreas de Resíduo Desativadas

Uso de coberturas secas em resíduos

SEMINÁRIO DE ENGENHARIA GEOTECNIA DO RIO GRANDE DO SUL GEORS 2019

ANÁLISE GRANULOMÉTRICA DA CAMADA DE COBERTURA DE CÉLULAS ENCERRADAS DO ATERRO SANITÁRIO DE CAUCAIA-CEARÁ

Compactação dos Solos. Fernando A. M. Marinho 2012

Orientação Técnica 007/ orientacoestecnicas/

MONTAGEM E EXECUÇÃO DE ENSAIOS DE PLACA EM LABORATÓRIO

AULA 10: A ÁGUA NO SOLO - PERCOLAÇÃO. Prof. Augusto Montor Mecânica dos Solos

CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DO SOLO UTILIZADO EM CAMADAS DE COBERTURA NO ATERRO SANITÁRIO DE CAUCAIA-CEARÁ

José Jorge Nader Maurício Abramento Pedro Wellngton (Com base em apresentações dos professores Waldemar Hachich, Fernando Marinho e Heloísa Gonçalves

Transcrição:

Monitoramento Geotécnico de Aterros Sanitários A Experiência da Central de Tratamento de Resíduos Sólidos da BR-040 em Belo Horizonte MG Gustavo Ferreira Simões Departamento de Engenharia de Transportes e Geotecnia da UFMG Cícero Antônio Antunes Catapreta Secretaria Municipal de Limpeza Urbana de Belo Horizonte Terezinha Cássia de Brito Galvão Departamento de Engenharia de Transportes e Geotecnia da UFMG Heuder Pascele Batista Secretaria Municipal de Limpeza Urbana de Belo Horizonte Resumo O monitoramento geotécnico de aterros de disposição de resíduos sólidos urbanos se destaca pela sua importância dentro do contexto da disposição final de resíduos, pois permite o controle operacional e contribui para o entendimento do comportamento geotécnico dos resíduos. Neste sentido, este trabalho tem por objetivo apresentar o programa de monitoramento geotécnico que vem sendo implantado na área do aterro sanitário de Belo Horizonte. O programa envolve o acompanhamento de deslocamentos verticais e horizontais, níveis e pressões nos líquidos e pressões de biogás, descarga de líquidos lixiviados, controle tecnológico dos materiais das obras de terra e realização de ensaios de laboratório e de campo. São apresentados e comentados alguns resultados preliminares obtidos. Considerando que ainda não existe uma cultura de se instrumentar e acompanhar o desempenho desses empreendimentos, o trabalho também apresenta as principais dificuldades que vêm sendo encontradas, tanto técnicas quanto operacionais. Abstract Geotechnical monitoring of sanitary landfills is a toll of extreme importance concerning final disposal of wastes. It allows operational control and contributes to a better understanding of geotechnical behavior of the wastes. In this context, this paper aims at presenting the geotechnical monitoring program that is being carried out at Belo Horizonte landfill. The program involves vertical and horizontal settlements, liquid and gas pressures, and leachate discharge monitoring and field and laboratory tests. The preliminary results as well as the main difficulties encountered are presented and discussed. 1 INTRODUÇÃO A necessidade de se dispor adequadamente sob os aspectos técnicos, econômicos e ambientais, os resíduos sólidos urbanos, industriais e de mineração gerados pelas atividades da sociedade, tem gerado uma significativa evolução no estudo do comportamento de tais materiais. Tendo em vista as diversas particularidades do comportamento desses resíduos, em especial dos resíduos sólidos urbanos (RSU), função principalmente de sua composição e propriedades altamente variáveis das suas diversas frações constituintes, esses estudos vêm sendo realizados à luz da chamada Mecânica dos Resíduos, uma vez que as clássicas Mecânicas dos Sólidos e dos Fluidos não podem ser aplicadas em sua plenitude nesses novos materiais geotécnicos (König e Jessberger, 1997). A Mecânica dos Resíduos objetiva o estudo do comportamento dos sistemas de disposição de resíduos durante a operação e após o fechamento, incluindo todos os seus componentes (revestimento, cobertura, sistemas de drenagem de líquidos percolados e de gases etc), além dos próprios resíduos, envolvendo avaliação da estabilidade e da integridade das estruturas, e determinação das propriedades geotécnicas dos resíduos. A utilização desse conceito no desenvolvimento de projetos de sistemas de

disposição de RSU vem sendo intensificada, tendo em vista as exigências dos órgãos ambientais e alguns acidentes observados em tais sistemas (e.g. Benvenuto e Cunha, 1991; Byrne e outros, 1992; Collazos, H. 1998; Eid e outros, 2000; Stark e outros, 2000). O projeto caracterizado apenas sob o ponto de vista sanitário vem sendo substituído por um projeto global envolvendo também aspectos geotécnicos. Dentro desse contexto, o estudo do comportamento geotécnico dos RSU vem sendo intensificado. A grande heterogeneidade e o comportamento dependente do tempo desses materiais torna indispensável a associação de ensaios de laboratório e de campo a monitoramentos de sistemas de disposição reais para o estudo do seu comportamento geotécnico e, conseqüentemente, para o desenvolvimento de projetos mais seguros e econômicos. Cabe ressaltar que o comportamento geotécnico dos sistemas de disposição de RSU é função não só de sua composição e forma de operação, mas também das condições geoambientais da área. Desta forma, a utilização de dados obtidos em condições diferentes deve ser vista criteriosamente, reforçando a necessidade de realização de monitoramentos em campo. Dentro deste contexto, diversos trabalhos vêm sendo realizados, com o objetivo de investigar o comportamento geotécnico dos RSU e dos sistemas de disposição como um todo, por meio de ensaios de laboratório e de campo, do monitoramento de aterros existentes e da proposição de modelos de comportamento. Os trabalhos de Landva e Clark (1990), Gabr e Valero (1995) e König e Jessberger (1997) sumarizam diversos desses estudos realizados internacionalmente. No Brasil, destacam-se os trabalhos que vêm sendo desenvolvidos no aterro da Muribeca, em Recife (Jucá e outros, 1997; Mariano e Jucá, 1998; Oliveira e Jucá, 1998; Jucá e outros, 1999; Jucá e outros 2001; Monteiro e outros, 2001), no aterro Bandeirantes, em São Paulo (Antoniutti Neto e outros, 1995; Carvalho e Villar, 1998; Carvalho, 1999; Marques, 2001), no aterro de Brasília (Junqueira e Palmeira, 1998) e no aterro de Belo Horizonte (SMLU, 2002), onde extensos programas experimentais e de monitoramento têm contribuído significativamente para o entendimento do comportamento geotécnico dos RSU em condições brasileiras O monitoramento geotécnico dos aterros sanitários deve ser previsto quando da elaboração do plano de monitoramento ambiental, na fase de projeto, devendo-se prever uma sistemática de monitoramento geotécnico que permita controlar as condições de estabilidade e o comportamento do maciço tanto em termos de recalques e deslocamentos como de geração e variabilidade das pressões internas de chorume e gases. O monitoramento geotécnico de um aterro de resíduos sólidos urbanos deve compreender (Oliveira e Mahler, 1998; Jucá e outros, 1999): Controle de deslocamentos verticais e horizontais; Controle do nível e da pressão nos líquidos e pressão de biogás no maciço do aterro; Controle da descarga de líquidos percolados/lixiviados através de drenos; Inspeções periódicas, buscando-se indícios de erosão, trincas entre outros; Controle tecnológico dos materiais de construção empregados nas obras civis. 2 OBJETIVOS DO PROGRAMA DE MONITORAMENTO O programa de Monitoramento Geotécnico da Central de Tratamento de Resíduos Sólidos da BR 040 (CTRS) faz parte do Plano de Controle Ambiental do empreendimento. Este plano envolve ainda o monitoramento de líquidos percolados/lixiviados, gases, sólidos e qualidade de águas superficiais e subterrâneas. O monitoramento geotécnico foi iniciado no ano de 1995 e se estendeu por 5 anos, sendo que neste período as principais atividades compreenderam o controle tecnológico dos materiais utilizados na construção das células de aterragem, envolvendo as camadas de impermeabilização de base, diques de contenção e camadas de cobertura. Em 2001, foi estabelecido um novo convênio entre a Universidade Federal de Minas Gerais e a Secretaria Municipal de Limpeza Urbana, cuja finalidade foi dar continuidade ao monitoramento que vinha sendo realizado e, através da instalação de instrumentação

geotécnica de campo e realização de ensaios de campo, intensificar a obtenção de dados que permitam uma avaliação do comportamento de todo o sistema de disposição de resíduos. Neste trabalho será apresentada a metodologia de trabalho proposta para este monitoramento, assim como os resultados preliminares e a situação atual do programa. O principal objetivo do programa de monitoramento geotécnico proposto é desenvolver atividades que permitam acompanhar e avaliar o comportamento e a estabilidade dos maciços de resíduos da CTRS, a qual integra o sistema de disposição e tratamento de resíduos sólidos urbanos de Belo Horizonte. O programa permitirá ainda: Contribuir para o entendimento do comportamento geotécnico de sistemas de disposição de RSU em condições brasileiras; Fornecer subsídios ao desenvolvimento de projetos mais seguros e econômicos de sistemas de disposição de resíduos sólidos; Fornecer elementos para a estimativa da vida útil de aterros sanitários; Desenvolver atividades de pesquisa e aprimoramento tecnológico nas áreas de controle ambiental e geotecnia aplicada à disposição de resíduos sólidos. 3 ÁREA MONITORADA A CTRS, localizada na região Noroeste de Belo Horizonte, ocupa uma área de 144 hectares e teve suas atividades iniciadas em 1975. Durante 14 anos funcionou como aterro controlado, passando a energético em 1989. A extração de gases foi paralisada em 1995. Em 1995, passou-se a adotar a técnica de biorremediação como forma de tratar a massa de resíduos aterrada. Atualmente, o aterro recebe cerca de 4.200 ton/dia de resíduos sólidos urbanos, que são gerados por uma população estimada em 2,5 milhões de habitantes. Os tipos de resíduos encaminhados à CTRS, segundo a origem, são apresentados na Tabela 1 e a composição gravimétrica dos resíduos domiciliares é mostrada na Tabela 2. Destaca-se a significativa quantidade de resíduos da construção civil (entulhos) que vem sendo disposta. A área de aterragem de resíduos é dividida em células (AC 01 a AC 05 e Célula Emergencial), como pode ser observado na Figura 5. Esta forma de distribuição das áreas de aterragem foi definida em função do emprego da técnica de biorremediação, a qual preconiza o tratamento da massa de resíduos em sub-áreas e ciclos subseqüentes. Tabela 1 Resíduos encaminhados à CTRS BR 040 segundo a origem (junho/2001) Origem % em massa Domiciliar e comercial 49,59 Construção civil 39,47 Unidades de saúde 0,89 Público (capina, varrição, poda etc) 10,37 Outros 2,68 Total 100,00 Tabela 2 Composição gravimétrica dos resíduos domiciliares de Belo Horizonte (2001) Componente % em massa Matéria orgânica 65.46 Papel 10.11 Plástico 11.27 Metal 2.65 Vidros 2.39 Rejeitos 8.12 Total 100 4 METODOLOGIA O Programa de Monitoramento Geotécnico da CTRS inclui: 4.1 Medidas de poro-pressão nos diques e no interior das células Com o objetivo de avaliar as poro-pressões nos líquidos e gases nos diques de contenção e no interior das células de aterragem, subsidiando, dessa forma, a avaliação da estabilidade do maciço de resíduos, foi prevista a instalação de piezômetros, descritos por Antoniutti Neto e outros (1995). Esses piezômetros são constituídos de dois tubos concêntricos, o interno para o registro da pressão no chorume e o externo para a avaliação da pressão no gás. Segundo os autores, esse tipo de piezômetro mostra-se adequado pois evita a formação de bolhas de gás, observadas quando

da utilização dos piezômetros de tubo aberto convencionais, o que cria falsos níveis de líquidos. Os drenos de gases e poços de captação de líquidos, definidos em projeto, constituídos de tubos de concreto perfurados, também têm sido utilizados como medidores de nível de manta líquida. Está prevista a instalação de piezômetros e medidores de nível de manta líquida, constituídos de tubos de PVC perfurados, em diversas profundidades, o que possibilitará a identificação da formação de níveis de manta líquida suspensos. 4.2 Medidas de recalque superficial e em profundidade O conhecimento dos recalques é de suma importância em qualquer obra geotécnica. No caso dos aterros de disposição de RSU tal conhecimento permite, por exemplo: A estimativa da vida útil dos mesmos, fator importante no gerenciamento dos RSU; A avaliação da integridade dos sistemas de revestimento, de cobertura e dos dispositivos de drenagem de líquidos percolados e gases; O desenvolvimento de estudos para reaproveitamento das áreas ocupadas após o fechamento dos aterros; Quando realizado juntamente ao monitoramento físico-químico dos resíduos, a possibilidade de estabelecimento de correlações entre recalques e degradação dos resíduos. Os recalques e a verificação visual da ocorrência de trincas na cobertura de bermas e taludes são indicadores das falhas e comprometimento da estabilidade da massa de resíduos. Os recalques superficiais vêm sendo obtidos através de um conjunto de placas de recalque instaladas nas bermas e no topo das células. São registradas movimentações verticais e horizontais do maciço de resíduos. Com o objetivo de avaliar as mudanças na compressibilidade em função da degradação dos resíduos, está prevista a instalação de medidores de recalque em profundidade no interior da massa de resíduos. 4.3 Medidas de permeabilidade O controle da permeabilidade dos diversos materiais (camada de impermeabilização de base, diques, camadas de cobertura e resíduos) vem sendo realizado por meio de ensaios de campo, utilizando permeâmetro de Guelph e em furos de sondagens, e de ensaios de laboratório, utilizando permeâmetros de parede rígida e flexível. 4.4 Medidas de movimentações internas Na etapa inicial do monitoramento, foram instalados inclinômetros em um dos diques de contenção das células, com o objetivo de acompanhar as possíveis movimentações do maciço. Está prevista a instalação de tubos inclinométricos no interior da massa de resíduos. 4.5 Medidas de tensões totais Com o objetivo de avaliar a variação da densidade dos resíduos dispostos ao longo do tempo, foi instalada uma célula de pressão total na base de uma das células de aterragem. Está prevista a instalação de mais células de pressão total no interior da massa de resíduos. As medidas das tensões totais associadas às poropressões permitem a avaliação do nível de tensões efetivas. 4.6 Controle tecnológico dos materiais geotécnicos utilizados O controle tecnológico dos materiais geotécnicos utilizados na construção das células vem sendo realizado por meio de ensaios de laboratório (caracterização geotécnica, compactação e CBR, permeabilidade, adensamento, cisalhamento direto e compressão triaxial) e de ensaios de campo (controle de compactação e permeabilidade). 4.7 Realização de Provas de carga As propriedades de resistência e compressibilidade dos resíduos serão avaliadas através da realização de provas de carga e ensaios de resistência em campo.

4.8 Controle da densidade dos resíduos aterrados O controle da densidade dos resíduos aterrados fornece elementos indispensáveis à avaliação da estabilidade e da vida útil do aterro. Esse controle vem sendo realizado pelo registro topográfico semanal da frente de serviço associado à pesagem dos veículos na central de balanças. O número e as características dos equipamentos utilizados na compactação, bem como a inclinação das rampas de compactação e o número de passadas, também vêm sendo monitoradas. 4.9 Inspeções de campo Inspeções de campo vêm sendo realizadas regularmente e têm como objetivo avaliar as condições dos sistemas de drenagem de águas pluviais, controle de processos erosivos, ocorrência de trincas nos taludes, dentre outras. 4.10 Registro de dados pluviométricos e de vazão de líquidos percolados Como atividade complementar ao monitoramento, também vem sendo realizado o acompanhamento dos dados pluviométricos e da vazão de líquidos percolados, que fornecem elementos para a avaliação do balanço hídrico no aterro. 5 RESULTADOS PRELIMINARES A principal dificuldade encontrada para a instalação dos instrumentos do monitoramento geotécnico refere-se à sua interferência com a rotina operacional do aterro. Como forma de evitar essa interferência, optou-se por instalar os instrumentos em pontos onde as células já apresentam a configuração final de projeto. Essa escolha, no entanto, ocasiona outro problema: a dificuldade de se executar os furos necessários à instalação dos instrumentos (piezômetros e inclinômetros). 5.1 Recalques O primeiro conjunto de placas de recalque, totalizando 21 placas, foi instalado nas bermas e no topo da chamada célula emergencial, onde os resíduos apresentam espessuras variando entre 10 e 50 m, e idade entre 4 e 7 anos. Nos doze meses de registros não foram observados recalques verticais e movimentações horizontais significativas, o que se deve, provavelmente, à idade dos resíduos. O segundo conjunto de placas de recalque, totalizando 19 placas, foi posicionado no topo das Células AC 03 e AC 04, onde os resíduos apresentam espessuras de aproximadamente 45 m e idade entre 2 e 4 anos. Os registros obtidos em um ano de monitoramento vêm sendo avaliados. As Figuras 1 e 2 apresentam resultados típicos da evolução dos recalques superficiais em dois medidores localizados no topo da Célula AC 04. Cota (m) 903,5 903,0 902,5 902,0 901,5 901,0 0 50 100 150 200 250 300 Tempo (dias) Figura 1 Evolução dos recalques superficiais no medidor 29. Cota (m) 902,0 901,5 901,0 900,5 900,0 0 50 100 150 200 250 Tempo (dias) Figura 2 Evolução dos recalques superficiais no medidor 38. 5.2 Nível de Manta Líquida A instalação dos piezômetros para registro da pressão nos gases e líquidos no interior das células de resíduos ainda não foi executada, devido às dificuldades na execução dos furos no interior da massa de resíduos. As medidas do nível de manta líquida vêm sendo realizadas nos chamados poços piezométricos, nos poços de drenagem de gases definidos em projeto e em alguns furos exploratórios executados nos topos das células.

Todos esses instrumentos funcionam como medidores de nível de líquidos e os resultados podem não estar traduzindo o real nível de líquidos no interior das células, visto que existe uma grande possibilidade de formação de lençóis suspensos. Os valores registrados situam-se entre 4 e 5 m abaixo do topo das células. As Figuras 3 e 4 apresentam resultados típicos da variação do nível de manta líquida ao longo do tempo em dois pontos localizados no topo das Células AC 03 e AC 04. Correlações entre a precipitação, registrada em pluviômetros instalados na CTRS e apresentada na Figura 6, o nível de manta líquida e as vazões de líquidos percolados ainda não são conclusivas, o que reflete a complexidade da avaliação do balanço hídrico em ADRSU. Profundidade (m) Data 05/11/2001 25/12/2001 13/02/2002 04/04/2002 24/05/2002 13/07/2002 0,0-1,0-2,0-3,0-4,0-5,0 Figura 3 Variação do nível de manta líquida no ponto PZ 3.1 (a) Profundidade (m) Data 05/11/2001 25/12/2001 13/02/2002 04/04/2002 24/05/2002 13/07/2002 0,0-1,0-2,0-3,0-4,0-5,0-6,0-7,0-8,0 Figura 4 Variação do nível de manta líquida no ponto PZ 5.1 (a) 5.3 Controle Tecnológico dos Materiais de Construção O controle tecnológico dos materiais utilizados nas camadas de impermeabilização da base e no Dique de Contenção das células AC 03, AC 04 e AC 05 foi realizado através de ensaios de permeabilidade em laboratório, com utilização de amostras indeformadas. Os valores obtidos situaram-se na faixa de 10-7 cm/s. Todas as etapas referentes à compactação dos diques e camadas de impermeabilização da base das células vêm sendo controladas em campo com a utilização do frasco de Areia, estando o grau de compactação e os desvios de umidade dentro do especificado em projeto. 5.4 Medidas de Permeabilidade As medidas de permeabilidade nas camadas de cobertura foram realizadas com o Permeâmetro de Guelph e apresentaram valores variando entre 10-3 e 10-5 cm/s. Esta variação deve-se principalmente à heterogeneidade dos materiais utilizados e ao constante tráfego de veículos sobre essas camadas, que promove uma compactação extra nos materiais. A permeabilidade dos resíduos foi avaliada com a realização de ensaios de perda d água em furos de sondagem. Destaca-se, novamente, a dificuldade de se realizar ensaios de campo no interior da massa de resíduos. Nesse caso, foi necessário um volume de água significativo até se atingir um regime que pudesse ser considerado permanente. Os valores obtidos, utilizando correlações empíricas, situaram-se na faixa de 10-4 cm/s. 5.5 Densidade dos Resíduos A densidade dos resíduos aterrados vem sendo avaliada através do controle topográfico da frente de serviço e das pesagens dos veículos. Os valores obtidos situam-se na faixa de 7 a 11 kn/m 3, conforme apresentado na Tabela 3. A metodologia utilizada consistiu na avaliação de três hipóteses: a) Considerando todos os resíduos recebidos e encaminhados para aterragem, exceto os Resíduos de Construção Civil; b) Considerando todos os resíduos recebidos e encaminhados para aterragem; c) Considerando todos os resíduos recebidos e encaminhados para aterragem e uma camada de cobertura de 0,50 metros com Resíduos de Construção Civil.

Tabela 3 Distribuição de freqüência das densidades dos resíduos aterrados (SMLU, 2002) Faixa A % B % C % 0,7< 57 51,35 2 1,80 21 18,92 0,7 a 0,8 31 27,93 7 6,31 35 31,53 0,81 a 0,9 12 10,81 14 12,61 26 23,42 0,91 a 1,0 6 5,41 19 17,12 15 13,51 1,01 a 1,1 4 3,60 13 11,71 8 7,21 >1,1 1 0,90 56 50,45 6 5,41 Total 111 100,00 111 100,00 111 100,00 A Hipótese (a) B Hipótese (b) C Hipótese (c) As densidades obtidas têm como referência o peso total dos resíduos, obtidos na Central de Pesagem da CTRS. Desta forma, a influência do teor de umidade dos mesmos não foi considerada. Atualmente todo o procedimento utilizado nesse estudo vem sendo complementado por determinações regulares do teor de umidade dos resíduos. Acredita-se, no entanto, que o extenso período de levantamento de dados, cobrindo mais de dois ciclos hidrológicos completos, associado à forma de acondicionamento e de coleta dos resíduos, em caminhões compactadores, o que de certa forma minimiza as variações de umidade durante o transporte, mostram que a metodologia é adequada e os resultados válidos. 5.6 Pressões Totais Os registros obtidos na célula de pressão total (corda vibrante) instalada na base da Célula AC 05 não têm se mostrado coerentes, indicando uma possível formação do efeito de arco sobre a célula. 5.7 Prova de Carga Com o objetivo de se obter parâmetros de resistência dos resíduos em campo, foi realizada uma tentativa de ruptura controlada de um talude de resíduos. O ensaio consistiu na preparação de um talude vertical de aproximadamente 6 m de altura e posterior carregamento no topo do talude, utilizando grandes recipientes (caçambas) que foram preenchidos com entulho de construção civil. A ruptura não foi observada, tendo sido registradas apenas pequenos deslocamentos verticais e horizontais abaixo do ponto de aplicação das cargas. Está sendo projetado um equipamento de grandes dimensões para a realização de ensaios de cisalhamento direto nos resíduos, o que permitirá a obtenção dos parâmetros de resistência em resíduos de diversas idades e em várias condições de umidade. 5.8 Obras de Terra Foram instalados inclinômetros e piezômetros no Dique de Contenção das Células AC 03, AC 04 e AC 05. Os registros dos inclinômetros têm indicado pequenas movimentações horizontais, possivelmente causadas pela acomodação do maciço de terra, em função da aterragem de resíduos na Célula AC 05. Como esperado, não tem sido registradas poro-pressões no interior do maciço de terra do Dique de Contenção. 5.9 Outras Atividades Paralelamente ao monitoramento geotécnico, um extenso trabalho de acompanhamento das características físico-químicas dos líquidos lixiviados, gases e sólidos, além das águas subterrâneas e superficiais vem sendo realizado. 5.10 Dificuldades Dentre as dificuldades observadas durante o período de monitoramento, merecem destaque: A interferência da instrumentação na operação do aterro, que ocasionam a perda de instrumentos; A execução de furos no interior da massa de resíduos para a realização de ensaios e instalação de instrumentos; Amostragem de sólidos em profundidade; Interpretação dos resultados, tendo em vista a complexidade do comportamento e a heterogeneidade dos resíduos; A agressividade do meio, que demanda a utilização de materiais capazes de suportar as severas condições encontradas no interior dos ADRSU; A necessidade de adaptação e desenvolvimento de novos instrumentos geotécnicos adequados aos ADRSU. 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Foram apresentados os aspectos básicos do Programa de Monitoramento Geotécnico que

vem sendo realizado na Central de Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos (CTRS) da BR 040 em Belo Horizonte. As principais variáveis que vêm sendo avaliadas e os instrumentos utilizados são descritos. Os resultados preliminares que vêm sendo obtidos foram comentados. A continuidade do monitoramento possibilitará uma análise mais conclusiva sobre o comportamento geotécnico da CTRS, contribuindo para o melhor entendimento do comportamento de sistemas de disposição de RSU em condições brasileiras. As etapas seguintes do programa de monitoramento prevêem a instalação de novos instrumentos, principalmente no interior da massa de resíduos, e a execução de ensaios de campo para a avaliação de propriedades hidráulicas e mecânicas dos resíduos. A superação das dificuldades inerentes ao trabalho com um material de comportamento tão complexo como o RSU, associada a uma maior utilização de todo o conhecimento da área de instrumentação geotécnica e ensaios de campo e laboratório, possibilitarão o desenvolvimento de metodologias, equipamentos e instrumentos adequados aos resíduos e um significativo avanço no entendimento do comportamento dos aterros de disposição de RSU, proporcionando o desenvolvimento de projetos mais seguros e econômicos. 7 REFERÊNCIAS Antoniutti Neto, L.; Val, E.C. e Abreu, R.C. (1995). Desempenho de piezômetro Vector em aterro sanitário. Anais do III Simpósio sobre Barragens de Rejeitos e Disposição de Resíduos. 2: 593-601. Benvenuto, C. e Cunha, M.A. (1991). Escorregamento em massa de lixo no aterro sanitário Bandeirantes em São Paulo, SP. Anais do II Simpósio sobre Barragens de Rejeitos e Disposição de Resíduos. 2: 55-66. Byrne, R.J.; Kendall, J. e Brown, S. (1992) Cause and Mechanism of Failure Kettleman Hills Landfill B-19, Phase IA. Stability and performance of Slopes and Embankments II, Geotechnical Special Publication N.31, ASCE, 2: 1188-11215. Carvalho, M.F. (1999) Comportamento mecânico de resíduos sólidos urbanos. Tese de doutorado, EESC USP, São Carlos. 300p. Carvalho, M.F. e Vilar, O. (1998) Comportamento de resíduos sólidos urbanos em compressão confinada. Anais do XI Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica, Brasília, vol.3., pp. 1717 1724. Collazos, H. (1998) Deslizamiento de basura em el relleno sanitário Doña Juana. Anais do XXVI Congresso de la Asociación Interamericana de Ingeniería Sanitária y Ambiental, Lima. Eid, H.T.; Stark, T.D.; Evans, W.D. e Sherry, P.E. (2000) Municipal solid waste failure. I: Waste and foundation soil properties. Journal of Geotechnical and Geoenvironmental Engineering, vol 126 (5), pp. 397-407. Gabr, M.A. e Valero, S.N. (1995) Geotechnical properties of municipal solid waste. Geotechnical Testing Journal. Vol. 18(2), pp. 241 251. Jucá, J.F.T.; Cabral, J.J.P.S.; Monteiro, V.E.D.; Santos, S.M. e Perrier Jr.,G.S. (1997) Geotechnics of a municipal solid waste landfill in Recife, Brazil. Proc. International Symposium on Recent Developments in Soil and Pavement Mechanics, M.S.S. Almeida (ed.), Balkema, pp.429 436. Jucá, J.F.T.; Fucale, S.P. e Maciel, F.J. (2001) Monitoramento ambiental de gases em aterros de resíduos sólidos. Anais do 21o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, João Pessoa (Anais em CD-ROM). Jucá, J.F.T.; Monteiro, V.E.D.; Oliveira, F.J.S. e Maciel, F.J. (1999). Monitoramento ambiental do aterro de resíduos sólidos da Muribeca. Anais do 4 o Congresso Brasileiro de Geotecnia Ambiental. São José dos Campos. Junqueira, F.F. e Palmeira, E.M. (1998) Monitoramento do comportamento de lixo em células geotecnicamente preparadas. Anais do 4 o Congresso Brasileiro de Geotecnia Ambiental, São José dos Campos, pp. 428-433. König, D. e Jessberger, H.L. (1997). Report of the Technical Committee 5 (Environmental Geotechnics), Sub Committee 3 (Waste Mechanics). Int. Society of Soil Mechanics and Geotechnical Engineering. Landva, A.O. e Clark, J.L. (1990) Geotechnics of Waste Fill. Geotechnics of Waste Fills Theory and Practice, ASTM STP 1070, Arvid Landva e G. David Knowles (eds.). pp. 86 106. Mariano, M.O.H. e Jucá, J.F.T. (1998) Monitoramento de recalques no aterro de resíduos sólidos da Muribeca. Anais do XI Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica, Brasília, vol.3., pp. 1671 1678. Marques, A.C.M. (2001). Compactação e compressibilidade de resíduos sólidos urbanos. Tese de Doutoramento, EESC USP, São Carlos. Monteiro, V.E.D.; Jucá, J.F.T. e Rego, C.C. (2001) Influência das condições climáticas no comportamento do aterro de resíduos sólidos da Muribeca. Anais do 21 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, João Pessoa (Anais em CD-ROM). Oliveira, F.J.P., Mahler, C.F. (1998). Proposta de monitoramento ambiental para operação de aterros sanitários. Anais do Congresso Brasileiro de Limpeza Pública.

3 2 7 20 CÓRREGO DOS COQUEIROS Oliveira, F.J.S. e Jucá, J.F.T. (1998) Estudo da contaminação do subsolo da região do Aterro de Resíduos Sólidos da Muribeca PE. Anais do 4 o Congresso Brasileiro de Geotecnia Ambiental, São José dos Campos, pp. 456-461. SMLU - Secretaria Municipal de Limpeza Urbana (2002). Relatório de avaliação do grau de compactação dos resíduos sólidos urbanos dispostos no aterro sanitário da CTRS BR 040. SMLU (2001-2002) Relatórios do Monitoramento Geotécnico da CTRS da BR 040 em Belo Horizonte. Stark, T.D.; Eid, H.T.; Evans, W.D. e Sherry, P.E. (2000) Municipal solid waste failure. II: Stability analisys. Journal and Geotechnical and Geoenvironmental Engineering, vol 126 (5), pp. 408-419. 10 8 9 AC-01 1 4 5 6 AC-02 AC-03 AC-04 AC-05 Célula Emergencial N= 7. 798. 029 E= 603.706 Figura 5 Lay-Out geral da Central de Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos da BR 040 400,0 350,0 300,0 Precipitação (mm) 250,0 200,0 150,0 100,0 50,0 0,0 mai/98 jul/98 set/98 nov/98 jan/99 mar/99 mai/99 jul/99 set/99 nov/99 jan/00 mar/00 mai/00 jul/00 set/00 nov/00 jan/01 mar/01 mai/01 jul/01 set/01 nov/01 jan/02 mar/02 mai/02 Período (mês) Figura 6 Registros pluviométricos da área Central de Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos da BR 040