Trabalhadores da TI se mobilizam contra a TERCEIRIZAÇÃO Paralisação no Serpro e mobilização na Procergs e na Procempa, em Porto Alegre, marcaram o Dia Nacional de Paralisações contra as Terceirizações. Outros protestos podem ocorrer, caso prossiga a tentativa de retirada de direitos. A manhã foi de mobilização em empresas de TI (Tecnologia da Informação) gaúchas. Os trabalhadores do Serpro iniciaram o dia paralisados, reunindo-se em frente à Regional em Porto Alegre. Às 10h eles foram, em caminhada, até a sede da Procergs, onde os trabalhadores daquela empresa estavam mobilizados para o ato contra o PL 4330, que regulamenta e amplia as terceirizações nas relações de trabalho no país.
Nas fotos, mobilização dos trabalhadores do Serpro Nas fotos, ato na Procergs No ato, diretores do Sindppd/RS e integrantes da CT (comissão
de trabalhadores da Procergs) ressaltavam a gravidade desse projeto de lei e das mudanças que ele quer implementar, prejudiciais aos trabalhadores. Afinal, a terceirização que já existe hoje é caracterizada por salários mais baixos, trabalho precarizado e ilegalidades, além de em grande parte das situações ainda resultar em serviços de má qualidade à população. Na Procempa, os colegas da TI realizaram um debate por meia hora no pátio da empresa, mostrando seu repúdio ao PL 4330. Engana-se quem acha que o problema do SETOR PÚBLICO está resolvido Na terça-feira (14/04), a Câmara dos Deputados aprovou um destaque que retira as empresas públicas e de economia mista (como a Petrobras) do projeto. Isso significa que as atividades-fim dessas empresas não poderão ser terceirizadas; as restantes, como as atividades-meio (portaria, limpeza etc) permanecem sendo possíveis. Essa foi uma clara manobra de dividir os trabalhadores e conseguir aprovar o PL 4330 no Congresso Nacional. Com essa medida, empresários e parlamentares querem esvaziar os protestos nas ruas. Não pense trabalhador de empresa estatal ou economia mista, que com esse destaque aprovado está resolvido o seu problema. Afinal, o PL 4330 prossegue ampliando a terceirização no setor privado, que concentra a maioria dos trabalhadores do país. Portanto, para passar a terceirizar a rodo no setor público depois, após tendo ampliado na maior parte, será muito fácil. Por exemplo a Petrobras, que é uma empresa de economia mista,
tem hoje apenas 86 mil trabalhadores concursados (ou seja, contratação por concurso) e cerca de 330 mil são contratos terceirizados. Isso sem o PL estar aprovado e em vigor. Imagina quando estiver, e os prejuízos não estarão limitados apenas a essa empresa. e quem acha que o PL 4330 pouco atingirá o SETOR PRIVADO Os empresários e demais defensores dizem que a terceirização é uma tendência mundial; que o PL irá reduzir custo das empresas e gerar empregos. E vai mesmo. Mas, e que empregos? Levantamento do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), ao comparar trabalhadores que realizavam a mesma função no ano de 2010, constatou que os terceirizados recebiam em média 27% a menos do que os contratados diretos; tinham uma jornada semanal 7% maior e permaneciam menos tempo no mesmo local de trabalho (em média 2,6 anos, ante 5,8 anos para os trabalhadores diretos). Outro estudo da Unicamp revelou que, dos 40 maiores resgates de trabalhadores em condições análogas à escravidão nos últimos quatro anos, 36 envolviam empresas terceirizadas. Tudo isso, para baratear o custo das empresas e, obviamente, para aumentar o lucro dos empresários. Não é preciso terceirizar para gerar empregos. E a TI provavelmente estará entre os setores afetados. Resgatando a tendência mundial, em um dos auges desse processo na União Europeia, no ano de 2007 a atividade mais terceirizada era o desenvolvimento de software, com 60% (dados de estudo do DIEESE). Dado que vai ao encontro do que os empresários pensam. Letícia Batistela, presidente da ASSESPRO-
RS, utilizou como exemplo para defender o PL, em entrevista ao Portal Baguete, uma empresa de teste de software, mas também apontou terceirizadas de atendimento e de desenvolvimento de software como prejudicadas atualmente. Pelo lado dos trabalhadores, o Sindppd/RS tem o registro da terceirização da TI na prática: empresas que atrasam ou não pagam salário, benefícios básicos como vale-alimentação e vale-transporte, 13º salário, férias, não recolhem FGTS; que exigem jornada de trabalho abusivas, em locais muitas vezes insalubres. E quando fecham ou quebram, somem sem pagar os direitos dos trabalhadores. Isso, sem a lei estar aprovada; imagine quando estiver. O PL 4330 é um problema a ser enfrentado por TODOS OS TRABALHADORES com uma greve geral A saída não é regulamentar um sistema que prejudica o trabalhador, mas sim combatê-lo e defender os nossos reais direitos, que estão na CLT e que muitas vezes, já são desrespeitados. O PL avança na Câmara dos Deputados. Representantes do governo Dilma Rousseff andam falando na imprensa que ela não vetará o projeto da terceirização em bloco, ou seja, em sua totalidade. Portanto, não adianta ficarmos esperando que os outros façam
por nós, pois eles certamente não farão. Temos que nós, trabalhadores, lutarmos por nós mesmos e com os sindicatos, centrais, entidades e movimentos sociais realmente comprometidos com os trabalhadores. A luta é grande, mas não é impossível. As paralisações de hoje, que foram muitas em todo o país, mostram que precisamos e que é possível construir uma greve geral para derrotar de vez o PL 4330 e as medidas provisórias do governo Dilma que retiram direitos. Vem para a mobilização, colega! Em breve, pelo jeito, teremos mais protestos para barrar esse PL 4330. Vem junto! Sindppd/RS