NOTAS CIENTÍFICAS RESISTÉNCIA DE ARROZ AO PERCEVEJO-DO-COLMO 1

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NOTAS CIENTÍFICAS RESISTÉNCIA DE ARROZ AO PERCEVEJO-DO-COLMO 1 EVANE FERREIRA,JOSÊ FRANCISCO DAS. MARTINS 2, PAULO H.N. RANGEL e VERIDIANO DOS ANJOS CUTRIM 3 RESUMO - Estudou-se a possibilidade de identificar fontes de resisténcia de arroz (Oryza saliva L.) ao percevejo-do-colmo (Tibraca limbativentris Stal, 1860), em dois experimentos realizados em condições de telado. As cultivares e linhagens diferiram significativamente quanto ao número e à percentagem de colmos com coração morto, sintoma de ataque da praga, na fase vegetativa das plantas. Em gera!, o número de colmos danificados foi diretamente correlacionado com a capacidade de perfilhamento das plantas. RESISTANCE OF AlCE TOSTEM BUG ABSTRACT - Two experiments were conducted 'ri the screenhouse in an attempt to identify sources of resistance to stem bug (Tibraca límbativentris Stal, 1860) in rice (Oryza sativa L.) Significant differences were observed among the cultivars and une, in relation to number and percentage of stems with dead heart, a symptom of insect attack during the vegetative phase. In general, the number of damaged stems was positively correlated with the tillering capacity of plants. A ocorréncia do percevejo-do-colmo, Tibraca limbativentris Stal, 1860, em arroz, é registrada em poucos estados brasileiros (Rossetto et ai. 1972), mas está distribuída na maioria das regiões produtoras do País, causando danos nos diferentes sistemas de cultivo. O percevejo assume maior importância no cultivo de arroz em várzea úmida, em face da ausôncia de lâmina de água neste sistema, o que possibilita a permanéncia dos insetos na base das plantas, entre os colmos, em contato com a umidade superficial do solo, condição esta favorável ao crescimento da população (Trujillo 1970), Na entressafra, os percevejos adultos mantém-se na soqueira de arroz e em hospedeiros nativos, principalmente gramíneas e ciperáceas. Normalmente, só atacam plantas de arroz com mais de 20 dias de idade (Trujillo 1970)- Os danos são constatados pelo sintoma de coração morto e pan(cula branca, respectivamente, quando os insetos perfuram os colmos em formação (perfilhos), na fase vegetativa, ou colmosjá com panículas, na fase reprodutiva da cultura. Como o uso de cultivares de arroz resistentes ao percevejo do colmo é uma alternativa para diminuir os danos à cultura, foi iniciado no CNPAF, em Goiânia, GO, um programa de avaliação de germoplasma, visando identificar fontes de resisténcia. Aceito para publicação em 31 de janeiro de 1986. 2 Eng. - Agt, Dr., EMBRAPA/Centro Nacional de Pesquisa de Arroz e Feijão (CNPAF), Caixa Postal 179, CEP 74000 Goiânia, GO. Eng. - Agr, M.Sc, EMBRAPA/CNPAF. Pesq. agropec. bra&, Brasília, 21 (5):$6$-569, maio 1986.

566 E. FERREIRA etal. As avaliações foram realizadas em telado, em dois experimentos. O primeiro experimento èonsistiú na infestação natural de cultivares e linhagens (Tabela 1), com percevejos adultos, criados no telado. As cultivares e linhagens foram plantadas diretamente no solo do telado (Latossolo Vermelho-Escuro), no delineamento de blocos casualizados, com três repetições. As parcelas foram constituídas por uma linha de 1 m de comprimento (com densidade de 50 sementes), no espaçamento de 0,5 m. Os danos foram avaliados aos 35 dias após' a emergência das plantas. - O segundo experimento consistiu na infestação artificial de plantas cultivadas em caixas de cimento amianto de 1.000 litros (0,70 m x 1,10 mx 1,30 m), cheias de solo Gley Ilúmico e cobertas com gaiolas de tela de "nylon", com 0,90 m de altura. As caixas foram mantidas no interior do telado, contendo, cada uma, 56 covas (com duas plantas), equidistantes, em espaço de 0,15 m. Nesta condição, foram avaliadas 28 cultivares e linhagens (Tabela 2), no delineamento de blocos casualizados, com dez repetições (duas repetições/caixa). As plantas (touceiras) foram infestadas aos 30 dias de idade, com uma população mista, de 20 ninfas de quarto e quinto ínstares e 13 adultos/caixa, sendo os danos avaliados 35 dias após. Para avaliação dos danos, foram contados, em cada linha ou touceira, o mime- 'o total de perfilhos e o número de perfllhos com sintoma de coração morto. As cultivares e linhagens diferiram significativamente quanto ao número de perfilhos com coração morto (Tabelas 1 e 2). Quanto à percentagem de pertilhos com coração morto, só ocorreram diferenças significativas no primeiro experimento, indicando não ser este o melhor parâmetro para a avaliação de cultivares e linhagens que apresentem grande variação de perfilhamento. As diferenças relativas ao ataque do percevejo podem estar associadas a variações genéticas para resistência, e a outros fatores ligados às plantas, como, por exemplo, a umidade na base dos colmos, que exerce importante papel no crescimento da população do inseto (Trujillo 1970). A correlação positiva entre a quantidade de perfilhos com coração morto e o total de perfilhos nas touceiras de uma mesma cultivar ou linhagem (Tabela 3) indicou que o dano do inseto aumentou nas plantas de igual origem genética, com maior número de perfilhos. Assim, a tendência para um maior número de colmos danificados, nas plantas de cultivares e linhagens mais perfilhadoras, nos dois experimentos (Fig. 1), estaria associada não só a aspectos genéticos da resistência, mas também a aspectos ambientais. No interior das plantas com maior quantidade de perfilhos, as condições microclimáticas (principalmente de umidade) seriam mais favoráveis ao inseto. No estudo da resistência de arroz ao percevejo do colmo, é preferível selecionar cultivares e linhagens altamente perfilhadoras e com uma quantidade de colmos danificados mais baixa possível. Entretanto, as menos danificadas e pouco perfilhadoras não devem ser eliminadas antes de estudos complementares, para verificar se mantêm o comportamento de resistentes quando submetidas a uma condições de alta população de plantas por unidade de área, condição esta considerada favorável ao aumento da população de inseto. Na fase vegetativa das plantas, a resistência ao percevejo assume maior importância, porque é nesta fase que se inicia o crescimento da população. Como a resistência pode ser alterada com a idade das plantas, o estudo deve ser prolongado até a fase reprodutiva. - Pesq. agropec. bras., Brasília, 21(5):565-569, maio 1986.

RESISTÊNCIA DE ARROZ AO PERCEVEJO-DO-COLMO 567 TABELA 1. Número total de pertilhos, número e percentagem de perfillios com coração morto, de 40 cultivares e linhagens de arroz expostas até 36 dias de idade à infestação natural de Tibraca limbativentris, no primeiro experimento. linhagens Total de Coração morto 1 perfilhos1 (n?/m linear) N91m linear 1%) CNA 2 3031 53,3 a 30,3 a 57,4 a CA 3 780135 51.3 ab 18,3 a - d 36,5 a - CNA 2361 50.0 a - c 22,0 ab 43,7 a - c CNA3959 47,7 a - c 130b-e 26,6a-c CA 780195 43,3 a - d 20,3 a -c 44,2 a -c CNA 296-27 42,7 a - d 16.3 a -e 39,1 a -c CNAO72O 41,7a-d 12,3b-e 28,0a-c CNA 3851 41,3 a - d 10,7 b -e 26.2 a -c CA800043 39,8a-d 13,1 b - e 32,9a-c CA 780058 39,7 a -d 13,7 b -e 336a -c CNAx 3 252-1 39,0 a - d 16,0 a 'e 42,0 a - c CNA3541 38,3a-e 13,0b-e 30,8a-c CNA4O14 38,0a-e 10,3b-e 25,6a-c CNA2023 35,0a-e 12,3b-e 38,9a-c CA780339 34,7a-e 12,0b-e 34,6a-c CNA3798 33,0a-e 7,3 b - e 21,3bc CNA 1536 32,3a-e 5,7c-e 16,3c 1 3 229 31,0a-e 7,7b-e 24,3bc CNA 3465 28,7 a-e 5,3c-e 17,1 c CNA2386 28,0a-e 10,3b-e 35,9a-c J 311 27,0 a -e 6,3 c-e 21,8bc - CA780271 26,7a-e 9,0b-e 34,2a-c J004 26,0a-e 7,0b-e 22,7bc CA780384 24,3a-e 8,7 b - e 35,9a-c CNA 0018 23,7 a - e 8,0b-e 36,1 a-c CNA2922 22,7a-e 8,7b-e 42,7a-c CA780095 22,3a-e 9,0b-e 38,5a-c CNA2023 21,7a-e 100b-e 44,9a-c CNA 780290 21.7 a - e 9,7 b -e 50.2 ab CA800082 21,0a-e 60b-e 30,0a-c CA780124 20,0a-e 6,7c-e 32,7a-c CA 780154 19,7 a -e 5,7 b -e 32,7 a-c CA 780003 19,3a -e 4,7 d -e 24,5 a -c CA780331 19,0b-e 5,3c-e 26.1 a-c CA780189 18,0b-e 6,3c-e 35,4a-c CA780332 18,0b-e 7,0b-e 40,8a-c CA 780004 16,3c-e 6,0 c-e 37,2 a -c CA 780321 16,0c -e 5.0 c-e 30,1 a -c CNA 1061 10,3 de 3,0 de 27,0 a -c CA 790012 4,3e 1,0 e 24,0 bc As médias seguidas pela mesma letra não diferem significativamente pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabi- lidade. 2 Siglade materiais registrados no Banco Ativo de Germoplasma do CNPAF. Sigla de identificação de material no programa de coleta de germoplasrna de arroz (CA), de linhagens do programa de melhoramento (CNAx) e de materiais oriundos do Proj?to Jari (J), Pará, sem registro no Banco Ativo de Germoplasma. Obs.: Letras separadas por hifen indicam seqüência. Pesq. agropec. bras., Brasília, 21(5)365-569, maio 1986

568 E. FERREIRA eta'. TABELA 2. Número total de perfilhas, número e percentagem de perfilhos com coraçfo morto, de 28 cultivares e linhagens de arroz infestadas artificialmente com ninfas e adultos de Tibraca limbativentris, dos 30 aos 65 dias de Idade, no segundo experimento. linhagens Total de Coraç5o morto perfilhos (n?/touceira) N?/touceira (%) CNA 2 4014 9,8 a 6,1 a 60,5 a CNA3959 9,3a 5,4a-c 58,4a 229 9,0 ab 5,7 ab 62,2 a CNA3S5I 7,7bc 4,5b-f 57,9a CNA3465 7,7bc 4.9a-d 61,6a CA 3 780058 7.6 be 5,4 a -c 71.1 a CNA3O31 7,6bc 5,4a-c 70,9a CA780154 7,4cd 4,6b-e 63,3a CNA 0720 7,4cd 4,2c-9 55,1 a CA780135 6,6c-e 3,3 e - h 51,3a CA780321 6,4c-f 3,4 e - h 54,9a CNA 2023 6,2 c - f 4,1 c-h 66,7a CNAx 3 296-27 6.0 d - g 3,5 d - h 59,1 a CA780339 5,8e-h 3,9 d - h 66,1 a CA780332 5,7 e - h 3,4 e - h 58,3a CA780195 5,8e-1 4,0c-h 72,1 a CA780189 5,4 e - i 3,9 d - h 70,4a CNA2361 5,4e-1 3,5d h 61,08 CA780332 5,3e-i 3,6 d - h 64,5a CA780331 5.1 e-j 3,1 f-i 60,8a CA790012 5,0f j 3,2e-h 65,6a CNA 2023 4,9f-j 2,99-1 58,1 a CA780095 4,6 g - j 2,89-1 58,8a CA780004 4,69-1 3,2 e - h 70,5a CA 780003 4.5 g - j 2,7 hi 59,0 a CA780124 4,4h-j 3,0f-1 68,0a CNA 1061 4,1 i-j 2,9 g - i 70,Oa CNA 1536 3,6J 1,61 36,5 a As médias seguidas pela mesma letra nfo diferem significativamente pelo teste t, ao n(vel de 5% de probabilidade. 2 Sigla de materiais resgistrados no Banco Ativo de Germoplasma do CNPAF. Sigla de identificação da material oriundo do Projeto Jari (J), Parâ e de materiais no prograna de coleta de germoplasma de arroz (CA) e de linhagem do programa de melhoramento (CNAx), sem registro no Banco Ativo de Germoplasma. Obs.: Letras separadas por hifen indicam seqüência. Pesq. agropec. bras., Brasília, 21(5):565-569, maio 1986.

RESISTÊNCIA DE ARROZ AO PERCEVEJO-DO-COLMO 569 TABELA 3. Coeficientes de correlação 1 inear simples' (r) entre o número total de perfillios e o número de perfilhos com coração morto, por touceira de cultivares e linhagens de arroz, no segundo experimento. linhagens 2 c -j E o. z 1 1 EXPERIMENTO CM -2.117+0.411 PE r 'o.856 CA 3 780095 0$07 CA 780332 0,868" CA 780189 0$53" CA 780003 0,835 * CNA 3 2361 0$66" CNA 3031 0,867" CNA 3465 0,795' 2' EXPERIMENTO 2 Calculados através de dez pares de dados correspondentes a cada uma das repetições das cultivares e linhagens; significativas pelo teste t, ao nível de 1% de probabilidade. Somente cultivares e linhagens em que a correlação foi altamente significativa Sigla de identificaço de materiais no programa de coleta de germoplasma de arroz (CA) e de materiais registrados no Banco Ativo de Germoplasma do CNPAF (CNA). CM '0,023.0.621 PF r'o.925 N9 TOTAL DE PERFILF4OS FIG. 1. Relação entre as médias do número total de perfilhos e do número de porfilhca can coração morto nas cultivares e linhagens, do i? e 29 experimentos. REFERÈNCIAS ROSSETTO, Ci.; SILVEIRA NETO, 5.; LINK, D.; VIEIRA, J.G.; AMANTE, E.; SOUZA, D.M. de; BANZATTO, N.V.& OLIVEIRA, A.M. Pragas do arroz no Brasil. In: REUNIAO DO COMITE DE ARROZ PARA AS AMERICAS, 2., Pelotas, RS, 1971. Contribuições... si., s. ed., 1972. p.140-238. TRUJILLO, M.R. Contribuição ao conhecimento do dano e da biologia de Tibraca linibatipentns StaI, 1860 (Hemiptera: Pentatomidae), praga da cultura do arroz. Piracicaba, ESALQ/USP, 1970. 63p. Tese Mestrado. Pesq. agropec. bras., Brasilia, 21(5):565-569, maio 1986.